segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

A "anarquia criativa", de Condoleezza,na Faixa de Gaza


http://electronicintifada.net/v2/article10096.shtml

Akram Habeeb, da Faixa de Gaza ocupada, 1/1/ 2009
Akram Habeeb é professor-assistente de Literatura Norte-americana, na Universidade Islâmica em Gaza.

Diferentes de outros povos do mundo, os habitantes de Gaza fizeram a contagem regressiva dos últimos segundo de 2008 à espera do ataque seguinte dos aviões de Israel, do próximo blindado, do próximo míssil disparado dos navios de guerra ancorados ao largo. Muitas crianças por aqui ainda pensaram que as luzes dos mísseis seriam fogos de Ano Novo. Muitas crianças assustam-se cada vez que sabem que um colega foi ferido ou morto. Aos poucos, estão aprendendo que Israel deseja ao mundo um 2009 macabro.
A noite de ontem, última de 2008, foi horrível. Praticamente as bombas caíram durante toda a noite, muitas delas em locais já bombardeados e em ruínas. Houve pelo menos mais 10 mortos e muitos feridos. As Forças de Ofensa de Israel bombardearam o Ministério da Justiça, o Ministério da Educação e o prédio do Conselho Legislativo.
Destruir essas instituições pouco tem a ver com isolar o Hamás ou enfraquecer a resistência. O Hamás não resiste porque tenha instituições e prédios. É o contrário. O Hamás tem instituições e prédios porque resiste.
O bombardeamento só tem a ver com criar o que Condoleezza Rice, secretária-de-Estado dos EUA definiu como "anarquia criativa". Sob esse ponto de vista, vê-se que Israel sempre se dedicou a preservar o máximo de desordem na via dos palestinenses. Com o caos criado, esperam implantar-se na Faixa de Gaza. Destruir o sistema legislativo e judiciário palestinense e reimplantar a lei da selva que aqui reinava antes de o Hamás chegar ao poder.
Outro meio para perpetuar a anarquia seria manter os palestinos de Gaza em estado de analfabetismo, sem acesso a qualquer tipo de escola. Por isso, para avançar na direção dessa política sinistra, Israel está sistematicamente destuindo escolas, universidades e, sobretudo, bombardeia incansavelmente o ministério da Educação.
Como potência colonial, Israel requenta uma velha política colonização, para controlar os palestinenses. A mesma estratégia já foi usada pelos escravagistas: povo mantido sem educação, analfabeto e segregado não consegue organizar rebeliões e levantes.
Israel repete que os palestinenses estariam usando as instituições de ensino como centros de formação militar ou para esconder armas. Nada mais ridículo. O mundo já ouviu mentiras idênticas, sobre "armas de destruição em massa" que haveria no Iraque, inventadas, então, pelo ex-secretário de Estado dos EUA, Colin Powell. Baseados nessas mentiras, os EUA invadiram o Iraque, de onde agora tentam desesperadamente sair e de onde sairão derrotados.
Jogar lixo e detritos no litoral da Faixa de Gaza é outro modo de os colonizadores 'provarem' que os palestinenses são desordeiros, sujos, terroristas bárbaros que não merecem viver em Estado constituído. No máximo servem para bucha de canhão, sob eterna "contenção", para que não perturbem os senhores do Jardim do Eden.
O que esperavam que os palestinenses fizessem? Que se mantivessem para sempre, sem reagir, presos no maior campo de concentração que o mundo jamais conheceu? Que aceitassem a loucura de Israel? Que rezassem a deus para que os punisse com a morte "para que fossem libertos"?
Gaza vive hoje sob condições de catástrofe. A destruição sistemática de lugares sagrados, de escolas, universidades e a matança de inocentes são crimes de guerra. Os criminosos serão julgados.
Os palestinenses acolhemos e agradecemos os esforços de todo o mundo civilizado, que se mobiliza para deter a agressão israelense.
Depois, se tratatá de levar os criminosos às barras dos tribunais internacionais que julgam crimes de guerra. Como julgaram os crimes dos nazistas. Dessa vez, de diferente, os criminosos são judeus. Também serão julgados

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