domingo, 26 de fevereiro de 2012

Israel:uma sociedade estruturada no fanatismo e no racismo

A partir da recente tragédia, onde 10 crianças palestinas foram mortas em um acidente de carro, enorme quantidade de comentários racistas e de ódio, proveniente de Israel, inundaram redes sociais, jornais e mídia, celebrando a morte das crianças palestinas. Para as pessoas comuns civilizadas, comemorar a morte de crianças (ou qualquer ser humano), seria uma aberração grosseira. No entanto, para a sociedade israelense, isso é algo habitual, comum. Não é um fato isolado, tão pouco se trata de uma minoria de fanáticos, jovens desajustados ou algo semelhante. Este é o fiel retrato de uma sociedade, cuja base está estruturada no fanatismo, na psicose, na paranóia e no ódio aos "gentios"(não judeus). Simplesmente este é o resultado do discurso e das políticas do estado , das autoridade políticas, sociais e morais de Israel.



2012-02-20 06:11:58 / Fonte: Comitê democrático palestino - Chile

Um ônibus de transporte de crianças palestinas  de um jardim de infância, colidiu com um caminhão israelense próximo de um ponto de controle militar israelense - checkpoint - na parte norte de Jerusalém, o vazamento de óleo provocou imediatamente um grande incendio. (16/02/2012)

Dez crianças foram mortas imediatamente e, pelo menos, 20 foram gravemente feridas, oito dos quais estão em estado crítico, de acordo com fontes médicas palestinas.

Até aqui, essa informação  não é mais do que uma lamentável e muito triste notícia policial, nem mais nem menos. No entanto, frente a esta tragédia, uma enorme quantidade de israelenses, através das redes sociais, jornais, periódicos, comentários na mídia, etc., celebraram a morte de crianças palestinas.


Muitos defensores de Israel  minimizaram os comentários apontando que estes correspondiam a uma minoria. Infelizmente, isso não é verdade, a reação à desgraça das crianças e suas famílias corresponde a uma importante maioria significativa e o mais triste, é o resultado de uma permanente e sistemática campanha de racismo e ódio dos distintos governos, autoridades políticas, militares, "morais" e até religiosas do estado de Israel.

Para as pessoas comuns e civilizadas, celebrar a morte de crianças (ou qualquer ser humano), seria uma grosseira aberração. No entanto, para a sociedade israelense isso é comum, é algo habitual. Este fato não é um evento isolado, tão pouco se trata de uma minoria de fanáticos, ou juvens desajustados, ou algo semelhante. É o reflexo fiel de uma sociedade baseada e estruturada no fanatismo, na psicose, na paranóia e no ódio dos "gentios", os não judeus. Simplesmente, é o resultado do discurso e da atuação das autoridades políticas, sociais e morais de Israel.

Exemplos como estes podem ser vistos todos os dias. Bastaria ler a imprensa israelense, ou ouvir os comentários e discursos dos diversos atores da política israelense, para verificar esta triste realidade.

Apenas a título de exemplo, as mensagens de ódio e racismo sobre a tragédia que aconteceu com os meninos e meninas palestinos, também apareceu no Facebook oficial de Premier israelense Netanyahu, com frases tão odiosas como "são apenas crianças palestinas," ou "morte aos árabes", "temos de enviar vários caminhões para concluir a tarefa," entre muitas outras. (Haaretz 17/02/2012).

Um ex ministro do Governo israelita, Rechavam Zeevy, sugeriu que fosse exigido dos palestinos, que vivem em Israel e que têm nacionalidade israelense, "a obrigação de levar sinais, cartões ou marcas de cor amarela em suas roupas, para que possam ser distinguidos dos israelitas.” Proposta já implementada, historicamente, pelos nazistas na Alemanha. Este mesmo Ministro declarou, sem constrangimento, que a solução da Palestina " é expulsar os palestinos dela e, assim, desta forma, através da limpeza, será preservado o sangue judeu.”

O Grão Rabino Ovadia Yosef, líder espiritual do partido Shas, um dos mais importantes partidos de Israel da coalisão do actual governo, qualificou os árabes como "macacos". E, posteriormente, acrescentou: "os árabes são serpentes que Deus se arrependeu de te-las criado". Em outra ocasião,afirmou: “Devemos exterminar os árabes" e exigiu que o estado  "ataque os árabes com todos os tipos de armas, para que não sobre nenhum árabe."

Não houve ninguém,  nenhuma declaração de repulsa e desagravo por estas declarações racistas. Ao contrário, o estado israelita colocou em prática as exigências de Ovadia Yosef:  atacou os árabes com mísseis, utilizando contra eles todos os tipos de armas, incluindo urânio empobrecido, fósforo branco e F-16.

Um soldado israelense em declaração a rádio militar , referindo-se aos palestinos mortos: "Ataco-os e os mato - como se estivesse dançando Rock and Roll". Um chefe de governo israelense, dirigindo-se aos soldados, disse: "não queremos que penses, mas que atueis!”

O atual Ministro de relações exteriores, que é o verdadeiro governante de Israel, Avigdor Lieberman, exigiu lançar bombas nuclear em Gaza. (4 De fevereiro no "Jerusalem Post"). Em 2002, ele defendeu o bombardeio de Teerã , da barragem egípcia de Aswan, de Beirute, propos assassinar Arafat e esmagar a Cisjordânia. "Não deixar pedra sobre... destruir tudo," afirmou, incluindo alvos civis, como os centros comerciais, bancos ou estações de gás.

Essas mensagens são ouvidas diariamente por crianças e jovens israelenses. Desde tenra idade, esses meninos são doutrinados e educado sob estes valores, o resultado é o que se observa. Não é estranho ver as crianças israelenses escrevendo mensagens na cabeça dos mísseis que são lançados por seu poder militar, desejando-lhes sucessos (aos mísseis) e o número máximo de vítimas. Nem é raro, nem tao pouco estranho ver como colonos, paramilitares e os próprios militares israelenses se gabam e demonstram orgulho por torturarem e matarem palestinos.

Camisetas com frases como "uma bala dois mortos", referindo-se as mulheres palestinas grávidas, ou como matar crianças palestinas, são tomadas com orgulho pelos militares. Os alunos de escola de Herzliya Hayovel, participantes de um campeonado de tiros, em um base militar, cobriam seus objetivos com o kuffiyeh Palestina, (diário israelense Haaretz 3 de abril de 2011), etc., estes são alguns exemplos das práticas comuns e rotineiras da ocupação.



Uma pesquisa, de Março de 2010, realizada pela Universidade de Tel Aviv, demostra que: 49,5% dos estudantes judeus israelenses secundaristas acreditam que cidadãos palestinos que vivem em Israel não devem ter os mesmos direitos que os judeus; 56% acham que não devem ser elegíveis para o Knesset (parlamento israelense). De acordo com um relatório de Janeiro de 2011, publicado no jornal israelense Yediot Aharonot, professores judeus em Israel indicam que o racismo anti-árabe entre alunos judeus atingiu níveis alarmantes, a ponto de proporem a matança dos palestinos. Os professores informaram a existência grafites nas paredes das escolas e até mesmo escritos nas folhas das provas escolares, onde a juventude expressa seu racismo violento: "morte aos árabes". De acordo com o relatório, um estudante de uma escola em Tel Aviv disse a seu professor em sala de aula que seu sonho era tornar-se um soldado para ser capaz de exterminar todos os árabes; os outros alunos da classe aplaudiram, em seu apoio. Em grande parte´, esta reação da juventude é, também consequência direta do Projeto Educacional racista das escolas israelenses, onde as criianças judias são regularmente doutrinadas

A grande maioria da sociedade israelense é imigrante de países longínquos, de regiões tais como Rússia, Índia, Etiópia, América Latina, Europa, etc. E, por isso, todos eles sabem que se encontram vivendo em terras e casas de um outro povo,  verdadeiros e históricos proprietários que estão sendo sistematicamente expulsos de suas terras e passam a viver como refugiados. Contudo, o fanatismo não permite aos colonos judeus ver esta injustiça, fecham os olhos para as atrocidades que seus militare levam a cabo contra os palestinos.
Tudo se passa ao contrário, eles se sentem (ou foram convencidos) como se fossem vítimas dos "terroristas" que pretendem sua destruição ou eliminação. Esta psicose, verdadeira indústria de paranóia, é o pilar fundamental da política sionista que tem conseguido manter uma férrea e implacável união entre imigrantes de diferentes origens, raças, etnias, idiossincrasias e nacionalidades que hoje formam esta sociedade.

Esta sociedade ou o estado de Israel, não puni as ações criminosas contra os palestinos, muito pelo contrário, há uma espécie de "Prêmio social" para tais atitudes. De fato, milhares de palestinos foram e continuam sendo assassinados , dezenas de milhares feridos, enormes danos a propriedades e aos bens palestinos, no entanto, nem um único israelita foi criminalizado. Entretanto, dezenas de milhares de palestinos passaram pelos cárceres israelitas, sob diversas acusações.

Curiosamente, as vítimas são os palestinos e os punidos, também!

Esta estranha mistura de fanatismo, psicose e paranóia tampouco lhes permite ver ou ouvir as críticas de setores e organismos humanitários e de defesa dos direitos humano. As críticas são simplesmente desclassificadas por expressões como "anti-semita" ou "antijudíos". Isso é suficiente para desqualificar as críticas, as denúncias e as opinioes contrária à atuação do estado de Israel.

19 De fevereiro de 2012
Postado do: http://www.palestinalibre.org/articulo.php?a=37850
tradução do Blog





















sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Acerca das manifestações de solidariedade com o povo grego

Por KKE ( Partido Comunista Grego)

Ultimamente, têm sido efectuadas em muitos países do mundo manifestações com slogans abrangentes de "solidariedade com a Grécia" e de que "todos nós somos gregos" [1] . A solidariedade popular e da classe trabalhadora são armas poderosas na luta dos povos. Mas os trabalhadores devem livrar-se de quaisquer tentativas para enganá-los.


Qual Grécia precisa de solidariedade? A Grécia dos capitalistas, os quais procuram obter novos empréstimos da UE e do FMI a fim de fortalecer a lucratividade do seu capital, para reforçar a sua posição contra o povo, ou a Grécia da classe trabalhadora e de outros estratos populares, a qual está a sofrer devido às consequências da crise capitalista, pela qual não tem responsabilidade?

Em muitos destes eventos esta questão não ficou clara. E isto é o caso porque há um esforço de certas forças (principalmente da social-democracia, os oportunistas do Partido de Esquerda Europeu e os "Verdes") para utilizar vagamente a "solidariedade com o povo grego" a fim de branquear o apoio que eles deram no passado ao Tratado de Maastricht e a outros euro-tratados, à UE do próprio capital, a qual é reaccionária e de modo algum pode ser "democratizada", como eles estão agora a afirmar.

Além disso há uma tentativa para que a questão da Grécia seja utilizada nas rivalidades inter-imperialistas, dentro e fora da UE.

Sim, os trabalhadores na Grécia querem a solidariedade dos trabalhadores na Europa e em todo o mundo! Mas solidariedade com suas lutas, suas greves, suas exigências militantes, com o KKE e o movimento sindical com orientação de classe, o PAME que está na linha de frente da luta e não a "solidariedade" que procura a continuação da exploração capitalista e o esmagamento dos trabalhadores.

A respeito desta questão o Gabinete de Imprensa do CC do KKE emitiu a seguinte declaração:

"O KKE dirige uma mensagem a todos os trabalhadores da Europa: Não é necessário para vocês "tornarem-se gregos" a fim de posicionarem-se ombro a ombro com o povo da Grécia.

Apelamos a que se juntem a nós na mesma estrada para os direitos contemporâneos da classe trabalhadora e dos estratos populares pobres, a fim de impedir e derrubar o nosso inimigo comum, a ditadura dos monopólios, a UE, os partidos que as servem.

O seu derrube em todo país ou grupo de países, a socialização dos monopólios, o desligamento da UE, da NATO, com o poder popular da classe trabalhadora, será a maior contribuição para a luta dos povos da Europa e do mundo todo.

O slogan mais moderno e contemporâneo, mais oportuno do que nunca, é: "Trabalhadores de todos os países, Uni-vos!".

[1] É o caso do manifesto recente encabeçado por Mário Soares
O original encontra-se em http://inter.kke.gr/News/news2012/2012-02-17-allilleggi/
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

domingo, 19 de fevereiro de 2012

7.500 PRESOS POLÍTICOS NA COLÔMBIA: ROMPAMOS O SILÊNCIO


Por Azalea Robles

Estima-se em mais de 7.500 os homens e as mulheres que atualmente são vítimas do encarceramento político na Colômbia, um último informe de finais de 2011, fala de 9.500 presos políticos; a cifra de 7.500 é uma cifra com a qual vêm trabalhando as organizações de defesa de direitos humanos já há alguns anos, o que indica que muito provavelmente essa cifra hoje estaria defasada, dado o incremento de encarceramentos políticos nos últimos anos sob os governos de Uribe e agora de Santos, sob o qual estes encarceramentos políticos continuam se incrementando de maneira exponencial. A existência de milhares de presos políticos é testemunho da guerra repressiva desatada pelo estado colombiano contra a reivindicação social; portanto exigir a liberdade para os presos políticos é parte medular da construção de uma verdadeira paz com justiça social.

Na Colômbia, o capitalismo expressa os estertores de um agonizante: o terror correspondente ao saque dos recursos para benefício do grande capital é aplicado da maneira mais escancarada contra a população, com a finalidade de expulsar quantidades enormes de pessoas das zonas cobiçadas, e de eliminar reivindicações. E, nesses tempos nos quais o capitalismo mundial aprofunda ao extremo as contradições entre acumulação capitalista e a sobrevivência da espécie, as estratégias repressivas desenvolvidas na Colômbia são destinadas também a ser aplicadas na região, o que constitui mais uma razão para se solidarizar com o povo colombiano – além das razões éticas.

Para aprofundar mais, segue esse texto que faz parte de uma série de textos sobre o tema:
Milhares de presos políticos são o rosto da empatia crivada de balas

Azalea Robles

A quantidade alarmante de presos políticos manifesta uma situação gravíssima de repressão contra o pensamento crítico, contra a reivindicação social e o direito à participação política, só comparável a situação das liberdades feridas de uma ditadura militar.

1. Introdução a uma realidade tornada invisível

Há pelo menos 7.500 presos políticos na Colômbia, outro triste “recorde” de um Estado cujo nível de repressão e de extermínio da oposição ultrapassa inclusive o das ditaduras assumidas como tal e que, contudo, goza de amplo beneplácito da diplomacia internacional, porque a chamada “comunidade internacional” fecha muito facilmente os olhos sobre os genocídios se estes permitem o saque dos recursos do país invadido. A maioria dos presos políticos na Colômbia são civis encarcerados sob montagens judiciais: sindicalistas, jornalistas, acadêmicos, estudantes, ambientalistas e camponeses presos para calar sua reivindicação social, desagregar a organização política e calar o pensamento crítico. A prática repressiva dos encarceramentos arbitrários seguem se agravando. 90% dos presos políticos são civis, os presos políticos e de guerra das organizações políticas e militares FARC e ELN são aproximadamente 10% do total de presos políticos.

Apresento nesta introdução dois testemunhos de presos políticos por serem esclarecedores de uma realidade silenciada:

O professor Miguel Ángel Beltrán, preso político por anos: “A atitude de que todo aquele que investiga a realidade social com uma lente crítica é apelidado de guerrilheiro provém de um Estado que persegue e criminaliza aqueles que pensamos diferente. Meus escritos foram tomados como prova para me acusar de delito de rebelião, o que constitui uma clara perseguição ao pensamento crítico. O propósito do regime de me manter privado da liberdade é enviar uma clara mensagem aos acadêmicos críticos e à universidade pública em geral: ‘cuidado ao estudar o conflito social e armado com uma perspectiva diferente da oficial, porque vejam o que lhes pode acontecer’. E isto cala alguns setores.” [1]

7.500 presos políticos: estudantes, camponeses, ambientalistas, advogados, investigadores, sindicalistas, defensores de direitos humanos... Encarcerados sob montagens judiciais.

Marinelly Hernández, presa política e de guerra é testemunha das aberrantes torturas que o Estado colombiano comete contra os familiares dos insurgentes, uma realidade silenciada: “Ao nosso pai, o Exército colombiano, em união com os paramilitares o pendurou vivo pelas suas mãos introduzindo ganchos em suas extremidades como se fosse carne de matadouro, logo cortaram seu estômago e todo seu corpo com uma navalha, depois destruíram seus lábios como se talha os pescados, por último, lhe deram um tiro de graça em sua cabeça; segunda o médico legista, o nosso pai foi torturado vivo. Meu papai tinha 70 anos de idade. Como é possível que façam isso com um ancião, taxando ele de guerrilheiro? Por acaso de eu ser revolucionária, teriam que cobrar isso com a vida de meu pai?” [2]

Marinelly, de uma família camponesa, narra que durante sua infância viveu na própria carne as agressões que o Exército colombiano desatou contra o campesinato por pertencer ao partido opositor União Patriótica (UP); foi testemunha de múltiplos assassinatos de camponeses, amigos e familiares, cujos corpos eram abandonados com sinais de tortura ou desmembramento:“parte da guerra suja e psicológica que implementaram para assustar aos lutadores populares.”

A prisioneira explica que as violações do Estado colombiano a empurraram para a insurgência, como sua “única forma de preservar a vida, lutar por ela e reclamar nossos direitos” e evitar“terminar massacrada, torturada ou deficiente para ser exemplificada como caem muitos camponeses, ou terminar sendo deslocada e vivendo de esmolas nas cidades”. [Ibid. ]

O trabalho dos defensores de direitos humanos e advogados de presos políticos é dificilíssimo, sendo estes vítimas de uma encarniçada perseguição estatal que acarretaram desaparecimentos forçados, assassinatos e até encarceramentos de defensores e advogados de presos políticos. Por esta razão, os estudos, denúncias e a comunicação com os mesmos presos se vê dificultada. A perseguição contra os que exercem a solidariedade com os presos políticos, o isolamento, as transferências, os castigos contra os presos, defensores de direitos humanos e as ameaças contra familiares unidos ao silêncio implacável dos meios de comunicação de massa, constituem o ocultamento de uma realidade cujas dimensões manifestam o caráter profundamente antidemocrático do Estado colombiano.

Esta subestimação midiática dos milhares de presos políticos domesticou inclusive as mentes de grande parte da “esquerda”, que não os reclama devidamente; adotando como prioridade as reivindicações que impõem os mass-media e deixando quase esquecidos os milhares de mulheres e homens que estão hoje atrás das grades por empenhar suas vidas na defesa dos direitos humanos e da justiça social.

À dramática situação de ferir o direito de consciência, opinião e organização social é somada que os presos e presas estão sofrendo condições insalubres de reclusão, com a superlotação extrema e a proliferação de epidemias correspondente; sofrendo penúrias da mínima vitalidade que são formas de tortura e de ferir a integridade e a saúde, como a privação do acesso à água por períodos prolongados [3]; sofrendo atentados contra sua saúde e direitos básicos como o fornecimento de alimentação em estado de decomposição ou contaminada até mesmo por matéria fecal [4], como se comprovou em vários presídios.

Da mesma maneira, é denunciada a prática de isolar certos presos políticos em meio de pátios paramilitares, como medida evidente de atentar contra suas vidas. A isso se somam outroscrimes de Estado contra a população carcerária, como o são as torturas físicas e psicológicas e a tortura de negar a assistência médica.

A declaração do último encontro em solidariedade com os 7.500 presos políticos, expressou:

“O Instituto Nacional Penitenciário e Carcerário é a principal entidade do Estado comprometida com as torturas, tratos crueis e desumanos e com sua participação na comissão de delitos de lesa-humanidade. Denunciamos a entrega de prisioneiros políticos, por parte do INPEC, aos grupos paramilitares nas saídas dos centros de reclusão e a morte dos prisioneiros (…) A superlotação obedece ao aumento de internos como política criminosa do Estado de aumentar o número de condutas puníveis e as penas para delitos que ‘atentam contra a segurança do Estado’. Se mantém as condições degradantes expostas na sentença de tutela T-153 de 1998, que declarou que o sistema penitenciário colombiano violava de maneira massiva e estrutural os direitos fundamentais das pessoas privadas da liberdade, definindo a situação como um Estado de coisas inconstitucional.” [5]

Apenas finalizado o encontro, as retaliações do Estado se desataram: tomando sanções arbitrárias contra presas e presos políticos e atacando com especial brutalidade contra o protesto pacífico dos presos no cárcere de Valledupar que estavam amarrados a 15 metros do solo há semanas em protesto pelas torturas, privação de água e tratos degradantes que lhes infligem [6]. A polícia procedeu a soltá-los com violência das estruturas as quais estavam amarrados provocando quedas de até 15 metros dos presos; para logo enclausurá-los e torturar os que ainda estavam conscientes. Os presos do presídio relatam que ouviam gritos atrozes de tortura e que assim mesmo viram como a polícia arrancava corpos inertes em lençois. Contaram mais de 30 feridos e 5 prisioneiros acabaram entre a vida e a morte. [Ibíd.]

2. Atentado contra as liberdades só comparável a uma ditadura militar: a sociedade inteira é agredida

A quantidade alarmante de presos políticos manifesta uma situação gravíssima de repressão contra o pensamento crítico, contra a reivindicação social e o direito à participação política, só comparável à situação de ferir as liberdades de uma ditadura militar. A existência de milhares de presos políticos é relevante não somente para as mulheres e homens que são vítimas do encarceramento por suas ideias, não somente para seus familiares que são afundados na dor e na perseguição, senão também para a sociedade em seu conjunto: com efeito, os presos políticos são seres humanos arrancados da sociedade, privando esta do capital humano de seres encarcerados precisamente por sua entrega à comunidade, pelo seu indispensável trabalho documental, jurídico, docente, jornalístico, sociológico, sindical, ambientalista. É um atentado contra o desenvolvimento de um povo. O que busca o Estado é desarticular a organização social, fazer desaparecer o tecido sócio-político que luta por uma mudança nas relações de poder, de desigualdade social, da propriedade da terra. A desigualdade social na Colômbia é extrema. A Colômbia é o 3º país mais desigual do mundo, exatamente atrás do Haiti. Na Colômbia morrem anualmente 20.000 crianças por falta de água potável, no 4º país com mais riqueza hídrica do mundo. Diante da reivindicação social natural que surge desta situação de iniquidade, o Estado, funcional para o grande capital nacional e transnacional que se enriquece com base na exploração do trabalho e o saque dos recursos, reprime de maneira brutal: com suas ferramentas oficiais (exército, polícia, fiscais) e paraestatais (a ferramenta paramilitar) aumenta os assassinatos, os desaparecimentos forçados e os encarceramentos arbitrários de intelectuais críticos, de ativistas de processos comunitários, de organizações estudantis, camponesas, indígenas, afrodescendentes, pela moradia, ambientalistas, sindicalistas, etc.

Traduzido para o Partido Comunista Brasileiro (PCB)
O original se encontra em:
http://www.areitoimagen.blogspot.com/2012/01/8000-presos-politicos-en-colombia.html










sábado, 18 de fevereiro de 2012

Carta de Repúdio à tragédia na penitenciária de Comayagua e a violação sistemática de direitos humanos em Honduras


Fazemos pública esta carta, com profundo pesar, para manifestar nossa solidariedade ao povo hondurenho, em especial aos familiares e amigos dos mais de 400 mortos no trágico incêndio que destruiu a Colônia Penal de Comayagua na manhã desta quarta-feira, 15 de Fevereiro de 2012. Nosso luto se soma ao de vocês! Esta nova tragédia chega para somar-se a outras que insistem em assolar os segmentos mais vulneráveis do povo hondurenho. Não é a primeira vez que a população carcerária do país – em sua maioria pobres, indígenas, negros ou imigrantes - torna-se vítima de brutalidades como as de hoje: mais de 400 mortos, coletivamente queimados, por incapacidade, ineficiência e omissão de um Estado que não é capaz de garantir a segurança daqueles que coloca sob custódia.

É preciso responsabilizar o governo ilegítimo de Honduras - fruto de um golpe econômico-militar - pelos lamentáveis incidentes ocorridos em Comayagua hoje. A escalada da militarização experimentada pelo povo hondurenho desde o golpe de estado de junho de 2009, acompanhada de uma criminalização e repressão aos movimentos sociais, já apontava para esta política belicista e violadora dos Direitos Humanos.

As perseguições, assassinatos e brutais violações que se sucedem em locais como Bajo Aguan, onde camponeses, mulheres e membros de movimentos sociais sofrem uma repressão sem limites, são exemplos da política cruel imposta desde o golpe econômico-militar que segue castigando os defensores de uma Honduras verdadeiramente livre e promotora dos direitos dos povos e da natureza.

Exigimos do governo de Honduras que ponha fim imediatamente a suas políticas repressivas e violadoras dos direitos humanos, incluindo a prática de conluio entre os agentes do Estado e os interesses corporativos privados. Exigimos assim mesmo, que se ponha fim à impunidade: que se processe os responsáveis pelos crimes contra o povo empobrecido de Honduras, independentemente das posições que ocupam no Estado ou na sociedade.

No dia de amanhã, 17 de Fevereiro de 2012, inicia-se o Encontro Internacional de Direitos Humanos e de Solidariedade à Honduras, com a participação de centenas de representantes de redes e movimentos sociais dos mais diversos países da América Latina e do Caribe e do mundo inteiro. O encontro estava previsto desde meses atrás e agora, lamentavelmente, será marcado pela tristeza e perplexidade diante de mais este brutal e covarde ataque aos segmentos mais sofridos da sociedade hondurenha.

Desde já, chamamos a atenção do governo de Honduras sobre sua responsabilidade caso qualquer violência, dano ou intimidação aconteça com os participantes de nosso encontro.

Finalmente declaramos à comunidade internacional e em especial aos governos dos países de nossa América, que a sociedade civil e os defensores de Direitos Humanos em todas as partes do mundo não podem se calar diante do que está acontecendo em Honduras. É preciso por fim imediato às políticas repressivas e violadoras dos direitos humanos, incluindo a prática de colaboração entre os agentes do Estado e os interesses corporativos privados. É preciso responsabilizar os culpados pelos massacres, levá-los a justiça e permitir que o povo hondurenho exerça seu direito a uma sociedade livre e democrática, sem golpes militares nem imposições de modelos econômicos que mantêm a maioria de sua população na pobreza extrema e exclusão política.

Assinaturas:

Jubileo Sur/Américas

Red Jubileo Sur Brasil

Via Campesina

MST - Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

Marcha Mundial das Mulheres

Adolfo Pérez Esquivel, Premio Nobel de la Paz

Nora Cortiñas y Mirta Baravalle, Madres de Plaza de Mayo-Línea Fundadora

Partido Comunista Brasileiro - PCB

União da Juventude Comunista - UJC

Unidade Classista - UC

PACS- Instituto de Políticas Alternativas para o Cone Sul (Brasil)

Diálogo 2000 (Argentina)

Justiça Global (Brasil)

Sindicato Dos Professores de Nova Friburgo e Região –RJ

Instituto EQUIT - Gênero, Economia e Cidadania Global

Amigos de la Tierra América Latina y el Caribe

Movimento dos Pequenos Agricultores - MPA/Brasil

Grito dos Excluídos Continental

Programa Justiça Econômica (Brasil)

Instituto São Paulo de Cidadania e Política (Brasil)

Conselho de Leigos da Arquidiocese de São Paulo (Brasil)

Consulta Popular (Brasil)

Grassroots Global Justice Alliance (EUA)

Centro Martin Luther King (Cuba)

CNA - Coordinador Nacional Agrario de Colombia

Confederación Sindical de Trabajadores/as de las Américas (CSA)

Ecologistas en Acción (España)

Movimiento por la Paz, la Soberanìa y la Solidaridad entre los Pueblos (MOPASSol)

Partido Socialista de los Trabajadores Unificado de Argentina

Plataforma Interamericana de Derechos Humanos, Democracia y Desarrollo (PIDHDD)

Palenke del Alto Cauca, proceso de comunidades negras

Observatorio por el Cierre de la Escuela de las Américas – SOAW

Nehemias Rubim - Psiquiatra. Rio de janeiro RJ.

Brigadas Populares (Brasil)

Centro de Investigación Laboral y Asesoría Sindical, de México

MTD – Movimento Trabalhadores Desempregados (Brasil)

Batay Ouvriye (Haiti)

Fundación Servicio Paz y Justicia (SERPAJ)

Central de Trabajadores de la Argentina (CTA)

Libres del Sur

Equipo de educación popular Pañuelos en Rebeldía

Comisiòn Polìtica de la Iglesia Dimensión de Fe

Pablo Bergel, Diputado Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Argentina

Victoria Donda, Diputada Nacional

MUCA - Movimento Unido dos Camelôs (Brasil)

Atilio A. Boron (Argentina)

Bia´lii, Asesoría e Investigación, A.C (México)

Ateneo Lisandro "Gringo" Viale (Argentina)

AFADEM (Familiares de Mexico)

Coordinación Latinoamericana de Comercio Justo

Corporación Mesa de Trabajo Mujeres y Economía

Marcha Mundial de Mujeres – Colombia

PLATAFORMA SIMÓN BOLÍVAR DE GRANADA

Asociación para los Derechos de la Mujer y el Desarrollo (AWID)

Fundación Escuela Para el Desarrollo de Colombia

Movimiento por la Unidad Latinoamericana y el Cambio Social (MULCS) - Argentina

Comite de Solidariedade à Luta do Povo Palestino do RJ

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Embaixada da Síria sobre os criminosos ataques terrorista na Síria


Prezado(a) Senhor(a),


Em referência à convocação da Sessão Especial da Assembléia Geral das Nações Unidas, prevista para o dia 13/02/2012, sobre o tema "a situação dos direitos humanos na Síria", temos a honra de encaminhar abaixo alguns esclarecimentos sobre este e outros temas relacionados à atual crise na Síria.

01- A convocação desta reunião não teve caráter legal, dado ao fato de que o Presidente da Assembléia Geral fez a convocação sem nenhuma consulta prévia aos membros da Assembléia Geral e aos grupos regionais e sim para atender às ordens do governo do Qatar.

02- A Síria tem sido alvo de ataques terroristas protagonizados por grupos armados que recebem apoio através de armamentos e dinheiro de países árabes e países vizinhos que violam os direitos humanos, matam civis, militares e membros das forças de segurança, destroem a infra-estrutura explodindo os dutos de petróleo e gás, as usinas elétricas, as ferrovias e os veículos de transporte de passageiros, através das incitações realizadas pelos meios de imprensa árabes e ocidentais e através do fornecimento do apoio aos terroristas.

03- O relatório dos observadores da Liga Árabe confirmou a existência destes grupos terroristas armados, que são responsáveis pelos atos de assassinato e pelo estado de terror espalhado entre os cidadãos, pelos ataques aos patrimônios públicos e particulares e que rejeitam o diálogo para alcançar uma solução para a crise vivida pela Síria nos últimos onze meses. 04- As reformas que estão sendo conduzidas pelo Sr. Presidente Bashar Al Assad, que incluem a reforma da Constituição, o anúncio de uma nova lei para as eleições, uma nova lei para os partidos políticos e o fim do estado de emergência no país farão da Síria um país democrático e desenvolvido. 05- A Síria insiste em realizar o diálogo nacional com a oposição interna e externa, mas as partes que formam esta oposição insistem no enfoque do caminho dos assassinatos e da destruição, rejeitando o princípio do diálogo de forma geral ou específica. As duas explosões ocorridas na cidade de Aleppo, no dia 10/02/2012, que resultaram em 20 vítimas e 238 cidadãos feridos, dentre os quais mulheres e crianças, são a confirmação deste fato. Atenciosamente,

Tradução: Jihan Arar

sábado, 11 de fevereiro de 2012

NOSSA SOLIDARIEDADE INTERNACIONALISTA COM A FRENTE DE RESISTÊNCIA NACIONAL ÁRABE CONTRA O IMPERIALISMO

Síria: mais um passo na escalada




por Ardeshir Ommani [*]

A oposição armada síria não é independente dos Estados Unidos e de regimes reaccionários árabes no seu objectivo de tomar o poder, não através das urnas mas impondo uma guerra civil. O grau da sua dependência e servilismo manifesta-se quando a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, apelou sem rodeios aos "amigos da Síria democrática" para unirem-se e marcharem contra o presidente Bashar Assad. Esta proclamação foi anunciada solenemente um dia depois de a autorização para intervenção militar na Síria promovida pelos EUA ter sido rejeitada pela China e Rússia, as quais foram forçadas a vetar os planos estado-unidenses para a invasão da Síria.

Continuando suas intenções, Clinton reiterou que a "comunidade internacional", tal como a "coligação da vontade" de George W. Bush, tinha o dever de promover uma transição política que contemplasse o afastamento do presidente Bashar al-Assad.

Clinton deu a sua directiva para o mundo todo ao visitar a Bulgária, um dos 10 países mais pobres da Europa, com um Produto Interno Bruto (PIB) inferior a US$53 mil milhões em 2010, rendimento per capita de US$13.449 e uma dívida bruta do governo de 19,7% do PIB do país. O objectivo de mencionar as fracas condições económicas da Bulgária não é denegrir o país ou o seu povo, mas sim mostrar que o imperialismo estado-unidense com os seus planos de dominação, destruição e pilhagem utiliza mesmo as nações mais atingidas pela pobreza para virá-las contra outros países em luta tais como a Síria, o Irão e não muito tempo atrás a Líbia a fim de cumprir seus propósitos criminosos. Seguindo as pegadas de Cheney, Rumsfeld e Companhia pouco antes da invasão do Iraque, Clinton atacou a Rússia e a China como para declarar: "confrontados com um Conselho de Segurança neutralizado temos de redobrar nossos esforços fora das Nações Unidas com nossos aliados e parceiros..."

Penso que já vimos este filme antes. A primeira personagem que aparece na cena é um porta-voz da Liga Árabe (LA). Não faz diferença se ele é eleito ou nomeado pelo rei e primeiro-ministro da Arábia Saudita e, ainda mais importante, se ele recebeu as bênçãos de Hillary Clinton ou do general David H. Petraeus, o director da CIA. A seguir à sua designação, o emissário da Liga Árabe, que foi levado solenemente à Assembleia-Geral da ONU por Susan Rice, a embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, defendeu o estabelecimento de uma "zona de interdição de voo" ("no fly zone") para salvar as vidas dos sírios inocentes, pelo amor de Deus!

Se não houvesse protesto à resolução bem preparada pelo governo estado-unidense, então Washington teria permissão para trabalhar e com a ajuda da coligação das vontades, autorização na mãos, começava o bombardeamento da logística síria, toda espécie de depósitos de armas, redes eléctricas, fábricas, reservatórios de água, sistemas de esgotos de cidades, escolas e hospitais. Será que este cenário tem precedentes? Sim, cerca de seis meses depois de extrair a licença para impor uma "zona de interdição de voo" sobre a Líbia, as potências ocidentais com bombardeamentos maciços arrasaram aquele país, libertaram o petróleo light sweet do país e conseguiram instalar um dos altos executivos da ENI SpA (a principal empresa de petróleo da Itália) como ministro do Petróleo e em dois meses as companhias ocidentais estavam a sugar 1,3 milhão de barris por dia.

Desta vez a tarefa de preparar a minuta da resolução foi atribuída ao representante marroquino nas Nações Unidas que actuou rapidamente. O plano exigia ao governo sírio a retirada de todas as suas forças armadas das áreas habitadas com retorno aos seus quartéis. Contudo, ignorou a exigência da Rússia de que a oposição síria se afastasse de grupos extremistas que cometiam violências e crimes contra civis. A segunda exigência russa que foi totalmente ignorada era que "grupos armados devem cessar ataques contra instituições do estado e públicas enquanto as forças armadas sírias estão a deixar as cidades". A recusa a incluir estas disposições na minuta da resolução significava apenas uma coisa: dissolução do estado sírio e uma "mudança de regime" total.

Ao invés de pedirem desculpas, os co-autores da minuta começaram a atacar a integridade do governo russo. Exemplo: o representante do Marrocos acusou o governo russo de ignorar as "posições comuns árabes". O delegado da França chegou ao ponto de chamar a Rússia e a China de cúmplices em crimes cometidos pelo regime sírio. Para a Rússia e a China, que haviam visto as terríveis consequências na Líbia, só havia uma alternativa e esta era vetar a resolução.

Desta vez, no caso da Síria, a China e a Rússia aprenderam sua amarga lição e resistiram a serem enganados uma segunda vez. Mas os EUA e seus aliados haviam arrumado o baralho de modo favorável a aprovar a resolução e fazer para a Síria o que fizeram para a Líbia. Mais significativo ainda é que os EUA não aceitaram qualquer alteração à minuta de resolução, o que forçou a China e a Rússia a vetá-la e derrotá-la.

Já em Novembro de 2011, a NATO, em colaboração com os xeques árabes pró-imperialistas e reaccionários do Bahrain, Kuwait, Qatar e Emirados Árabes Unidos (EAU) e ainda a Turquia planeavam invadir a Síria, estabelecer um regime colonial e derrubar o governo secular social-democrata. Segundo um artigo no Al Bawaba, um sítio web em árabe/inglês, altas fontes europeias revelaram que caças a jacto árabes e possivelmente aviões de guerra turcos, apoiados pela logística americana, imporiam uma zona de interdição de voo nos céus da Síria depois de a Liga Árabe emitir uma decisão apelando à intervenção armada. As fontes disseram ao diário al Raid, do Kuwait, que camiões, tanques e veículos militares sírios não seriam excluídos como alvos por parte dos jactos invasores.

Os destinos da Líbia e da Síria não poderiam ser mais semelhantes. Dentro de uma profunda crise económica, os EUA e a Europa procuram regenerar o capitalismo através da guerra generalizada com países em desenvolvimento até ficarem prontos para a guerra com a Rússia e a China.
Ver também:
Twenty-eight Martyrs, 235 Wounded in Twin Terrorist Bomb Blasts in Aleppo City

Twin Terrorist Bombings in Aleppo Fall within Unfair Campaign against Syria, Supported by some Countries in Region

Armed Terrorist Groups Detonate Booby-Trapped Houses in Homs, Civilians and Security Forces Members Martyred

Mikdad: Syrian People Encounter Biggest, Insolent Conspiracy by Colonial Countries

EEUU impulsa la diplomacia para la guerra contra el pueblo sirio

Gobierno sirio desmiente bombardeos en Homs: crece la campaña injerencista

SYRIA: CIA-MI6 Intel Ops and Sabotage

NATO’s Objective is to turn Syria into Another Iraq, a Quagmire of Ethnic and Sectarian Violence

[*] Presidente do American Iranian Friendship Committee (AIFC), escritor e analista político. A AIFC foi criada em 2004 para promover a paz e o diálogo entre os EUA e o Irão, bem como impedir qualquer guerra instigada pela NATO contra o povo iraniano.

O original encontra-se em http://www.atimes.com/atimes/Middle_East/NB10Ak01.html
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

EGITO: O fim de uma revolução inacabada



Um ano após o início das revoltas na Praça Tahir, país vive momento de frustração das forças de esquerda
Achille Lollo
de Roma (Itália) para o Brasil de Fato

Na véspera do primeiro aniversário da revolta da Praça Tahir – comemorado no dia 25 de janeiro – foram divulgados os resultados das eleições legislativas que legitimaram a vitória dos dois partidos islâmicos, o moderado e o fundamentalista. Por isso, o Comando Supremo das Forças Armadas libertou 1.959 jovens presos durantes as últimas manifestações, além de indultar o blogueiro Maikel Nabil, de religião copta, que havia sido condenado a três anos de prisão por ultraje às Forças Armadas. Assim os militares fecharam com beleza o ciclo revolucionário da Praça Tahir iludindo os egípcios de que o país havia iniciado um novo curso político.

A sinergia política entre os militares e os líderes dos partidos islâmicos, o Justiça e Liberdade (FJP), braço político da Irmandade Muçulmana e o Partido da Luz (Al-Nour), a agremiação do fundamentalismo salafita, alcançou seus objetivos estratégicos: congelar com um longo e complexo processo eleitoral o movimento revolucionário iniciado com a revolta na Praça Tahir; reformular as reivindicações por uma nova Constituição revolucionária; isolar politicamente a esquerda, os sindicatos e os grupos feministas que promoveram e lideraram a revolta popular contra o regime de Hosni Moubarak.

As eleições pela Câmera Baixa (Al-Sha´ab) duraram quase três meses e os resultados finais, divulgados no dia 21 de janeiro, confirmaram a vitória do partido Justiça e Liberdade que elegeu no total 235 deputados (47,18%), dos quais 127 com uma lista eleita pelo sistema proporcional e 108 com seus candidatos eleitos com o voto majoritário nas respectivas circunscrições.

A grande surpresa foi o segundo lugar alcançado pelo jovem partido dos fundamentalistas salafitas, Al Nour, que elegeu 121 deputados (24%) e que já confirmou sua aliança com o FJP da Irmandade Muçulmana para fazer “um governo islâmico”, que, por sua parte, receberá o apoio dos dez deputados que o Conselho Superior das Forças Armadas exigiu ter na futura Assembleia do Povo.

Desta forma, a oposição (22%), formada pelos deputados liberais, democratas, leigos coptos, social-democratas e da esquerda sindicalista não terá nenhuma possibilidade de influenciar os trabalhos dos 109 deputados que serão escolhidos para integrar a Assembleia Constituinte.

Além disso, os financiamentos ocultos da Arábia Saudita, Qatar, Emirados Unidos, Jordânia, Marrocos e Líbia permitiram às maquinas eleitorais da Irmandade Muçulmana e dos fundamentalistas salafitas, invadir as ruas das cidades egípcias e monopolizar a campanha eleitoral para a eleição dos membros à Câmara Alta (Al Shura), cuja conclusão está prevista para 22 de fevereiro. Após esta iniciar outra campanha para a eleição do presidente da república em 30 de junho.

Pragmatismo

Logo após a confirmação da vitória da partido da Irmandade Muçulmana, a Secretaria do Departamento de Estado dos EUA, Hillary Clinton mandou o embaixador estadunidense, Ann Peterson, encontrar no Cairo o líder máximo da irmandade, Mohammed Badié, visando estabelecer com o novo poder legislativo um relacionamento político de novo tipo, equivalente ao “dialogo constante” que o Conselho Superior das Forças Armadas mantém com o Pentágono e com a própria Casa Branca.

Na prática, o embaixador Petterson foi sancionar um importante acordo político com a Irmandade que durante quase 40 anos foi o inimigo número um dos presidentes egípcios Awar Sadat e Hosni Moubarak que transformaram o Egito no principal aliado da estratégia imperialista no Oriente Médio.

Um acordo que foi costurado por Mohammed Saad Al-Katatany quando era secretário-geral do Partido Justiça e Liberdade (FJP), e que com a sua nomeação a presidente da Assembleia do Povo irá influenciar a reaproximação política e estratégica entre o novo governo do Egito e os EUA.

Por outro lado, a necessidade de formular uma nova abordagem política e diplomática em relação ao presidente Obama e o governo estadunidense foi o argumento principal das negociações que Mohammed Saad Al-Katatany manteve com os oficiais superiores das Forças Armadas e consequentemente com os representantes dos países árabes conservadores, em particular a Arábia Saudita, o Qatar e os Emirados Árabes Unidos, sem os quais a Irmandade nunca teria tido meios financeiros suficientes para realizar uma milionária campanha eleitoral durante quase seis meses. Negociações que ocorreram sem grandes dificuldades porque Mohammed Saad Al-Katatany havia conseguido convencer as principais lideranças da Irmandade Muçulmana, e em particular o ideólogo do movimento, Mohammed Badié, de que o novo contexto político do Egito após a queda de Moubarak obrigava a Irmandade a recorrer a um inusitado pragmatismo político, sem o qual seria impossível ganhar as eleições e impedir que os anseios e as propostas revolucionárias dos líderes dos 56 grupos da Praça Tahir ganhassem espaço no pleito eleitoral.

A postura moderada das lideranças da Irmandade Muçulmana, o dialogo que sempre manteve com os oficiais superiores das Forças Armadas e o cauteloso relacionamento com os líderes da Praça Tahir, em muitos casos julgado oportunista e trapaceiro, favoreceu a recuperação de alguns setores importante do eleitorado do partido PND de Moubarak representados pelos comerciantes, a burguesia urbana ligada ao aparelho estatal e o proletariado das grandes cidades. De fato, se a necessidade de uma nova estabilidade política e econômica foi o compromisso que a Irmandade Muçulmana assumiu com as classes abastadas em troca de seu voto, com os pobres foi suficiente para encher as mesquitas de produtos alimentares para serem distribuídos gratuitamente às famílias mais pobres e, assim, comprar, sem muitas dificuldades, o voto dessas multidões.

Silêncio na Tahir

A nova estrutura institucional do estado egípcio que os militares e a Irmandade Muçulmana pretendem construir é uma versão do modelo turco, onde o cargo de presidente da República é uma mera representação institucional, enquanto o poder está todo nas mãos do primeiro ministro, nomeado pelo partido islâmico moderado que é capaz de garantir o controle social no âmbito de um regime de democracia islamizada. De fato na Turquia os militares oficialmente voltaram aos quartéis, mas, na realidade, permanecem os fiéis guardiões deste modelo democrático, que deve cumprir uma agenda política elaborada nos quartéis.

El Baradei, ex-chefe da Agência Internacional da Energia Atômica (Aiea) e prêmio Nobel pela Paz que desde os primeiros dias da revolta contra Moubarak foi apontado pelos revolucionários da Praça Tahir como o futuro presidente do Egito não aceitou ser o capacho da Irmandade Muçulmana e, por isso declarou que retirava sua candidatura à presidência.

Uma decisão que atrapalhou bastante os liberais, os moderados leigos e os próprios revolucionários da Praça Tahir que apostavam em El Baradei para enfrentar na Assembleia do Povo o novo bloco majoritário formado pelos deputados da Irmandade Muçulmana e pelos fundamentalistas salafitas. Mesmo assim El Baradei não voltou atrás e declarou: “Minha consciência me impede de participar em uma corrida para a eleição presidencial porque tenho a sensação de que o antigo regime ainda não acabou. Aliás tenho a sensação de que nunca houve no Egito uma verdadeira Revolução. Avaliei todas as possibilidades de servir, em forma oficial, o Egito, porém não encontrei nenhuma que correspondesse, inclusive com o cargo de presidente, porque o país permanece nas mãos de um Conselho Militar que continua fazendo uso da violência e recorre à brutalidade da policia de choque, além de legitimar uma péssima gestão econômica que fica cada vez mais longe dos objetivos traçados pela Revolução...”

Uma acusação que denuncia o projeto de restauração institucional dos militares cuja complexidade e lentidão política provocou, em 24 de novembro do ano passado, o rebaixamento em nível B pela agencia de rating Standard & Poor, dos títulos da divida egípcia. Um acontecimento que, segundo El Baradei, se tornou ainda mais dramático quando os chefes do Conselho Supremo Militar decidiram usar as reservas estratégicas monetárias do Banco Central do Egito que em apenas três meses baixaram de 36 bilhões de dólares para 22, abrindo, assim, um perigoso buraco no futuro da economia egípcia.

Um contexto que poderá ser sanado com muitos sacrifícios e, sobretudo com a ajuda financeira dos países árabes conservadores que em troca pedem o retorno da estabilidade, o fim das mobilizações na Praça Tahir e o silêncio sobre o programa revolucionário que apontava não só pela ruptura institucional contra o regime de Moubarack mas, antes de tudo, queria construir rupturas socioeconômicas para formular um novo modelo de sociedade.

Os erros da oposição

A revolta que a partir da Praça Tahir incendiou o Egito tornando-se um exemplo de luta para todos os povos do Oriente Médio não soube capitalizar sua força junto do povo e, por outro lado foi liderada por lutadores sociais extremamente jovens em termos organizativos e até ingênuos no que diz respeito a estratégia política do próprio movimento rebelde.

De fato, o liderismo, alimentado “ad hoc” e com muito oportunismo pela novas centrais do network e pela mídia árabe, em particular a televisão Aljazira, fez com que, em breve tempo, o movimento da Praça Tahir ficasse desarticulado uma vez que seus lideres procuravam mais disputar a liderança absoluta do movimento no lugar do criar a união entre a praça e o povo em geral. Quem se preocupou de sair da Praça para se apropriar das suas lutas e ir aos bairros mais pobres, nas lojas e nas escolas dizendo que “Eles estavam lutando contra o regime corrupto de Moubarack” foram os membros da Irmandade Muçulmana e em um segundo tempo também os fundamentalistas salafitas.

Os sindicalistas de esquerda tentaram denunciar o que estava acontecendo, porém os grupos social-democratas, liberais e também as mulheres nunca se preocuparam, seriamente, no que os homens da Irmandade e do fundamentalismo salafita estavam fazendo. Muitas vezes os grupos de esquerda que denunciavam o oportunismo traiçoeiro da Irmandade Muçulmana foram severamente criticados por “falta de democracia”.

Assim, quando o Conselho Militar fixou a data para as eleições o movimento da Praça Tahir estava dividido em 56 grupos políticos, cada um achando ser o verdadeiro partido guia da revolução que não precisava disputar o pleito eleitoral por ter o poder de chamar o povo a decidir do futuro do país em qualquer momento.

Em seguida, os ditos “revolucionários moderados” saíram da Praça Tahir para se juntaram ao Partido Social-democrata e ao Partido dos Egípcio Livres de Amr Hamzawy, para formar o “Bloco Egípcio” que obteve 9% dos sufrágios, enquanto os liberais do antigo partido Al-Wafd, que fez oposição a Anwar Sadat e Moubarack, alcançou somente 7%. O restantes 6% dos sufrágios premiou outras dezenas de pequenos partidos da oposição que unida vai somar 22% por um total de 109 deputados contra um bloco governamental dos partidos islâmicos formado por 362 deputados a quem se vão juntar os 10 deputados que representam os militares.

Neste contexto o aspecto mais preocupante é que em poucos meses o establishement voltou no Norte da África visto que os partidos islâmicos, moderados ou fundamentalistas, hoje governam Marrocos, Tunísia, Líbia, e Egito reverenciando o Ocidente e, sobretudo, as multinacionais do imperialismo estadunidense. É claro que nesses governos haverá sempre quem proclama de lutar contra o sionismo de Israel, mas isso faz parte do folclore político monitorado pela TV Aljazira.

Achille Lollo é jornalista italiano, correspondente do Brasil de Fato na Itália e editor do programa TV “Quadrante Informativo

OTAN assassina seis crianças no Afeganistão


Alguém viu esta notícia na Globo, Band, Record, SBt, Estadão, FSP, o Globo….alguém viu Hillary, Cameron etc se manifestar? Alguém viu o DDHH, a ONu, UNICEF gritar?

10/02/12.-Um ataque aéreo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) causou a morte de oito civis afegãos, entre eles seis crianças, na  província oriental de Kapisa, comunicaram os meios informativos nacionais.De acordo com a agência afegã de noticias Khaama Press, os aviões dispararam mísseis e fogo de metralhadoras contra o distrito de Nejrab, onde vários habitantes perderam a vida enquanto alimentavam seus animais, na região montanhosa de Giawa.

Entretanto, as Forças Internacionais de Assistência e Segurança (ISAF), sob o comando da OTAN, permanecem em silêncio, sem emitir informações a respeito . As autoridades da provincia anunciaram uma investigação sobre o incidente.

Segundo relatório da Missão de Assistência das Nações Unidas para o Afeganistão (UNAMA), três mil e 21 civis morreram em 2011, o que representa oito por cento mais do que em 2010.

O número de mortos representa um aumento, pelo quinto ano consecutivo, recorde desde a invasão do território pelos Estados Unidos e Reino Unido em outubro de 2001.

O aumento do número de mortes  é resultado das ações das tropas dos Estados Unidos e da ISAF, destaque para os mortíferos ataques aéreos  (...).

O chefe da UNAMA, Jan Kubics e o Alto Comissário para os Direitos Humanos, Navanethem Pillay, expressaram grande preocupação pelo aumento consecutivo do número de vítimas entre os civis.

http://www.iranews.com.br/noticias.php?codnoticia=7476

POSIÇÃO DO PARTIDO COMUNISTA SÍRIO ANTE OS ATAQUES TERRORISTAS AO PAÍS

                              
O Movimento de Libertação Nacional Árabe está firme na linha de
 frente da luta contra o imperialismo global.

A força reacionária que tem cometido os massacres contra a população síria, em estreita parceria com o imperialismo, é a organização da Irmandade Muçulmana.

O Imperialismo e, sobretudo, sua força central, o imperialismo norte-americano, vem recebendo graves golpes dos Movimentos de Libertação Nacional Árabes, desde a agressão sionista de Israel contra o Líbano, em 2006, até as revoltas populares contra os regimes reacionários árabes, fiéis aos Estados Unidos e que mantêm relações estreitas com o sionismo, como os regimes egípcio e tunisiano, cujas peças principais caíram, mas, no entanto, os povos egípcios e tunisianos ainda têm muita tarefa pela frente para garantir e aprofundar sua libertação nacional e construir sua emancipação.

Neste momento, o imperialismo global lança um feroz contra-ataque contra o movimento de libertação nacional árabe. A face mais visível deste ataque, em termos de objetivos de expansão, é a agressão da OTAN contra a Líbia, em plena coordenação com os regimes árabes reacionários. Houve uma tentativa de encobrir esta agressão com uma poderosa campanha midiática cujos temas privilegiados foram: «espalhando democracia» e «direitos humanos».

A finalidade principal da violação da Líbia e sua brutal pilhagem foi escorar a integridade do Império, que vacila sob a crise e as contínuas frustrações e derrotas.

O mesmo se pode dizer do crescente ataque, perfeitamente planejado, contra a Síria. Um país que tem uma posição clara contra o imperialismo e sionismo e seus planos expansionistas na região, um país que apóia os movimentos de resistência e de libertação, ao contrário de todos os reacionários regimes árabes, do oceano ao Golfo. Os países imperialistas, assim como os regimes autocráticos do Golfo, dedicam grandes recursos, usando os métodos mais insidiosos e sujos, para derrubar o regime sírio antiimperialista.

O Partido Comunista Sírio tem avisando há muito tempo sobre este perigo. O relatório político da 11ª Conferência do partido, realizado no mês de outubro de 2010, declarou textualmente: «está se tornando cada vez mais claro que este ataque contra a Síria ―com seus múltiplos aspectos de pressão política, sabotagem, ameaças militares, econômicas e conspirações― tenciona realizar transformações radicais para mudar a face nacional da Síria, incluindo a derrubada do regime». A luta contra isto exige uma ampla aliança nacional e cujo principal objetivo é proteger e reforçar a soberania nacional'.

No que diz respeito à atual situação na Síria, cabe destacar os seguintes aspectos:

1 – Os planos do imperialismo e a reação interna para derrubar o regime sírio antiimperialista através de grandes rebeliões populares generosamente estimuladas pelos regimes reacionários do Golfo falharam, porque a maioria das massas populares, sobretudo nas principais cidades do país, não se deixou levar por esse. Muito pelo contrário, em Damasco, Alepo e muitas cidades sírias, houve manifestações de massa para condenar a conspiração e gritar contra o imperialismo, o sionismo e os árabes reacionários.

2 - Depois deste fracasso, as forças reacionárias passaram a operar novos métodos de caráter criminoso, tais como assassinatos seletivos, em alguns lugares, assassinatos coletivos de natureza sectária e atos de sabotagem (como colocar bombas em ferrovias e incendiar as fábricas, sobretudo as do sector público). É de suma importância destacar que os assassinatos seletivos são direcionados especialmente aos homens de ciência e cultura (pesquisadores, médicos, etc.), assim como os profissionais militares de áreas especializadas, e de grande experiência, como os pilotos; tudo isso com o objetivo claro de enfraquecer a capacidade de defesa nacional do Estado sírio. Os massacres coletivos perpetrados pelos terroristas têm sido indiscriminados, sem respeitar sequer as crianças, mulheres e velhos, de modo a provocar sentimentos de ódio e minar qualquer possibilidade de estabilidade.

3 - Em paralelo com a crescente pressão sobre a Síria, exercida há algum tempo pelos Estados e centros imperialistas ou por reacionários regimes árabes associados a estes centros, utilizando a Liga dos Estados Árabes, os reacionários árabes se movimentam em uma atividade frenética que dê um pretexto ao Conselho de Segurança e outros órgãos das Nações Unidas para tomar decisões agressivas com a cobertura da chamada “legitimidade árabe”, que é completamente falsa. Todos os regimes de Golfo apóiam generosamente todos os movimentos reacionários que estão operando na Síria.

Turquia, braço da OTAN na região, desempenha um papel fundamental no exercício de todos os tipos de pressão sobre a Síria, desde políticas, passando pelas pressões econômicas, até o apoio explícito e direto às organizações armadas terroristas e sua hospitalidade aos chefes dessas organizações.

O regime da Síria adotou, após aprovação, muitas leis e regulamentos com o objetivo desejado pelo povo de expandir e consolidar as liberdades democráticas no país. Mas, essas aberturas se chocam com a rejeição dogmática das forças reacionárias. Estas forças estão tentando derrubar o regime, em colaboração com os infiltrados do imperialismo e do sionismo. Enquanto a Síria mantiver sua postura antiimperialista, os expansivos planos imperialistas terão muitas dificuldades para serem aplicados plenamente no Mediterrâneo Oriental, em particular o “novo grande projeto para o Oriente Médio”, ou, dito de outro modo, “o grande projeto sionista para o Oriente Médio”.

A posição do Partido Comunista Sírio é clara: lutar contra os planos imperialistas, respaldar o regime nacional e sua postura contra os planos do imperialismo, bem como defender as reformas democráticas, que em linhas gerais se aproximam do programa do nosso partido nesta esfera. Estamos, de igual forma, empenhados na luta permanente pelas mudanças radicais na orientação da economia liberal e em todas as leis que a protegem. Não esqueçamos nunca que estas forças ligadas a esta orientação econômica têm abonado e apoiado o trabalho sujo das forças reacionárias. Sua retificação fortalecerá a posição anticolonial da Síria e a aderência das massas a esta política.

Ao se considerar a situação atual da Síria, temos de ter em conta que as ditas “forças de oposição” nunca foram e não são uma alternativa democrática. A força de choque reacionária é a organização da Irmandade Muçulmana, que tem cometido massacres em estreita parceria com o imperialismo e com os reacionários regimes árabes. Entretanto, liberais de todos os tipos são apresentados para encobrir, como uma cortina de fumaça, estas forças obscurantistas que atuam nas sombras.

Preparamos nosso povo para qualquer eventualidade, incluindo a luta contra uma agressão militar. Estamos confiantes de que, se esta agressão se materializa. A Síria será um túmulo para os agressores. O povo sírio tem uma história, que é um acervo nacional, na luta contra o colonialismo.

Não foi à toa que um representante do imperialismo francês, Charles de Gaulle, um dia disse: "É uma ilusão pensar que se pode submeter a Síria".
Sim, a Síria não se ajoelha.

Tradução:
Juan Vivanco (para o espanhol)
PCB (para o português)

Fonte: http://www.solidnet.org/syria-syrian-communist-party-kb/2402-13-imcwp-contribution-of-the-syrian-cp-ar




sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Revelações da WikiLeaks sobre a atuação dos EUA na Síria

Oposição síria, em 2006, para os EUA:


[Uns] "Sejam mais discretos. Metam os US$ numa mala, e estamos conversados."

[Outros] "Respeitem-nos! Os EUA não querem parceiros na Síria: querem serviçais".

http://wikileaks.org/cable/2006/02/06DAMASCUS760.html#


Reference ID Created Released Classification Origin

06DAMASCUS760 2006-02-27 09:57 2011-08-30 01:44 CONFIDENTIAL Embassy Damascus

ASSUNTO: Mais dinheiro dos EUA para a oposição síria [em 2006]
REF: DAMASCUS 0701

1. (C) Resumo: A operação "Anunciando a Democracia Síria", do Governo dos EUA, continua a provocar reações contraditórias em Damasco, entre a oposição e outras figuras políticas. Já informamos em telegrama anterior as primeiras reações negativas. Exame posterior da mesma questão permite ver um conjunto mais nuançado de reações. Alguns receberam com entusiasmo a iniciativa, dizendo que nossa operação envia a mensagem de que os EUA apoiam a oposição e não farão nenhum tipo de "negócio" com o governo de Assad; mas mesmo esses ainda questionam se o dinheiro que estamos oferecendo chegará às mãos dos membros mais sérios da oposição. Um de nossos contatos descreveu a reação inicial (negativa) de membros da oposição como exagerada, "mas típica". Vários contatos ofereceram sugestões de como podemos ajudar com dinheiro, apoiando a sociedade civil e o desenvolvimento democrático na Síria.


Um importante dissidente e ex-prisioneiro político, ecoando suspeitas generalizadas sobre as intenções dos EUA, considerou nossa oferta "insultuosa". Para ele, os EUA são hipócritas ao apoiar a democracia na região; disse que nos interessamos apenas por encontrar "instrumentos" por aqui, não parceiros. Não se registrou nenhum (ou quase nenhum) apoio público à oferta de dinheiro que fizemos à oposição síria. FIM DO RESUMO.

2. (C) "Metam o dinheiro numa mala, e estamos conversados"
Basil Dahdouh, deputado independente do Parlamento Sírio entende que o dinheiro agora oferecido envia importante mensagem à oposição, indicando que os EUA estão sendo "sérios", na disposição para cooperar. Essa mensagem estimulará a oposição. Contudo, o deputado considera o modo como o dinheiro tem sido entregue "burocrático, legalista e 'público' demais para dar algum resultado". "Aqui nessa região as coisas não são feitas desse modo" – disse Dahdouh. "Khalid Misha'al vai a Teerã e volta com alguns milhões numa mala simples. Não precisa assinar recibos, nem papelada, nem precisa de computadores" – disse ele. Para o deputado, o modo como os EUA entregam o dinheiro é característico de estado com leis e regulações, "mas nada disso corresponde à mentalidade nessa região". Por fim, o deputado Dahdouh disse que o fato de a entrega de dinheiro ser pública, do conhecimento de vários, dada a imagem dos EUA no mundo árabe, acabará por destruir a credibilidade de qualquer um que receba o dinheiro. As pessoas dirão "Ora, claro que ele disse tal ou tal coisa. Ele é pago pelos norte-americanos".

3. (C) SUGESTÕES MAIS AMPLAS PARA APOIARMOS: Quanto a sugestões de áreas nas quais os EUA poderiam oferecer apoio mais discreto à oposição, Dahdouh sugeriu ajuda financeira a famílias de prisioneiros políticos, algo como algumas poucas centenas de dólares por mês, por família. Essa ajuda reduziria o "alto risco de empobrecimento das famílias" que acompanha sempre a prisão de qualquer dissidente. Embora admita que não sabe como se poderia implementar esse tipo de programa, Dahdouh indicou o International Committee of the Red Cross (ICRC) como possibilidade. Também sugeriu que os EUA ampliem o alcance dos programas culturais, programas de conferências, bolsas para estudo de inglês e acesso à internet. Na opinião dele, os EUA podem usar relações culturais para canalizar pequenas quantias de dinheiro para bolsas de estudo, prêmios, remuneração de conferencistas e painelistas e coisas desse tipo. A chave é não procurar a controvérsia, mas manter programas regulares com reuniões, através das quais pequenas quantidades de dinheiro possam ser distribuídas. Dahdouh também sugeriu que se crie um centro de traduções que se concentraria não nas manchetes e nas opiniões "das vozes mais ouvidas" (quase todas de apoio ao regime), mas em ideias alternativas, com bom conteúdo intelectual sério. Esse centro também poderia ser usado como veículo para distribuir alguns subsídios informais. (...)

9. (C) CRÍTICA DOS DISSIDENTES: Yassin Haj Saleh, prisioneiro político por 18 anos, foi quem apresentou a crítica mais consistente contra nossa proposta de oferecer dinheiro à oposição. Disse que a oferta é "insultuosa". Pede que os EUA "parem de negociar com os sírios desse modo desrespeitoso". Solicitado a explicar-se melhor, Saleh disse que os EUA são hipócritas quando oferecem apoio à democracia no mundo árabe, mas só apoiam a democracia na Síria, e não apoiam democracia alguma na Palestina – onde os EUA ignoraram completamente o governo democraticamente eleito do Hamás. "Vocês cortam milhões de ajuda à democracia na Palestina e oferecem centavos à democracia síria. Vocês só querem instrumentos, subordinados, não querem nem parceiros nem amigos" – Saleh insistiu.

10. (C) Na opinião de Saleh, os EUA "continuam a ser profundamente hostis a qualquer ideia de independência no mundo árabe, mesmo hoje", anos depois do fim da Guerra Fria e décadas depois de Nasser ter desaparecido do cenário. O "maior presente que os EUA poderiam dar, para ajudar a democracia na Síria, seria uma proclamação pública em que criticassem a ocupação israelense no Golan, exigissem a imediata retirada de Israel e oferecessem apoio a negociações" – disse Saleh. Saleh também observou que as pessoas que aceitarem dinheiro dos EUA "são as menos confiáveis de toda a oposição síria." Disse que os EUA dariam melhor uso ao seu dinheiro se oferecessem bolsas para estudantes sírios pobres estudarem nos EUA.

11. (C) NENHUM APOIO POPULAR: Figuras do campo das Relações Públicas tendem a dividir-se entre declarações categoricamente críticas (dos nacionalistas tradicionais), e formulações um pouco mais nuançadas – mas sempre rejeitando qualquer ajuda, por princípio –, dos que parecem mais simpáticos ao apoio ocidental. Hassan Abdul Azim, porta-voz do Grupo Democrático Nacional, coligação de cinco partidos da oposição constituído de pan-arabistas e ex-comunistas, disse que seu grupo recusaria qualquer "financiamento vindo do lado ocidental" e puniria membros que aceitassem aquele dinheiro.

Michel Kilo, ativista, disse que os problemas da oposição síria são políticos, não financeiros. Acrescentou, porém, que a oposição não quer receber apoio financeiro dos EUA, por causa "da política dos EUA no Oriente Médio e sobre a Palestina". [assina] SECHE

Ver também:

UNDERSTANDING THE SYRIAN CRISIS: Selection of Key Articles and News Reports
SYRIA: Moscow and Tehran to Provide Military Aid to Curb US-NATO Supported Armed Insurrection
Exposed: The Arab Agenda In Syria
Le CCG et l’OTAN perdent leur leadership
Syria Assassination Plot: 1957 Intel. Documents Reveal How Eisenhower and Macmillan Conspired against Syria

O original encontra-se em http://wikileaks.org/cable/2006/02/06DAMASCUS760.html#
http://www.iranews.com.br/noticias.php?codnoticia=7472








Explosões terroristas matam dezenas de pessoas na Síria


Damasco, (Prensa Latina) O saldo devido a um duplo atentado terrorista executado nesta sexta (10) na cidade síria de Aleppo subiu para 28 mortos e 235 feridos, entre policiais e civis, e ainda pode aumentar, informou o ministro de Saúde, Wael Al-Halki.


O ministro indicou que há 14 feridos em estado muito crítico e que ainda se realizavam trabalhos de resgate entre os escombros em busca de vítimas, enquanto no necrotério os peritos trabalham com quatro bolsas mortuárias com restos humanos ainda não identificados.
Al-Halki chamou a população de Aleppo a doar sangue e disse que todo o pessoal de saúde da cidade estão na tarefa de ajudar os feridos.
Entre as vítimas encontram-se crianças que jogavam neste dia de ataque em um parque contíguo à sede do Departamento Regional da Segurança Militar localizado na estrada de circunvalação ocidental da cidade, zona conhecida como Novo Aleppo, um dos alvos do duplo ataque suicida com carros-bombas, noticiou o canal Addounia.
Essa instalação sofreu danos, assim como edifícios de apartamentos vizinhos, que perderam janelas e portas.
O outro atentado terrorista esteve dirigido contra o centro da Brigada de Segurança Central no bairro de Alsajur, na área de Al-Orkoub dessa noroeste cidade no momento em que se realizava uma mudança de pessoal da ordem pública.
Edificações residenciais próximas também sofreram danos pela onda expansiva da potente explosão, que abriu uma cratera de dois metros de profundidade por mais de cinco de diâmetro na rua.
Estes dois ataques suicidas, nos quais se empregou o mesmo modo de execução dos acontecidos em Damasco no dia 28 de dezembro passado, são os primeiros que ocorrem em Aleppo, cidade no noroeste sírio, que até agora não tinha sido tocada pela violência terrorista que aflige ao país.
Do mesmo modo que os recentes atentados em Damasco, os de Aleppo ocorreram na manhã de uma sexta-feira, há poucos minutos um do outro, antes das orações do meio-dia, dia que os muçulmanos dedicam ao recolhimento e às orações.
O canal Addounia noticiou que a Rússia emitiu uma forte condenação pelo duplo atentado terrorista e culpou os grupos autodenominados opositores com sede principalmente na Turquia pela continuidade da violência terrorista na Síria. Também chamou os governos ocidentais e árabes que fornecem armas e financiamento aos grupos violentos a deterem essa ajuda.

Postado do sitio:
http://www.iranews.com.br/noticias.php?codnoticia=7474

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A Síria e os “disgusting” [1] BRICS



7/2/2012, Pepe Escobar, Asia Times Online
Syria and those “disgusting” BRICS
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Um coro grego de “incomodados”, “repugnados” e “ultrajados” saudou, como bem se poderia prever, o duplo veto dos BRICS China e Rússia ao projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU para impor mudança de regime na Síria. O projeto vetado era apoiado pela Liga Árabe, aquele paraíso de democracia, organização controlada pelas seis monarquias/emirados do Conselho de Cooperação do Golfo, antigamente chamada Liga Árabe.

A secretária de Estado dos EUA Hillary Clinton chamou de “travesti” o duplo veto. Na sequência, Clinton incitou “os amigos da Síria democrática” a continuar trabalhando para mudar o regime, mudança que era o objeto da resolução vetada. O proprietário do copyright dessa ideia é o libertador da Líbia, o neonapoleônico Nicolas Sarkozy, presidente da França, que disse que Paris já estava trabalhando para criar um “Grupo de Amigos do Povo Sírio” da CCGOTAN, (Conselho de Cooperação do Golfo + OTAN) encarregado de implementar o plano de mudança de regime da Liga Árabe.

Logo em seguida, em fila, Burhan Ghalyun, fantoche de Paris, chefe do Conselho Nacional Sírio (CNS) – grupo da oposição guarda-chuva – convocou os países “amigos do povo sírio”. Todos sabem quem são: EUA, Grã-Bretanha, França, Israel e dois membros do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG): o Qatar e a Arábia Saudita. Com amigos como esses, o “povo sírio” não precisa de inimigos.

Os “disgusting” BRICS

A embaixadora dos EUA na ONU, Susan Rice – chefe da torcida organizada pró “Responsabilidade de Proteger” (R2P), também conhecida como bombardeio humanitário – declarou “disgusting” o duplo veto.

Até as vetustas pedras da mesquita Umayyad em Damasco sabem que só Washington tem o direto de exercer poder de veto na ONU – e sempre para proteger o direito que só Israel tem, de matar palestinos, homens, mulheres e crianças, com tanques e bombardeio cerrado, sem tomar conhecimento de resoluções da ONU. Uma relação parcial das vezes que os EUA vetaram projetos de resolução da ONU pode ser lida em: US on UN Veto: “Disgusting”, “Shameful”, “Deplorable”, “a Travesty” . . . Really?

A Rússia, em alto e bom som – e a China, discretamente – já haviam informado sobre o veto, há semanas: esqueçam resoluções da ONU para mudar regime na Síria ou, ainda pior, para abrir as portas da Síria para invasão ao estilo do bombardeio humanitário que a OTAN promoveu na Líbia.

A Rússia tem suas próprias razões geopolíticas para definir a Síria como limite infranqueável: a única base naval russa no Mediterrâneo está em território sírio, no porto de Tartus; e a Síria compra armas da Rússia. Mas, de fato, todos os cinco BRICS – mais a ampla maioria do mundo em desenvolvimento – estão em sincronia: esqueçam resoluções da ONU para viabilizar mudança de regime promovida pelos suspeitos de sempre, o trio ocidental EUA-França-Grã Bratanha e – o ápice da hipocrisia – planejada pelos hiper “democráticos” Qatar e Casa de Saud.

Na próxima 3ª-feira, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, estará em Damasco, para reunião com o presidente Bashar al-Assad, na qual discutirão plano sério para tentar pôr fim à violência. Lavrov explicou calma e ponderadamente as razões do veto russo.

Disse que enviou diretamente à secretária Clinton as emendas que a Rússia propunha ao texto da resolução: “Quem desse atenção àquelas emendas facilmente perceberia a racionalidade e a objetividade de nossa posição”, disse ele. Mas de nada adiantou. O projeto de resolução não foi emendado e permaneceu “unilateral” – nada pedindo à oposição armada. Lavrov disse claramente: “Nenhum presidente que não esteja absolutamente derrotado e que se respeite aceitaria algum dia essa exigência, por mais ameaçado que esteja. E nada, em nenhum caso, justifica render-se e entregar o país, sem resistência, a extremistas armados”.[2] Imaginem se Homs fosse cidade do Texas e alguma liderança local decidisse mudar o regime de Washington!

Mesmo assim, o Conselho Nacional Sírio declarou que Moscou e Pequim são “responsáveis pela escalada nos atos de matança e genocídio” e facilitadoras de uma “licença para matar”. Lavrov não se deixou abalar: “Já dissemos várias vezes que não estamos protegendo Assad. Estamos protegendo a lei internacional. O Conselho de Segurança da ONU não tem competência para intervir em questões internas dos estados”.

Homs: Quem está matando quem?

O embaixador da Síria à ONU, Bashar Ja’afari, negou firmemente as acusações da oposição de que o exército sírio estaria bombardeando o bairro de Khadiliya em Homs, usando tanques e artilharia e que teria matado mais de 200 pessoas. Disse que “nenhum ser racional lançaria ataque desse tipo na véspera de o Conselho de Segurança da ONU votar a resolução sobre a Síria”. Sem qualquer investigação, a França declarou que teria havido “um massacre” em Homs, “crime contra a humanidade”. Alguma coisa semelhante, talvez, ao que a França fez várias vezes na guerra da Argélia?

O que, então, está acontecendo em campo, em Homs? Reproduzo aqui trechos de um e-mail crucialmente importante, que recebi de fonte cristã e síria, altamente confiável:

"Muitos sírios estão entusiasmadíssimos com o duplo veto, mas a situação em Homs é muito preocupante. A oposição espalhou notícias sobre um massacre pouco antes da votação, falando de centenas [de mortos]. É inacreditável, mas a mesma notícia foi repetida em todos os canais de televisão (todos sempre citando “ativistas”), sem qualquer verificação. No máximo, o número de mortos foi reduzido para cerca de 33. Nenhum canal de notícias mostrou bombardeios ou cadáveres ou gente ferida (...) só homens despidos ou vestindo só cuecas, e lavados para serem enterrados, com mãos e pés atados, e com sinal de tiro de execução na cabeça. Que arma incrível será essa, do arsenal do governo sírio, uma bomba tão inteligente que consegue despir e amarrar os inimigos e, em seguida, executa-os com um tiro na testa?!


O que se sabe com certeza absoluta é que não há presença militar em Homs. Meus pais deixaram a cidade e retornaram para lá no sábado pela manhã – dia do alegado massacre – e nada viram. Como fazem sempre, telefonaram para um número (115) que fornece informações sobre segurança nas estradas. O operador disse que podiam viajar tranquilamente para Homs, que não havia qualquer sinal de agitação ou combates, nem na cidade nem nos arredores. Mas quase toda a cidade, principalmente a parte antiga, está sob controle de milícias armadas. O bairro onde moram meus pais e onde eu cresci (o bairro cristão de Bustan al-Diwan) está completamente tomado pelas milícias. Há vídeos em YouTube que mostram que o Exército Síria Livre atacou e removeu os postos de vigilância que o exército mantinha em outro bairro próximo (Bab al-Dreib) e, em seguida, atacou e removeu o posto que protegia o nosso bairro.


Pessoas que moram perto de nossa casa não viram qualquer sinal de agitação e não falam de qualquer tipo de agitação, embora todos saibam que alguns ‘revolucionários’ invadiram algumas casas cujos moradores partiram naqueles dias ou antes; e que também invadiram uma escola, a redação do jornal Homs Newspaper (operado pela igreja ortodoxa há mais de um século) e alguns restaurantes. Essas são as únicas reclamações que se ouvem por aqui. Quero dizer: se se considera o que esse Exército Síria Livre tem feito contra os alawitas, a comunidade cristã está sendo muito bem tratada, até aqui.

O que se diz por aqui é que os corpos mostrados amarrados e que teriam sido mortos em Khalidiya, e que seriam cadáveres de “homens, mulheres e crianças” mortos em bombardeio pelo exército sírio regular, são, de fato, soldados do exército sírio que foram sequestrados. Há também alawitas sequestrados, que não foram libertados (em trocas de prisioneiros). Quando o Exército Sírio Livre começou a sequestrar pessoas, os alawitas também passaram a sequestrar, para ter o que negociar e conseguir libertar soldados presos pelas milícias. Nem sempre dá certo, e muitos que não foram “trocados” apareceram mortos em Khalidiya.

O que se pode garantir é que, até agora, não há qualquer tipo de ataque pelo exército sírio regular na cidade. Os rebeldes continuam a atacar outros postos de segurança do exército. Ninguém por aqui tem qualquer ideia sobre o que o governo pensa fazer em relação à situação em Homs. É terrível para mim ver o nosso bairro transformado em campo de batalha e tantos amigos meus, que partem da cidade."

A informação da minha fonte coincide perfeitamente com o que escreveu o jornalista Nir Rosen, autor do indispensável Aftermath: Following the Bloodshed of America's Wars in the Muslim World: em Homs estão acontecendo ataques das milícias armadas contra postos de controle do exército sírio na estrada; e o exército sírio ataca alguns dos bairros onde vivem as milícias armadas. Segundo Rosen:

"Não há luta em Homs. O governo bombardeia algumas áreas onde suspeita que haja rebeldes (o que sugere que o regime não tenha meios para atacar Khalidiya) (...). Até agora não houve qualquer baixa entre os rebeldes. Em Khaldiyeh houve 130 mortos e 800 feridos (mas não eram combatentes). É muita gente, sim, mas se você assiste aos noticiários... Segundo os noticiários, Homs teria sido destruída pelo governo da Síria. Essa notícia é falsa. De fato, o ataque das milícias em Homs sugere que, ali, o regime está enfraquecido, sem meios para atacar as milícias. [3]

Confirma-se assim o que minha fonte escreveu: “Ninguém por aqui tem qualquer ideia sobre o que o governo pensa fazer em relação à situação em Homs”.

Todo o planeta viu como o milionário prefeito de New York respondeu ao movimento Occupy Wall Street – movimento pacífico. Imaginem, então, qual seria a resposta das autoridades a uma insurreição armada, para mudança de regime, que eclodisse numa cidade de porte médio nos EUA.

Os “disgusting” BRICSs já deixaram bem claro que não haverá bombardeio humanitário à moda CCGOTAN na Síria. Mas o CCGOTAN pode estar conseguindo sucesso no seu plano B: lançar a Síria numa guerra civil.
________________________________________

Notas dos tradutores

[1] Orig. disgusting. É palavra de difícil tradução ao português, no contexto da fala das autoridades dos EUA; cobre um campo semântico que vai de “incômodo” ou “desagradável”, até “repugnante” e “nojento” .

[2] 5/2/2012, “Ministro russo explica veto à Resolução sobre Síria”.

[3] 4/1/2012, The Angry Arab News Service, “What happened in Homs”



Os esquerdistas tontos agora condenam a Síria

James Petras: Algumas considerações sobre o Irã e a Síria

(Comentários para a CX36 Rádio Centenário, no Uruguai)

“Essa é outra armadilha em que caem os esquerdistas tontos, idiotas úteis que condenam a Síria, sem entender que se trata de um esforço imperialista em repetir a experiência da Líbia, onde hoje o caos impera. O povo perdeu todos os benefícios e empregos que tinham durante o governo de Kadafi. O mesmo poderá acontecer na Síria. Por esta razão, a maioria do país não quer esta intervenção”.

Atualmente, é recorrente que o Irã vai cortar as exportações de petróleo à Grécia, Espanha e Itália, como forma de antecipar o embargo anunciado pelos países europeus. Mais uma vez os países imperialistas da Europa tomando decisões que vão prejudicar o sul da Europa. Os países líderes não serão afetados por uma possível restrição sobre as exportações do Irã, pois recebem seu petróleo da Arábia Saudita, da Rússia e de outras partes.

Por esta razão, agora existe um perigo. Caso a Europa anuncie um embargo contra o Irã, o mesmo irá cortar as exportações e colocar a grande parte da Europa imersa numa crise ou, pelo menos, aprofundar a situação catastrófica existente.

Isso mostra que o Irã não está disposto a entregar-se aos países imperialistas. O Irã está capacitado a exportar o petróleo à Ásia, não dependendo da Europa. A Europa só constitui 18% do mercado do Irã. E, se os europeus impuserem um embargo, seguindo a liderança do império norte-americano, a China poderá comprar mais petróleo do Irã, assim como a Índia e outros países da Ásia.

Isso mostra, mais uma vez, que o Irã tem a capacidade de enfrentar o imperialismo, tomar medidas de defesa e contestar as agressões.

E, além disso, escutamos muitas vezes sobre o projeto de armas nucleares no Irã. Hoje, o Irã declarou estar disposto a conceder que os investigadores das Nações Unidas tenham acesso a qualquer centro nuclear, perguntem a qualquer cientista e possam investigar qualquer documento. Isso mostra a transparência do Irã e como as acusações, principalmente as movidas pelos EUA e por Israel, são falsas e fabricadas para montar campanhas de difamação. O Irã não possui programa nuclear, isso é um consenso entre todos os especialistas.

Agora, o que dizem os Estados Unidos é que, no futuro, poderão ter... Como os EUA sabem sobre o futuro, quando não sabem nem como manejar suas próprias políticas orçamentárias do dia a dia? Aí, outra vez, devemos defender o direito do Irã em seguir como país independente, contra todas as agressões do mundo imperialista.

Isso não implica que devamos aprovar o caráter religioso que influi sobre a política. Uma coisa é que o Irã tenha que mudar sua forma de governar, outra coisa são os países imperialistas lançarem campanhas militaristas contra um país pacífico.

Isso nos leva a outra contradição relacionada à Síria. A Síria é um país independente, soberano e secular. Agora, encontra-se sob o ataque e armado. Ultimamente, as fotos publicadas nos jornais mostram pessoas encapuzadas com metralhadoras, atirando sobre os soldados e contra o governo, ocupando os subúrbios de Damasco, a capital. Todas as pesquisas mostram que na grande cidade de Alepo e também em Damasco, a grande maioria está contra os terroristas; os mercenários tentam derrubar o governo a partir da força e da violência. Em todas as reportagens não são mencionados quantos civis estes terroristas matam, não são mencionados quantos soldados são assassinados. Só falam de vítimas. E vítimas, para eles, são apenas as de oposição e não as vítimas que apoiam o governo e os setores militares.

Essa é outra armadilha em que caem os esquerdistas tontos, idiotas úteis que sempre condenam a Síria, sem entender que se trata de um esforço imperialista em repetir a experiência da Líbia, onde hoje o caos impera. O povo perdeu todos os benefícios e empregos que tinham durante o governo de Kadafi. O mesmo poderá acontecer na Síria. Por esta razão, a maioria do país não quer esta intervenção.

E quero acrescentar uma coisa, pois muitos outros mostram que existem sírios nas ruas, protestando contra o governo. Historicamente, a conquista imperial no mundo passa pelo uso de mercenários... França, Inglaterra e agora os Estados Unidos utilizam colaboradores nacionais, internos e, especialmente, importam mercenários de outros países para fazer o trabalho sujo.

Eu estou lendo uma história do império inglês e, na conquista do país hindu, milhares de centenas de mercenários conquistaram a Índia. Depois, utilizaram os hindus para conquistar a África. E, depois, trataram de montar um ataque, no século XIX, para conquistar a América Latina, onde fracassaram.

Porém, esta é a utilização dos mercenários e, mesmo tratando de dar uma roupagem progressista, é uma tática velha, de 300 anos de uso, já que os países europeus utilizam somente oficiais militares para dirigir as tropas de mercenários e isso agora se repete.

http://www.radio36.com.uy/
Tradução: Maria Fernanda M. Scelza (PCB)
Postado do: http://www.lahaine.org/