De sã consciência, nenhuma força política deseja uma conflagração generalizada na região, mas cresce no seio do povo a revolta e o sentimento favorável a uma nova Intifada. Também na Europa e nas Américas, inclusive nos Estados Unidos, desenvolve-se o movimento contra a agressão e em solidariedade incondicional à Palestina, de veemente condenação aos crimes de Israel, pelo fim imediato dos bombardeios, pela retirada das tropas e dos tanques israelenses de Gaza, pelo término do sítio e do massacre da cidade mártir.
No Brasil, já no dia 2 de janeiro quase um milhar de pessoas se reuniram numa combativa manifestação em São Paulo. Em Brasília, Salvador, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba e outras cidades, as forças políticas, os movimentos sociais, as organizações de luta pela paz e de solidariedade internacional, as entidades sindicais irmanam-se com as numerosas comunidades árabes residentes no país, numa demonstração do internacionalismo do povo brasileiro. Nos próximos dias, novas manifestações vão acontecer. O Partido Comunista do Brasil apoia e participa dessas manifestações e conclama os seus quadros dirigentes, militantes, amigos, simpatizantes, assim como os ativistas dos movimentos sociais a engrossarem ainda mais o caudal de gente que vai às ruas para condenar Israel, o imperialismo norte-americano e apoiar incondicionalmente a Resistência.
São válidos todos os esforços pela paz, todos os apelos ao cessar fogo, todas as tratativas diplomáticas e todas as ajudas humanitárias em alimentos e remédios de governos amigos para mitigar o holocausto dos palestinos. Mas, francamente, não bastam, como são insuficientes declarações deplorando as perdas humanas. É sempre lamentável quando o protocolo ou a conveniência implicam uma atitude defensiva, sobrepujando a política justa e a solidariedade.
Pela terceira vez desde que Israel iniciou a razia contra a Faixa de Gaza o Conselho de Segurança da ONU adiou mais uma vez a tomada de decisão sobre o cessar fogo. Desta vez, com a presença da senhorita Condoleeza Rice, ainda secretária de Estado dos Estados Unidos até 20 de janeiro, quando será sucedida pela senhora Clinton. Alguma surpresa?! Certamente não, a não ser entre politiqueiros das relações internacionais, comentaristas dos grandes meios de comunicação, acadêmicos de fancaria e burocratas de chancelarias, interesseiros e oportunistas, cultores de um ilusório multilateralismo inventado nas instituições de assessoramento do Partido Democrata e – por que não? – também o Partido Republicano.
As três reuniões do Conselho de Segurança dos últimos 12 dias deram em nada porque a ONU já não existe a não ser como contrafação. Quem o disse foi o “moderado” Collin Powell, de viva voz, numa reunião do dito Conselho, às vésperas de atacar o Iraque, em 2003. Quem o confirmou foi miss Condoleeza, em 2006, no momento em que os facínoras israelenses dizimavam o sul do Líbano e a periferia de Beirute habitada pela comunidade muçulmana seguidora do Hezbollah. Naquele trágico momento, em que se generalizava o clamor pelo cessar fogo, ela pregava a continuidade do morticínio justificando que os bombardeios eram “as dores do parto do novo Oriente Médio”. Madame Clinton já deve estar sentindo as mesmas pontadas e se prepare para uma gestação prolongada porque se o novo Oriente Médio americano foi de fácil concepção, é de dificílima gestação e um quase impossível advento, porque surgiu um fator com que não contavam: a Resistência heróica dos povos árabes, principalmente dos palestinos.
Há uma miríade de propostas na mesa fabricadas pelas chancelarias dos Estados Unidos, da União Européia, de países árabes pró-americanos, da Autoridade Nacional Palestina e de outros países. Os objetivos dos EUA e da União Européia estão claros: dar cobertura a Israel e disputar a hegemonia no pretendido novo Oriente Médio. Outras propostas podem ser bem intencionadas, mas são ilusórias, como a de promover um grande encontro internacional nos moldes do realizado em Annapolis. Quanto à Autoridade Nacional da Palestina, perde força a cada concessão que faz a Israel e aos Estados Unidos. Torna-se prisioneira das chantagens do inimigo. Todas estas propostas partem de uma premissa falsa: de que a Resistência é sinônimo de terrorismo e o ponto de partida para a paz no Oriente Médio é a garantia absoluta da segurança de Israel, ainda que isto sacrifique a liberdade, a independência, a soberania, a integridade territorial e a segurança dos países e povos árabes.
Os comunistas desejam a paz. Por isso, ao condenar Israel e o imperialismo norte-americano como fatores de mais uma guerra genocida, reafirmamos a luta por uma nova ordem mundial, o que não pode estar dissociado da luta antiimperialista, da qual faz parte a Resistência nacional árabe e palestina. Diante dos horrores da Guerra israelense em Gaza, temos lado. Apoiamos a Resistência.
Quando termino estas breves notas, chega-me a notícia da expulsão do embaixador israelense na Venezuela. Certa vez, a frase me rendeu aborrecimentos, mas como sou capaz de perder algumas amizades, mas não o mote, aí vai: O Chávez está coberto de razão (novamente).
* José Reinaldo Carvalho é secretário de Relações Internacionais do PCdoB.
No Brasil, já no dia 2 de janeiro quase um milhar de pessoas se reuniram numa combativa manifestação em São Paulo. Em Brasília, Salvador, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba e outras cidades, as forças políticas, os movimentos sociais, as organizações de luta pela paz e de solidariedade internacional, as entidades sindicais irmanam-se com as numerosas comunidades árabes residentes no país, numa demonstração do internacionalismo do povo brasileiro. Nos próximos dias, novas manifestações vão acontecer. O Partido Comunista do Brasil apoia e participa dessas manifestações e conclama os seus quadros dirigentes, militantes, amigos, simpatizantes, assim como os ativistas dos movimentos sociais a engrossarem ainda mais o caudal de gente que vai às ruas para condenar Israel, o imperialismo norte-americano e apoiar incondicionalmente a Resistência.
São válidos todos os esforços pela paz, todos os apelos ao cessar fogo, todas as tratativas diplomáticas e todas as ajudas humanitárias em alimentos e remédios de governos amigos para mitigar o holocausto dos palestinos. Mas, francamente, não bastam, como são insuficientes declarações deplorando as perdas humanas. É sempre lamentável quando o protocolo ou a conveniência implicam uma atitude defensiva, sobrepujando a política justa e a solidariedade.
Pela terceira vez desde que Israel iniciou a razia contra a Faixa de Gaza o Conselho de Segurança da ONU adiou mais uma vez a tomada de decisão sobre o cessar fogo. Desta vez, com a presença da senhorita Condoleeza Rice, ainda secretária de Estado dos Estados Unidos até 20 de janeiro, quando será sucedida pela senhora Clinton. Alguma surpresa?! Certamente não, a não ser entre politiqueiros das relações internacionais, comentaristas dos grandes meios de comunicação, acadêmicos de fancaria e burocratas de chancelarias, interesseiros e oportunistas, cultores de um ilusório multilateralismo inventado nas instituições de assessoramento do Partido Democrata e – por que não? – também o Partido Republicano.
As três reuniões do Conselho de Segurança dos últimos 12 dias deram em nada porque a ONU já não existe a não ser como contrafação. Quem o disse foi o “moderado” Collin Powell, de viva voz, numa reunião do dito Conselho, às vésperas de atacar o Iraque, em 2003. Quem o confirmou foi miss Condoleeza, em 2006, no momento em que os facínoras israelenses dizimavam o sul do Líbano e a periferia de Beirute habitada pela comunidade muçulmana seguidora do Hezbollah. Naquele trágico momento, em que se generalizava o clamor pelo cessar fogo, ela pregava a continuidade do morticínio justificando que os bombardeios eram “as dores do parto do novo Oriente Médio”. Madame Clinton já deve estar sentindo as mesmas pontadas e se prepare para uma gestação prolongada porque se o novo Oriente Médio americano foi de fácil concepção, é de dificílima gestação e um quase impossível advento, porque surgiu um fator com que não contavam: a Resistência heróica dos povos árabes, principalmente dos palestinos.
Há uma miríade de propostas na mesa fabricadas pelas chancelarias dos Estados Unidos, da União Européia, de países árabes pró-americanos, da Autoridade Nacional Palestina e de outros países. Os objetivos dos EUA e da União Européia estão claros: dar cobertura a Israel e disputar a hegemonia no pretendido novo Oriente Médio. Outras propostas podem ser bem intencionadas, mas são ilusórias, como a de promover um grande encontro internacional nos moldes do realizado em Annapolis. Quanto à Autoridade Nacional da Palestina, perde força a cada concessão que faz a Israel e aos Estados Unidos. Torna-se prisioneira das chantagens do inimigo. Todas estas propostas partem de uma premissa falsa: de que a Resistência é sinônimo de terrorismo e o ponto de partida para a paz no Oriente Médio é a garantia absoluta da segurança de Israel, ainda que isto sacrifique a liberdade, a independência, a soberania, a integridade territorial e a segurança dos países e povos árabes.
Os comunistas desejam a paz. Por isso, ao condenar Israel e o imperialismo norte-americano como fatores de mais uma guerra genocida, reafirmamos a luta por uma nova ordem mundial, o que não pode estar dissociado da luta antiimperialista, da qual faz parte a Resistência nacional árabe e palestina. Diante dos horrores da Guerra israelense em Gaza, temos lado. Apoiamos a Resistência.
Quando termino estas breves notas, chega-me a notícia da expulsão do embaixador israelense na Venezuela. Certa vez, a frase me rendeu aborrecimentos, mas como sou capaz de perder algumas amizades, mas não o mote, aí vai: O Chávez está coberto de razão (novamente).
* José Reinaldo Carvalho é secretário de Relações Internacionais do PCdoB.
Nenhum comentário:
Postar um comentário