quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Fórum Social Mundial - Palestina Livre




Chamada para Ação Solidária simultânea, 28 de novembro até 1o de dezembro de 2012

De 28 de novembro a 1o de dezembro, milhares de ativistas, líderes comunitários, jovens, grupos religiosos, sindicatos, músicos, acadêmicos e muito mais irão convergir para Porto Alegre, Brasil para o primeiro Fórum Mundial Social dedicado exclusivamente à Palestina.

Para aqueles que não podem se juntar a nós no Brasil, o Fórum Social Mundial Palestina Livre FSM-PL pede que sejam organizados protestos simultâneos, ações criativas e esforços de mídia em todo o mundo para chamar a atenção para as metas e estratégias que serão discutidas e promovidas durante este Fórum.

O Fórum Social Mundial Palestina Livre é uma expressão do instinto humano de se unir por justiça e liberdade e um eco dos Fóruns Sociais Mundiais de oposição à  hegemonia neoliberal, o colonialismo e o racismo através de lutas de sociais e emergência de alternativas políticas e econômicas para promover a justiça, igualdade e soberania dos povos.

O FSM-PL será um encontro mundial de amplas mobilizações populares e da sociedade civil de todo o mundo. 

Os objetivos são:

  • 1. Mostrar a força da solidariedade com o povo palestino e a diversidade de iniciativas e ações destinadas a promover a justiça ea paz na região.


  • 2.      Criar ações efetivas para garantir a autodeterminação palestina, a criação de um Estado palestino tendo Jerusalém como sua capital e do cumprimento dos direitos humanos e do direito internacional, com as seguintes ações:

 a)      o fim da ocupação israelense e da colonização ilegal de todas as terras árabes e a destruição do Muro.
b)      Garantir os direitos fundamentais dos cidadãos árabe-palestinos de Israel à fim de gozar igualdade plena, e
c)      Implementar, proteger e promover os direitos dos refugiados palestinos de regressar às suas casas e propriedades como estipulado na Resolução 194 da ONU.


  • 3.      Ser um espaço de discussão, troca de idéias, estratégia e planejamento, a fim de melhorar a estrutura de solidariedade.



Como fazer parte da FSM Palestina Livre Estendido? 

O Fórum Social Mundial Palestina Livre convoca atividades globais simultâneas em solidariedade com o acontecimento histórico no Brasil. Para ser parte do esforço FSM Palestina Livre, pedimos que:

  • Use o logotipo FSM-FP durante o evento e no material promocional
  • Garantir a sua atividade está de acordo com o Documento de Referência do FSM-PL
  •  Informe-nos com antecedência a sua atividade em extended@wsfpalestine.net e prensa@wsfpalestine.net para contribuir na promoção global.
  •  Envie-nos fotos, vídeos de sua atividade para exibi-los em Porto Alegre.

Durante o FSM Palestina Livre, vamos todos usar a hashtag # wsfpalestine Twitter para promover nossas ações e não se esqueça de seguir @ WSFPalestine para acompanhar a ação que se desenrola!

Algumas idéias para ações são:

 Organizar um protesto visível e criativo, flash mob ou ação que chama a atenção para os objetivos do FSM Palestina Livre e os direitos inalienáveis do povo palestino. Tais ações podem coincidir com as mobilizações já existentes emsua região;

Prepare reuniões de divulgação, eventos ou iniciativas de mídia que trazem a atenção para o FSM-PL;

Use a dinâmica do FSM-PL como uma plataforma de lançamento para novas campanhas e para levar a mensagem de autodeterminação palestina, liberdade e justiça para novos públicos;

Exorta os governos a prestar atenção ao FSM-PL e respeitar as demandas da sociedade civil palestina.

Publicar declarações de personalidades conhecidas em apoio à FSM Palestina Livre e as demandas da sociedade civil palestina resumidos no Documento de Referência.

Seja uma parte da FSM Palestina Livre onde quer que esteja: 28 novembro - 1 dezembro 2012!

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Maioria de israelenses é racista, aponta pesquisa


Pesquisa feita em Israel aponta que maioria da população do país é antipalestina, racista e compartilha a visão da extrema-direita ultranacionalista. Segundo o levantamento, 58% dos israelenses reconhecem que Israel pratica uma política de segregação em relação aos palestinos e apóiam a mesma.


Pesquisa feita em Israel um dia antes do Rosh Hashaná, o ano-novo judaico – que este ano caiu em 17 de setembro – é uma triste indicação do resultado de anos de lavagem cerebral efetuada pelo movimento sionista, que governa o Estado israelense e controla quase por completo a Palestina ocupada. A maioria da população de Israel, mostrou a pesquisa, é antipalestina, ultranacionalista, racista e defende posições muito próximas do fascismo. Ou, como colocou Richard Silverstein, do site Tikun Olan, “um vasto número de judeus israelenses compartilha explicitamente a visão [da extrema direita ultranacionalista de Israel, que é semelhante à] das Leis Racistas de Nuremberg”.

Além disso, causa perplexidade o fato de grande parte dos israelenses (58%) reconhecer Israel como praticante de uma política de segregação em relação aos palestinos (regime de apartheid) e, mais do que isso, apoiá-la. Gideon Levy, do jornal Haaretz, foi duro em seu diagnóstico. Para ele, a pesquisa “põe a nu uma imagem da sociedade israelense [...] muito, muito doente. Agora não se trata de críticas em casa e no exterior, mas dos próprios israelenses, que definem a si mesmos abertamente, desavergonhadamente, sem culpa, como racistas nacionalistas. Somos racistas, os israelenses estão dizendo, praticamos o apartheid e até mesmo queremos viver num Estado que pratica a segregação. Sim, isto é Israel”, escreveu Levy.

Tão surpreendentes como os resultados são os objetivos da pesquisa, que constam do sumário da versão em inglês. Está ali no parágrafo inicial, à vista de todos, o fato de que os preparadores do trabalho acenam com a possibilidade do fim da Autoridade Palestina e da anexação do que resta da Palestina a Israel. Em uma palavra, eles apostam em um Estado único na Palestina.

Os objetivos expressos da pesquisa são “examinar a atitude da população judaica em relação aos cidadãos árabes de Israel e aos palestinos nos territórios ocupados, uma vez que estamos diante de: a) possibilidades crescentes de anexação das colônias [judaicas] e de terras nos territórios ocupados; b) a eventual desintegração da Autoridade Palestina; c) o subsequente controle total, por parte de Israel, [do território que vai] do Mediterrâneo ao rio Jordão”.

O outro objetivo também chama a atenção. Quer-se “criar uma base para futuras pesquisas e informar o público sobre o nível de racismo e de apoio ao apartheid dentro da sociedade israelense”. Em outras palavras, está-se reconhecendo explicitamente que a sociedade israelense, em geral, é racista e dá apoio ao apartheid – um discurso muito comum entre a esquerda, os ativistas pró-Palestina e entre os acadêmicos que pesquisam a fundo o sionismo e a influência de suas políticas sobre o imaginário e a realidade da população de Israel.

Para maioria de judeus, palestinos não devem ter direito de voto
As conclusões da pesquisa, divulgadas ontem, 23 de outubro, mostram que praticamente a maioria dos judeus, 49%, querem que o Estado trate melhor os cidadãos judeus do que os palestinos , que 42% não desejam morar em prédios com vizinhos palestinos e que a mesma porcentagem não aceita que seus filhos estudem em salas de aula frequentadas por crianças palestinas. Mais da metade dos judeus, 59%, prefere ver judeus, e não palestinos, ocupando cargos no governo.

Um terço da população quer leis que impeçam os palestinos (nascidos em Israel) de votar para o Parlamento e 69% rejeita que seja dado o direito de voto aos palestinos caso a Cisjordânia seja anexada por Israel. A grande maioria, 74%, é a favor de estradas separadas para palestinos e israelenses na Cisjordânia (o que, na prática, já existe; e lembremos que a Cisjordânia pertence à Palestina, não a Israel). Metade, 50%, pensa que essa separação é uma medida “necessária” e 24% julga a situação “boa”.

Praticamente a metade dos judeus, 47%, prefere que os palestinos sejam “transferidos” para a Autoridade Palestina (provavelmente para os territórios administrados pela ANP) e 36% aceitam que algumas cidades palestinas localizadas dentro de Israel sejam concedidas à ANP, em troca de algumas colônias judaicas ilegalmente construídas na Cisjordânia.

Israelenses reconhecem que seu país pratica o apartheid
A maioria, 58%, reconhece que Israel pratica o apartheid contra os palestinos e 31% acham que esse regime inexiste. Mais de um terço da população, 38%, deseja que Israel faça a anexação dos territórios palestinos onde foram construídas as colônias ilegais; 48% discordam dessa solução. De um terço até metade dos judeus querem viver num Estado que pratique discriminação aberta e formal contra os palestinos que nasceram e moram nele, ao passo que a ampla maioria deseja que Israel adote o regime do apartheid caso haja a anexação da Cisjordânia.

Realizada com 503 pessoas, a pesquisa distingue os vários grupos existentes no Estado sionista, como os imigrantes vindos da extinta União Soviética, os ultraortodoxos, os ortodoxos, os que observam a religião judaica e os seculares (sem religião). Os que têm posições mais extremadas contra os palestinos são os ultraortodoxos – não à toa, a grande maioria dos colonos que vive ilegalmente em território palestino roubado por Israel e que persegue os palestinos, ferindo-os gravemente, destruindo suas plantações, suas mesquitas e tomando de assalto suas vilas, é composta de judeus ultraortodoxos nacionalistas, os Haredim.

Desse grupo, 83% aprovam estradas para uso exclusivo de judeus e 71% são a favor da transferência dos palestinos para o exíguo território que ainda resta à Palestina. Para 70% deles, os palestinos não devem ter direito a voto, 82% defendem que o Estado trate de maneira preferencial os judeus e 95% pensam que deve haver discriminação contra palestinos na admissão a postos de trabalho.

Os ortodoxos são os mais antipalestinos depois dos Haredim, segundo a pesquisa. Já os novos imigrantes vindos da Rússia têm posição semelhante à dos israelenses seculares, sendo bem menos extremistas do que os ultraortodoxos. Entre os “russos”, porém, está a maioria dos que responderam “não sei” às questões da pesquisa.

Eles são os que mais recusam a classificação de Israel como Estado de apartheid. Um terço deles, 35%, acredita que seu novo país não pratica a segregação. Essa porcentagem cai para 28% entre os seculares e os ultraortodoxos, para 27% entre a comunidade ortodoxa e vai a 30% entre os que observam a religião. Em conjunto, 58% de todos esses grupos avaliam que Israel pratica o apartheid “em alguns campos” (39%) ou “em muitos campos” (19%); os que “não sabem” somam 11%.

Entre os seculares, 68% não se importam em ter vizinhos palestinos, 73% aceitam que seus filhos estudem com crianças palestinas e 50% pensam que os palestinos não devem sofrer discriminação em relação a empregos.
A pesquisa foi conduzida pelo instituto Dialog, dirigida pelo professor Camil Fuchs, da Universidade de Tel Aviv, um dos mais respeitados pesquisadores de Israel, e encomendada pelo Yisraela Goldblum Fund (Fundo Nova Israel), considerado “sionista liberal”. As questões foram formuladas por acadêmicos e ativistas de direitos humanos e civis de Israel.

As críticas dentro de Israel: devastadoras



Para o jornalista israelense Noam Sheizaf, o resultado não surpreende. “As conclusões são consistentes com as visões que encontramos no espaço público”, escreveu ele em seu blogue no portal +972 (o nome faz referência ao DDI de Israel, que é 972). “Elas refletem uma noção muito difundida, a de que Israel, como ‘Estado judeu’, deve favorecer os judeus. Também são resultado da ocupação, que desumanizou por completo os palestinos aos olhos dos israelenses. Depois de quase meio século dominando outro povo, não é de surpreender que a maioria dos israelenses pense que os palestinos não devem ter os mesmos direitos.”

Richard Silverstein, do Tikun Olan – site progressista pioneiro, que desde 2003 defende, on-line, uma solução negociada para o conflito que os sionistas impuseram aos palestinos –, foi ainda mais incisivo. “A maioria dos judeus israelenses tem posições claramente contrárias à democracia. Na verdade, eles abraçaram amplamente a agenda de Meir Kahane [1932-1990, fundador da Liga de Defesa Judaica, grupo extremista considerado terrorista até mesmo dentro de Israel], para quem a democracia era um tipo de doença importada do Ocidente e estranha ao Oriente Médio. Kahane defendia um Estado judeu que não oferecesse direitos democráticos a não judeus. A pesquisa mostra que os judeus israelenses afluem rapidamente a esse ponto de vista. Judeus defendem direitos superiores para eles mesmos, não para os cidadãos não judeus”, escreveu Silverstein no Tikun.

Sheizaf acrescenta que as conclusões da pesquisa “são o resultado da discriminação legal e do status quo na base [da sociedade israelense]. Ao mesmo tempo que o governo de Israel está pronto para fazer um esforço e promover os palestinos em algumas áreas, a narrativa da desumanização domina a conversa política, e há boa vontade zero para desafiar a discriminação inerente ao sistema em si (para não mencionar a ocupação). A pesquisa, portanto, não mostra uma falha na educação – como alguns aventam – mas um problema constitutivo do próprio sistema. Somente o fim da ocupação e o movimento na direção de um modelo igualitário de cidadania – “um Estado para todos os cidadãos” – pode trazer a desejada mudança na atitude dos judeus. Quando o sistema tratar os palestinos como iguais, a percepção do público o seguirá”.
Gideon Levy e Richard Silverstein não são nada otimistas em relação às mudanças que Sheizaf aponta. Levy escreve, em tom acusatório: “Os israelenses admitem que são assim e não se envergonham disso. Pesquisas desse tipo foram feitas antes, mas os israelenses nunca pareceram tão satisfeitos consigo, mesmo quando admitem o próprio racismo. A maioria pensa que Israel é um bom lugar para viver e a maioria pensa que este é um Estado racista. É bom viver neste país, a maioria deles diz, não a despeito do racismo, mas talvez por causa dele”.

Eu diria que o mundo está cansado de “repreender Israel por seu comportamento”. Um comportamento “beligerante”, como o classificou o documento “Preparando um Oriente Médio sem Israel”, elaborado por 16 órgãos dos Estados Unidos, entre forças armadas, secretarias de Estado e agências de segurança. O que falta aos governos do mundo é, mais do que impor sanções aos sionistas, corrigir o erro cometido em 1947, quando, cedendo a ameaças e pressões do sionismo e do governo Truman, recomendaram (e não “decidiram”, como os sionistas espalharam e a maioria acreditou) a partilha da Palestina.

A sociedade civil internacional enfrenta o sionismo sem medo, apesar das intimidações psicológicas, físicas, políticas e financeiras, e das agressões em plena rua a ativistas pró-Palestina, como aconteceu recentemente na França a Olívia Zeymour e a outros membros do grupo que promove a ação “Bem-Vindo à Palestina”, de desafio ao bloqueio aéreo imposto por Israel à Palestina. Os movimentos sociais do mundo inteiro estarão reunidos de 28 de novembro a 1º. de dezembro deste ano em Porto Alegre, no Fórum Social Mundial Palestina Livre, para pensar estratégias visando o fim da ocupação. É um bom momento para os governos começarem a agir de maneira decisiva e definitiva para impedir a continuação dos crimes cometidos pelo governo israelense, entre os quais está levar uma sociedade inteira a defender o racismo, como a pesquisa do Dialog mostrou.

Jornalista, autora de diversos livros e pós-graduanda em Filosofia. Mora em Ramallah, Palestina, onde é correspondente do jornal Brasil de Fato.
http://www.cartamaior.com.br/templates/analiseMostrar.cfm?coluna_id=5828

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Índios Guarani-Kaiowá anunciam suicídio coletivo no Mato Grosso do Sul





Por Felipe Patury, Época
Uma carta assinada pelos líderes indígenas da aldeia Guarani-Kaiowá, do Mato Grosso do Sul, e remetida ao Conselho Indigenista Missionário (CIMI), anuncia o suicídio coletivo de 170 homens, mulheres e crianças se a Justiça Federal mandar retirar o grupo da Fazenda Cambará, onde estão acampados provisoriamente às margens do rio Hovy, no município de Naviraí. Os índios pedem há vários anos a demarcação das suas terras tradicionais, hoje ocupadas por fazendeiros e guardadas por pistoleiros.

Leia a íntegra da carta dos índios ao CIMI:

Carta da comunidade Guarani-Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay-Iguatemi-MS para o Governo e Justiça do Brasil

Nós (50 homens, 50 mulheres e 70 crianças) comunidades Guarani-Kaiowá originárias de tekoha Pyelito kue/Mbrakay, viemos através desta carta apresentar a nossa situação histórica e decisão definitiva diante de da ordem de despacho expressado pela Justiça Federal de Navirai-MS, conforme o processo nº 0000032-87.2012.4.03.6006, do dia 29 de setembro de 2012. Recebemos a informação de que nossa comunidade logo será atacada, violentada e expulsa da margem do rio pela própria Justiça Federal, de Navirai-MS.

Assim, fica evidente para nós, que a própria ação da Justiça Federal gera e aumenta as violências contra as nossas vidas, ignorando os nossos direitos de sobreviver à margem do rio Hovy e próximo de nosso território tradicional Pyelito Kue/Mbarakay. 

Entendemos claramente que esta decisão da Justiça Federal de Navirai-MS é parte da ação de genocídio e extermínio histórico ao povo indígena, nativo e autóctone do Mato Grosso do Sul, isto é, a própria ação da Justiça Federal está violentando e exterminado e as nossas vidas. 

Queremos deixar evidente ao Governo e Justiça Federal que por fim, já perdemos a esperança de sobreviver dignamente e sem violência em nosso território antigo, não acreditamos mais na Justiça brasileira. A quem vamos denunciar as violências praticadas contra nossas vidas? Para qual Justiça do Brasil? Se a própria Justiça Federal está gerando e alimentando violências contra nós.  

Nós já avaliamos a nossa situação atual e concluímos que vamos morrer todos mesmo em pouco tempo, não temos e nem teremos perspectiva de vida digna e justa tanto aqui na margem do rio quanto longe daqui. Estamos aqui acampados a 50 metros do rio Hovy onde já ocorreram quatro mortes, sendo duas por meio de suicídio e duas em decorrência de espancamento e tortura de pistoleiros das fazendas.

Moramos na margem do rio Hovy há mais de um ano e estamos sem nenhuma assistência, isolados, cercado de pistoleiros e resistimos até hoje. Comemos comida uma vez por dia. Passamos tudo isso para recuperar o nosso território antigo Pyleito Kue/Mbarakay. De fato, sabemos muito bem que no centro desse nosso território antigo estão enterrados vários os nossos avôs, avós, bisavôs e bisavós, ali estão os cemitérios de todos nossos antepassados.


Cientes desse fato histórico, nós já vamos e queremos ser mortos e enterrados junto aos nossos antepassados aqui mesmo onde estamos hoje, por isso, pedimos ao Governo e Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas solicitamos para decretar a nossa morte coletiva e para enterrar nós todos aqui.

Pedimos, de uma vez por todas, para decretar a nossa dizimação e extinção total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para  jogar e enterrar os nossos corpos. Esse é nosso pedido aos juízes federais. Já aguardamos esta decisão da Justiça Federal. Decretem a nossa morte coletiva Guarani e Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay e enterrem-nos aqui. Visto que decidimos integralmente a não sairmos daqui com vida e nem mortos.

Sabemos que não temos mais chance em sobreviver dignamente aqui em nosso território antigo, já sofremos muito e estamos todos massacrados e morrendo em ritmo acelerado. Sabemos que seremos expulsos daqui da margem do rio pela Justiça, porém não vamos sair da margem do rio. 

Como um povo nativo e indígena histórico, decidimos meramente em sermos mortos coletivamente aqui. Não temos outra opção esta é a nossa última decisão unânime diante do despacho da Justiça Federal de Navirai-MS.    
  
Atenciosamente, Guarani-Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay



Sudão solicitou às Nações Unidas a condenação do ataque aéreo israelense contra uma fábrica em Jartum





Sudão solicitou ao Conselho de segurança a condenação de Israel por violar a soberania do país e bombardear uma fábrica militar em Jartum.
SNesta quarta-feira  quatro aviões israelenses atacaram a fábrica na capital antes do amanhecer, matando duas pessoas. "Quatro aviões militares atacaram a planta de Yarmuk," disse o ministro da Informação do Sudão, Ahmed Bilal Osman.
O embaixador do Sudão na ONU, Daffa Alla Elhag Ali Osman, se referiu ao ataque como uma "violação flagrante" da Carta da ONU e exigiu a condenação do organismo mundial.



"Quatro aviões israelense invadiram  nosso espaço aéreo e perpetraram este ataque atroz, hediondo...Rechaçamos esta agressão e esperamos que vosso estimado Conselho condene esse ataque, porque é uma flagrante violação do conceito de paz e segurança e da carta da ONU", disse Osman numa reunião do Conselho de Segurança na quarta-feira.

"Israel põe em perigo a paz e a segurança em toda região", acrescentou.



O emissário sudanês também acusou Israel de estar envolvido no conflito de Darfur : "Todos sabemos que as mãos de Israel estão no conflito de Darfur".
Em maio, Jartum acusou Israel de um ataque mortal que destruiu um carro e matou um empresário no porto do Sudão.
Sudão também culpou Israel por outro ataque mortal com mísseis contra um veículo perto de Porto Sudão, em abril de 2011.
Por outro lado, milhares de sudaneses realizaram uma grandiosa manifestação na capital, Jartum, para protestar contra o ataque israelense à fábrica sudanesa.
Na noite de quarta-feira, os manifestantes gritavam slogans contra o regime de Israel e os Estados Unidos, como "Morte a Israel" e "Eliminar Israel do Mapa".

http://www.almanar.com.lb/spanish/adetails.php?eid=22781&cid=27&fromval=1&frid=27&seccatid=40&s1=1

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Outubro ou nada



por Mauro Luis Iasi [*]
A URSS em 1919.


Uma família de nobres voltava a São Petersburgo com seus inúmeros filhos e malas volumosas. Havia-se retirado em fevereiro para fugir dos acontecimentos trágicos que haviam derrubado o Czar e não havia acompanhado o desenvolvimento político que levara os trabalhadores ao poder em outubro. Pateticamente parada na plataforma e acostumada com um servilismo milenar, esperava que algum carregador implorasse para levar as bagagens da família em troca de alguns míseros copeques. 

Depois de esperar em vão por um bom tempo, um criado (nobres não se dignavam a falar com pobres) vai buscar informações e ouve a seguinte resposta: "agora somos livres, se quiser carregue suas malas"!

Era a grande revolução de Outubro que emergia lá de onde costuma vir as coisas dos explorados, da periferia, das sombras esquecidas sob a ofuscante aparência de riqueza das sociedades opulentas, dos cantos obscuros que o olhar hipócrita quer esquecer ou incorpora como normal. Em meio à tragédia da guerra, a barbárie em sua forma mais didática, a vida resistia e se levantava contra a fome e a morte.

A Revolução Russa marcou de forma definitiva a história do século XX em muitas áreas (ver a coletânea organizada por Milton Pinheiro – Outubro e as e
xperiências socialistas do século XX – Salvador: Quarteto, 2010), como acontecimento político, como experiência histórica de um Estado Proletário, como base de transformações econômicas fundadas na socialização dos meios de produção, nas práticas do planejamento, como influência política direta nos rumos do movimento comunista internacional e a formação de estratégias e táticas do movimento revolucionário mundial.

Não podemos esquecer sua importância no desenvolvimento da cultura (é só pensar em Vladimir Maiakoviski na poesia e Sergei Eisenstein para o cinema), o ulterior desenvolvimento da música (Prokofiev, Stravinski) e dança, das ciências (Luria, Vigotski, Bakthin, e tantos outros), o desenvolvimento técnico e científico (Sakharov, Andréi Kolmogórov, etc.). No entanto, quisera me deter numa outra dimensão.

Certos acontecimentos históricos despertam algo um pouco mais intangível que suas manifestações econômicas, políticas, culturais e técnico-científicas. A revolução russa se espalhou pelo mundo, sem internet e televisão, numa velocidade que precisa ser compreendida. Não apenas se expandiu enquanto processo revolucionário que em menos de seis meses havia saído da Europa oriental e chegado ao mar do Japão, se alastrado como fogo em palha pelo antigo império czarista, como atravessou o oceano e incendiou o coração e as esperanças dos trabalhadores das partes mais distantes do globo.

Em uma foto de grevistas em um porto nos EUA na mesma época pode-se ver ao fundo uma faixa na qual se lê: "façamos como nossos irmãos russos". No Brasil as greves operárias se alastravam até a greve geral de 1917 e a Revolução russa foi saudada pelo movimento anarco-sindicalista como expressão da revolução libertária enquanto emissários eram mandados para lá para colher informações e prestar solidariedade. Poucos anos depois, nos anos vinte, quando o caráter marxista da experiência soviética se torna evidente, distanciando-se, portanto, dos princípios anarquistas, forma-se um movimento comunista que não tem paralelo com nenhum outro por sua escala mundial, sua forma de organização e sua ação.

Partidos Comunistas são formados em toda a América Latina, assim como em quase todos os mais distantes rincões do planeta, dos EUA até a China. Evidente que a formação da União Soviética e da III Internacional Comunista explicam a iniciativa e mais, a necessidade, de uma organização internacional, mas não sua aceitação e rápido desenvolvimento. Há elementos objetivos e subjetivos que precisam ser levados em conta.

Os objetivos são por demais conhecidos e podem ser resumidos na própria internacionalização do modo de produção capitalista e sua transformação em imperialismo, mas não podemos compreender a dimensão desse fenômeno sem entender que a revolução soviética foi um evento catalisador de esperanças de todos os explorados.

Como nos dizia Marx para que se forje uma classe revolucionária é necessário que se manifeste uma classe que se apresente como um entrave de caráter universal, ao mesmo tempo em que outra consiga expressar através de sua particularidade os contornos de uma emancipação universal. Falando da Alemanha, Marx afirmava que faltava: "grandeza de alma, que, por um momento apenas, os identificaria com a alma popular, a genialidade que instiga a força material ao poder político, a audácia revolucionária que arremessa ao adversário a frase provocadora: Nada sou e serei tudo. " (Marx, K. Crítica à filosofia do Direito de Hegel. São Paulo, Boitempo: 2005: 154).

Não se trata de nenhum deslize idealista, mas de exata combinação de fatores que dada certas condições materiais, que sem dúvida a guerra mundial propiciava, cria uma equação na qual uma classe encontra as condições de sua fusão enquanto classe. Imersa na cotidianidade reificadora, submetida às condições da exploração os trabalhadores vivem seu destino como uma condição inescapável. Ainda que submetidos as mesmas condições que seus companheiros, não vivem estas condições como base para uma consciência e ação comuns, mas como uma serialidade, nos termos de Sartre. A vida é assim e é impossível mudá-la.

Em certas condições, no entanto, se produz uma situação na qual a realidade se impõe de tal forma que se torna impossível manter a impossibilidade de mudá-la, nas palavras de Sartre: "A transformação tem, pois, lugar quando a impossibilidade é ela mesma impossível, ou se preferirem, quando um acontecimento sintético revela a impossibilidade de mudar como impossibilidade de viver" (Sartre, J. Crítica de la razón dialéctica. Buenos Aires: Losada, 1979, v. 2, p.14). O pensador francês tem em mente os acontecimentos da crise da monarquia absoluta que levou a eclosão da Revolução Francesa, mas vemos claramente esses elementos na crise do czarismo nas condições da guerra.

Interessa-nos, no entanto, outra dimensão desse fenômeno. Da mesma forma que um acontecimento sintético pode levar à fusão da classe e a superação de sua situação de serialidade, encontrando na ação do grupo as condições para abrir a possibilidade de superar o campo prático inerte, devemos supor que uma ação particular da magnitude de um processo revolucionário como o russo, provoca um efeito sobre os trabalhadores, mesmo aqueles que não estavam envolvidos direta e presencialmente nos acontecimentos.

Ernesto Che Guevara denominava isso de "consciência da possibilidade da vitória" e inclui entre as condições objetivas que torna possível uma revolução. Quando os trabalhadores vêem os revolucionários russos varrerem seus tiranos, quebra-se a impressão de naturalização e inevitabilidade com as quais revestiam suas condições de existência. É possível mudar, nada somos, mas podemos ser tudo.

Em um belo poema soviético é descrita a cena na qual uma camponesa que agora tinha acesso aos museus e suas obras de arte se detêm diante de um quadro a admirá-lo. A autora do poema então conclui: "mal sabia que ali era uma obra de arte a admirar outra". Operários assumem as fábricas, as terras são entregues aos comitês agrários para serem repartidas. Soldados, operários, camponeses, marinheiros, lotam os teatros antes privativos da nobreza russa, para ouvir Maiakóviski recitar os poemas que retira dos bolsos de seu enorme casaco e de seu coração ainda maior.

Suspendemos por um instante as enormes dificuldades que viriam, a guerra civil, o isolamento, a burocratização e a degeneração que culminaria no desfecho histórico de 1989. Naquele momento de maravilhoso caos, a vida fluía não como processo que aprisiona os seres humanos nas cadeias do estranhamento, mas como livre fluir de uma práxis transformadora. Tudo pode ser mudado. Podemos criar as crianças de uma nova forma, e já vemos Makarenko e seu enorme coração abrigando os órfãos da guerra e reinventando a pedagogia, trabalhadores organizando as comissões de fábrica e Alexandra Kollontai olhando o mundo com os olhos de mulheres emancipadas.

Enquanto o mundo capitalista preparava-se para esmagar a experiência revolucionária russa (a república dos trabalhadores seria atacada em 1918 por dez potências estrangeiras), o generoso coração da classe trabalhadora acolhe esta experiência como sua e a defende, sem conhecê-la profundamente, sem que a compreenda de todo, mas por que nela se reconhece.

Paz, terra, pão e sonhos voavam pelo mundo que o capital havia tornado um só e mãos calejadas, duras como a terra que trabalham, os seguram e se alimentam da esperança dos que se levantaram contra seus opressores. Corpos exauridos pela chacina diária das fábricas caminham pelas ruas e olham em frente, levantam seus punhos e cantam a canção que os unia: se nada somos em tal mundo, sejamos tudo, ó produtores!

Em tempos como os nossos, de hipocrisia deliberada, em tempos de humanidade desumanizada, de cotidianidade reificada, a consciência da possibilidade da vitória se reverte em seu contrário e se manifesta novamente como uma consciência da impossibilidade da mudança. Brecht nos alerta: nada deve parecer natural, porque nada deve parecer impossível de mudar e completa em outro poema: até quando o mundo será governado por tiranos? Até quando iremos suportá-los?

Presos à nova serialidade, fragmentados e divididos, submetidos às novas cadeias de impossibilidades, escolhendo a cada quatro anos quem irá comandar sua exploração, nossa classe nem se lembra que teve um outubro e que fizemos a terra tremer e que os poderosos perderam o sono diante da iminência de seu juízo final.

Diante da realidade do capital internacional que ameaça a humanidade, diante da barbárie diária que ameaça minha classe, gestam-se novas impossibilidades de manter os limites do possível, crises didáticas transformam em pó certezas neo e pós liberais arcaicos/modernos e suas irracionalidades racionais. O pólo da negatividade humana se reapresenta arrogante e prepotente. Muitos são os que se levantam ainda sem rumo, não importa, que se levantem e gritem, resistam e lutem. Mas, em sua marcha olhando para o futuro, resistindo contra as mazelas do presente desumano do capital, olhem por um momento para trás, vejam como já marchavam à nossa frente nossos camaradas russos, vejam como iam decididos e corajosos abrindo caminho em direção ao amanhã.

Marchemos para frente, tiremos nossa poesia do futuro, basta de anacronias e cópias do passado, mas não nos esqueçamos nunca que tivemos um Outubro, e foi nosso, e foi um grande Outubro vermelho e proletário, e foi tão grande que foi planetário, e foi tão generoso e fraterno que nele se irmaram todos os trabalhadores do mundo e chegaram a acreditar que tudo podia mudar e, por um momento, mudaram tudo que podiam.

Viva a revolução Soviética de 1917. Outubro... ou nada!
Professor adjunto da Escola de Serviço Social da UFRJ, presidente da ADUFRJ, pesquisador do NEPEM (Núcleo de Estudos e Pesquisas Marxistas), do NEP 13 de Maio e membro do Comitê Central do PCB . É autor do livro O dilema de Hamlet: o ser e o não ser da consciência (Boitempo, 2002). Colabora para o Blog da Boitempo mensalmente, às quartas.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .  

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Esquentando para o Fórum Social da Palestina Livre: ATO PÚBLICO EM DEFESA DA SÍRIA, DE SEU POVO E DE SUA SOBERANIA !


Ato Público em Defesa da Síria , de seu povo e de sua soberania contra os mercenários financiados pelo imperialismo e o sionismo
Dia 20 de outubro - sábado - 16 horas
Local: Presidente Vargas, 3131 sobreloja  - Centro


P A R T I CI P E   V O C E   T A M B É M


Neste fim de semana a comunidade síria-brasileira organiza manifestações e Atos Públicos em diversas cidades brasileiras, para o qual convidam todos  aqueles que apoiam a resistência  do povo sírio e  de seu Estado contra o imperialismo e seus mercenários, treinados nos Estados das dinastias  do Golfo, amigas do sionismo. 


A Síria precisa da solidariedade de todos nós, não podemos permitir que o imperialismo leve à Síria a mesma destruição e barbárie que a OTAN fez na Líbia.

O Comitê de Solidariedade à Luta do Povo Palestino endossa e apóia esta brava iniciativa da comunidade síria e chama todos os militantes  internacionalista a virem conosco participar desta ATO DE SOLIDARIEDADE

No Rio de Janeiro,o Ato Público será  
Dia 20 de outubro - sábado - 16 horas
Local: Presidente Vargas, 3131 sobreloja  - Centro

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

OS JOGOS DE GUERRA PARA DESTRUIR A SÍRIA CONTA COM NOVA ESTRATÉGIA


Turquia realiza ataques em território sírio em resposta ao bombardeio de artilharia realizados do território da Síria, de acordo com uma declaração do primeiro-ministro turco,
Recep Tayyip Erdogan.

"Nossas forças armadas, seguindo as regras de conflito , bombardearam alvos na Síria, após a identificação por radar a partir de onde eles atiraram ", disse o comunicado. Anteriormente, um morteiro lançado a partir de território sírio matou cinco pessoas e feriu 13 pessoas em Turquia. O  projétil,  que irritou Ancara, supostamente foi lançado durante combates entre tropas regulares e os mercenários, realizada perto da fronteira com a Turquia, na cidade síria de Tell el Abyad. 

Seguido ao ataque, Turquia  advertiu  a Síria que tomaria represálias  pela explosão do míssil no seu território. Autoridades turcas também disseram que vão continuar os ataques contra a Síria se repetir o bombardeio desse país.  Segundo algumas fontes, a Turquia está mobilizando tanques e artilharia na fronteira com a Síria. O Conselho da OTAN realizou uma reunião extraordinária para tratar do incidente na fronteira entre a Turquia e a Síria. De acordo com o vice-primeiro-ministro turco Bulent Arinc, "as disposições da OTAN são muito claras e determinou que todos os membros têm a responsabilidade de responder quando alguém é atacado. " Em um comunicado divulgado após a reunião especial, a Aliança condenou o bombardeio do território turco e exigiu um fim a este tipo de "atos de agressão".

Enquanto isso, a Síria declarou que respeita a soberania dos países vizinhos e chamou os  "Estados e os governos" a atuar com prudência. Governo sírio também expressou as suas condolências às famílias das vítimas do ataque, segundo a  cadeia de TV Al Arabiya.
Turquia apóia os mercenários sírios no conflito em curso no país vizinho, que se estende desde março de 2011. As relações entre os dois países pioraram significativamente depois de um avião militar turco ter sido abatido por um míssil sírio em junho deste ano. De acordo com as autoridades sírias, a aeronave havia violado o espaço aéreo de seu país. Enquanto isso, a Turquia disse que o avião foi abatido sobre águas internacionais. 

Texto completo en: http://actualidad.rt.com/actualidad/view/55097-turquia-ataca-territorio-sirio

Turcos se manifestam contra a decisão do Parlamento de autorizar operações militares contra a Síria





04 de outubro de 2012 
EFE / AGÊNCIA ANADOLU
A polícia turca dispersa com gás lacrimogêneo uma manifestação pacífica perto de Parlamento Os protestos foram organizados contra a decisão do Legislativo de autorizar as operações militares contra a Síria Publicado:

A polícia turca usou gás lacrimogêneo para dispersar um grupo de manifestantes em frente ao Parlamento. Os protestos foram organizados contra a decisão do Legislativo de autorizar as operações militares contra a Síria. Os manifestantes tentaram chegar à entrada do  Parlamento  , mas muitos deles foram presos na tentativa. "a decisão de permitir operações transfronteiriças militares é uma resposta à  queda de projéteis  sírios em uma população turca, que deixou cinco civis mortos e vários feridos. Na as últimas horas a artilharia turca realizou uma série de ataques  contra alvos militares  em território sírio. 

Texto completo en: 
http://actualidad.rt.com/actualidad/view/55150-policia-turca-dispersa-gas-lacrimogeno-manifestacion-alrededores-parlamento

Parlamento turco permite ao governo ações militares fora do país. O povo se manifesta contra a Guerra contra a Síria

A legislatura dá luz verde para operações militares turcas contra a Síria - RT

INSCRIÇÕES ABERTAS PARA O FÓRUM SOCIAL MUNDIAL PALESTINA LIVRE: ATÉ 15 DE OUTUBRO


FSM Palestina Livre: inscreva agora sua organização e/ou proposta de atividade!

28 de Novembro a 1 de Dezembro de 2012 | Porto Alegre, Brasil





Já é possível inscrever sua organização e fazer a pré-inscrição de atividades autogestionadas para o Fórum Social Mundial Palestina Livre (FSMPL). O prazo limite para inscrever atividades é o dia 15 de outubro de 2012. Após esse período será possível editar ou cancelar atividades inscritas, mas não inserir novas propostas. Não deixe para o último momento porque o sistema pode ficar congestionado.
 
A inscrição de indivíduos vinculados a sua organização, de participantes em caráter individual assim como de profissionais de imprensa serão realizadas posteriormente, a partir do dia 15 de outubro.
 
Clique AQUI, para acessar o site de inscrições online e orientações sobre o processo de inscrição.
http://www.inscricoesfsmpl.rs.gov.br/
 
Clique AQUI para ler as orientações sobre a inscrição de atividades e conhecer todas as informações que serão solicitadas antes de iniciar o processo de inscrição online.

Governo norte-americano vai financiar grupo terrorista para agir no Irã


Por Pepe Escobar

EUA: a mágica terrorcrática

A guerra ao terror inventada pelo governo Bush é como um maná que não para de cair do céu – por vias não exatamente muito misteriosas.
Na mesma semana da Assembleia Geral da ONU – em que competiam discursadores como o presidente do Irã Mahmoud Ahmadinejad e o primeiro-ministro de Israel Bibi Netanyahu – o governo dos EUA tira da lista dos grupos terroristas o grupo anti-Irã, com base no Iraque, conhecido como Mujahideen-e-Khalq (MEK).
Jamal Abdi, diretor de política do Conselho Nacional Americano Iraniano [orig.National Iranian American Council (NIAC)] não precisou de muitas palavras para explicar do que se trata:
“A decisão abre o caminho para que o Congresso aprove envio de dinheiro ao MEK para promover novos ataques terroristas no Irã e tornar muito mais provável a guerra contra o Irã. Além disso, a decisão agride diretamente o movimento pacífico pró-democracia no Irã e destrói alguma boa imagem dos EUA que ainda haja entre os iranianos comuns.” [1]

Segundo o jornal iraniano pró-democracia Kaleme – dirigido pelo Movimento Verde – “não há organização, nem partido, nem culto mais infame que o MEK, na opinião pública da nação iraniana”. Indiscutível. Milhões de iranianos desprezam grupos de fanáticos armados, do tipo MEK, especialmente porque foram aliados de Saddam Hussein durante a guerra Irã-Iraque, de 1980 a 1988.

Durante a guerra, a ideia fixa e obsessiva dos MEK era destruir o Supremo Líder Aiatolá Khomeini. Nunca chegaram nem perto de ter alguma chance, porque não passavam de exército de fanáticos maltrapilhos reunido no Iraque, que lançou ofensiva patética em território do Irã, em 1988.

Depois do cessar-fogo Teerã-Bagdá, negociado pela ONU em 1988, o MEK continuou ativo no Iraque de Saddam durante os anos 1990s – já então dedicado a atacar os curdos iraquianos. Foi quando o governo Clinton incluiu o grupo na lista de “terroristas” – responsável pelo assassinato de cidadãos norte-americanos no Irã, antes da Revolução Islâmica.

Unha e carne com o pessoal do Mossad

Uma das principais razões para a recente ‘promoção’ é que o MEK parece ter concordado em deixar sua base no Iraque em Camp Ashraf[2] e está de mudança para um novo campo construído pelos EUA próximo a Bagdá.
Apesar da catarata de desmentidos e negativas, todos os botequins em todo o Oriente Médio sabem que os terroristas do MEK são treinados – e pagos – por Washington e Telavive, o que inclui treinamento em território dos EUA.
Porque o MEK e seu autodefinido “setor político” – Conselho Nacional de Resistência do Irã [orig. National Council of Resistance of Iran (NCRI) – são fontes conhecidas (extremamente pouco fidedignas) de informação de inteligência, para os EUA, sobre o programa nuclear iraniano.

Em fevereiro, a rede de televisão NBC News admitiu que “atentados mortais contra cientistas nucleares iranianos” eram executados por membros do MEK, “financiados, treinados e armados pelo serviço secreto de Israel”. Muito previsivelmente, a rede NBC atentamente não investigou qualquer conexão com os EUA.Também muito previsivelmente, o Congresso dos EUA – cuja popularidade está em níveis muito baixos – irrompeu em manifestações de alegria e felicidade e saudou a decisão do Departamento de Estado, com especial destaque para os suspeitos de sempre como Dana Rohrabacher (Republicano da California), Ileana Ros-Lehtinen (Republicano da Florida e presidente da Comissão de Relações Internacionais da Câmara de Deputados) e Ted Poe (Republicano do Texas). Todos esses saudaram o MEK como “organização democrática”.

Quer dizer... Como se consegue ser promovido, de terrorista, a democrata? Essa é fácil. Basta contratar a melhor equipe de lobbying que o dinheiro possa comprar e investir pesado em “Relações Públicas” eficazes.

No caso dos ex-terroristas e atuais democratas do MEK, foi serviço de três grandes firmas de lobbying de Washington: DLA Piper; Akin Gump Strauss Hauer & Feld; e DiGenova & Toensing. As três embolsaram cerca de 1,5 milhão de dólares, ano passado, para democratizar os MEK a qualquer custo.
Mais uma vez se comprova que esse é o meio certo e provado para enterrar história sangrenta de atentados à bomba e assassinatos que mataram, não só empresários norte-americanos e cientistas iranianos mas, também, milhares de civis iranianos jamais contabilizados.
Nada como o toque cool de um especialista em Relações Públicas – PR, em inglês, por favor, sempre – para reformatar um bando de doidos assassinos e reapresentá-los como leais aliados dos EUA na luta contra o regime de Teerã “do mal”. Deputados, senadores e os proverbiais exércitos de “ex-ministros” e ex-altos funcionários de ex-governos – onipresentes na mídia –, são os puxa-saco e mercenários que se prestam a esse tipo de serviço.

A narrativa ocidental sobre a Síria está em desintegração

por Tony Cartalucci [*]
entrevistado por Kourosh Ziabari [**]




P: Tem escrito muito sobre a intranquilidade na Síria. Os oponentes do governo do presidente Assad afirmam que este recorreu à violência e matou muitos manifestantes e civis, ao passo que Damasco afirma que certos países ocidentais estão a abastecer os insurgentes com armas e dinheiro. É favor comentar acerca disto. 

R: A violência começou desde o próprio princípio das chamadas manifestações. Havia sem dúvida manifestantes bem intencionados nas ruas. Infelizmente, muitas das organizações que os reuniram tinham intenções sinistras.

Actos de vandalismo, fogo posto e assaltos estavam a ser relatados pelas próprias agências de notícias ocidentais desde Março de 2011. Isto, necessariamente, traria forças de segurança armadas às ruas em qualquer país do mundo – como foi o caso em Los Angeles durante os tumultos de 1992. Em Los Angeles, os manifestantes estavam mais ligeiramente armados e a presença esmagadora de milhares de soldados da Guarda Nacional e de Fuzileiros Navais suprimiu a violência em poucos dias. Mas as forças do governo mataram várias pessoas e, no total, 53 morreram devido à violência.

A diferença na Síria é que o tumulto foi concebido para ser constante e cada vez mais violento. Para iniciar este ciclo de violência crescente, grupos externos começaram a alvejar manifestantes inocentes bem como forças de segurança encarregadas de fiscalizar os manifestantes. Estes "pistoleiros misteriosos", a dispararem habitualmente de telhados, foram relatados não só por responsáveis do governo sírio como também pelos manifestantes e espectadores. O objectivo era radicalizar os manifestantes e justificar o aumento da violência e o seu apoio subsequente pelos patrocinadores ocidentais.

Nós vimos acontecer o mesmo em Banguecoque, Tailândia, em 2010 quando estes "pistoleiros misteriosos" alvejaram tanto manifestantes como forças de segurança a partir de telhados numa tentativa de agravar a violência e aumentar as apostas. Em Banguecoque, tal como na Síria, seguiram-se fogos cruzados mortais, dando a grupos da oposição e seus patrocinadores estrangeiros a propaganda de que precisavam para demonizar o governo, tentando ao mesmo tempo justificar uma oposição cada vez mais militante.

Agora, sem dúvida, esta violência escalou ao ponto de operações de combate estarem a ser executadas por grupos militantes organizados apoiados pelo estrangeiro. Os EUA, Qatar, Arábia Saudita e Turquia fizeram, todos,  admissões sem rodeios de apoio com financiamento, logística e armamento destes militantes. O que é evidente é que o Ocidente os estados do Golfo Pérsico também entraram ilegalmente na Síria com "jornalistas" a servirem como propagandistas no terreno. O que não é  admitido, nem abertamente evidente, mas mais do que certo, é que forças de operações especiais da OTAN e do Golfo Pérsico estão sobre o terreno dentro da Síria juntamente com agentes das suas respectivas agências de inteligência.

Este ambiente táctico era exatamente o que o ocidente procurava e era o objectivo da violência encoberta no princípio de 2011, bem como o aumento gradual do volume de armas e combatentes enviados para o cenário da crise.

P: Alguns comentadores políticos dizem que o ataque sobre a Síria será um prelúdio para um ataque militar total contra o Irã. Como vê isso?

R: Comentadores estão a dizer isso precisamente porque está escrito, há quase 10 anos atrás, em documentos sobre a política dos EUA. Citando alguns exemplos: há o artigo de Seymour Hersh em 2007 no New Yorker intitulado "The Redirection". A conclusão de Hersh de que os EUA estavam a tentar minar a Síria a fim de, em seguida, minar e executar uma mudança de regime no Irã, não foi inventada por ele próprio, era claramente uma política  que membros da administração Bush lhe haviam confiado; uma política que aquela altura,  estava em movimento.

Em 2009 no relatório "Which Path do Persia?" da Brookings Institution, a Síria é mais uma vez mencionada como um fator necessário que deve ser neutralizado antes de passar ao Irã. O documento pormenoriza a utilização de organizações violentas, listadas como terroristas, para minar o Irã, nomeadamente a MKO, meios de provocar uma guerra com o Irã, que este país não quer nem o beneficiará, e de mitigar a percepção da cumplicidade dos EUA se Israel atacasse o Irã. Se bem que todas estas estratégicas, no relatório de 2009, sejam dirigidas contra o Irã, vemos muitas delas agora a serem usadas contra a Síria.

Tendo isto em mente, podemos esperar ver os mecanismos em atuação que minam, dividem e destroem a Síria, em seguida atuarem contra o Líbano e o Irã, se e quando for alcançada massa crítica para derrubar o governo da Síria. Além disso, um interessante tema recorrente no relatório "Which Path do Persia?" do relatório Brookings é como os EUA podem atrair o Irã para um conflito armado. A destruição da Síria parece ser um meio potencial para conseguir isto, embora o Irã tenha sido muito cuidadoso e exímio no evitar desta armadilha.

Ao ocidente falta o capital político interno e externo para lançar um ataque ao Irã. Um ataque unificaria o povo iraniano ainda mais, teria pouca possibilidade de destruir o programa nuclear civil do Irã ou travar as forças armadas do Irã e deixar aberta a possibilidade de que o Irã não conseguirá sequer retaliar – isto para enfatizar a depravação moral de um não provocado ato ocidental de agressão militar. Sem que o ocidente se comprometa com a guerra total, algo que eles não podem justificar, nem politicamente permitir-se, o Irã continuará a existir como uma força de equilíbrio no Médio Oriente.

O ocidente está sem dúvida a procurar minar o Irã politicamente, socialmente, moralmente, economicamente, bem como destruí-lo militarmente. Fazer isto, contudo, está a tornar-se cada vez mais complicado. Mesmo a perspectiva de justificar uma "invasão" utilizando um evento catastrófico forjado (false-flag) está a desvanecer na medida em que a consciência pública global dessa trama se amplia. A bomba no autocarro na Bulgária, cuja culpa foi imediatamente atribuída ao Irã e ao Hezbollah do Líbano – mesmo ainda de as chamas estarem extintas – foi recebida globalmente com dúvidas e indignação com a pressa dos EUA e de Israel em acusações dúbias e politicamente motivadas.

Como o conflito na Síria se arrasta, os atores regionais da hegemonia ocidental, nomeadamente o (P)GCC  e a Turquia, podem querer começar a afastar-se desta estratégia  perdedora e a preparar-se para coexistirem com o Irã. Quando isso começar a acontecer, a perspectiva de um ataque com êxito ou de uma invasão do Irã tornar-se-á ainda mais improvável.

P: Notou que o recente relatório das Nações Unidas sobre a Síria, publicado quando Kofi Annan era o enviado da ONU-Liga Árabe à Síria, foi produzido por um certo número de pessoas que têm atitudes neoconservadoras e estavam aliadas às monarquias reacionárias do Golfo Pérsico? Quem selecionou estas pessoas para elaborarem relatórios sobre a Síria?

R: Representantes de interesses corporativo-financeiros ocidentais permeiam toda as Nações Unidas. O próprio Kofi Annan é administrador (trustee) do International Crisis Group financiado pela Fortune 500 e membro do JP Morgan International Council juntamente com muitos dos próprios maquinadores da atual perturbação da Síria. Além disso, um relatório de 2011 do Conselho de Direitos Humanos da ONU e o recente (Agosto/2012) relatório do "painel de peritos" respeitante à Síria foi compilado por uma comissão encabeçada por Karen Koning Abu Zayd, director do Middle East Policy Council com sede em Washington. Na verdade, a Exxon, o Saudi Bin Laden Group, antigos embaixadores junto a membros do (P)GCC, a CIA, os militares estado-unidenses e conluiados que representam os interesses colectivos da Al Jazeera, Boeing, Chevron e muitos mais têm todos representação no Conselho de Diretores junto à Sra. Abu Zayd.

Estas pessoas são "selecionadas" pelos membros da ONU que dominam os seus vários conselhos – e naturalmente a coleção de interesses corporativo-financeiros que domina cada membro respectivo. As maiores corporações sobre a Terra, emanadas da Wall Street e de Londres acumulam iniciativas com as suas próprias pessoas, minando consequentemente a credibilidade e a autoridade da ONU.

Claramente, não só existe um imenso conflito de interesses com as nomeações de Kofi Annan ou Kraen Koning Abu Zayd como enormes incongruências delas decorrem. Quanto ao mais recente relatório da ONU sobre "crimes de guerra" executados pelo governo sírio, somos mais uma vez remetidos a "entrevistas", muitas das quais não foram sequer efetuadas dentro da Síria, mas em Genebra, Suíça. E quem eram os entrevistados? Opositores do governo, alegados desertores e assim por diante.

Não é que entrevistas como estas não tenham qualquer valor. Contudo, só entrevistas não fazem um processo. Elas constituem um ponto de partida para uma investigação real, uma investigação que a comissão de Abu Zayed deixou de efetuar. E porque ela fracassou em efetuar uma investigação adequada, o resultado das suas "entrevistas" é um relatório apto apenas como valor de propaganda, propaganda imediatamente capitalizada pelo ocidente para vários novos ciclos e que continuará a ser citada para efeitos dramáticos até o espetáculo seguinte da Sra. Abu Zayd.

P: Qual é o seu ponto de vista quanto ao papel do Irã na resolução da crise síria? Você louvou a iniciativa do Irã em hospedar 30 países numa reunião consultiva sobre a Síria. Será o Irã capaz de neutralizar os esforços feitos pelos Estados Unidos e seus aliados para isolar a Síria?

R: Como o conflito se arrasta e aumenta o custo para o ocidente, seus atores devem pagar pelo que parece ser uma estratégia perdedora, beneficiará estes atores considerarem o afastamento da hegemonia ocidental e considerar uma coexistência multipolar uns com os outros e com o Irã.

O Irã, ao proporcionar um fórum para cerca de 30 países que representam a metade da população mundial, mostra que – ao contrário da propaganda ocidental – não está interessado em exercer sua influência unilateralmente. Ao reconhecer a necessidade da reforma na Síria, mas reconhecendo que a atual violência é uma manifestação de terrorismo estrangeiro, não de rebelião, a Conferência Consultiva Internacional sobre a Síria, com 30 países, procura proporcionar um fórum resguardado para as partes genuínas na Síria resolverem o conflito.

Em teoria, esta era a intenção da ONU e de Kofi Annan. Mas as ações de Annan bem como suas conexões tentaram minar estes esforços desde o princípio e a ONU demonstrou estar inteiramente comprometida. O Irã, ao organizar esta reunião, está a tentar criar uma verdadeira alternativa multipolar à ONU em relação à Síria. O Irã, Rússia e outros, com verdadeira perspicácia geopolítica, procuram medidas não invasivas para resolver a situação síria fora da ONU, ao passo que os EUA e seus apaniguados tentam justificar atos de agressão militar ultrapassando qualquer simulacro de direito internacional.

Quanto aos esforços do ocidente para isolar a Síria, está a funcionar. O Movimento dos Não Alinhados (MAN) tenciona promover a minagem dos esforços para isolar a Síria no tribunal da opinião pública e dar opções alternativas aos atores atualmente envolvidos no assalto desencadeado pelo ocidente.

Naturalmente, isto é um bom primeiro passo, mas para acabar finalmente a subversão estrangeira da Síria, as armas, o dinheiro e os combatentes estrangeiros que entram no país têm de ser travados. Esperançosamente, os esforços do Irã em romper o isolamento da Síria podem levar à crescente condenação internacional do financiamento de terroristas estrangeiras feito pelo ocidente, um primeiro passo necessário na implementação de novas medidas para bloquear politicamente e fisicamente a intrusão estrangeira.

P: A cúpula do Movimento Não Alinhado acaba de ser concluída em Teerão e responsáveis de alto nível de 120 estados membros, bem como o secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, compareceram ao evento. Qual o seu ponto de vista quanto aos esforços feitos por Israel e EUA para minar a cúpula e dissuadir os líderes mundiais e Ban Ki-moon de comparecerem?

R: É claro que toda a narrativa ocidental a respeito da Síria está a desintegrar-se. A utilização de Israel para tentar "embaraçar" o chefe da ONU Ban Ki-moon de comparecer à conferência MAN 2012 cheira a desespero. A ideia é minar tanto o MAN como os seus membros principais, mais especificamente Irã, Rússia e China, que se opõem firmemente aos esforços para dividir e destruir a Síria. Também isto, parece ser uma estratégia perdedora para o ocidente.

Por exemplo: a última votação na Assembleia-Geral da ONU sobre a Síria ocorreu com alguns resultados significativos. Um número crescente de países começam a abster-se ou ignorar votos sobre resoluções propostas pelo ocidente e lavadas através do (P)GCC. Isto incluiu a Índia que pode agora estar a perceber que os EUA tem apenas interesses, não amigos, e a desestabilização que a Síria hoje sofre pode facilmente ocorrer sobre qualquer das fronteiras indianas bem como profundamente dentro dela. A prosperidade econômica sustentável e o progresso, para não mencionar a auto-preservação viável, decorrem só da estabilidade interna e externa. A estabilidade não exclui reforma, mas exige que ela seja feita com sensibilidade, pacificamente e gradualmente.

Acredito que muitos países estejam a começar a perceber que ao promover subversão violenta do exterior estão a dar possibilidade para a sua utilização contra si em casa, e estão agora assustados a afastar-se da promoção desta metodologia do ocidente. Penso que estados do Golfo Pérsico, em particular, estão realmente a começar a entender isto nos últimos meses.

P: Num dos seus artigos destacava alguns fatos auto-censurados e verdades que  a imprensa ocidental "de referência" oculta acerca da Arábia Saudita, incluindo o fato de às mulheres não ser permitido dirigir, que a mais famosa organização terrorista do mundo, Al-Qaeda, é uma aliada furtiva do governo saudita, que os prisioneiros políticos são  brutalmente torturados, etc. Contudo, os Estados Unidos, que pregam constantemente direitos humanos e valores da democracia ocidental a outros países, nunca protestaram contra estas flagrantes violações de direitos humanos naquela nação árabe. Por que? 

R: Interesses corporativo-financeiros nos EUA gastam uma exorbitante quantia de dinheiro e tempo investindo em ONGs que promovem "direitos humanos". Isto não é porque acreditem em direitos humanos, mas porque é um ponto de alavancagem política conveniente quando tentam mobilizar opinião pública contra seus adversários geopolíticos. 

Amnistia Internacional, o Human Rights Watch, a Freedom House, a National Endowment for Democracy e muitas mais são todas financiadas e encabeçadas por alguns dos mais notórios advogados a favor da guerra e de atrocidades e, ao contrário do que seria de esperar, muitas destas personalidade são neoconservadores de carteirinha.

Consequentemente, este ponto de alavancagem política é utilizado só quando interesses geopolíticos estão em causa, ao passo que se forma um "buraco negro na imprensa" em torno de violadores de direitos humanos notórios como a Arábia Saudita que atualmente serve e está entrelaçada a interesses estado-unidenses. Outro bom exemplo disto é como os EUA estão a alavancar "direitos humanos" contra a Síria enquanto o deposto primeiro-ministro tailandês Thaksin Shinawatra, apoiado pelos EUA, está atualmente em excursão naquele país. As pessoas podem recordar a sua notória "Guerra às drogas" de 2003 que assistiu a mais de 2800 pessoas mortas extra-judicialmente num período de 90 dias.

Contudo, isto não significa que extensos catálogos de atrocidades estejam sendo reunidos contra os estados do Golfo Pérsico. Ao contrário, assim como foi o caso com Saddam Hussein que cometeu as suas mais chocantes atrocidades com o apoio dos EUA e de um arsenal disponibilizado por comerciantes de armas dos EUA, os Estados do Golfo Pérsico serão retroativamente condenados quando, não se, chegar o seu tempo.

A chantagem dos "direitos humanos" mantida pelo Departamento de Estado dos EUA é não só uma forma de extorsão política como também mina a advocacia real de direitos humanos, levando muitas pessoas bem intencionadas em direção a um falso sentido de segurança, acreditando falsamente que "alguém" está a observar.

A erradicação de africanos da Líbia, particularmente o esvaziamento de toda a cidade de Tawarga, exemplifica isto melhor do que qualquer outro exemplo recente. Aqui, o Refugees Internacional financiado pela Fortune 500, registou as atrocidades verificadas em Tawarga e, ao invés de utilizar a sua imensa influência para fazer manchetes noticiosas disto, simplesmente publicou um vídeo no You Tube que só foi vista umas poucas centenas de vezes. Por que? Porque os militantes que cometeram as atrocidades agora fazem parte do governo de Trípoli apoiado pela OTAN. O mesmo se pode dizer do apoio estado-unidense ao terrorismo patrocinado pelo Estado. Estas são ferramentas claramente à sua disposição e objecções morais quanto a tais táticas são apenas para consumo público. 

P: Em outro artigo afirmou que a BBC havia acabado de receber uma considerável quantia de dinheiro do Congresso dos EUA para lançar ataques mediáticos a países independentes e não alinhados tais como o Irã e Cuba. Qual é o seu ponto de vista quanto à cobertura pela BBC e outros medias de referência quanto aos assuntos do Irã? Não será a sua atitude em relação ao Irã uma espécie de campanha de desinformação e propaganda?

R: A BBC, bem como milhares de outras agências de notícias e ONGs pseudo noticiosas, são todas subscritoras e representantes dos interesses corporativo-financeiros do ocidente. Interesses poderosos a comprarem os media para controlar a percepção pública é um tema recorrente através da história da imprensa e agora da rádio e TV.

Estes interesses corporativo-financeiros, muitas companhias habituais na Fortune 500, financiam os think-tanks que produzem temas da política nacional e diários para os noticiários. Estes são disseminados entre os políticos para aprovação e para as mesas das grandes redes corporativas de notícias a fim de serem apresentadas ao público. O que é pior é que muitas destas novas organizações participam da representação entre os próprios think-tanks que produzem a política e os seus correspondentes pontos de conversação. Literalmente,  há tremendos conflitos de interesse em jogo.

Assim, é claro que se interesses corporativo-financeiros procuram minar e eliminar aqueles que se opõem à sua hegemonia geopolítica-econômica global, utilizarão as empresas de media que possuem para difundirem a sua propaganda. A BBC é culpada de muitos incidentes graves de fraude absoluta e deturpação, mas é a sua dissimulação diária e muito persistente que gradualmente envenena a percepção de audiências ocidentais contra países como a Síria e o Irã.

O Irão, não importa o que faça na realidade, será retratado pelo ocidente como uma ameaça beligerante e irracional para a humanidade. A consciência crescente do público e o êxito da imprensa alternativa  desafiando o monopólio da mídia  corroí a efetividade desta propaganda. Além disso, os próprios esforços do Irã, muito persistentes, para contrariar esta propaganda, não só através da utilização esmerada das suas próprias organizações de mídia como também através das suas próprias ações internas e externas, também tem ajudado a restringir a gestão de percepção do ocidente.

O maior impulso para a guerra é a ignorância pública. Organizações como a BBC trabalham incessantemente para manter e agravar essa ignorância. No entanto, como a ignorância se desvanece na era da informação, assim ocorre também com as perspectivas dos belicistas habituais.

P: O que pensa do assassinato de cientistas nucleares do Irã? As famílias das vítimas acabam de abrir um processo contra a Mossad de Israel, o MI6 do Reino Unido e a CIA dos EUA pelo seu possível papel nessas mortes. Qual é o seu ponto de vista?

R: Os EUA e Israel admitiram tacitamente que estavam por trás desses assassinatos. Eles admitiram abertamente que estão a treinar, financiar, armar e posicionar regularmente os Mujahedeen e-Khalq (MKO). Políticos dos EUA fazem lobby abertamente a favor do MKO em colunas de página inteira compradas em grandes jornais estado-unidenses. Seria do interesse de muitos americanos saber que muitos destes lobbystas incluem apoiantes adeptos da chamada "Guerra ao terror", incluindo Rudy Giuliani, Ed Rendell, Tom Ridge e mesmo o antigo comandante USMC James Jones. Os americanos deveriam notar que o seu próprio Departamento de Estado lista o MKO como uma organização terrorista estrangeira.

Também seria do interesse dos americanos saber exactamente porque o MKO é listado como uma organização terrorista. Ele executou uma série de ataques terroristas não só no Irã contra iranianos, mas também houve a tentativa de sequestrar o embaixador dos EUA Douglas MacArthur II, a tentativa de assassinar o brigadeiro da USAF general Harold Pirce, o assassínio com êxito do tenente-coronel Louis Lee Hawkins, os duplos assassínio do coronel Paul Shaffer e tenente-coronel Jack Turner e a emboscada com êxito e matança dos empregados da American Rockwell International William Cottrell, Donald Smith e Robert Krongard.

A Brookings Institution no relatório de 2009, "Whick Path to Persia?" admite, "inegavelmente, o grupo efetuou ataques terroristas" incluindo ataque a alvos civis. Hoje, o MKO é considerado mesmo pelos seus próprios apoiantes em Washington, uma "seita" com "tendências totalitárias".

E tal como os duplos padrões do ocidente quanto a direitos humanos, a sua política sobre o terrorismo patrocinado pelo estado é determinada pela conveniência e o oportunismo. Por outras palavras, os EUA estão a utilizar terroristas contra os seus inimigos enquanto acusam os seus inimigos, em muitos casos, de apoiaram os próprios militantes que armaram e financiaram.

E, na verdade, se o Irã assassinasse cidadãos dos EUA sobre solo dos EUA, estalaria a guerra imediata. De fato, eventos forjados que correm acerca deste tema, mais notavelmente a alegada "trama assassina" contra um diplomata saudita alegadamente dirigido pelo Irã que se verificou ser mais outro bode expiatório conduzido por agentes federais dos EUA, foram tentados, mas fracassaram.

O MKO continuará suas atividades terroristas com ou sem uma indicação na lista de Organizações Terroristas Estrangeiras do Departamento de Estado dos EUA. Foi informado em Março de 2012, que o MKO foi levado pelo Departamento de Estado,  a controlar uma antiga base militar dos EUA no Iraque,  para operar a partir dali e isto estando o MKO, atualmente, na lista do terror do Departamento de Estado dos EUA.

Parece que as leis nos EUA e por toda a Europa são vestígios de uma era em que o Estado de Direito, ou pelo menos uma aparência disso, prevaleciam. Esses dias acabaram. Se o abandono do ocidente de suas  próprias regra da lei criou o atual enfraquecimento  da sua legitimidade global, ou se o declínio de sua legitimidade permitiu descartar as suas próprias leis é tema para debate. O que é certo é que a atual política externa e agenda do ocidente é insana em relação à aprovação da sua população e a qualquer senso de legitimidade.
18/Setembro/2012

Do mesmo autor:
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    [*] Americano, analista político residente em Banguecoque, Tailândia. Escreve para Global Research e Activist Post, é co-autor do livro Subverting Syria e editor do blog landdestroyer.blogspot.com.au/
    [**] Jornalista do Tehran Times.

    O original encontra-se em www.tehrantimes.com/...


    Esta entrevista encontra-se em http://resistir.info/