quarta-feira, 30 de março de 2016

Enfrentar o sistema explorador, que apenas cria guerras, refugiados, imigração e pobreza

 
Solidariedade com os refugiados e os imigrantes!
Declaração conjunta de Partidos Comunistas e Operários

Nós, partidos comunistas e operários abaixo-assinados:


Denunciamos a agressividade imperialista, as intervenções e as guerras dos Estados Unidos, da OTAN e da União Europeia e seus aliados, tais como a Turquia, Arábia Saudita e Qatar. A atividade criminosa destas potências faz com que milhões de pessoas passem a ser refugiados e imigrantes.

Todos os governos burgueses que estiveram participando todos estes anos com exércitos, promovendo todo tipo de assistência ou reproduzindo todos os pretextos utilizados para justificar o desencadeamento destas intervenções imperialistas, também têm uma grave responsabilidade.

Denunciamos a União Europeia e os governos burgueses que seguem uma linha de repressão policial e militar contra os refugiados, que tentam escapar da guerra, da miséria e das redes de tráfico de pessoas.
Chamamos ao reforço da unidade de classe e da solidariedade popular com os povos vítimas das intervenções imperialistas e da exploração capitalista.

Chamamos os povos para intensificarem a luta contra as causas do desenraizamento de milhões de pessoas de seus lares e, ao mesmo tempo, levantarem ombro a ombro junto aos imigrantes e os refugiados, que estão experimentando condições desumanas. Os povos devem exigir que seus governos tomem as medidas necessárias para receber e dar abrigo aos imigrantes e refugiados de uma maneira digna e, também, exigir a abolição dos mecanismos repressivos da União Europeia, incluindo o regulamento Dublin III.

Os Partidos Comunistas e Operários lutam contra as tentativas da classe burguesa e dos governos burgueses de utilizar a imigração e a questão dos refugiados como um meio para abolir os direitos trabalhistas e para intensificar a exploração dos refugiados e imigrantes, da classe trabalhadora em seu conjunto, nos países receptores.

Nos interesses dos trabalhadores devemos unir nossa força e intensificar a luta contra os EUA, a OTAN e a União Europeia, as intervenções imperialistas e as guerras, contra toda tentativa dos imperialistas de manipular os povos. Devemos organizar e entrar em conflito com o sistema explorador que gera guerra, refugiados, imigração e pobreza. Assim, poderão ser criadas as condições que permitirão aos refugiados e aos imigrantes voltar a seus respectivos países de origem, com os povos a cargo de seu próprio destino.

Lista de Patidos da SolidNet
  1. CP of Albania
  2. PADS
  3. CP of Australia
  4. Party of Labour of Austria
  5. CP of Bangladesh
  6. Brazilian CP
  7. CP of Brazil
  8. CP of Britain
  9. CP of Canada
  10. AKEL
  11. CP in Denmark
  12. CP of Denmark
  13. CP of Finland
  14. Unified CP of Georgia
  15. German CP
  16. CP of Greece
  17. People’s Progressive Party of Guyana
  18. Tudeh Party of Iran
  19. CP of Ireland
  20. Workers’ Party of Ireland
  21. Socialist Party of Latvia
  22. CP of Malta
  23. CP of Mexico
  24. Popular Socialist Party of Mexico
  25. CP of Norway
  26. CP of Pakistan
  27. Palestinian CP
  28. Palestinian Peoples’ Party
  29. Philippines CP [PKP-1930]
  30. Russian CWP
  31. CP of the Soviet Union
  32. CP of the Russian Federation
  33. NCP of Yugoslavia
  34. Party of the Communists of Serbia
  35. CP of Slovakia
  36. CP of the Peoples of Spain
  37. CP of Sweden
  38. Communist Party, Sweden
  39. Syrian CP
  40. CP of Tadjikistan
  41. CP, Turkey
  42. CP of Ukraine
  43. Union of Communists of Ukraine
Outros Partidos
  1. CP of the Workers of Belarus
  2. Union of Communists in Bulgaria
  3. Communist Workers`Party for Peace and Socialism (Finland)
  4. CP, Italy
  5. Socialist Movement Kazakhstan
  6. Party of Communists USA
  7. Freedom Road Socialist Organization [USA]
  8. Party for Socialism and Liberation [USA]
A declaração ainda está aberta para assinaturas.
Fonte: http://www.solidnet.org/2015-joint-statements/joint-statement-of-communist-and-workers-parties-we-must-confront-the-exploitative-system-which-gives-rises-to-wars-refugees-immigration-and-poverty-solidarity-now-with-the-refugees-and-immigrants-en-ru-ar-fr-sq
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

segunda-feira, 28 de março de 2016

25 anos da guerra que marcou o início da “nova ordem”




Há vinte e cinco anos, nas primeiras horas do dia 17 de janeiro de 1991, começava no Golfo Pérsico a operação “Tempestade do deserto”, a guerra contra o Iraque que abriu a fase histórica que estamos vivendo. Esta guerra foi desencadeada no momento em que, após a queda do Muro de Berlim, serão dissolvidos o Pacto de Varsóvia e a própria União Soviética. Isto criou, na região europeia e centro-asiática, uma situação geopolítica inteiramente nova. E, em escala mundial, desaparecia a superpotência capaz de fazer face aos Estados Unidos.

“O presidente Bush aproveitou esta mudança histórica”, conta Colin Powell. Washington traça imediatamente “uma nova estratégia de segurança nacional e uma estratégia militar para sustentá-la”. O ataque iraquiano contra o Kuweit, ordenado por Saddam Hussein em agosto de 1990, “fez com que os Estados Unidos pudessem pôr em prática a nova estratégia exatamente no momento em que começavam a torna-la pública”.

Saddam Hussein, que se torna o “inimigo número um”, é o mesmo que os Estados Unidos apoiaram nos anos 1980 na guerra contra o Irã de Komeiny, então o “inimigo número um” para os interesses estadunidenses no Oriente Médio. Mas quando em 1988 termina a guerra contra o Irã, os Estados Unidos  temem que o Iraque, graças também à ajuda soviética, conquistasse um papel dominante na região. Então, recorreram à tradicional política de “dividir para reinar”. Sob a direção de Washington, muda também a atitude do Kuait: este exige o pagamento imediato da dívida contraída pelo Iraque e, explorando a jazida de Rumaila que se estende pelos dois territórios, eleva sua produção petrolífera para além da cota estabelecida pela Opep. Assim, acarreta prejuízo ao Iraque, que saiu da guerra com uma dívida externa de mais de 70 bilhões de dólares, dos quais 40 com o Kuwait e a Arábia Saudita.  Saddam Hussein pensa sair do impasse “reanexando” o território kuwaitiano que, com base nas fronteiras traçadas em 1922 pelo procônsul britânico Sir Percy Cox, impede o acesso do Iraque ao Golfo.
Washington dá a entender a Bagdá que vai ficar fora da disputa. Em 25 de julho de 1990, enquanto os satélites do Pentágono mostram que a invasão é iminente, a embaixadora estadunidense em Bagdá, April Glaspie, assegura a Saddam Hussein que os Estados Unidos desejam ter as melhores relações com o Iraque e não pensam em interferir nos conflitos interárabes. Saddam Hussein cai na armadilha: uma semana depois, no dia 1º de agosto de 1990, as forças iraquianas invadem o Kuwait.

Washington, tendo formado uma coalizão internacional, envia então para o Golfo uma força de 750 mil homens, dos quais 70% são estadunidenses, sob as ordens do general Schwarzkopf. Durante 43 dias, a aviação estadunidense e aliada efetua, com 2.800 aviões, mais de 110 mil incursões, lançando 250 mil bombas, inclusive de fragmentação que espalham 10 milhões de munições. Participam nos bombardeios, com os EUA, forças aéreas e navais britânicas, francesas, italianas, gregas, espanholas, portuguesas, belgas, holandesas, dinamarquesas, norueguesas e canadenses. Em 23 de fevereiro de 1991, as tropas da coalizão, compreendendo mais de meio milhão de soldados, lançam a ofensiva terrestre. Esta termina em 28 de fevereiro com um “cessar-fogo temporário” proclamado pelo presidente Bush. A guerra é sucedida pelo bloqueio, que provoca na população iraquiana mais vítimas do que a guerra: mais de um milhão, das quais cerca da metade são crianças.

Imediatamente após a guerra do Golfo, Washington lança aos adversários e aos aliados uma mensagem inequívoca: “Os Estados Unidos são o único Estado com uma força, uma envergadura e uma influência em todas as dimensões – política, econômica e militar – realmente mundiais. Não existe nenhum substituto à liderança norte-americana”. (Estratégia de segurança nacional dos Estados Unidos, agosto de 1991).

A guerra do Golfo é a primeira guerra em que a República Italiana participa sob comando estadunidense, violando assim o artigo 11 da Constituição. A Otan, sem participar oficialmente como tal na guerra, põe à disposição suas forças e estruturas para operações militares. Alguns meses mais tarde, em novembro de 1991, o Conselho Atlântico promulga, na esteira da nova estratégia dos EUA, o “novo conceito estratégico da Aliança”. No mesmo ano é promulgado na Itália o “novo modelo de defesa” que, derrubando a Constituição, indica como missão das forças armadas “a tutela dos interesses nacionais em toda parte que seja necessário”.

Assim nasceu com a guerra do Golfo a estratégia que conduziu a guerras sucessivas sob o comando estadunidense, apresentadas como “operações humanitárias de manutenção da paz”: Iugoslávia  1999, Afeganistão 2001, Iraque 2003, Líbia 2011, Síria desde 2013, acompanhadas no mesmo quadro estratégico, pelas guerras de Israel contra o Líbano e  Gaza, da Turquia contra os Curdos do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão), da Arábia Saudita contra o Iêmen, a formação do chamado estado Islâmico e outros grupos terroristas funcionais à estratégia da dupla EUA/Otan, a utilização de forças  neonazistas para o golpe de Estado na Ucrânia servindo à nova guerra fria contra a Rússia.
Proféticas, mas no sentido trágico, as palavras do presidente Bush em agosto de 1991: “A crise do Golfo passará à história como a incubadora da nova ordem mundial”.
Manlio Dinucci
Fonte: Il Manifesto - http://ilmanifesto.info/la-tempesta-nel-deserto-apriva-la-fase-che-viviamo/
Tradução de José Reinaldo Carvalho para o Blog da Resistência
Manlio Dinucci é jornalista e geógrafo italiano.

As hipócritas preleções dos EUA a Cuba


Cartoon de Lacoste. 
 Antes da visita histórica do Presidente Barack Obama a Cuba, em 20 de março, especulou-se sobre se ele podia pressionar Cuba a melhorar os respetivos direitos humanos. Porém, uma comparação entre os direitos humanos em Cuba e nos Estados Unidos mostra que são os EUA que devem aprender com Cuba. 

A Declaração Universal dos Direitos do Homem contém duas categorias diferentes de direitos humanos – direitos civis e políticos, por um lado; e direitos econômicos, sociais e culturais por outro. Direitos civis e políticos incluem os direitos à vida, liberdade de expressão, liberdade de religião, julgamento justo, autodeterminação, ser livre de tortura, tratamento cruel e detenções arbitrárias. 

Direitos econômicos, sociais e culturais compreendem os direitos à educação, saúde, segurança social, seguro de desemprego, licença de maternidade paga, salário igual para trabalho igual, redução da mortalidade infantil; prevenção, tratamento e controlo de doenças; liberdade de formar e aderir a sindicatos e fazer greve. 

Estes direitos estão consagrados em dois tratados: o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Direitos Políticos (PIDCP) e o Pacto Internacional sobre Direitos Económicos, Sociais e Culturais (PIDESC). Os Estados Unidos ratificaram o PIDCP, mas EUA recusam-se a ratificar o PIDESC. 

Desde a administração Reagan, tem sido política dos EUA definir direitos humanos apenas como direitos civis e políticos. Direitos econômicos, sociais e culturais não são considerados, bem como os relativos ao bem-estar social ou o socialismo. 

O governo dos EUA critica os direitos civis e políticos em Cuba enquanto ignora o acesso universal dos cubanos á habitação, a cuidados de saúde, à educação, à garantia da licença de maternidade paga e à igualdade de salários. 

Enquanto isso, o governo dos EUA tem cometido violações graves dos direitos humanos em solo cubano, incluindo tortura, tratamento cruel e detenções arbitrárias em Guantanamo. Desde 1960, os Estados Unidos expressamente interferiram nos direitos econômicos de Cuba e no seu direito à autodeterminação, através da política de embargo econômico. 

O embargo dos Estados Unidos a Cuba, agora um bloqueio, foi iniciado pelo presidente Dwight Eisenhower durante a guerra fria em resposta a um memorando de 1960, escrito por um alto funcionário do Departamento de Estado. O memorando propunha "uma linha de ação que produzirá os maiores danos, negando financiamentos e fornecimentos a Cuba, obrigando a diminuir os salários reais, para conduzir à fome, ao desespero e ao derrube do governo.” [de Fidel Castro]. 

Esse objetivo falhou, mas o bloqueio punitivo tornou a vida em Cuba difícil. No entanto, com um esforço mais que humano, Cuba garantiu ao seu povo um notável conjunto de direitos humanos. 

Cuidados de saúde 

Ao contrário nos Estados Unidos, os cuidados de saúde são considerados um direito em Cuba. O sistema de saúde é universal e livre para todos. Cuba tem o rácio mais elevado de médicos por doentes em todo mundo: 6,7 por 1.000 habitantes. A taxa de mortalidade infantil em 2014 foi de 4,2 por 1.000 nascidos vivos – uma das mais baixas do mundo. 

Os cuidados de saúde em Cuba privilegiam a prevenção, em vez de fazer depender a saúde apenas de medicamentos, isto em parte devido ao acesso limitado a determinados medicamentos ocasionado pelo bloqueio dos EUA. Em 2014, a revistaLancet disse: "se as realizações de Cuba pudessem ser reproduzidas num amplo conjunto de países pobres e de rendimento médio, a saúde da população mundial poderia ser transformada”. 

Cuba tem um desenvolvimento pioneiro em medicamentos para tratar e prevenir o cancro de pulmão e evitar amputações diabéticas. Devido ao bloqueio, no entanto, nos Estados Unidos não é possível usufruir deles. 

Educação 

A educação gratuita é um direito universal incluindo o ensino superior. Cuba gasta uma proporção mais elevada do seu PIB em educação do que qualquer outro país no mundo. "Professores móveis" são implantados nas habitações de crianças incapacitadas de estarem presentes na escola. Muitas escolas providenciam cuidados durante manhãs livres e após o horário escolar para pais trabalhadores que não dispõem de alternativas familiares. É gratuito estudar para ser um médico em Cuba. Há 22 escolas de medicina em Cuba, apenas três em 1959 antes da revolução cubana. 

Eleições 

As eleições para o parlamento nacional cubano (Assembleia Nacional) têm lugar de cinco em cinco anos e as eleições para as Assembleias Municipais Regionais a cada 2,5 anos. Os delegados para a Assembleia Nacional, elegem o Conselho de Estado, que por sua vez, nomeia o Conselho de Ministros, do qual o Presidente é eleito. 

A partir de 2018 (data da próxima eleição geral em Cuba), haverá um limite de não mais de dois mandatos de cinco anos para todos os lugares eleitos mais importantes, incluindo o de Presidente. 

Qualquer um pode ser indicado para candidato. Não é necessário que seja um membro do partido comunista (PCC). Nenhum dinheiro pode ser gasto promovendo candidatos e não é permitido a partidos políticos (incluindo o PCC) campanha durante as eleições. Pessoal militar não está de serviço às mesas de voto; as urnas são guardadas por crianças em idade escolar. 

Direitos laborais 

A legislação cubana de direitos do trabalho garante o direito de livremente formar e se filiar em sindicatos. Os sindicatos são juridicamente independentes e financeiramente autónomos; independentes do PCC e do Estado, financiados por cotizações dos seus membros. Os direitos dos trabalhadores, protegidos pelos sindicatos incluem um contrato escrito, uma semana de 40 a 44 horas e 30 dias anuais de férias remuneradas no sector estatal. 

Os sindicatos têm o direito de parar trabalhos que considerem perigosos. Têm o direito de participar na gestão das empresas, receber informações da gestão, dispondo de gabinete próprio, materiais de escritório e tempo livre para os seus representantes nas empresas. Um acordo sindical é exigido para demissões, mudanças nos padrões de horário de trabalho, horas extras e o relatório anual de segurança. Os sindicatos têm um papel político em Cuba e o direito constitucional de serem consultados sobre leis do trabalho. Têm também o direito de propor novas leis à Assembleia Nacional. 

Mulheres 

As mulheres constituem a maioria dos cubanos juízes, procuradores, advogados, cientistas, trabalhadores técnicos, profissionais da saúde pública. Cuba é classificada em primeiro lugar no "Save the Children's 'Lesser Developed Countries' Mother's Index". Com mais de 48% de deputados mulheres, Cuba tem a terceira mais alta percentagem de mulheres parlamentares do mundo. As mulheres recebem nove meses de salário completo durante o período de maternidade, seguido por três meses a 75% do salário completo. O governo subsidia a interrupção voluntária da gravidez e o planeamento familiar, atribui um alto valor aos cuidados de saúde pré-natais e oferece às mulheres "acolhimento de maternidade" antes do nascimento. 

Esperança de vida 

Em 2013, segundo a Organização Mundial de Saúde a esperança de vida das mulheres em Cuba era de 80 anos e 77 para os homens. A probabilidade de morte entre os 15 e os 60 anos por 1.000 pessoas foi de 115 para homens e 73 para as mulheres em Cuba. Durante o mesmo período, a esperança de vida para as mulheres nos Estados Unidos foi de 81 anos e de 76 para os homens. A probabilidade de morrer entre os 15 e os 60 anos por 1.000 pessoas era 128 para homens e 76 para mulheres nos Estados Unidos. 

Pena de Morte 

Um estudo da Faculdade de Direito de Cornell não encontrou ninguém condenado a pena de morte em Cuba e ninguém no corredor da morte em outubro de 2015. Em 28 de dezembro de 2010, o Supremo Tribunal Federal de Cuba comutou a sentença de morte do último remanescente condenado à morte em Cuba, um cubano-americano condenado por assassinato perpetrado durante uma invasão terrorista da ilha em 1994. Nenhumas novas condenações à morte são conhecidas desde aquela época. 

Em contraste, nos EUA em 1 de janeiro de 2016 estavam 2.949 pessoas no corredor da morte em instalações estaduais; 62 no corredor da morte em instalações federais em 16 de março de 2016, de acordo com "Death Penalty Information". 

Desenvolvimento sustentável 

Em 2006, o World Wildlife Fund (WWF), uma organização ambiental líder, reconhecia Cuba como o único país no mundo a ter alcançado desenvolvimento sustentável. Jonathan Loh, um dos autores do relatório do WWF, disse, "Cuba atingiu um bom nível de desenvolvimento, de acordo com os critérios da ONU, graças ao seu alto nível de alfabetização e a uma expectativa de vida muito alta, com uma pegada ecológica que não é grande, já que é um país com baixo consumo de energia." 

Parem de dar lições de Cuba e levantem o bloqueio 

Quando Cuba e os Estados Unidos realizaram conferências sobre direitos humanos há um ano, Pedro Luís Pedroso, chefe da delegação cubana, disse, "Expressámos as nossas preocupações em relação a padrões de racismo e discriminação na sociedade dos Estados Unidos, ao agravamento da brutalidade policial, a atos de tortura e execuções extrajudiciais no combate ao terror e ao limbo jurídico dos prisioneiros no campo de detenção dos EUA em Guantanamo". 

A hipocrisia do governo dos EUA com preleções sobre os direitos humanos em Cuba, negando muitos direitos humanos básicos ao povo americano é gritante. Os Estados Unidos devem levantar o bloqueio. Obama deve fechar Guantanamo e devolvê-lo à Cuba.


 

































por Marjorie Cohn [*]  

[*] Professora na Faculdade de Direito Thomas Jefferson desde 1991. 

Original encontra-se em marjoriecohn.com/human-rights-hypocrisy-us-criticizes-cuba/ 
e www.informationclearinghouse.info/article44480.htm . Tradução de DVC. 


Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

Por que calam Obama e Cameron ( e os meios de comunicação) após a pior derrota do DAESH (ISIS) na Síria





O ISIS acaba de sofrer sua pior  derrota em dois anos, entretanto nem o  presidente dos EUA, Barack Obama, nem o primeiro ministro do Reino Unido, David Cameron,  tocam no uma palavra a respeito desse assunto, escreve  Robert Fisk, correspondente do diário britânico 'Independent'.
"Menos de una semana depois das almas perdidas do ISIS (segundo informações dos serviçõs secretos) destruírem a vida de mais  de 30 inocentes em Bruxelas, deveríamos estar aplaudindo o fracasso mais aplastante da historia do ISIS", ter perdido a cidade  de Palmira, declarada patrimônio cultural da  humanidade pela Unesco. Contudo Camerom e Obama "ficaram tão calados como as tumbas para onde o ISIS enviou tantas de suas vítimas", escreve Fisk.
Foram o Exército sírio, o Hezbollah e os iranianos , apoiados pelos bombardes russos, os  que de fato expulsaram a corja assassina de Palmira, enquanto os EUA  confirmam o lançamento de ataques aéreos próximo  a Palmira nos dias anteriores a sua recuperação. Segundo o jornalista, esta atitude "diz tudo  que se necessita saber sobre la 'guerra contra el terror' dos EUA ;  querem destruir o ISIS, mas não muito".
https://actualidad.rt.com/actualidad/203203-obama-cameron-callan-peor-derrota-estado-islamico-palmira

quinta-feira, 24 de março de 2016

Julian Assange, o preso político que expõe o Império


Como uma comissão da ONU desmontou farsa montada para calar Julian Assange e o Wikileaks. Por que EUA, constrangidos, já não podem falar em “liberdade de expressão”.
Uma das aberrações jurídicas mais épicas de nossa era está sendo desmascarada. O Grupo de Trabalho sobre Detenções Arbitrárias da ONU – o tribunal internacional que analisa e decide se os governos cumprem ou não suas obrigações em matéria de direitos humanos – julgou que Julian Assange está sendo detido ilegalmente pelo Reino Unido e a Suécia.
Após cinco anos lutando contra difamação impiedosa, Assange está mais próximo de obter justiça – e, quem sabe, liberdade – do que jamais esteve, desde que foi aprisionado em Londres sob um Mandado Europeu para Extradição, agora já desacreditado pelo próprio Parlamento britânico.
O Grupo de Trabalho da ONU baseia suas decisões na Convenção Europeia sobre Direitos Humanos e em três outros tratados de cumprimento obrigatório por seus signatários. Tanto o Reino Unido quanto a Suécia, participaram da investigação oficial da ONU, que durou 16 meses.Apresentando evidências e defendendo suas posições perante o tribunal. Será um tapa na cara do direito internacional se estes países não acatarem a decisão e permitirem que Assange deixe o refúgio oferecido pelo governo equatoriano em sua embaixada de Londres.
Em casos anteriores que o Grupo de Trabalho julgou, e foram festejados internacionalmente, ambos os países ofereceram apoiaram as decisões do tribunal sobre prisioneiros detidos ilegalmente. Foi o caso de Aung Sang Suu Kyi, em Myanmar; do líder oposicionista Anwar Ibrahim, na Malásia; e do jornalista do Washington Post Jason Rezaian, no Irã. A diferença agora é que a perseguição e confinamento de Assange acontece no coração de Londres.
O caso Assange nunca foi, primordialmente, sobre as alegações de má conduta sexual na Suécia – onde a chefe da promotoria de Estocolmo, Eva Finne, julgou a acusação improcedente, dizendo: “Eu não acredito que exista qualquer razão para suspeitar que ele tenha cometido estupro”. Além disso, uma das mulheres envolvidas acusou a polícia de fabricar evidências e forçá-la a prestar queixa, sendo que ela “não queria acusar Julian Assange de coisa alguma”. Foi quando um segundo promotor, misteriosamente, reabriu o caso após intervenção política.
A perseguição a Assange tem suas raízes do outro lado Atlântico, numa Washington dominada pelo Pentágono. Sua obsessão é perseguir e acusar whistleblowers – especialmente Assange e o WikiLeaks — por terem exposto os crimes cometidos pelos EUA no Afeganistão e no Iraque: a matança desenfreada de civis e a violação da soberania dos países e da lei internacional.
De acordo com a Constituição dos EUA, nenhuma dessas revelações é ilegal. Como candidato à presidência, em 2008, Barack Obama, professor de direito constitucional, afirmou que os whistleblowers são “parte de uma democracia saudável [e] devem ser protegidos contra qualquer vingança”.
Mas em seguida Obama, o traidor, perseguiu mais whistleblowers em seu governo, do que todos os outros presidentes norte-americanos juntos. A corajosa Chelsea Manning, que hoje cumpre 35 anos de prisão, foi torturada durante sua longa detenção pré-julgamento.
A perspectiva de um destino similar pairou sob Assange como uma espada de Dâmocles. De acordo com os documentos revelados por Edward Snowden, o nome de Assange está presente em uma “lista de alvos para caçada humana”. O vice-presidente dos EUA, Joe Biden, classificou-o como “cyber-terrorista”.
Em Alexandria, no estado da Virgínia, um tribunal secreto tentou fabricar algum crime pelo qual Assange pudesse ser acusado. Apesar de ele não ser cidadão norte-americano, os EUA desencavaram a Lei de Espionagem, criada quase cem anos atrás, e a usaram para enquadrar Assange. Sob tal lei, um acusado pode ser condenado a prisão perpétua ou pena de morte.
A capacidade de Assange se defender nesse mundo kafkiano foi prejudicada pelos EUA, que classificaram os autos de seu caso como segredo de Estado. Uma corte federal bloqueou a liberação de todas as informações sobre aquilo que é conhecido como a investigação para “segurança nacional” do WikiLeaks.
O papel de coadjuvante nesse jogo de cartas marcadas ficou para a segunda promotora sueca Marianne Ny. Até há pouco, Ny recusou-se a cumprir o procedimento de rotina europeu, que exige que ela viaje até Londres para interrogar Assange e, assim, dar prosseguimento ao caso que James Catlin, um dos advogados do jornalista, classificou como “uma piada… é como se eles fossem inventando as coisas com o passar do tempo”. De fato, antes mesmo de Assange deixar a Suécia e seguir para Londres, em 2010, Marianne Ny não realizou nenhuma tentativa de interrogá-lo.
Nos anos que se seguiram, ela nunca conseguiu explicar apropriadamente, até mesmo para as autoridades jurídicas da Suécia, a razão pela qual não prosseguiu com o caso que reabriu de maneira tão entusiasmada – assim como nunca explicou por que se recusou a oferecer a Assange a garantia de que ele não seria extraditado para os EUA, sob um arranjo secreto entre Washington e Estocolmo. Em 2010, o periódico britânico The Independent revelou que os dois governos já haviam conversado sobre a extradição de Assange.
E então aparece o pequenino e bravo Equador. Uma das razões pela qual o país sul-americano ofereceu asilo político a Assange é o fato de o governo de seu próprio país, a Austrália, não ter lhe oferecido qualquer ajuda – à qual ele tinha o direito legal. O conluio da Austrália com os EUA, contra o seu próprio cidadão, tornou-se evidente em documentos secretos revelados; não existem vassalos mais leais aos EUA do que os políticos obedientes da Austrália.
Há quatro anos, em Sydney, eu passei várias horas com o Malcolm Turnbull, então um parlamentar liberal. Discutimos as ameaças a Assange e suas implicações mais graves contra a liberdade de expressão, assim como a justiça; e por que a Austrália tinha a obrigação de ficar ao seu lado. Turnbull é agora o primeiro-ministro australiano e, enquanto escrevo, está participando de uma conferência internacional sobre a Síria, tendo como anfitrião o primeiro-ministro britânico David Cameron, a apenas 15 minutos de distância do quarto onde Julian Assange viveu os últimos três anos e meio, na pequena embaixada equatoriana.
A conexão síria é relevante, ainda que pouco conhecida.Foi o WikiLeaks que revelou que os EUA planejavam há muito tempo derrubar o governo Assad, na Síria. Hoje, enquanto troca apertos de mãos, o primeiro-ministro Turnbull tem a oportunidade de trazer um mínimo de propósito e verdade para a conferência, falando abertamente sobre o aprisionamento ilegal de seu compatriota, a quem ele demonstrara tanta preocupação quando nos encontramos. Tudo o que ele precisa fazer é citar a decisão do Grupo de Trabalho em Detenções Arbitrárias da ONU. Ele irá recuperar, para a Austrália, ao menos essa ínfima reputação perante o mundo decente?
O que é certo é que o mundo decente deve muito a Julian Assange. Ele nos contou como o poder indecente se comporta em segredo; como mente, manipula e se engaja em enormes atos de violência, mantendo guerras que matam, mutilam e transformam milhões de pessoas nos refugiados que agora vemos na televisão.
Apenas por isso, por nos contar essa verdade, Assange merece sua liberdade, ao passo que ter justiça é o seu direito.
 John Pilger
Fonte em inglês:
Le fondateur de Wikileaks Julian Assange s'exprime à partir de l'ambassade d'Equateur
Fonte em português: Tradução em português Vinícius Gomes Melo para Outras Palavras
John Pilger : Jornalista. Autor de livros como “O mundo nas mãos: o que os média não dizem sobre os novos donos do mundo”. Vencedor do prêmio “British Academy Television Richard Dimbleby Award”. johnpilger.com