domingo, 28 de novembro de 2010

Uma história na Palestina 3

 
por Rafiqa Salam
Palestina, novembro de 2010
 
 
De todas as cidades que conheci, teve uma que, particularmente, mexeu muito comigo. É um sentimento estranho, nunca tinha estado lá, e agora eu pisava num lugar que não existia, mas já existiu. Esse paradoxo eu só vivi por um instante, na verdade por um dia que parecia, pelo seu peso,  ter mais do que 24 horas.


O que dizer dos sentimentos dos palestinos que vivem cotidianamente esse paradoxo! Vivem num país que existe, mas o mundo já o tirou do mapa! Fazem seus afazeres diários, como qualquer povo, amam, tem suas famílias, trabalham, comercializam, mas têm que segurar nas mãos uma cédula que traz a bandeira do país invasor... Parece difícil entender por que não ter uma moeda com  as lindas cores preta, branca, verde e vermelha  da bandeira  Palestina? 

 
Impossível mesmo é aceitar que eu pisava num lugar que era uma cidade viva e agora é um descampado. Um lugar que tem a existência do hoje calcada na eliminação do ontem.... Que, para se consolidar, teve que expulsar, desalojar e arrancar famílias de suas casas, mas não de suas raízes históricas! 

 
 
Ando por terras que querem que eu enxergue um Parque Nacional , autopistas perfeitas, áreas de lavouras e assentamentos judaicos, querem que eu veja o Estado de Israel! 
 
Mas só consigo ver o bater dos corações palestinos, como uma cadência, animadora, anunciando o retorno.... Vejo ali a Palestina livre... Mas meu devaneio é quebrado pela voz do motorista, chamando para voltar, temos hora para entrar e sair! Temos que sair da Palestina de 1948, passar pelo checkpoint e entrar no que restou da Palestina pós-1967, complicado de entender, imagina de ver!! 

 
Aliás, como entender a ocupação sionista de Israel? O único país no mundo que se denomina Estado, oficialmente, inclusive no nome: Estado de Israel. Um nome que agrega ação: é um Estado que sempre está em mudança de estado – e não estou fazendo trocadilho. Avanços na expansão territorial: Israel tem suas fronteiras em constante movimento! Não tem uma Constituição! Não tem  nenhuma  lei que descreve a sua  área físico-geográfica, pois ela é proporcionalmente elástica à sua força de ocupação... Ocupa áreas da Palestina, Síria, Líbano... Já ocupou Egito, Jordânia e até águas internacionais!! 
 
A cidade que mexeu comigo, até 1948, se chamava Qaqun. Uma linda aldeia, com campos de terras férteis, plantações, casas simples que eram o lar de 2 mil pessoas, tão perto do Mar Mediterrâneo, a apenas 8km de distância. E saber que foi justo por essas águas que os grupos terroristas judeus como Haganah e Stern expulsaram à força e com violência brutal os nativos, palestinos que até hoje sonham com o regresso a sua terra natal! Um sonho impedido pelo pesadelo de não poderem pisarem onde eu estava. Depois de viverem como refugiados em cidades próximas como Tulkarem, Nablus e terras mais longínquas, mas não mais tranquilas, como Síria, Líbano, Kuwait e Jordânia, achei que  fotos, pedras e terra poderiam ser compartilhados com aqueles que dali nunca saíram. 

Então, bem longe dali,  vi o amor, que transcende a tudo, se materializar. Vi um palestino que nasceu em Qaqun e, aos 13 anos, juntamente com sua família, foi forçado a sair e abandonar sua casa e terras. Ele, que está impedido de pisar onde nasceu, abriu um lindo sorriso e beijou a sua terra! A terra de Qaqun agora em suas mãos! Sua filha lhe presenteou com a  terra de Qaqun! Mãos calejadas, apertando as mãos de sua filha, que trouxe para ele mais do que alegria, trouxe o  retorno a sua terra natal! 
 
Senti em meu coração que fui abençoada por essa linda cena, revigorada, desejo também ser  testemunha da Palestina livre!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A Guerra do Rio – A farsa e a geopolítica do crime

Abaixo um texto muito interessante sobre a situação do Rio de Janeiro.

Acabei de ver do onibus uma imagem típica do tratamento dispensado pelo exército de Israel às crianças:  Na calçada do Catete, bairro do Rio, próximo ao Centro, a guarda Municipal reprimia violentamente umas 6 ou 7 crianças negras e de rua que dormem no local. E a população assistia tudo calada. A idade desses meninos variavam de 8 a 13 ou 14 anos. O tratamento era na base da da violência e do ódio. Foi uma cena chocante! A guarda Municipal é treinada por assessores da MOSSAD. E, obviamente , entrou no clima e na onda levantada pelo Estado, através do seu governador.
O clima na cidade é de guerra aos pobres, desempregados, população de rua, etc... Tem especialistas credenciado pela academia falando, na Globo news, asneiras fascistas e exigindo leis que permitam a utilização das armas nestas ocasiões, ou seja estão fazendo campanha para que o Estado tenha mais liberdade para matar...
Esses acontecimentos me fez  lembrar a declaração do Jobin, se não me engano no início do ano, que ,participando de um seminário em Israel, declarou em matéria no O Globo, que lamentavelmente nossas leis restringiam o espaço para o êxito, como aquele que Israel tem tido contra os palestinos, classificado pelo nosso ministro, na matéria , de terroristas.

Bom, por favor leiam a matéria do professor abaixo, ela é esclarecedora.

 A Guerra do Rio – A farsa e a geopolítica do crime
Dr. José Cláudio Souza Alves
Sociólogo, Porfessor da UFRRJ - Seropédica, RJ - 25/11/2010
Nós que sabemos que o “inimigo é outro”, na expressão padilhesca, não podemos acreditar na farsa que a mídia e a estrutura de poder dominante no Rio querem nos empurrar.
Achar que as várias operações criminosas que vem se abatendo sobre a Região Metropolitana nos últimos dias, fazem parte de uma guerra entre o bem, representado pelas forças publicas de segurança, e o mal, personificado pelos traficantes, é ignorar que nem mesmo a ficção do Tropa de Elite 2 consegue sustentar tal versão.
O processo de reconfiguração da geopolítica do crime no Rio de Janeiro vem ocorrendo nos últimos 5 anos.
De um lado Milícias, aliadas a uma das facções criminosas, do outro a facção criminosa que agora reage à perda da hegemonia.
Exemplifico. Em Vigário Geral a polícia sempre atuou matando membros de uma facção criminosa e, assim, favorecendo a invasão da facção rival de Parada de Lucas. Há 4 anos, o mesmo processo se deu. Unificadas, as duas favelas se pacificaram pela ausência de disputas. Posteriormente, o líder da facção hegemônica foi assassinado pela Milícia. Hoje, a Milícia aluga as duas favelas para a facção criminosa hegemônica.
Processos semelhantes a estes foram ocorrendo em várias favelas. Sabemos que as milícias não interromperam o tráfico de drogas, apenas o incluíram na listas dos seus negócios juntamente com gato net, transporte clandestino, distribuição de terras, venda de bujões de gás, venda de voto e venda de “segurança”.
Sabemos igualmente que as UPPs não terminaram com o tráfico e sim com os conflitos. O tráfico passa a ser operado por outros grupos: milicianos, facção hegemônica ou mesmo a facção que agora tenta impedir sua derrocada, dependendo dos acordos.
Estes acordos passam por miríades de variáveis: grupos políticos hegemônica na comunidade, acordos com associações de moradores, voto, montante de dinheiro destinado ao aparado que ocupa militarmente, etc.
Assim, ao invés de imitarmos a população estadunidense que deu apoio às tropas que invadiram o Iraque contra o inimigo Sadam Husein, e depois, viu a farsa da inexistência de nenhum dos motivos que levaram Bush a fazer tal atrocidade, devemos nos perguntar: qual é a verdadeira guerra que está ocorrendo?
Ela é simplesmente uma guerra pela hegemonia no cenário geopolítico do crime na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
As ações ocorrem no eixo ferroviário Central do Brasil e Leopoldina, expressão da compressão de uma das facções criminosas para fora da Zona Sul, que vem sendo saneada, ao menos na imagem, para as Olimpíadas.
Justificar massacres, como o de 2007, nas vésperas dos Jogos Pan Americanos, no complexo do Alemão, no qual ficou comprovada, pelo laudo da equipe da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, a existência de várias execuções sumárias é apenas uma cortina de fumaça que nos faz sustentar uma guerra ao terror em nome de um terror maior ainda, porque oculto e hegemônico.
Ônibus e carros queimados, com pouquíssimas vítimas, são expressões simbólicas do desagrado da facção que perde sua hegemonia buscando um novo acordo, que permita sua sobrevivência, afinal, eles não querem destruir a relação com o mercado que o sustenta.
A farça da operação de guerra e seus inevitáveis mortos, muitos dos quais sem qualquer envolvimento com os blocos que disputam a hegemonia do crime no tabuleiro geopolítico do Grande Rio, serve apenas para nos fazer acreditar que ausência de conflitos é igual à paz e ausência de crime, sem perceber que a hegemonização do crime pela aliança de grupos criminosos, muitos diretamente envolvidos com o aparato policial, como a CPI das Milícias provou, perpetua nossa eterna desgraça: a de acreditar que o mal são os outros.
Deixamos de fazer assim as velhas e relevantes perguntas: qual é a atual política de segurança do Rio de Janeiro que convive com milicianos, facções criminosas hegemônicas e área pacificadas que permanecem operando o crime? Quem são os nomes por trás de toda esta cortina de fumaça, que faturam alto com bilhões gerados pelo tráfico, roubo, outras formas de crime, controles milicianos de áreas, venda de votos e pacificações para as Olimpíadas? Quem está por trás da produção midiática, suportando as tropas da execução sumária de pobres em favelas distantes da Zona Sul? Até quando seremos tratados como estadunidenses suportando a tropa do bem na farsa de uma guerra, na qual já estamos há tanto tempo, que nos faz esquecer que ela tem outra finalidade e não a hegemonia no controle do mercado do crime no Rio de Janeiro?
Mas não se preocupem, quando restar o Iraque arrasado sempre surgirá o mercado finaneiro, as empreiteiras e os grupos imobiliários a vender condomínios seguros nos Portos Maravilha da cidade.
Sempre sobrará a massa arrebanhada pela lógica da guerra ao terror, reduzida a baixos níveis de escolaridade e de renda que, somadas à classe média em desespero, elegerão seus algozes e o aplaudirão no desfile de 7 de setembro, quando o caveirão e o Bope passarem.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Participe desse ato de solidariedade: Você não pode faltar!
























Leia toda programação nacional abaixo neste Blog
      Ajude na divulgação!

Dia Internacional de Solidariedade ao Povo PalestinoResolução nº 32/40 da ONU "Em 1977, a Assembléia Geral do ONU determinou que fosse celebrado, todos os anos, a 29 de novembro, o Dia Internacional de Solidariedade para com o Povo Palestino Resolução nº 32/40 da ONU Com efeito, foi nesse dia que, no ano de 1947, que a Assembléia Geral aprovou a resolução sobre a divisão da Palestina [resolução 181(II)].

O COMITÊ DE SOLIDARIEDADE DO RIO DE JANEIRO CONVIDA:


Queremos convidar a todos os partidos, sindicatos, movimentos sociais e populares, além dos companheiros e companheiras para prestar um dia de solidariedade ao perseguido povo palestino que há 63 anos resiste heroicamente ante todas as arbitrariedades (bombas, humilhações, perseguições políticas, torturas legalizadas...) cometidas pelo Estado terrorista de Israel.

29 de novembro é dia de Manifestação de Solidariedade Internacional com o Povo Palestino, realizadas simultaneamente em várias capitais do mundo. Nesta data o território histórico da Palestina foi arbitrariamente dividido, favorecendo a criação do Estado de Israel.

Território onde havia uma sociedade construída por árabes, e que a partir daí passaram a ser vítimas da limpeza étnica promovida pelas milícias sionistas. No ano de 1948, quase a totalidade das terras palestinas (cerca de 94%) foram tomadas militarmente pelo Estado de Israel. Hoje mais de seis milhões de palestinos vivem em campos de refugiados espalhadas pelos países árabe e no mundo. Ainda hoje, Israel controla 65% da Cisjordânia e 40% da Faixa de Gaza, com seu exército e sua força paramilitar (os colonos) implementando um regime de terror cujos métodos de crueldade se assemelham aos dos nazistas alemães.

Até quando ficaremos indiferentes aos veículos militares e tratores invadindo bairros e destruindo casas onde moram os palestinos? Até quando vamos permitir a construção de outros “muros da vergonha” como o que Israel está construindo dentro do território da palestina ocupada, transformando-a num verdadeiro campo de concentração, vigiado sistematicamente, usurpando terras e destruindo a teia social palestina?

É preciso somar forças e nos solidarizarmos com a heróica luta do povo palestino que teimosamente insiste em dizer não a essas arbitrariedades. É necessário e urgente dizer que “terrorismo” não é resistir (usando quaisquer formas de luta) ao Estado terrorista de Israel. Terrorismo é impedir um povo de desfrutar de sua própria terra, é impedir a existência de uma pátria livre do colonialismo e do imperialismo. Terrorismo é matar crianças com bombas e mísseis disparados de helicópteros e aviões nos bairros onde vive a população civil palestina. Terrorismo é barrar uma mãe grávida num posto policial ou do exército, impedindo que a mesma tenha a atenção necessária na hora do nascimento de seu filho.

Por tudo isso o COMITÊ DE SOLIDARIEDADE À LUTA DO POVO PALESTINO convida todos aqueles que estão ao lado da heróica resistência palestina para a realização de um ato político no dia 29 de novembro de 2010, a partir das 17:30h, no Instituto de Filosofia e Ciências Humana (IFCS) – Largo de São Francisco.

Neste ato, o lançamento e a exposição do livro “Impressões de uma brasileira na Palestina”, de Maristela R Santos, produzido pela Editora Achmé,: Depoimentos emocionantes do cotidiano do povo palestino, suas relações com as organizações políticas, como se organizam para autodefesa, a vida dos prisioneiros, das crianças, dos beduínos e a vida nas aldeias, relacionado com a ocupação permanente de suas terras e a expulsão de suas casas, bairros e vilas. Além de fazer um breve relato e análise do caráter e da natureza do estado de Israel e a relação dos estrangeiros judeus, os colonos, com o Estado Judeu e o povo palestino.

Por fim, o Comitê de Solidariedade fará um panorâmico histórico e uma introdução da Campanha Mundial de BDS – Boicote, Desinvestimento e Sanções contra Israel, em particular, o Boicote Acadêmico e Cultural que esta ganhando corações e mentes nas universidades da Europa e EUA.

VENHA CONHECER MELHOR A HISTÓRIA DESSA LUTA!



segunda-feira, 22 de novembro de 2010

SOLIDARIDADE À RESISTÊNCIA DO POVO DA REPÚBLICA ÁRABE SAHARAUÍ DEMOCRÁTICA

A Organização de Solidariedade dos Povos da África, Ásia e América Latina (OSPAAAL) condena veementemente a criminosa ofensiva que forças militares marroquinas mobilizaram contra o povo da República Árabe Saharaui Democrática (RASD) nos últimos dias.
Convocados pela Intifada saharaui no acampamento Agdaym Izik, perto da cidade-capital de El Aaiún, inicialmente para protestar contra o desemprego e as terríveis condições sociais impostas pelos ocupantes, mais de 20.000 saharauis unidos em uma simbólica resistência patriótica, condenaram veementemente a usurpação do seu território pela monarquia marroquina e sublinharam o seu direito inalienável à autodeterminação.
Desta vez, a arrogância e impunidade com que age Marrocos, sob a proteção e a cumplicidade da França, Estados Unidos e Espanha, ceifou a vida de uma criança de 14 anos, ultrapassando os limites da crueldade ao matar os primeiros saharauis feridos, resultado da brutal repressão, tentando silenciar seus crimes arbitrariamente ao expulsar a cadeia de televisão Al Jazzira e, na medida em que os protestos do povo saharaui ganharam força e se generalizaram, houve uma escalada militar que se tornou um massacre, com o saldo de mais de dez pessoas mortas, cerca de uma centena de feridos e a destruição total do acampamento.
É urgente saber a verdade, convocar a mais ampla mobilização internacional para condenar e deter os crimes da monarquia alauita contra o heróico povo do Sahara Ocidental, para enfatizar que este é o único caso pendente de descolonização na África, denunciar com a maior firmeza a condição colonial imposta pelo Marrocos neste território, que pretende continuar a pilhagem dos seus recursos humanos e naturais, exigir o fim das das táticas de adiamento intermináveis implementadas para evitar a aprovação do referendo de autodeterminação pela Organização das Nações Unidas e defender o legítimo direito do povo saharaui à vida, à paz e independência nacional.
Secretariado Executivo da OSPAAAL
Habana, 9 de novembro de 2010
Postado do www.pcb.org.br

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Direitos humanos em mãos erradas



 o embaixador israelense queixou-se do Conselho de Direitos Humanos (CDH) da ONU, em que relatórios têm sido aprovados, denunciando graves violações de direitos humanos por parte do governo israelense nos territórios palestinos ocupados da Cisjordânia e da faixa de Gaza.
De fato, apenas nos primeiros seis meses de 2010, foram registradas na Cisjordânia a demolição de 223 edifícios e a expulsão de 338 palestinos de suas casas.
Quinhentas e cinco barreiras violam o direito de ir e vir, impedindo o acesso da população a escolas, a locais de trabalho e a hospitais, para procedimentos vitais como diálise, cirurgias do coração e cuidado neonatal intensivo.
Seguindo a lógica de anexar o máximo de terras com o mínimo de palestinos, o trajeto tortuoso do muro enclausurou Belém e Qalqilia, expulsou 50 mil palestinos de Jerusalém Oriental e anexou 10% das terras mais férteis da Cisjordânia. As colônias israelenses, também ilegais, expandem-se a todo vapor sobre territórios palestinos.
A justificativa de Israel para a violação de direitos humanos -zelar pela "segurança" de seus cidadãos- não se sustenta, sendo tais atos a própria origem da revolta palestina.
Os "mísseis" citados pelo artigo do embaixador são armas de fabricação caseira, usadas em desespero por um povo sem Estado, que sofre a mais longa ocupação militar da história moderna, submetido a bombardeios, a incursões militares, a assassinatos dirigidos e a toques de recolher.
O artigo também cita um prisioneiro militar israelense, omitindo o fato de que Israel tem em seus presídios mais de 6.000 civis palestinos (incluindo crianças), a maioria deles sem acusação formal, processo judicial ou direito de defesa.
Alega-se que Israel estaria sendo alvo de injustiças por parte do CDH em consequência do relatório do juiz Richard Goldstone sobre os crimes de guerra cometidos durante o bombardeio que massacrou 1.397 pessoas em Gaza (incluindo 320 crianças e 109 mulheres).
Assim, deturpa-se o caráter heroico da flotilha de ativistas humanitários do mundo todo, incluindo israelenses e uma mulher sobrevivente do Holocausto, que arriscaram suas vidas para quebrar o bloqueio ilegal a Gaza.
O objetivo da flotilha era chamar a atenção do mundo para o problema? Sim. Era e continuará sendo uma provocação? Apenas se considerarmos o termo um desafio aberto, para que a humanidade impeça a continuidade do cerco a Gaza, onde 80% da população sofre de má nutrição crônica, as crianças apresentam estresse e distúrbios psicológicos causados pelos ataques, pelo sofrimento e pelas constantes bombas sonoras lançadas por Israel sobre a pequena faixa costeira.
O mesmo governo israelense que se queixa do CDH emitiu, no dia 10/ 10, um projeto de lei que, se aprovado, exigirá de todo não judeu de Israel um juramento de "lealdade ao caráter judeu do Estado".
Cerca de 20% da população, de origem palestina cristã, muçulmana ou outra, terá de aceitar o caráter judeu do Estado de Israel ou emigrar, aumentando o número de refugiados, que ultrapassa 9 milhões. As consequências disso, para a Palestina e para o mundo, não valem um debate no Conselho de Direitos Humanos da ONU?

ARLENE CLEMESHA, professora de história árabe na USP e diretora do Centro de Estudos Árabes da mesma universidade, é representante da sociedade civil do Brasil no Comitê da ONU pelos Direitos do Povo Palestino.
BERNADETTE SIQUEIRA ABRÃO, jornalista, formada em filosofia pela USP, é pesquisadora da questão palestina, ativista de direitos humanos e autora, entre outros livros, de "História da Filosofia" editora Moderna)

Em Hebron, cenas da ocupação e da resistência

Por Dirceu Travesso

No dia 30 de outubro tivemos a oportunidade de visitar a cidade de Hebron com um grupo de ativistas de sete pessoas (dois brasileiros, uma norueguesa, um galizio, uma francesa e um italiano). Todos participantes de organizações presentes ao Fórum Mundial da Educação na Palestina, realizado entre os dias 28 e 31 do mesmo mês.
Hebron, situada na Cisjordânia, a cerca de 30km ao sul de Jerusalém, é uma das maiores cidades da Palestina, com cerca de 170 mil habitantes e vive uma situação singular sob a ocupação do exército sionista de Israel. É a única cidade palestina em que existem assentamentos* no centro. Todos os demais assentamentos espalhados pelo território ocupado situam-se fora das cidades, em geral ao seu redor, em cima das colinas. Mas em Hebron, disputam espaço, casa por casa, na região do velho mercado.
Ocupam uma faixa com cerca de 1km2 com cercas, grades, câmeras, tropas espalhadas pelas ruas, telhados. Para aproximadamente 450 colonos que vivem nesses assentamentos no centro de Hebron, existem 1.600 soldados do exército sionista, dezenas de guaritas e por volta de 160 câmeras de controle visual, o que faz do centro da cidade uma região de tensão e conflitos permanentes.
Além desses 450 “assentados” que vivem no centro de Hebron, em torno de outros 7 mil vivem nos arredores da cidade, no alto das colinas, como se espreitassem os palestinos avisando: "vamos tentar tomar todo o seu território". Eles são protegidos e apoiados, sempre, pela presença do exército sionista, armados até os dentes.

Hebron é considerada sagrada por três religiões (judaísmo, islamismo e cristianismo). Pela presença no seu centro histórico da chamada Tumba dos Patriarcas, onde estão enterrados Abrahão, Sara, Isaac, Rebeca, Jacob e Lea. Ao redor da tumba, mesquitas, sinagogas e igrejas.
Acompanhados de um companheiro de um movimento de resistência contra a ocupação do centro de Hebron, fomos percorrer o velho mercado pelas vielas estreitas e sinuosas, com suas casas de telhados planos e as centenas de pequenas lojas.

No início, nas ruas do mercado, gente para todo lado, gritos que lembram os feirantes oferecendo seus produtos, barracas de comidas, verduras, roupas. Sensação de estar no cenário de um filme com as câmeras percorrendo e mostrando a movimentação e cores das pequenas vielas, pequenas lojas, seus brilhos, cheiros, contrastes, gente, vestes diferentes, outras nem tanto.
Depois de caminhar um tempo no turbilhão do velho mercado, o companheiro nos avisa. “Não vou falar nada, vocês vão ver a mudança daqui a pouco.” A rua central começa a se esvaziar. Os barulhos, gritos, cores, gente se esbarrando começam a ficar para trás. Aparecem lojas fechadas por ferrolhos colocados com solda em suas portas, que até então não tínhamos visto. Grades acima de nossas cabeças, fechando a rua pela parte de cima. Lixo jogado na grade sobre nossas cabeças.
Ruelas e túneis laterais, até então abertos, fechados por grades. Telas e arames farpados. Uma construção mais nova. Toda isolada e protegida. O companheiro nos avisa: “esse é um assentamento de colonos judeus.”
No espaço onde ocuparam prédios e reformaram para que vivam os “colonos sionistas” (aquele de cerca de 1km2) foram fechadas mais de 500 lojas. Do lado em que se encontram os prédios dos assentamentos, obrigaram a cerrar todas as portas. Do outro, vão forçando, fazendo pressão. Alguns resistem e mantêm seu comércio aberto. Outros, mesmo com suas lojas fechadas (lacradas e soldadas pelo exército sionista), montam bancas, como camelôs e expõem alguns produtos para tentar se manter. É a resistência.
Acima, nas grades que fecham o espaço superior, lixo jogado. Os colonos, protegidos pelo exército sionista, atiram entulhos, lixo sobre a rua, para acertar os palestinos que tentam sobreviver.
O senhor com quem conversamos mantëm sua banca montada como camelô. Ele nos diz: “essa era a minha loja, em cima a minha casa. Agora, sou obrigado a tentar ganhar a vida na rua, não posso entrar na minha casa. Hoje consigo vender o ano inteiro menos do que vendia em um mês.”
Mais adiante, o companheiro que nos guiava pára e mostra a outra situação que afeta a vida das pessoas. "Antes, um palestino podia atravessar 200 metros caminhando (dois minutos) e chegaria ao outro lado de onde está a faixa onde se encontram os assentamentos. Hoje, seja para visitar um parente, ir à escola ou qualquer coisa que precise fazer em lugares que se encontram a essa distância mínima, é obrigado a dar uma volta de 12km, rodear toda a cidade", ele diz. Além da faixa, existem ruas e avenidas controladas pelo exército sionista, cujo trânsito é bloqueado aos palestinos.
Mas a resistência se expressa nas crianças que começam a nos alertar que está saindo um contingente maior de soldados (cerca de 15) que passou a nos seguir. Garotos, crianças e adolescentes, que se encontram nas ruas oferecendo pequenos produtos, e que montam uma cadeia de informação quase que instantânea da movimentação das tropas.
Rapidamente entendemos. Era sábado, dia sagrado para o judaísmo. Várias delegações de judeus de outras cidades vêm visitar e conhecer Hebron. Visitam os assentamentos e saem caminhando exatamente na área que está praticamente deserta. Algumas centenas caminham em grupos pelas pequenas ruelas tortuosas. Acompanhadas de assentados.
Mais uma surpresa. Os assentados têm autorização para andar armados. Quando nos disseram isso, imaginei uma pistola, um revólver. Passa um assentado, óculos escuro, calça jeans, camiseta, cerca de 35 anos, levando o filho pela mão. No ombro, pendurada uma metralhadora, capaz de matar algumas dezenas de pessoas em fração de segundos nessas ruas estreitas.
Outros grupos passam, e a cena é a mesma. A indignação de ver nos olhos, no queixo erguido, a atitude provocativa com que passam cantando, gritando palavras de ordem, provocando e xingando os palestinos. O mesmo olhar arrogante, prepotente de todo ocupante, dominador. Tentam conversar com a gente, o silêncio é a resposta. Algum deles tenta falar em inglês. Não respondemos. O comentário do preconceito e do sentimento da superioridade: “nem sabem falar inglês, são ignorantes mesmo...”
Lembranças da resistência ao nazismo. Judeus, comunistas de tantas nacionalidades, ciganos, anarquistas perseguidos, discriminados, assassinados. No fundo, o mesmo sentimento de superioridade, a mesma arrogância, prepotência e intolerância.
E a resistência dos ocupados surge sempre surpreendendo a tudo e todos. Com mobilizações e enfrentamentos ou com os gestos aparentemente frágeis dos que dizem não, em momentos onde a correlação de força parece estar toda favorável aos ocupantes.
Estávamos parados em frente a uma banquinha onde um palestino desenhava, artesanalmente, símbolos de sua terra, sua cultura e sua luta em pequenas garrafas com areia colorida. A pedido de uma de nossas companheiras, filha de palestinos, que pela primeira vez visitava a sua terra, o artesão traçava com delicadeza as cores, sobrepondo as diversas tonalidades de areia. Movimentos finos, cuidado e atenção absolutos.
Chega mais um grupo grande de colonos e visitantes judeus. Param em frente à banca. Mais provocações, mais xingamentos, uma ruela (na verdade, um túnel), de não mais de 2,5m de largura. Tumulto, soldados sionistas e suas metralhadoras. Alguns jovens sionistas derrubam a banquinha um pouco mais à frente, espalhando pelo chão os colares, pulseiras e brincos que eram vendidos por outro palestino. O artesão continua o trabalho. Desenhando os traçados da hata, fios coloridos. Impassível. Dizendo no seu trabalho em silêncio: "não saio, resisto".
A resistência vive no gesto impassível e nós, neste momento, pudemos ajudar a pegar os colares e brincos espalhados pelo chão. A solidariedade internacional é parte decisiva da luta pela Palestina para os palestinos. Para alguns, parecem pequenos gestos de impotência. Para quem sabe o que quer, é a preparação de novas intifadas.

Dirceu Travesso é dirigente da CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular) 

* palavra usada pelos sionistas para designar os postos avançados que espalha pelo território palestino, sob forte proteção militar, com o objetivo de ocupar mais e mais espaços, isolando e expulsando o povo palestino.
Didi

Dirceu Travesso

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

DIA 29 DE NOVEMBRO - DIA INTERNACIONAL DE SOLIDARIEDADE AO POVO PALESTINO - Resolução 32/40 – 1977 – ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS ONU

 SEMANA PALESTINA NO BRASIL


CHAMADA DA TUMBA

Mahmud Darwish
 
 

“Dizemo-lhes
Cantem pela terra que permanece!
Rebelem-se!
Ensinem nossa história sombria aos filhos
A fim de que nosso sangue
Permaneça na bandeira dos criminosos
Como sinal de catástrofe.”
Atividades em solidariedade ao povo palestino
 
Acompanhando calendário global, organizações da sociedade civil brasileira, juntamente com a comunidade árabe-palestina no País, realizam a Semana de Solidariedade ao Povo Palestino. Atividades centrais ocorrerão em vários estados no dia 29 de novembro próximo (confira agenda abaixo).
A data marca o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino – conforme resolução da ONU (Organização das Nações Unidas) nº 32/40 de 1977. Anualmente, em todo o mundo, ocorrem inúmeras manifestações no período. No Brasil, é também lei em várias localidades.
 
Em 29 de novembro de 1947, portanto há 63 anos,  em Assembleia-Geral da ONU , foi aprovada a Resolução nº 181, que decidiu pela partilha do território da Palestina histórica para o estabelecimento de um estado judeu e um árabe, sem qualquer consulta aos habitantes locais. Como consequência, o Estado de Israel foi implementado em 15 de maio de 1948 e o da Palestina não foi assegurado, culminando na nakba (catástrofe), em que foram expulsos mais de 700 mil palestinos de suas casas e centenas de vilas foram destruídas. O resultado é a ocupação mais longa do período contemporâneo, que tem sido aprofundada, ao arrepio das leis e convenções internacionais. Uma das maiores injustiças de que se tem notícia.
 
Consequentemente, todos os direitos inalienáveis do povo palestino têm sido desrespeitados, como à autodeterminação, à saúde, à educação, a transitar livremente. Um muro em construção desde 2002, que corta a Cisjordânia ao meio – projetado para ter 720 metros de extensão e 9 metros de altura –, e centenas de checkpoints e assentamentos sionistas, além de estradas exclusivas proibidas a palestinos, são símbolos do apartheid que se configura no território ocupado. Em Gaza, o lugar mais densamente povoado do mundo, com 1,5 milhão de pessoas que se espremem em cerca de 360km2, um bloqueio criminoso tem feito com que grasse a fome e a miséria, numa punição coletiva que deveria ser ainda mais impensável em pleno século XXI. O território palestino, mediante esses aparatos, é mantido sob a forma de bantustões à la África do Sul. É hoje impossível, por exemplo,
ir da Cisjordânia a Gaza.
 
Diante da barbárie, realizar atividades em 29 de novembro faz-se urgente. É uma forma de o mundo levantar suas vozes e clamar pelo fim imediato da ocupação na Palestina. A semana de solidariedade pretende contribuir para dar visibilidade a essa questão e lembrar que, dia após dia, famílias são separadas, plantações são destruídas, crianças são impedidas de ir à escola e mães, de dar à luz com dignidade. Mais do que isso: soma-se às iniciativas em que a comunidade internacional é chamada à responsabilidade pela drástica situação na Palestina e cobrada a dar continuidade a ações concretas que pressionem e levem à mudança dessa realidade.
Participe! É por direitos humanos e justiça!

1)  RIO DE JANEIRO/RJ
Dia: 29 de novembro de 2010 - segunda-feira
Horário: a partir das 17:30 hs
Local: Instituto de Filosofia e Ciências Sociais  -IFCS - UFRJ  - Largo de São Francisco - Rio de Janeiro /RJ
Atividade: Ato Político em solidariedade à luta do povo palestino: Com exposição do
livro "Impressões de uma brasileira na Palestina": Emocionantes depoimentos sobre o drama cotidiano dos palestinos sob ocupação e um olhar analítico sobre natureza do estado votado na ONU em 1948.  Apresentação sobre a  Campanha Mundial de BDS – Boicote, Desinvestimento e Sanções  contra Israel eem particular a Campanha de Boicote Acadêmico e Cultural que está ganhando corações e mentes.  

Organização: Comitê de Solidariedade à Luta do Povo Palestino
 vivaintifada@gmail.com


2) RIO GRANDE DO SUL - PORTO ALEGRE
Dia : 29 de Novembro de 2010
Hora:19 hs
Local: Plenarinho da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul - Porto Alegre - RGS.

Atividade: Sessão com convidados, Embaixada da Autoridade Palestina na Republica Federativa do Brasil e Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados ( ACNUR )

Organização: Comitê Gaúcho de Solidariedade ao Povo Palestino
comitepalestinars@gmail.com

3) SANTA CATARINA 


FLORIANÓPOLIS
Dia: 30 de novembro de 2010 - terça-feira
Horário: 19h
Local:  Câmara de Vereadores - Plenário do Centro Legislativo Municipal - Rua Anita Garibaldi, 35 - Centro
Atividade: Sessão solene e Ato político com convidados e autoridades
Lei 34/40 PMF – 1990 - 29 de novembro - Dia Municipal de Solidariedade ao Povo  Palestino  em  Florianópolis
Lei nº 13850 - 2006 - Dia Estadual de Solidariedade ao Povo Palestino em Santa Catarina
 
Organização: Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino
 
BALNEÁRIO CAMBURIÚ
Semana de Difusão da Cultura Árabe Palestina de 22 a 29 de novembro de 2010
Dia : 24 de Novembro de 2010
Hora:19 hs
Local: Biblioteca Pública Municipal machado de assis - 3º avenida esquina rua 2500

Atividade: cerimônia de Abertura do evento com a presença de amigos, convidados e autoridades. Entrega de certificados de participação no concurso escolar "Paz para a Palestina" aos alunos do Brasil -SC- balneário camburiú do Centro Educacional Construindo saber. Exibição do filme/documentário cultural: "Palestina - A história de uma Terra" ( Simone Bitton)

Dia : 25 de Novembro de 2010
Hora: 9 hs
Local: Auditório BI 4 - Curso de Relações Internacionais - Univali- Campus Balneário Camburiú

Atividade: Palestras: Palestina: história, cultura, religião e atualidades.

Palestrantes: Fairuz Saleh Bujaa - Advogada RS, integrante do Grupo Palestino Terra / Miriam Ramoniga - Advogada SC, mestre em Direito e professora de Direito Internacional / Saleh Bujja - palestino ( 80 anos) residente no Brasil há 60 anos / Queila Martins - coordenadora do curso Relações Internacionais - univali / Márcia Sarubbi - professora do curso de Direito e relações Internacionais - Univali

Dia : 25 de Novembro de 2010
Hora: 17 hs
Local: Câmara de Vereadores Balneário Camburiú
Atividade: Acompanhamento da votação da Legislação Municipal que institui o "Dia 29 de novembro como o Dia de Solidariede ao Povo Palestino no município de Balneário Camburiú - SC"


Dia : 26 de Novembro de 2010
Hora: 20 hs
Local: restaurante Pharol - Av. Atlântica - Barra Sul nº 5740

Atividade: jantar Árabe - comidas típicas da gastronomia e cultura árabe, músicas, apresentações danças folclóricas e dança do ventre

Dia : 27 de Novembro de 2010
Hora: 18 hs
Local: Livraria Nobel - Av. Alvim Bauer nº 250, sl. 04 - centro - Balneário Camburiú

Atividade: Cultura e lazer, exposição de livros, sugestão de roteiros de viagem, apresentações de danças do ventre e degustação de pastas e doces árabes
Organização: Instituto Amigos da Cultura
ramoniga@hotmail.com               http://www.amigosdaculturasc.com/

4) SÃO PAULO -  SÃO PAULO
Dia : 29 de Novembro de 2010
Hora: 19 hs
Local: sala Franco Montouro - Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo/SP

Atividade: Ato Político com convidados e autoridades, filme e poesias árabes
Organização: Frente em defesa do Povo Palestino
frentepalestinalivre@yahoogrupos.com.br

Dia: 4 de dezembro de 2010 - sábado
Horário: 16h
Local: Matilha Cultural - Rua Rego Freitas, 542

Atividade: Exibição dos filmes:
Ponto de Encontro (Encounter Point) - Direção: Júlia Bacha e Ronit Avni. Documentário, 85 min, 2008 e
Nós e os Outros (Selves and Others, A Portrait of Edward Said) - Direção: Emmanuele Hamon. Documentário, 54 min, 2003.
Haverá debate com a participação de companheiros que participaram do Fórum Mundial da Educação na Palestina
Realização: Núcleo de Estudos Edward Said - Instituto da Cultura Árabe, Oboré e Matilha
 Apoio: Frente em Defesa do Povo Palestino
contato@icarabe.org  

5 ) BELO HORIZONTE/MG 

Dia: 26 de novembro de 2010 - sexta-feira
Horário: 9h30
Local: Auditório do Instituto de Ciências Exatas - Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG
Atividade: Seminário de Solidariedade Internacional. Palestrante: Jadallah Safa - Comitê Democrático Palestino 
Coordenação: UJC e Casa da América Latina 

www.seminariodesolidariedadeinternacional.blogspot.com  

6)AÇÃO MIDIÁTICA 
Divulgação do balanço da maratona na Semana contra o muro e 
cobertura das atividades do dia 29 de novembro
Coordenação: Ciranda Internacional da Informação Independente e Movimento Palestina para Tod@s
 www.ciranda.net e www.palestinalivre.org
  

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Junte-se à maratona midiática anti-apartheid nos dias 12 e 13 de novembro


A “Semana anual contra o muro do apartheid” entra em ação de 9 a 16 de novembro. Ativistas palestinos e internacionais se mobilizarão mais uma vez e organizarão uma série de eventos ao redor do mundo.
A mobilização nas ruas se complementará com uma vertiginosa maratona midiática de 48 horas durante os dias 12 e 13 de novembro à qual todos os meios de comunicação estão convidados a se unir com cobertura ininterrupta dos atos e atividades da Semana.
O princípio da “Semana anual contra o muro do apartheid” coincide com a caída do Muro de Berlim, na mesma data, há 21 anos.
Hoje, Israel cria, com a construção do muro, um grande símbolo de mais de 700 km de opressão e racismo ao qual é preciso se colocar um fim. Assim, o mundo está convidado a mostrar sua solidariedade com o povo palestino para terminar com o apartheid, a colonização e a ocupação.
Durante a “Semana anual contra o muro do apartheid” haverá um calendário de eventos internacionais, nos quais os participantes se unirão para exigir o fim do muro e a impunidade israelense mediante a projeção de filmes, exposições fotográficas, conferências e debates. Para obter informações sobre essas atividades visite http://mediamarathon.stopthewall.net
 
Participe da maratona midiática
A maratona mediática é lançada pelo movimento Stop the Wall em cooperação com a Ciranda, Fórum Social de Rádios, WSFTV e outros meios de comunicação alternativos. O objetivo da ação é envolver ativistas de veículos internacionais para conscientizar o mundo sobre o muro de Israel e seus efeitos.
Todos os meios de comunicação estão convidados a se unirem a essas 48 horas de cobertura ininterruptas sobre o muro, o apartheid israelense, a resistência palestina e o Movimento Global de Boicote, Desinvestimento e Sanção contra o Estado sionista.
Esta maratona midiática é a primeira do gênero. O Movimento Stop the Wall faz uma chamada a jornalistas e emissoras de rádio e televisão em todo o mundo para que abracem essa oportunidade. Agora é o momento de mostrar que não pode haver paz até que a repressão e a ocupação seja finalizada. Para encontrar mais informações sobre a Semana contra o muro do apartheid, acesse: http://stopthewall.org/latestnews/2361.shtml
Veja como participar:
1) Escolha um período de tempo, durante as 48 horas da maratona (entre 12 de novembro 0h00 e 13 de novembro 23h59), no qual você oferecerá cobertura;
2) Comunique a Stop the Wall (Contato: gemma@stopthewall.org) que seu veículo está participando da maratona midiática para que assim seu conteúdo possa ser acrescentado às 48 horas de programação e publicado no site http://mediamarathon.stopthewall.net ;
3) Crie a sua programação. Solicita-se a cada veículo participante que contribua com, no mínimo, uma peça de cobertura que pode ser uma matéria, um programa de rádio ou um vídeo. Envie então o conteúdo ou o link para gemma@stopthewall.org ou bds@ciranda.net.  Visite http://mediamarathon.stopthewall.net.
4) Para criar sua cobertura utilize os recursos disponíveis em sua região. Há muita informação e material midiático disponíveis, principalmente na internet. O Stop the Wall também pode proporcionar uma grande variedade de recursos, incluindo vídeos e entrevistas de áudio. Visite http://stopthewall.org/latestnews/2393.shtml
5) A maratona midiática inclui o lançamento oficial de um processo de voto pela Internet de It is apartheid video contest - Isto é apartheid ( veja www.itisapartheid.tv). Anime sua audiência a se educar por meio da visualização de vídeos e a votar pelo melhor.
6) Consulte o kit para os meios de comunicação em http://stopthewall.org/latestnews/2393.shtml. Nesse endereço estão artigos, séries de vídeos e clipes de áudio sobre o muro, assentamentos, apartheid e o BDS. Use as séries de áudio onde se apresentam Jamal Juma, coordenador do Movimento Stop the Wall, e Faisal Hind, do Sindicato de Agricultores Palestinos em Qalquilia.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Uma história na Palestina 2

por Rafiqa Salam
Palestina, novembro 2010
comitepalestinasc@yahoo.vom.br

Depois de uma estada sob o sol escaldante em Ramallah, decidi ir para Saffa. Fugi do calor, mas não do inferno da ocupação.
Pior que os buracos das estradas em que podemos trafegar com a nossa placa verde, é ver de longe as autopistas israelenses, feito tapetes serpenteando as terras palestinas.
Cheguei em Saffa e o calor que me cercou foram os abraços fraternais dos palestinos que já tinham morado no Brasil! Isso mesmo, em Saffa, metade dos palestinos de lá já viveu no Brasil!
Muitas conversas e saudade de outros ares mais tranquilos, pois não deu para deixar de ver dois carros do exército israelense passarem nas ruas da tranquila Saffa só para marcar presença...
Como pode alguém que já morou no Brasil, que não enfrentou problemas com documentação e permanência, que pode escolher ter brasileiros como vizinhos, que conheceu e conviveu com o jeito alegre dos brasileiros, resolver voltar para a Palestina? Entre um café e outro chá, perguntei.
Eles olharam para mim e responderam: “Você quer respostas em palavras? Você com suas perguntas para entender o que o coração decide e não as palavras...”
Mas como aprendi com eles a ser persistente, repeti e emergiram doces palavras: “Meu pai fez tudo pela Palestina, fora daqui e aqui dentro. Nós trabalhamos juntos, lembra? Com todas aquelas dificuldades, defendíamos a Palestina livre e contávamos com a maravilhosa solidariedade do povo brasileiro. Mas sabíamos que um dia retornaríamos para cá, era o que meu pai queria. Ele chegou primeiro, em 1999, e eu vim logo depois, minha mãe ainda ficou no Brasil e estava fazendo a documentação para vir. Tanta vida, tanta luta, voltamos para cá, mas quando minha mãe conseguiu vir, meu pai já havia morrido... Então fiquei, casei, tenho três filhos, e essa é a minha casa, essa é a minha terra, esse é o meu país, daqui eu não saio e daqui ninguém me tira.” Fiquei emocionada, todo grande pai tem um grande filho. Tive o prazer de conhecer o pai dele no Brasil, sua família e seu filho, que hoje, um pouco antes da nossa conversa, recebeu, depois de nove anos, meus sentimentos pela morte de seu pai. Trabalhamos juntos na defesa da causa palestina em Porto Alegre, no final da década de 80, e depois em Santa Catarina, nos anos 90, até que em 1999, sempre firme, como tudo o que fez na vida, retornou para sua terra. Seu filho, logo depois, chegou e juntos conheceram o que sobrou da Palestina, como se fosse uma despedida, sem saber que logo a morte seria o que o afastaria de ver sua Palestina livre. E eu sentada ali, na frente daquele homem, hoje com 38 anos, com os filhos pulando em seu colo, sua esposa servindo chá, sua mãe lembrando de sua filha que ainda está no Brasil... Parecia, por um segundo, uma vida tranquila... até ele trazer uma foto... A casa do pai, a casa que foi de toda a família, hoje não existe mais... Só a foto. Mas antes que eu falasse qualquer coisa, ele, com orgulho, disse que aquela nova casa em que estávamos havia sido construída por ele! Falou-me de seu trabalho também, como pedreiro em Mevo Horon, em Israel, nem me arrisquei a perguntar o salário!
Mas uma questão me incomodava, então questionei por que ele quis voltar, se no Brasil eles tinham uma boa vida? A resposta não foi em palavras, pois vi em seus olhos o que o coração havia decidido: “Meu pai foi um grande militante, como um comandante na América Latina, e nos criou amando a nossa bandeira. Sempre quis voltar, para morar e morrer no país dele. Ele queria sua família reunida na Palestina. Nasci no Brasil, amo os brasileiros, mas eu sigo o desejo de meu pai. Hoje, eu continuo a fazer o trabalho que realizávamos, vou sempre continuar a lutar pela Palestina livre, mas escolhi o mais difícil: morar aqui e constituir uma família. Para mim, o cotidiano é revolucionário, educar meus filhos transmitindo o amor à terra que recebi é revolucionário e é muito difícil frente às privações que passamos... mas é lindo, fixar raízes, não tem nada no mundo que me faça sair daqui. Se eu sair daqui, minha casa vira um assentamento judaico. Posso retornar ao Brasil, para visitar, mas minha casa é aqui. Em respeito ao meu pai e a todos que permaneceram aqui, fico, para preparar a Palestina para os que virão!”
Depois de escutar esse canto que veio de dentro do coração, enxuguei minhas lágrimas e percebi que o calor de Ramallah não era nada, então voltei e vi que era suportável. Agora sei o que significa ficar na Palestina!

domingo, 7 de novembro de 2010

Uma história na Palestina

por Rafiqa Salam
 
Palestina, novembro 2010
 
Depois de uns dias na Palestina tentando entender por que o mundo disputa esse pedaço de terra, que tem apenas 27 mil km2 entre as lindas águas do mar Mediterrâneo e o Rio Jordão, comecei a conversar com um palestino. Fiquei intrigada com a certeza que aquele homem carregava em suas palavras, cercadas de emoção. Afirmava: “Oitenta e uma vezes, você sabia? Oitenta e uma vezes a Palestina foi invadida! E nós, palestinos, estamos aqui, não saímos e não desistimos, com tudo o que passamos e, agora, também vamos ficar e resistir, a Palestina é dos palestinos, sempre.”
Não pensei em relatar a força do exército israelense, o 4º exército mais poderoso do mundo, pois eu estava na frente de um homem que, aos 17 anos, entrou para a Organização pela Libertação da Palestina – OLP! Serviu como soldado, treinou como guerrilheiro, realizou trabalho civil e, forçado pela invasão sionista, viveu, ou melhor, sobreviveu como refugiado em países vizinhos, como o Kuwait, Líbia, Líbano, Jordânia...
Em 1995, finalmente, conseguiu voltar para a sua Palestina, mas não para a aldeia onde nasceu, essa ficou na lembrança, não uma lembrança tão doce, conta ele: “Com 11 anos, em 1967, meu irmão e eu saímos a pé, caminhamos, não só nós, minha família, muitos da aldeia, caminhamos muitos dias, até chegarmos na Jordânia, ficamos em campos de refugiados, por muito tempo pensava em minha aldeia, Akraba...”
Foi em Jericho a sua morada, por dez anos, num campo de refugiados, onde as casas são de material compensado e não é possível construir, nem aumentar, têm cerca de 50m2. Atualmente, um filho permanece nessa casa e tem mais 32 famílias nesse campo esperando um lugar para serem reassentadas, uma espera de mais de 15 anos... Não tive coragem de perguntar se seria logo ou poderia demorar mais... Hoje, ele, sua esposa e seu outro filho moram de aluguel em Betunnya, uma situação difícil, por causa do custo de vida, mas não tão alto quanto foi quase perder a vida ao ter que fugir do Kuwait depois da Guerra do Golfo em 1991, em que uma coalizão de 33 países, liderados pelos Estados Unidos, decidiu “proteger” o Kuwait do Iraque... Essa história nós já conhecemos... Conta ele: “Eu e mais quatro amigos estávamos dentro de um carro quando fomos atacados por bombas, fugimos pouco antes de acertarem o carro e ele explodiu! Não sobrou nada! Caminhamos 48 horas e entramos no Iraque, mas a nossa saga estava recém começando, fomos presos pelo exército britânico, que nos entregou para o exército da Arábia Saudita, e depois o exército americano tentou nos tirar da prisão passando por “Cruz Vermelha”. Mas, na verdade, queriam nos matar, fizemos greve de fome e, por fim, depois de 60 dias presos, um grupo de franceses da Cruz Vermelha reconheceu nossos passaportes jordanianos e nos levou até próximo à fronteira da Jordânia, nos deixou no deserto e tivemos que caminhar em direção àquele país. Conseguimos carona e entramos na Jordânia, pois desde o início da guerra nós saímos para ir ao encontro de nossas famílias que lá estavam; nossos passaportes eram jordanianos, mas eles achavam que éramos guerrilheiros da OLP...”
Percebendo a dor através de suas palavras, resgatei-o para o presente, perguntei sobre a Palestina hoje, como construir o estado palestino, e suas palavras estavam envoltas em um ânimo provocador, cobrando do mundo a obrigação de defender a Palestina. Através do apoio global ao processo de negociação com o Estado de Israel, perguntei, e sua resposta foi enfática: “As negociações só servem para mostrar ao mundo que Israel nada vai ceder, pois se eles quisessem acordo e respeitassem o direito palestino, já teriam reconhecido o estado palestino.” Fiquei muda, e ele continuou: “Uma árvore faz sombra para qualquer pessoa, ela deita embaixo de um pé de oliveira e tem sombra, essa é a história do povo palestino! Esse lugar é abençoado, três religiões nasceram aqui, mas agora as coisas são diferentes, aqui tem escola que um palestino não pode estudar, apenas judeu, tem estradas que carros árabes não podem transitar, só quem tem placa amarela, eu tenho uma carteira de identidade verde que me limita de circular apenas em algumas cidades e não posso entrar na área de 1948, e minha carteira de identidade tem um número que me diferencia, eles criaram uma série para aqueles que foram membros da OLP. Então, se quiserem nos prender, passam a série num checkpoint e, pelo número, somos identificados!” Depois desse relato,  como perguntar se ele acredita na construção do estado palestino, na Palestina livre? Meio sem graça, acabei perguntando, então ele respondeu, com as palavras que iniciou essa conversa: “Oitenta e uma vezes, você sabia? Oitenta e uma vezes a Palestina foi invadida! E nós, palestinos, estamos aqui, não saímos e não desistimos, com tudo o que passamos. E agora, também vamos ficar e resistir, a Palestina é dos palestinos, sempre. Você não liberta uma cidade de um invasor apenas com um buquê de flores! Através de negociações e de outras formas e, principalmente, com o fim do apoio dos países europeus e dos Estados Unidos para a construção de assentamentos judaicos, é possível a construção do estado palestino”. Agradeci, entusiasmada com a  persistência palestina!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Na fila de um check-point

domingo 31 de outubro de 2010, por Soraya Misleh

Com estradas exclusivas para israelenses e caminhos tortuosos para palestinos, não é fácil percorrer os caminhos da educação. Nós também fomos paradas lá.


Foto: Hilde Stephansen, check point visto de longe, já que não é permitido fotografar no local

Logo no primeiro dia do Fórum Mundial da Educação (28), após a marcha, eu e Hilde Stephansen, que estamos participando da cobertura do encontro pela Ciranda, vivemos um constrangimento que os palestinos e palestinas enfrentam diariamente.

Tentando nos deslocar de Ramallah a Jerusalém para acompanhar a coletiva de imprensa inaugural do encontro, conseguimos uma carona até um checkpoint. Não havia outro jeito senão passar a barreira a pé para pegar um taxi. Em várias portões era visível a segregacao que predomina no local. Nas filas, palestinos/as aguardavam permissão para ir a Jerusalém, cumprindo seu cotidiano sob humilhação e opressão.

Para passar, as pessoas enfrentavam as revistas feitas aos gritos. Alguns, mesmo tendo autorização para esse trajeto - que nem todos os habitantes podem fazer - eram proibidos de seguir em frente, seja para trabalhar, estudar, visitar familiares. Ali, o direito de ir e vir livremente é negado o tempo todo. Ficamos na fila até que não havia mais tempo de alcançar nossos compromissos. Como era o caso também daquelas pessoas.

A cena choca, ainda mais se pensarmos que o mundo já sabe que o apartheid é regra na Palestina ocupada. Há inúmeros observadores internacionais circulando no território e essas imagens não são novidade. O muro é símbolo mundial dessa opressao. Apesar disso, os palestinos não perdem sua alegria e receptividade e resistem das mais diversas formas .

No Fórum que debate a educação na Palestina, fica claro que resistir é também ir à escola para estudar ou dar aulas. Em Hebron, por exemplo, a drástica ocupação de inúmeros assentamentos em que vivem mais de 400 colonos, é mantida também por 160 cameras de vigilância espalhadas e 1.500 soldados israelenses. As crianças e professores/as palestinas são obrigadas a percorrer 12 quilometros diariamente para chegar à escola. Fariam o caminho em poucos minutos, se não fossem proibidas de andar por suas próprias ruas, transformadas em áreas sob controle militar.

Ao ver e vivenciar essas cenas de segregação, participantes do Fórum Mundial de Educação da Palestina consideram urgente que o mundo se engaje fortemente em campanhas pelos diretos palestinos, como as propostas de boicotes a produtos israelenses, iniciativas pelo direito à educacao e movimentos contra o muro do apartheid.

Em workshops e momentos informais pudemos ouvir e conversar sobre a Semana BDS, de Boicote, Não Investimento e Sanções à empresas, instituições e universidades que apoiam a ocupação. Marcada para 9 a 16 de Novembro, a atividade será globalizada, com iniciativas em todos os continentes

Para nós, da imprensa alternativa, ha o desafio de cobrir essas ações de modo minimamente coordenado, para que as notícias da Semana BDS circulem entre movimentos sociais e organizações da sociedade civil que não encontram essas informações na grande imprensa.

Entre os dias 12 e 13 de novembro próximo começa a maratona midiática sobre o BDS no mundo, convocada pela rede Stop the Wall, da qual a Ciranda participa junto com outras iniciativas compartilhadas de comunicação.

Palestina: mulheres educam para a resistência

domingo 31 de outubro de 2010, por Soraya Misleh

Reagindo ao currículo imposto pela ocupação, feministas ensinam as crianças sobre sua terra e identidade e criam creches para as mães que trabalham


Foto de Hilde Stephanse: cartaz levado por mulheres durante a Marcha de Abertura do FME-Palestina

Com 21 escolas infantis em diferentes vilas palestinas, incluindo três em Gaza, o Comitê de Mulheres da Palestina procura garantir o direito a uma educação de qualidade e um outro ensino possível frente a ocupação sionista. A explicação foi dada por Nadia Tmez, membro da organização, que participa do Forum Mundial da Educacao com diversas atividades. O evento termina hoje (31).

Nadia explica que até 1994 todas as escolas na Palestina estavam ocupadas, o que significa dizer que os currículos oficiais eram ditados pelo Estado de Israel. Com isso, partes importantes da historia não eram contadas.

Apesar de atualmente a ANP (Autoridade Nacional Palestina) ser a responsável pela educação, não há autonomia de fato. Houve mudanças, mas o ensino tradicional ainda é imposto. "Algumas coisas nao podem ser colocadas em salas de aula", assevera Hitham Saafin, presidente do comitê. Mudar isso para ensinar as crianças sobre sua terra e identidade é o desafio da organização. "Queremos transformar o pensamento e, assim, a realidade." O que nao é tarefa fácil em uma terra ocupada.

O comitê foi invadido pelas forças de Israel diversas vezes e está impedido de visitar as escolas que mantém em Gaza desde 2000. Atualmente, mil meninos e meninas de zero a seis anos de idade são atendidas/os pelo programa. São 60 professoras/es.

Segundo Nadia, as famílias que podem pagam 100 dolares por ano, as outras não precisam contribuir. A organização conta com muitas voluntárias e ajuda financeira de entidades internacionais.

Além do desafio de formar crianças para enfrentar a ocupação, o comitê busca, através desse programa, garantir que as mulheres que trabalham fora tenham locais para deixarem seus filhos em segurança por período integral. "Muitas mulheres precisam trabalhar, porque os homens são presos", destaca Khitam.

O comite busca orientar as famílias para uma outra forma de pensar, sem sexismo, mas com direitos iguais. "Queremos uma Palestina independente, laica e democrática para todos", conclui a dirigente.