Excelentíssimo Senhor Presidente da República Federativa do Brasil,
O mundo inteiro assistiu estarrecido e indignado à criminosa agressão de Israel ao povo palestino, povo ao qual o estado ocupante nega o direito à existência, impondo-lhe pela força das armas a condição de cativeiro para fins de extermínio. Hoje, a humanidade tem consciência de que Gaza é um Gueto, o maior do planeta.
Durante 22 dias, o sanguinário exército nazi-sionista despejou toneladas de bombas sob casas, mesquitas, escolas, incluindo a Universidade de Gaza, e hospitais, reduzindo a escombros a infra-estrutura pública: 4 mil casas destruídas, outras 17 mil parcialmente atingidas, 51 mil pessoas sem teto, 400 mil sem água potável. Calcula-se em meia década o tempo para reconstruir tudo que foi posto abaixo. O saldo provisório da matança passa de 1300 mortos e 5500 feridos (muitos mutilados para sempre). Entre as vítimas fatais, contam-se mais de 100 mulheres e mais de 400 crianças assassinadas. Definitivamente, isso não foi uma Guerra, em que dois exércitos se enfrentam em pé de igualdade. O que vimos nessas três semanas de terror foi um genocídio.
Na denominada "terceira fase" da ofensiva, o Estado sionista golpeou por terra, ar e mar a população civil, que não encontrou refúgio nem nos edifícios dos organismos da ONU, que foi quatro vezes bombardeada. Duas escolas mantidas por ela foram alvejadas, causando a morte de 42 crianças. Foram igualmente atacadas as instalações da ONU responsáveis pela centralização do recebimento de ajuda humanitária, incluindo as doações do governo brasileiro. Bombas de Fósforo Branco, proibidas por convenções internacionais, destruíram toneladas de remédios e alimentos destinados às desesperadas famílias palestinas, que sofriam e ainda sofrem com a morte, as seqüelas físicas e psicológicas, a perda de entes queridos, a fome, a sede e o frio. Os incêndios não puderam ser controlados porque o fósforo branco queima e propaga-se até que tudo vire carvão, incluindo o corpo humano. Dias antes, o agressor abrira fogo contra os caminhões carregados de toneladas de alimentos doados pelo movimento de solidariedade internacional, assassinando funcionários da ONU.
As ambulâncias e o serviço médico não escaparam da bestialidade, sendo constantemente alvejados quando prestavam socorro às vítimas dos bombardeios, dos obuses dos tanques e da metralha. Os jornalistas que trabalhavam, apesar da proibição de Israel, e cobriam os horrores dessa guerra suja, tiveram seu prédio arrasado. Dois deles foram feridos. Nesse mesmo dia, Israel destruiu um hospital que alojara 100 feridos, matando e ferindo a torto e a direito. O pessoal da equipe médica também foi vitimado. Em vários pontos do Gueto de Gaza, os israelitas trancafiaram famílias assustadas em uma única casa, sob ordens de ali ficarem. Em curto espaço de tempo, quando os soldados se afastavam, as casas eram bombardeadas e destruídas, deixando pouquíssimos sobreviventes, testemunhas dessa guerra suja, do genocídio, do Holocausto. Impossível não recordar as façanhas nazistas contra a população na União Soviética e em outros territórios ocupados durante a II Guerra Mundial!
Israel não tem limites! Sua política imperialista e genocida encontra na cumplicidade da União Européia e no apoio direto dos EUA o respaldo para perpetuar o holocausto dos palestinos e a apropriação das suas terras. Os palestinos foram expulsos de suas terras e usurpados do direito de eleger seus representantes. O espantalho do terrorismo, criação de Israel, não passa de justificativa para o seu extermínio. Israel não cumpre nenhuma Resolução da ONU há mais de 60 anos, não se submete às decisões dos tribunais internacionais, legalizou a tortura de prisioneiros (milhares, incluindo mulheres e crianças), possui 400 ogivas nucleares e um dos mais poderosos exércitos do planeta.
Depois de 22 dias, em evidente articulação com seus tutores de Washington, Israel anuncia um cessar fogo unilateral, reservando-se, entretanto, o direito de recomeçar por onde parou, ao seu bel prazer. Um cessar-fogo que ainda não garante a retirada completa de Gaza, a reabertura de todas as fronteiras e o fim do bloqueio. Como a Alemanha hitlerista, Israel não tem limites! Até quando?
Senhor Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não podemos compactuar com semelhante crime contra a humanidade. O governo brasileiro deve romper relações diplomáticas com o Estado nazi-sionista de Israel, exigindo, ao mesmo, tempo, que a ONU promova a responsabilização e punição dos governantes e chefes militares israelitas, culpados por crimes de guerra contra a população palestina. Deve exigir, incondicionalmente, a suspensão imediata do hediondo bloqueio imposto por Israel a Gaza. Na mesma linha, exortamos para que cancele sua programada visita a Tel Aviv.
Essa é a única resposta digna que o povo brasileiro espera do seu governo após os fatos históricos que a mídia sionista e manipuladora não conseguiu esconder do mundo: um novo Holocausto.
Comitê de Solidariedade à Luta do Povo Palestino do Rio de Janeiro
23/01/2009
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