quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

CONSIDERAÇÕES DE LATUFF SOBRE O MASSACRE EM GAZAO


O mito da invulnerabilidade israelense tem caído por terra desde 1973, com a guerra do Yon Kippur, e durante os 15 anos de guerra civil libanesa, tido como o "Vietnã" de Israel, que teve de se retirar do sul do Líbano em 2000, onde suas tropas eram fustigadas dia e noite pela guerra de guerrilhasdo Hezbollah. Em 2006 o regime de Ehud Olmert, prometeu eliminar o grupo guerrilheiro, despejou toneladas de bombas nos subúrbios de Beirute, matou mais de 1.200 pessoas (a maioria civis), mas o Hezbollah continua lá até hoje, firme e forte, e com mais apoio popular. No final de 2008, o mesmo Olmert ordenou um brutal ataque a Faixa de Gaza, que até agora matou 1300 palestinos (a maioria civis), deixou uma população de 1 milhão e meio de almas sem infraestrutura básica, continua bloqueando a região por mar, terra e ar, e o Hamas continua lá, dá declarações a imprensa internacional e ainda consegue disparar seus foguetes de fundo de quintal.
Olmert tem conhecimento dos limites de ações militares convencionais contra organizações guerrilheiras. Nem todo o napalm do mundo conseguiu liquidar os vietcongues, assim como não serão as bombas de fragmentação e de fósforo branco que vão eliminar o Hamas. Israel apostana estratégia de infligir o maior sofrimento possível a população civil, na esperança de que esta se volte contra seus líderes. Esta tática provou-se inútil no Líbano, e certamente, não funcionará em Gaza, até porque, o Hamas não tomou o poder e sim foi eleito pelo voto em 2005, seguindo todas as regras tidas como democráticas pelo Ocidente. Estes ataques conseguirão,isso sim, engrossar as fileiras do grupo islâmico, onde muitos irão buscar a chance de vingar seus pais, filhos, parentes e amigos assassinados pelas bombas israelenses.
Na verdade, em época de eleições legislativas em Israel, Ehud Olmert, sua ministra de relações exteriores Tzipi Livni, e seu secretário de defesa Ehud Barak, sabem que bombas se traduzem em votos. Esperam ser bem recompensados nas urnas pela opinião pública israelense, cega pela histeria nacionalista e sedenta de sangue.
Mas Israel tem tido cada vez mais dificuldades em justificar suas ações criminosas perante o mundo. O próprio presidente de Israel, Shimon Peres, prêmio Nobel da paz (!) em 1994, já jogou a toalha. Disse não estar mais preocupado com a imagem do país lá fora. É que o depósito de desculpas esfarrapadas já está no fim, eos crimes de guerra de Israel ficam cada vez mais evidentes.Nem mesmo a imprensa burguesa tem conseguido mascarar as imagens de crianças palestinas retiradas aos pedaços de suas residências reduzidas a escombros pela artilhariaisraelense (lembrar que a Guerra do Vietnã perdeu apoio da sociedade estaduniense graças as terríveis imagens exibidas pela mídia). Israel alega que o Hamas tem usado a população palestina como escudo humano, mas pede desculpas a Ban Ki-moon por ter bombardeado uma escola daONU. Aliás, que argumentos podem haver para explodir escolas, hospitais, depósitos de alimentos? E porque bloquear o acesso de jornalistas estrangeiros ao teatro de operações, se as ações de Israel são tidas como justas? A propaganda israelense já não tem a mesma eficiência de 20 anos atrás.Nestes 10 anos desenhando em favor da Palestina, nunca tinha visto manifestações tão grandes e em tão grande número mundo afora contra o massacre em Gaza. Como simples exemplo, te mostro parte da repercussão de minhas charges, reproduzidas por manifestantes nos quatro cantos do

planeta:http://mariafro.blogspot.com/2009/01/latuff-inspirando-os-manifestantes.html
Comparado a outros massacres promovidos pelos estado de Israel, esse em particular conseguiu mobilizar centenas de milhares de pessoas em diversos países, coisa que testemunhei pela última vez nos protestos contra a ocupação estadunidense no Iraque. Isso demonstra que odrama palestino vem comovendo cada vez mais a opinião pública mundial. São 60 anos da criação forçada de Israel, e para a História, 60 anos é bem pouco tempo. Só o sofrimento dos escravos africanos, por exemplo, durou 4 séculos! Por isso tenho a nítida percepção de que o drama palestino acabará cedo ou tarde, não pela mera decisão dos sanguinários dirigentes israelitas, mas pelavontade do povo palestino, que ao longo destas cinco décadas não se dobrou pelas bombas, balas e arame farpado.
Ensaios ilustrados sobre as ferrovias brasileiras
http://ferroviasdobrasil.blogspot.com/

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