quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Porque a Síria não cairá: A derrota esmagadora do chamado "Exército Sírio Livre"



por Ghaleb Kandil
Cartoon de Pluma y Fusil.

A fim de entender os desenvolvimentos da situação, é importante também analisar o  estado de espírito do povo sírio. Sem apoio popular real – o que naturalmente é ignorado pelos mídias ocidentais – o presidente Bashar al-Assad e seu exército não teriam sido capazes de resistir e deter este ataque. Este apoio popular deve-se a três factores. Em primeiro lugar, a maioria dos sírios está consciente do fato de que o seu país é alvejado por uma trama que pretende subjugar a Síria e incluí-la no campo imperialista ocidental e consequentemente removê-la de todas as equações regionais, pois sabe que durante estas últimas quatro décadas a Síria esteve no cerne dos equilíbrios de poder que nada podia ser feito no Médio Oriente sem o seu conhecimento e participação. Estes amplos segmentos populares são apegados à autonomia política do seu país e estão desejosos de defendê-la, o que explicaria porque milhares de jovens estão voluntariamente a aderir às fileiras do Exército. 
Por outro lado, os peritos acreditam que vinte por cento da população – aqueles que em algum momento simpatizaram com a oposição – descobriram a cara real dos extremistas que multiplicam as suas selvajarias nas regiões sob o seu controle (violações, execuções, massacres, pilhagens, ...). À luz desta transformação que afeta o estado de espírito popular, especialmente nas áreas rurais onde o povo está farto, o estado sírio estabeleceu meios de comunicação discretos que permitem à população informar o exército acerca da presença de terroristas, o que explicaria como e porque durante estas últimas semanas as unidades especiais e a sua força aérea foram capazes de executar com êxito ataques bem concebidos contra as bases das gangs armadas. 
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Os desenvolvimentos recentes na Síria revelaram uma série de sinais importantes, os quais terão repercussões decisivas no curso da guerra global conduzida pelos Estados Unidos para destruir este país. Ao contrário das informações e impressões dos estrategas americanos e seus aliados europeus, assim como dos seus cúmplices árabes – tal como transmitido por centenas de medias empenhados na batalha – os esquadrões da morte, mercenários e grupos Takfiri introduzidos na Síria a partir de todas as partes do mundo sofreram uma derrota esmagadora ao nível das batalhas. No entanto, os responsáveis turcos e seus aliados qataris e sauditas prometeram – como já haviam feito no ano passado durante o mesmo período – que o mês do Ramadão testemunhará a queda do regime resistente na Síria. Estas ilusões entraram novamente em colapso no campo de batalha onde as gangs armadas sofreram baixas de milhares de mortos, feridos e detidos. 

Na verdade, o ataque abrangente lançados pelos extremistas contra Damasco acabaram – mesmo com o reconhecimento dos medias ocidentais – com perdas maciças. Portanto, a força que incluía mercenários locais e jihadistas de toda a parte do mundo foi aniquilada completamente pelo exército sírio que está a perseguir os remanescentes nos arredores da capital. Em consequência, foram confiscadas toneladas de armas e a pesada infraestrutura dos grupos armados foi desmantelada e destruída, o que exigirá meses para reconstruir se os grupos armados alguma vez forem capazes de fazê-lo.

O resultado da batalha de Alepo, por outro lado, já pode ser antecipado pois os extremistas estão a cair aos milhares face ao progresso metódico do exército que foi capaz de cortar completamente as linhas de abastecimento dos mercenários que vinham dos campos de treino dirigidos pela CIA na Turquia. Consequentemente, as gangs armadas já não podem mais receber reforços sem terem de pagar um pesado preço. Pois os seus comboios 4x4, que estão esquipados com artilharia pesada e lhes foram oferecidos pelos seus patrocinadores regionais, estão a mover-se sob o fogo dos helicópteros e aviões do exército e a caírem nas emboscadas montadas pela forças de elite que se  infiltraram nas linhas inimigas.

Segundo peritos, um terço dos grupos extremistas são compostos por jihadistas que vieram do Magrebe árabe, da Líbia, do Golfo, Afeganistão, Paquistão e Chechénia. Neste nível, o chefe de nacionalidade francesa da European Union Intelligence, Patrice Bergamini, reconheceu numa entrevista ao diário libanês Al-Akhabar, na sexta-feira 17 de Agosto, o papel importante desempenhado pelos jihadistas no conflito sírio, enfatizando que o público ocidental agora estava consciente da ameaça que representavam. É claro que a limpeza pelo Exército sírio da cidade de Alepo e sua zona rural é agora uma mera questão de tempo.

A derrota esmagadora sofrida pelos gangs armados por toda a Síria revela que o Exército Árabe Sírio, que foi construído sobre sólidas bases ideológicas, retirou rapidamente as lições da guerra e desenvolveu estratégias de contra-guerrilha urbana e rural, as quais lhe permitiram atingir os extremistas apesar dos maciços meios militares, materiais, financeiros e de mídia que lhes foram generosamente oferecidos pela coligação de dúzias de países, sem esquecer as sanções adoptadas contra o povo e o estado sírio fora do contexto das Nações Unidas.

A fim de entender os desenvolvimentos da situação, é importante também analisar o estado de espírito do povo sírio. Sem apoio popular real – o que naturalmente é ignorado pelos mídias ocidentais – o presidente Bashar al-Assad e seu exército não teriam sido capazes de resistir e deter este ataque. Este apoio popular deve-se a três factores. Em primeiro lugar, a maioria dos sírios está consciente do fato de que o seu país é alvejado por uma trama que pretende subjugar a Síria e incluí-la no campo imperialista ocidental e consequentemente removê-la de todas as equações regionais, pois sabe que durante estas últimas quatro décadas a Síria esteve no cerne dos equilíbrios de poder que nada podia ser feito no Médio Oriente sem o seu conhecimento e participação. Estes amplos segmentos populares são apegados à autonomia política do seu país e estão desejosos de defendê-la, o que explicaria porque milhares de jovens estão voluntariamente a aderir às fileiras do Exército.

Por outro lado, os peritos acreditam que vinte por cento da população – aqueles que em algum momento simpatizaram com a oposição – descobriram a cara real dos extremistas que multiplicam as suas selvajarias nas regiões sob o seu controle (violações, execuções, massacres, pilhagens, ...). À luz desta transformação que afeta o estado de espírito popular, especialmente nas áreas rurais onde o povo está farto, o estado sírio estabeleceu meios de comunicação discretos que permitem à população informar o exército acerca da presença de terroristas, o que explicaria como e porque durante estas últimas semanas as unidades especiais e a sua força aérea foram capazes de executar com êxito ataques bem concebidos contra as bases das gangs armadas.

Paralelamente a todos os desenvolvimentos no terreno, os aliados regionais e internacionais de Damasco estão a mostrar contenção e a desenvolver iniciativas políticas e diplomáticas a fim de evitar deixar a arena aberta diante dos ocidentais. A este nível, o êxito da reunião em Teerão entre trinta países, incluindo China, Índia, Rússia, nove países árabes e estados da América da Latina e África do Sul, transmite este novo equilíbrio de poder. A formação deste grupo constituiu uma forte mensagem aos ocidentais e põe seriamente em perigo o seu projecto de estabelecer – fora do contexto das Nações Unidas – uma zona de interdição de voo na parte Norte da Síria. Os últimos meses de 2012 serão decisivos ao nível da emergência de novos equilíbrios regionais e internacionais e na formulação de uma nova imagem a partir de Damasco, graças à vitória do estado nacional sírio na guerra global contra ele conduzida.

Desenvolvimentos rápidos

Até as eleições presidenciais americanas, as quais serão no princípio de Novembro, os desenvolvimentos sírios internos, regionais e internacionais tornar-se-ão mais rápidos do que antes. Obviamente, a intervenção militar estrangeira, quer de dentro ou de fora do Conselho de Segurança, está fora de cogitação, se bem que as sanções tenham atingido os seus níveis mais altos enquanto o Capítulo VII está a ser impedido pelo direito de veto. A seguir às eleições presidenciais americanas, veremos a materialização das linhas políticas principais que afetarão a máquina militar utilizada do outro lado da fronteira e de dentro do território sírio.

Portanto, nessa altura deveria haver ou um reconhecimento da impossibilidade de introduzir mudança ao nível da geografia e do papel da Síria o que deveria induzir preparações para negociações sérias e para soluções políticas – que são rejeitadas pelos americanos, os quais recusam-se a responder ao convite envido pela Rússia para encontrarem-se – ou sustentar a aliança guerreira e a mobilização do estado de hostilidade a partir de todas as direcções, isto é, desde a conferência de Meca até a visita do ministro dos Estrangeiros francês a estados vizinhos da Síria para reunir tantas cartas de pressão quanto possível.

Não haverá zonas tampão (buffer zones) nem embargos aéreos, antes esforços para isolar completamente certas regiões fronteiriças do controle do estado a fim de testar as oportunidades para estabelecer mini-estados, semelhantes àqueles estabelecidos por Saad Haddad e Antoine Lahd sob tutela israelense no Sul do Líbano. A este nível, a aposta está na zona rural de Alepo na qual todos aqueles que vendem a sua honra entre os dissidentes serão introduzidos a seguir aos preparativos em Doha, Riyadh e Aman para dar legitimidade formal ao projecto de divisão.

Por outro lado, Lakhdar Brahimi foi nomeado enviado e mediador para a solução política e a missão de observadores foi finalizada a fim de preparar a arena para todas as possibilidades. Brahimi portanto passará tempo em excursões antes de ser adoptada uma decisão, enquanto a Síria fortalece-se com o seu exército e o povo, preparando – a começar por Alepo e sua zona rural – o rumo da mudança futura.
25/Agosto/2012
O original (em árabe) encontra-se em New Orient Center for Strategic Policies e a versão em inglês em
http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=32490


Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
27/Ago/12 

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Planos de guerra de Israel para atacar o Irã "antes das eleições nos EUA"


A noção de que Israel poderia actuar sozinho e contra os interesses dos EUA faz parte de uma campanha de desinformação subtil. Há uma antiga prática de politica de Washington de encorajar seus aliados próximos a darem o primeiro passo na direcção da guerra, com o Pentágono a puxar os pauzinhos nos bastidores.
Não tenhamos ilusão, os planos de guerra contra o Irã, os quais têm estado nos bastidores  do Pentágono desde 2003, são estabelecidos aos mais altos níveis em consulta e coordenação com Tel Aviv e a sede da NATO em Bruxelas. 
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Míssil Shahab.
por Michel Chossudovsky

O Canal 10 de Israel sugere, violentamente, que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu está "determinado a atacar o Irã antes das eleições nos Estados Unidos" e que o "momento para a ação está ficando mais próximo". "Israel está agora "mais próxima do que nunca de um assalto destinado a aniquilar a iniciativa nuclear do Irã". 

A reportagem neste momento sugere que Netanyahu e o ministro da Defesa Ehud Barak acreditam firmemente que o presidente Obama "não teria outra escolha senão dar apoio a um ataque israelense" [se] fosse travado antes das eleições presidenciais de Novembro.
O repórter militar da estação de TV, Alon Ben-David, ao qual no princípio deste ano foi dado acesso vasto à Força Aérea de Israel quando esta treinava para um possível ataque, relatou que, uma vez que as sanções agravadas contra o Irã deixaram de obrigar a uma suspensão do programa nuclear iraniano nos últimos dois meses, "do ponto de vista do primeiro-ministro, o momento para a acção está ficando mais próximo".

Perguntado pelo âncora do noticiário na reportagem da TV em língua hebraica sobre quão próximo estava agora Israel de "uma decisão e talvez um ataque", Ben-David disse: "Parece que estamos mais próximos do que nunca".

Parece que, disse ele, Netanyahu não estava à espera de uma muita discutida possível reunião com o presidente Barack Obama, após a Assembleia-Geral da ONU em Nova York no próximo mês – na verdade, "não está claro que haverá uma reunião". Em qualquer caso, disse Ben-David, "duvido que Obama pudesse dizer qualquer coisa que convencesse Netanyahu a atrasar um possível ataque".

Há considerável oposição a um assalto israelense a instalações nucleares do Irã, observou a reportagem – com o presidente Shimon Peres, o chefe do Estado Maior Geral do Exército e generais de alta patente, a comunidade de inteligência, o líder da oposição Shaul Mofaz, "e naturalmente os americanos", todos alinhados contra uma ação israelense nesta fase.

Mas, observou Ben-David, é o governo israelense que terá de tomar a decisão e aí Netanyahu está "quase garantido" com uma maioria. Outros medias hebraicos na terça-feira informaram também que Netanyahu enviou um alto responsável, o Conselheiro de Segurança Nacional Yaakov Amidror, para atualizar o idoso líder espiritual do Shas, o ultra-ortodoxo partido da coligação, Rabbi Ovadia Yosef, sobre o estado do programa nuclear iraniano, a fim de tentar ganhar o apoio dos ministros do Shas no governo para um ataque ( Times of Israel , ênfase acrescentada).
Numa reportagem anterior, Richard Silverstein apresenta pormenor de um documento militar vazado (traduzido do hebraico) que esboça a natureza do proposto "ataque de pavor e choque" ao Irã proposto por Netanyahu:
O ataque israelense será aberto com um assalto coordenado, incluindo um ciber-ataque sem precedente que paralisará totalmente o regime iraniano e a sua capacidade de saber o que está a acontecer dentro das suas fronteiras. A internet, telefones, rádio e televisão, satélites de comunicação e cabos de fibra óptica que conduzem a instalações críticas – incluindo as bases de mísseis em Khorramabad e Isfahan – serão postos fora de ação. A rede elétrica por todo o Irã será paralisada e as subestações com transformadores absorverão danos severos das munições de fibra de carbono as quais são mais finas do que um cabelo humano, provocando curto-circuitos elétricos cuja reparação exige a sua remoção total. Isto seria um trabalho de Sísifo considerando as munições de estilhaçamento (cluster) que seriam lançadas, algumas com retardadores de tempo e algumas ativadas remotamente através da utilização de um sinal de satélite.
Uma barragem de dezenas de mísseis balísticos seria lançada de Israel em direção ao Irã
Mísseis balísticos com alcance de 300 km seriam lançados de submarinos israelenses nas vizinhanças do Golfo Pérsico. Os mísseis não seriam armados com ogivas não convencionais [WMD], mas sim com munições de alto poder explosivo equipadas com pontas reforçadas destinadas especialmente a penetrar alvos endurecidos. 
Os mísseis atingirão seus alvos – alguns explodindo acima do solo como aqueles que atacaram o reactor nuclear em Arak – o qual é destinado a produzir plutónio e trítio – e a instalação vizinha para a produção de água pesada; as instalações para a produção de combustível nuclear em Isfahan e as instalações para enriquecer hexafluoreto de urânio. Outros explodiriam abaixo do solo, como na instalação Fordo.

Uma barragem de centenas de mísseis de cruzeiro aniquilará sistema de comando e controle, instalações de investigação e desenvolvimento e as residências de pessoal sénior no aparelho de desenvolvimento nuclear e de mísseis. A inteligência reunida ao longo de anos será utilizada para decapitar completamente as fileiras dos profissionais e dos comandos do Irã nestes campos.

Após a primeira onda de ataques, a qual será seguida pela segunda, o satélite radar "Blue and White", cujos sistemas capacitam-no a efectuar uma avaliação do nível de dano feito aos vários alvos, passará sobre o Irã. Só depois de descriptar rapidamente os dados do satélite, a informação será transferida diretamente para aviões de guerra a dirigirem-se encobertamente rumo ao Irã. Estes aviões da FAI serão armados com dispositivos eletrónicos de guerra anteriormente desconhecidos do público mais vasto, nem mesmo revelado ao nosso aliado estado-unidense. Este equipamento tornará os aviões israelenses invisíveis. Aqueles aviões israelenses que participam no ataquem danificarão uma lista curta de alvos que exigem um novo assalto.

Dentre os alvos aprovados para ataque estão: silos de mísseis balísticos Shihab 3 e Sejil, tanques de armazenagem de componentes químicos de combustíveis para foguetes, instalações industriais para produzir sistemas de controle de mísseis, fábricas de produção centrífuga e mais.
Richard Silverstein sublinha o fato de que há considerável oposição ao plano de Netanyahu-Barak para bombardear o Irã.

Será que esta oposição israelense prevalecerá se Netanyahu e seu ministro da Defesa tomassem a decisão de executar um plano de ataque?
Será Netanyahu um político dos EUA por procuração? 

Quem está a apoiar Netanyahu? Há poderosos interesses econômicos nos EUA que estão a favor de um ataque ao Irã.

Será isto um projeto de guerra israelense ou é o primeiro-ministro de Israel um procurador dos EUA a atuar por conta do Pentágono?

O que acontece se Netanyahu der a ordem para atacar? Será que esta ordem será executada pelo alto comando de Israel apesar da vasta oposição dentro das Forças Armadas de Israel?

A questão não é se Washington dará um sinal verde a Israel antes das eleições nos Estados Unidos como transmitido pelos medias  israelenses.

A questão fundamental desdobra-se em duas: 


1. Quem ao nível político decide acerca do lançamento desta guerra? Washington ou Tel Aviv?

2. Quem em última análise decide – em termos de comando e controle militar – por em execução um teatro de guerra em grande escala no Médio Oriente: Washington ou Tel Aviv?

Israel é de facto um posto militar avançado dos EUA 
no Médio Oriente


As estruturas de comando estado-unidense e israelense estão integradas, com consultas estreitas entre o Pentágono e o Ministério da Defesa de Israel. Como informado em Janeiro último, um grande número de soldados dos EUA estão estacionados em Israel. Jogos de guerra conjuntos entre os EUA e Israel também estão contemplados.

Planos de guerra EUA-Israel-OTAN  contra o Irã têm estado em andamento desde 2003 incluindo a instalação e acumulação de sistemas de armas avançados.

As reportagens dos medias  israelense são enganosas. Israel não pode sob quaisquer circunstância travar uma guerra contra o Irão sem o apoio militar dos EUA e da OTAN.

Sistemas de armas avançadas foram instalados. Os EUA e Forças Especiais aliadas bem como operacionais de inteligência já estão no terreno dentro do Irã. Drones militares dos EUA estão envolvidos em actividades de espionagem e reconhecimento.

Bomba nuclear B61.



Bombas nucleares táticas B61 contra casamatas ( Bunker buster B61 ) destinam-se a serem utilizadas contra o Irão em retaliação pelo seu alegado programa de armas nucleares.
As ações militares contra o Irão são coordenadas 

com aquelas relativas à Síria. 

Do que estamos a tratar é de uma agenda militar global, centralizada e coordenada pelo US Strategic Command ( USSTRATCOM ) envolvendo logística complexa, ligação com várias entidades militares e de inteligência. Em 2005, o USSTRATCOM foi identificado como "o principal Comando Combatente para integração e sincronização dos vastos esforços do Departamento da Defesa no combate a armas de destruição em massa". Esta integração do Comando Combatente também incluía coordenação com aliados da América incluindo a OTAN, Israel e um certo número de estados árabes da linha de frente, os quais são membros do diálogo Mediterrâneo da OTAN.

Neste contexto mais vasto da guerra imperial coordenada pelo USSTRATCOM em ligação com o US Central Command ( USCENTCOM ), o plano de ataque de Netanyahu contra o Irã induz a ilusão de que Tel Aviv ao invés de Washington decide acerca de travar uma guerra contra o Irã.

As reportagens dos medias israelenses mencionadas acima transmitem a impressão de que Netanyahu e o ministro da Defesa Ehud Barak estão em posição de actuar independentemente de Washington, bem como de forçar Obama a apoiar um ataque de Israel ao Irã.

A noção de que Israel poderia atuar sozinho e contra os interesses dos EUA faz parte de uma campanha de desinformação sutil. Há uma antiga prática de politica de Washington de encorajar seus aliados próximos a darem o primeiro passo na direcção da guerra, com o Pentágono a puxar os pauzinhos nos bastidores.

Não tenhamos ilusão, os planos de guerra contra o Irã, os quais têm estado nos bastidores do Pentágono desde 2003, são estabelecidos aos mais altos níveis em consulta e coordenação com Tel Aviv e a sede da OTAN em Bruxelas.

Se bem que Israel participe na condução da guerra, não desempenha um papel central predominante no estabelecimento da agenda militar.

21/Agosto/2012
Ver também:
  • Iran to Wage Full-Scale War in Case of Israeli Aggression
  • Commander: Israel Fearing Iran's Growing Influence after NAM Summit
  • Defense Minister: Iran's Defense Pact with Syria Still Valid

    O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=32428


    Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

  • domingo, 19 de agosto de 2012

    O DESMEMBRAMENTO DO MUNDO ÁRABE

    Por: Dr. Makram Khoury-Machool é palestino. Escreve de Cambridge, UK

    De fato, o processo de reforma iniciado na Síria é mais avançado que o de qualquer outro estado árabe. Inclui o fim das leis de emergência, a implantação de leis partidárias, eleitorais, de imprensa, e a aprovação de uma nova constituição que incluiu o fim da liderança eterna do Partido al-Ba’ath. Essas reformas são parte de um genuíno processo político que exigirá tempo. Mas esse é o processo contra o qual lutam hoje, para miná-lo e destruí-lo, tantas forças, entre as quais governos ocidentais tidos como progressistas, que hoje se erguem contra o estado sírio.

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    O comportamento do bloco da OTAN, anti-sírio, é hoje suficientemente claro, para que se entenda o que está acontecendo na Síria. De um lado, há operadores políticos, como o grupo ad-hoc “Amigos da Síria”; de outro lado, duas personalidades, ambos ministros de dois emirados do Golfo.

    No primeiro grupo estão os chefes de Estado comandados pela OTAN, que operam sob um mal disfarçado plano concebido por Israel e seus ‘cérebros’, a maioria dos quais do quilate de Bernard-Henri Lévy. Mais do que ‘amigos da Síria’, essas personalidades trabalham a favor de seus próprios interesses financeiros na, em torno da e mediante a Síria. Os dois políticos árabes são os dois ministros de Relações Exteriores, da Arábia Saudita e do Qatar. Ambos declararam que as forças que lutam contra o estado sírio deveriam ser armadas e receber apoio financeiro. Em resumo, as reuniões dos chamados “Amigos da Síria” não passam de visão ‘moderna’ das reuniões promovidas e presididas pelo vice-rei Lord Curzon, que, em 1903, falou aos ‘Chefes da Costa Árabe’, a bordo do “HMS Argonaut” em Sharjah (Emirados Árabes Unidos).

    Os qataris e sauditas dão apoio financeiro aos ‘rebeldes’ para comprar armas, pagar combatentes, mercenários e supervisão logística dos ataques contra a Síria. Isso, além do apoio para serviços de telecomunicações, táticas de combate e aconselhamento estratégico militar. Não surpreendentemente, os conselheiros militares ocidentais, que trabalham clandestinamente para os grupos armados, jamais aparecem nos jornais e televisões. Estados vizinhos também provêm assistência local aos grupos armados: a Jordânia garante direitos de passagem a mercenários que vêm da Líbia; e a Turquia age como base, ao norte, de operações militares.

    A Turquia está envolvida, porque deseja alinhar-se com os sunitas sauditas, a linha apoiada pela OTAN, e também porque teme que o desmembramento da Síria leve à autonomia dos curdos. Aos olhos da Turquia, a crise síria pode levar a uma eventual união dos curdos turcos com curdos iraquianos e sírios, o que rapidamente levaria a guerra civil na Turquia e a uma eventual emancipação do Curdistão turco, com criação de um estado curdo.

    Por seu lado, Israel planeja há anos, como parte de sua estratégia para dominar o Oriente Médio e o Mediterrâneo, enfraquecer a Síria, para prosseguir a ocupação das colinas sírias do Golan, e dominar as fontes de água ali existentes. Essencialmente, Israel quer ser a principal potência econômica e militar na região – e, pelo menos no curto prazo, é possível, sim, que Israel surja da atual crise, depois de destruída a Síria, como principal potência regional.

    Mediante campanha de propaganda incansável, ao longo de décadas, Israel construiu para a opinião pública a ideia de que a Síria seria a principal ameaça à existência do estado judeu, no mundo árabe. O vácuo de governo que se pode criar na Síria pode, muito provavelmente, ser preenchido pela al-Qaeda e grupos assemelhados, o que daria suficiente justificativa para as ações bélicas dos israelenses, além de ajudar a promover a ideia de uma Israel ‘civilizada e democrática’ em luta contra islamistas ‘selvagens’.

    Apesar das imensas diferenças entre Síria e Líbia, o destino da Síria pode ser semelhante ao da Líbia, em termos de intervenção externa direta, não fossem Rússia e China, que se opuseram firmemente contra tais ações na ONU, onde tem havido cooperação consistente entre os dois países. Apesar de as relações sino-soviéticas terem raízes nos primeiros dias da Revolução Comunista de 1917, parece que, mesmo duas décadas depois do desmonte do Bloco Oriental, a Federação Russa e a República da China seguem, mais do que nunca, o que Mao Tse-tung aconselhou em seu discurso “Ser um Verdadeiro Revolucionário”, de 23/6/1950: “na esfera internacional temos de nos unir firmemente com a União Soviética” (ver Selected Works of Mao Tsetung, vol. V, p. 39[1]). Ideias, visão de mundo, interesses econômicos e objetivos no campo da energia novamente aproximaram Rússia e China, mais do que nunca antes, no caso do conflito na Síria.

    No primeiro lugar da produção mundial de petróleo está a Arábia Saudita, Rússia em segundo, EUA em terceiro, Irã em quarto e China em quinto. Em termos de reservas, os dez principais estados são: 1) Venezuela, 2) Arábia Saudita, 3) Canadá, 4) Irã, 5) Iraque, 6) Kuwait, 7) Emirados Árabes Unidos, 8) Rússia, 9) Cazaquistão e 10) Líbia. A Rússia é o maior produtor de gás do mundo, e a Europa depende dessa fonte de gás. Na produção mundial de gás, se, por causa da distância geográfica, excluem-se EUA e Canadá, o Irã aparece em segundo lugar e o Qatar em terceiro. Em termos de reservas de gás, a Rússia é número um, com Irã e Qatar quarto lugar e a Arábia Saudita em sexto. Com a vizinha Arábia Saudita como um dos dez principais produtores de gás do mundo, é evidente que os interesses de exportação do Qatar e da Arábia Saudita são especialmente importantes; esse ranking ajuda a entender as alianças que se formaram à luz do conflito sírio.

    Arábia Saudita e Qatar (que noutras circunstâncias poderiam ser estado único e ainda podem passar por reorganização geográfica) são, ambos, árabes muçulmanos sunitas e ambos têm interesses econômicos em jogo. A ansiosa busca, pelo Qatar, de contratos de marketing para o gás e o petróleo líbios explica o acordo com a OTAN para atacar a Líbia; sua participação simbólica nos ataques aéreos; e o apoio aos rebeldes para que construíssem capacidade de ação comunicacional midiática.

    O objetivo do Qatar é exportar seu gás para a Europa, competir com os russos e ganhar importante capacidade de barganha política. Para que a exportação do gás qatari para a Europa seja viável e competitiva, é indispensável construir um gasoduto que atravesse território sírio. Sendo a Rússia tradicional aliada da Síria, e considerados os muitos negócios anteriores, que datam dos anos da URSS, dificilmente a Síria admitiria qualquer tipo de acerto que desestabilizasse os interesses da Rússia na sua última fortaleza estratégica dentro do mundo árabe. Essa é a principal razão pela qual o Qatar e a Arábia Saudita apoiam a luta dos grupos que querem derrubar o atual governo sírio.

    A Síria está-se convertendo, muito rapidamente, numa caixa de Pandora, da qual começam a reemergir todas as crises históricas dos últimos 120 anos. Começam com a guerra russo-turca em 1877-8; a guerra russo-japonesa em 1904, as duas guerras mundiais e a Guerra Fria. Normalmente, a emergência de uma superpotência demora 2, 3 décadas. Os EUA precisaram de 25 anos para emergir como superpotência, de 1890 até o final da I Guerra Mundial. Depois da morte de Lênin, em 1924, a URSS era a parte mais doente do ‘corpo’ europeu. Em 1945, depois da II Guerra Mundial, e sob o governo de Stálin, emergiu como superpotência. Depois de Gorbachev, a Rússia deixou de ser superpotência e, aparentemente, acabou a Guerra Fria. Em apenas duas décadas, Putin pôs fim ao sistema unipolar e, hoje, está emergindo um novo mundo bipolar – como se a Guerra Fria não tivesse acabado.

    Exame detido do sistema político sírio revela que o presidente Bashar al-Assad é, de fato, um reformista. Mas na Síria, como em qualquer outro estado, há facções em luta pelo poder, e os processos de socialização demorarão para mostrar qualquer resultado. De fato, como disse o presidente Assad, demora apenas alguns minutos para assinar leis novas, mas é preciso muito mais tempo para educar a população para que absorva e participe na implantação dos novos valores que se consagram em novas leis. O movimento das elites ocidentais, que agem como se novas leis brotassem em árvores e fossem correspondentemente colhidas e engolidas é desserviço à democracia e ato absolutamente imoral.

    A Síria foi o último estado árabe secular socialmente coeso, baseado de cima abaixo em ideologia secular. Apesar dos vizinhos altamente voláteis, em termos geopolíticos (Líbano, Turquia, Israel, Jordânia e Iraque), os cidadãos sírios viveram em segurança sob esse secularismo árabe. A Síria é locus de um específico tipo de pluralismo e multiculturalismo, impregnado de tolerância religiosa e existência pluralista. É o que se vê na convivência de igreja, mesquita, bar em todas as calçadas, e no movimento, pelas ruas, de mulheres veladas e sem véu.

    De fato, o processo de reforma iniciado na Síria é mais avançado que o de qualquer outro estado árabe. Inclui o fim das leis de emergência, a implantação de leis partidárias, eleitorais, de imprensa, e a aprovação de uma nova constituição que incluiu o fim da liderança eterna do Partido al-Ba’ath. Essas reformas são parte de um genuíno processo político que exigirá tempo. Mas esse é o processo contra o qual lutam hoje, para miná-lo e destruí-lo, tantas forças, entre as quais governos ocidentais tidos como progressistas, que hoje se erguem contra o estado sírio. Nas últimas décadas e, sobretudo, depois do 11/9, o ocidente só fez divulgar a noção de que terroristas islamistas ameaçariam todas as formas de vida secular. Contudo, os sunitas, tecnicamente a maioria religiosa na Síria, inclui vários segmentos e não são menos seculares que qualquer sociedade ocidental.

    Assim, apesar de os sírios terem pleno direito de defender o secularismo à sua moda, o objetivo do ocidente é desmantelar o estado sírio, modificar a estrutura de poder que há ali e criar novas entidades demogeográficas, como uma confederação de curdos sírios e iraquianos, que é, hoje, o maior dos pesadelos para a Turquia. Áreas específicas também podem ser despovoadas, a serem usadas, como foi feito com os drusos, para repovoar a Síria com cristão sírios e, talvez, cristão vindos do Líbano. Outros cristão deixariam o Levante. E os alawitas teriam talvez estado à parte, unido, talvez, ao Irã.

    O plano é destruir o moderno estado árabe da Síria que emergiu depois da I Guerra Mundial e nos anos 1940s, e, onde seja possível, estabelecer novos estados religiosos (semelhantes ao estado judeu de Israel). Desse modo, o poder árabe e, com ele, a ideologia panarabista de Michel Aflaq e Antun Sa’ade (ambos cristãos árabes) e de Nasser do Egito, desapareceria.

    Esse processo começou quando, em 1978-9, sob Sadat, o Egito assinou tratado de paz com Israel; em seguida, vieram a destruição do Líbano, em 1982, a Segunda Intifada em 1987 e a tomada econômica do Iraque em 2003. Em seguida a Líbia foi destruída, com o confisco de seu petróleo e gás, em 2011. Agora, para manter a hegemonia de US-Rael (US-Israel), o ocidente tem de dispor os estados árabes em grupos separados por linhas sectárias (sunitas versus xiitas), em vez de unidos por critérios do panarabismo. Esse processo, de fato, foi turbinado depois da ocupação do Iraque e a derrubada do partido Ba’ath.

    Na prática, o que está hoje acontecendo no mundo árabe é uma ‘correção’ do acordo Sykes-Picot de 1916, quando os principais poderes coloniais, Grã-Bretanha e França, definiram as fronteiras dos atuais estados árabes e lá implantaram seus próprios agentes árabes. Esse processo inclui planos neocolonialistas para constituir dois ou mais partidos árabes que combatam o regime sírio e mantê-los lutando até que o estado sírio esteja desmembrado e fraturado em 2, 3 outros estados, separados entre eles por linhas sectárias. Assim as elites neocoloniais poderão continuar a saquear as riquezas locais, porque, bem feitas as contas, a mentalidade imperial não mudou, nem muda.

    Dado que as potências ocidentais não podem alcançar seus objetivos por seus próprios meios, precisam de agentes como o Qatar na Líbia, e Arábia Saudita, Qatar e outros na Síria. Esses agentes, preferencialmente monarquias antidemocráticas árabes muçulmanas sunitas, usaram o islã sunita para promover o fanatismo contra outros árabes, muçulmanos e não muçulmanos (dentre outros, cristãos árabes, xiitas e drusos). Esses árabes, com acesso à elite (econômica) global (por exemplo, a família real saudita e os qataris, com elites americanas e europeias) são as elites governantes no Golfo Árabe, ou protegés daquelas elites. São quem está obrando para semear diferenças entre as várias seitas e amplificar e explorar ‘a carta sunita’ no confronto com a Turquia não árabe muçulmana e sunita, contra a Síria. Não seria surpresa se estivessem em conluio com as potências ocidentais, também fantoches de Israel. Sem isso, seria difícil explicar por que o regime mais autoritário do planeta, a Arábia Saudita, age contra a Síria e finge que dá lições de democracia, tema sobre o qual os sauditas não sabem nem se interessam por saber coisa alguma.

    As campanhas de propaganda orientalista, negativa, conduzidas contra a Síria ao longo do ano passado, com apoio financeiro de alguns dos países do Golfo intencionalmente encobriram vários traços da Síria, dentre os quais o secularismo – ponto para o qual as sociedades ocidentais facilmente convergiriam, em movimento de identificação com os sírios. A importância da ideologia do Partido Ba’ath, principal partido secular sírio, que assegura direitos individuais, foi atentamente ocultada. Isso, por exemplo, além do fato de Daoud Rajhah, ministro sírio da Defesa que foi assassinado, ser cristão; como cristão também era o Dr. Nabil Zughaib, também assassinado, com toda a sua família, e diretor do programa sírio de mísseis.

    Os exemplos acima, de eliminação deliberada de fatos dever-se-iam, como se diz, à aliança entre Síria e Rússia, que configuraria o campo ‘errado’. Há firmes relações diplomáticas entre Síria e Rússia há, no mínimo, 50 anos. Além disso, a Síria é o “baixo ventre macio” (alawita/xiita-secular) entre o Irã (xiita refusnik anti-OTAN) e o Hizbollah xiita no Líbano. Apesar de, aos olhos de curto prazo de Israel, a principal oposição à sua plena dominação ser o Irã (além do Hizbollah, da Síria e, antes, do Hamás), o alvo, hoje, é a Síria. Como tal, a Síria está sendo castigada, antes que seu corpo metafórico seja esquartejado.

    Mas qual a importância do Hamás nisso tudo? Até ser eleito em eleições limpas, livres e democráticas em 2006 (quase dois anos depois do assassinato de Yasser Arafat), e depois de, um ano depois, ter tentado um golpe contra a Autoridade Palestina controlada pelo Fatah na Faixa de Gaza, o Hamás era grupo de resistência apoiado pelo Irã, por Damasco e pelo Hizbollah. Se o Irã é a ‘cabeça’ metafórica e o Hizbollah e o Hamás são as duas pernas, a Síria tem sido o ‘estômago’ ou o ‘coração’ e ‘pulmões’ da resistência. Mas desde que o Hamás passou a governar a faixa de Gaza, em larga medida deixou de ser movimento de resistência e institucionalizou-se. Nisso, Israel (e Sharon, em especial) conseguiu uma vitória tática. Israel retirou-se ‘oficialmente’ da Faixa de Gaza, embora sem levantar o sítio e sem pôr fim aos ataques contra a Faixa; e entregou a chave da prisão aos prisioneiros (Hamás), para que eles mesmos comandassem a maior prisão a céu aberto, de todo o mundo. Tudo isso foi feito sem que o Hamás sequer se desse conta do que estava acontecendo.

    No primeiro semestre de 2012, os líderes do Hamás deixaram Damasco, onde haviam mantido seu quartel-general e, hoje, mantém posição discreta, sem terem divulgado apoio ao governo sírio – governo que os apoiou por mais de 20 anos. Com a vitória da Fraternidade Muçulmana na Tunísia e no Egito, o Hamás hoje procura patrocinadores mais poderosos e em países nos quais possam operar em posição de mais poder. Os líderes do Hamás (ambos, na Diáspora e na Faixa de Gaza) foram convidados pelo recém-eleito novo presidente do Egito, para unir-se à Fraternidade Muçulmana (organização mãe deles todos) como iguais. O que até ontem parecia ser movimento da resistência (embora, para vários analistas, o Hamás jamais tenha sido partido revolucionário como outras facções palestinas como o PFLP, o DFLP e outros), está hoje incorporado ao tecido de uma aliança muçulmana sunita, que já começou a agir sob as asas da OTAN.

    Orientalistas ocidentais gostam de imaginar o que teria de ocorrer, para atender seus interesses no Oriente. Para começar, batizaram o mundo árabe de “Oriente Médio”, como se fosse um marcador geográfico localizado em relação, exclusivamente, ao próprio ocidente. Para por ordem no assalto planejado, criam termos e expressões para justificar suas operações militares, clandestinas ou declaradas. Mas seus serviços de segurança/inteligência jamais acertam as previsões sobre desenvolvimentos no mundo árabe: não previram a Intifada de 1987 nem o golpe do Hamás em 2007. Ainda assim, as elites ocidentais, superficiais e ignorantes, jamais desistem de inventar nomes e processos: o mais recente, dizem eles, teria começado na Tunísia e foi batizado de “Primavera Árabe”.

    O que está acontecendo em alguns países árabes e no mundo árabe nada tem de ‘primavera’: é movimento reacionário que rapidamente retrocederá, como os EUA viram acontecer no Afeganistão, onde os EUA inventaram e sustentaram os mesmos jihadistas que, adiante, os EUA puseram-se a combater. EUA e Israel têm tentado construir acertos e negócios com os islamistas que estão no poder, com o objetivo de conseguirem controlar as massas e os movimentos sociais. De fato, não é a primeira vez que estrategistas políticos tentam usar a religião para evitar o caos e defender seus interesses econômicos. O que se vê hoje é semelhante ao processo que Maquiavel comenta (baseado no relato do historiador romano Tito Lívio Patavino, 59 aC-17 dC); o capítulo de Maquiavel leva o título de “Como os romanos usaram a religião para reorganizar a cidade e conseguir levar adiante o plano de pôr fim aos tumultos”.

    As campanhas ocidentais de propaganda contra a Síria buscam convencer o público a mais temer a religião que obedecer aos atuais governantes árabes. Eis o porquê de continuarem censurados os protestos em três reinos árabes (Arábia Saudita, Marrocos e Jordânia). O mundo absolutamente não está vendo coisa alguma que se compare (por causa de censura, vigilância e indiferença da mídia ocidental) aos protestos que se viram nas repúblicas árabes. Uma das razões é que ninguém ali tem qualquer interesse em promover campanhas de propaganda, que custam caro. A única exceção talvez seja o Bahrain, e a possível influência do Irã. Mas não há qualquer garantia de que alguma campanha contra-hegemônica pudesse ter qualquer sucesso naquelas monarquias árabes.

    Depois de derrotar o clã rival al-Rashid em 1921, a família al-Saud governa atualmente em quase toda a Península Arábica histórica. Sua proeminência regional deve-se também ao controle sobre os locais sagrados de Meca e Medina, e a aliança que os sauditas mantêm com os wahabistas, que usam tanto quanto usam o petróleo e os recursos minerais deles. Esses recursos subsidiam a indústria cultural (e midiática) correspondente. Ainda assim, fatores religiosos e econômicos são evidentemente complexos e envolvem vasta rede social. Essa combinação manifesta-se no que chamo “a ética saudita do cacife [do ganho] espiritual” – mais ou menos semelhante à tese de Weber sobre a ‘ética protestante’ que serviu como anteparo à acumulação da riqueza no norte da Europa.

    Mediante a acumulação de capital nos estados do Golfo nos anos 1970s (controlada por interesses anglo-americanos mediante tratados que levaram grandes números de árabes a se tornarem ou economicamente dependentes (nos empregos no Golfo) ou espiritualmente dependentes mediante o cerrado controle sobre a mídia árabe), o boom do petróleo criou uma nova estratificação no mundo árabe. Resultado disso, algumas sociedades árabes tornaram-se dependentes, e aceitaram a autoridade, da família saudita reinante e seus clãs. Essas elites são parte das elites econômicas governantes proprietárias de alguns dos mais valiosos projetos de energia, das maiores fortunas e de vasto patrimônio no ocidente (equipes de futebol, as lojas Harrods, mansões nos Champs Élysées e sociedade nas empresas de Rupert Murdoch, para citar apenas alguns desses bens).

    A recente descoberta de que árabes desejam liberdade tem sido promovida, principalmente, por algumas instituições de mídia árabes e ocidental que são, elas mesmas, extensão de políticos que têm objetivo econômicos, estratégias e táticas próprias. As campanhas pela mídia conduzidas por capitalistas neoconservadores sionistas como Bernard-Henri Lévy, que trabalha agressivamente a favor de Israel e que tem forte afinidade com o judaísmo fundamentalista visam exclusivamente a separar os árabes de seus recursos e riquezas, ao mesmo tempo em que ativamente lhes mentem e os enganam.

    Isso se faz mediante a dupla estratégia de produzir narrativas separadas para segmentos separados da população. Para os religiosos, a corrupção é associada à falta de fé; e, para a totalidade da nação árabe, vendem o atrativo sonho de liberdade, justiça e direitos.

    Naturalmente, cada indivíduo interpretará as narrativas conforme a própria formação, experiência de socialização, nível de politização, normas e valores. Assim, quando todos se encontram ‘na praça’, os islâmicos lá estão convencidos de que só os livros islâmicos são a solução; os liberais recordarão Jean-Jacques Rousseau, a ‘separação dos poderes’ de Montesquieu e a Revolução Francesa; os marxistas pensarão na Revolução Bolchevique de 1917 e na luta de classes; e os maoístas pensarão na Revolução Cultural de Mao Tse-Tung ou no Nasserismo (afinal, quando um grupo de oficiais do exército egípcio liderou o golpe e a revolução, em 1952, Mao Tse-Tung declarou que “a luta contra a corrupção e o desperdício é uma das questões principais que envolve todo o partido” (30/11/1951); o que se encaixa bem na missão de combater regimes árabes corruptos). Simultaneamente, os que sonham com Castro e Che Guevara correrão às ‘barricadas’ nas praças, em disputa contra as forças de segurança do Estado.

    Na realidade, esses valores pouco significam no mundo árabe. E os liberais e sionistas sabem disso. A realidade é que, por causa do forte controle social; pelo modo como as sociedades árabes organizaram-se no século passado (incluindo o impacto da herança colonial); e por causa da riqueza do petróleo de que usufrui o Islã waabita (e salafistas modernos), exceto a facção islâmica, as outras ideologias pouco progresso farão, mas, simplesmente, garantirão a vitória dos movimentos religiosos.

    É verdade, o mundo árabe é heterogêneo, mas pouco heterogêneo. A religião prevaleceu em estados como a Jordânia onde, durante décadas, os islamistas controlaram a maior parte dos currículos escolares. Assim, em cada estado árabe onde houve levantes – e especialmente no Egito – há furiosa disputa de poder com vistas à Constituição. A Fraternidade Muçulmana e os salafistas alcançaram maioria de votos nas eleições parlamentares, e o primeiro presidente democraticamente eleito, Muhammad Mursi (eleito por apenas ¼ da população), é membro da Fraternidade Muçulmana. Os grandes poderes trabalham hoje a favor da promulgação de uma constituição baseada numa importante interpretação das leis da Xaria. Em seu Morfologia do Estado, Aristóteles sugere que é preciso “considerar não só qual a melhor constituição, mas, também, qual a mais executável e mais acessível em cada momento” (p. 103). Aos olhos dos fundamentalistas religiosos, podem bem ser as leis da Xaria, enquanto uma solução para as elites dominantes ocidentais está em vigor.

    Dado que garantem seus interesses econômicos mediante instituições de mídia controladas pela elite religiosa, eles, por sua vez, beneficiam-se também dos próprios centros de poder social, econômico e político; e, dos círculos/classes das elites religiosas emergirá um novo nicho de comerciantes e empresários. Grupos religiosos também ampliarão a própria participação econômica, além da participação política. Dado que isso beneficiará sua jihad política, muitos verão tudo isso como halal, dentro ou fora do contexto do banking islâmico. A divisão social contudo permanecerá ou será ampliada; e a única diferença é que os nomes terão mudado. Em vez de um ‘Mubarak’, haverá outro (mas, dessa vez, será alguém com barba) e essas aparentes ‘mudanças’ servirão, exclusivamente, para manter inalterado o controle político.

    As populações afetadas são as definidas como ‘minorias’ – principalmente árabes cristãos (cerca de 30 milhões no mundo árabe), muçulmanos seculares (sunitas e xiitas) e outros. No Egito, Mohammad Zawahiri (irmão de Ayman Zawahiri, líder da al-Qaeda) já declarou que os cristãos egípcios devem pagar um imposto (devido pelos infiéis, Dhimmi), ou deixar o Egito. E caso se recusem, sugeriu que sejam coagidos.

    Exemplo de como se pode mobilizar a população mediante a religião, servindo-se da mídia é o que faz o próprio monarca saudita. Durante o mês de Ramadan 2012, Abdallah da Arábia Saudita e seu herdeiro
    lançaram campanha de arrecadação de fundos, supostamente para ajudar o povo sírio – ou, pelo menos, era o que dizia o slogan. A campanha baseava-se em normas morais e no senso de comunidade e união islâmicas, as mesmas que são enfatizadas durante o mês santificado do Ramadan. Ao mesmo tempo em que vendem ao povo mensagens de compaixão e união comunitária, essas campanhas são usadas para objetivos políticos locais e regionais. É impossível imaginar, por exemplo, a Síria, lançando campanha pela liberação das mulheres sauditas ou a favor do direito de as sauditas dirigirem automóveis.

    Liberais com ideias à Goebbels que se alinham com esses chefes de emirado têm tentado, até o presente, enganar a opinião pública árabe e construir um consenso de oposição ao governo sírio, para, assim, fugirem das refregas e do calor de suas próprias ‘ruas’ e ‘praças’. Ao mesmo tempo em que aderem às normas e crenças mais arcaicas sobre liberdade e democracia, instigam o golpe contra a Síria, com discurso sobre liberdades para as mulheres, direitos religiosos das minorias, oportunidades e direitos iguais para todos, etc., em tudo semelhante ao que se vê em países ocidentais liberais. Mais ou menos como regimes árabes gostariam de organizar a opinião pública em apoio aos palestinos, os regimes do Golfo estão usando o falso argumento de que são contra a opressão dos sírios... mas os próprios governos manobram as próprias ‘ruas’ contra a Síria. E, isso, apesar do fato de que esses próprios governos e governantes estão atrasados anos-luz, em relação à Síria, em termos de liberdades e democracia.

    Os governos do ocidente não são aliados das democracias liberais no Terceiro Mundo. Eles inevitavelmente fazem negócios com governos que exibem os piores indicadores de direitos humanos, sempre que vejam possibilidade de ganhos. Exatamente como, em julho de 2008, quando Nicolas Sarkozy e o emir do Qatar, hoje arqui-inimigo da Síria, constituíram, com o governo sírio, a “União do Mediterrâneo”, alguns governos europeus creem que possam auferir benefícios da crise no mundo árabe. Mais ainda, quando têm o apoio dos ricos estados do Golfo e creem que eles possam, de algum modo, reduzir as dificuldades das crises econômicas que o ocidente esteja enfrentando.

    Em algumas áreas da Síria, as condições de segurança pessoal pioraram depois de março de 2011 e o governo central nem sempre deu mostras de exemplar conduta moral. Mas, como parte de campanha política estratégica, a mídia tem intencionalmente mentido sobre a situação na Síria. Insistem em implantar medo crescente no público sírio e manifestam exagerada preocupação com o número de mortos e feridos.

    Assim, constroem uma narrativa que justifica e facilita que se ofereça ajuda sempre crescente às gangues armadas de separatistas, terroristas e mercenários. A mesma mídia também pinta o governo sírio como se fosse o único responsável pela violência quando, de fato, os verdadeiros responsáveis são os que recrutam, pagam e armam grupos de indivíduos desempregados, famintos ou de mercenários manobráveis em busca de dinheiro fácil.

    Há dois principais culpados pelos muitos mortos: a mentira e o silenciamento absoluto de qualquer voz de oposição. Com seus aliados árabes, a OTAN desconectou o satélite de comunicação que alimentava o canal de televisão sírio al-Dunia, de televisão por satélite. Outros atos de terrorismo ‘comunicacional’ incluem, que se saiba, o sequestro, pela CIA, da conta Twitter da mesma rede al-Dunia –, que passou a ser usada para distribuir notícias falsas (dentre outras, noticiou a retirada do exército sírio, que não acontecera)

    O mesmo satélite árabe que a Síria ajudou a implantar depois de destruído na Palestina em 1967, está sendo usado hoje contra a Síria, pelos emirados do Golfo Árabe.

    Esse satélite está agora sendo usada no conflito na Síria – mas contra a Síria – e inclui desinformação sobretudo pelos canais dos quais o Golfo é proprietário e que promovem medo e pânico da instabilidade econômica na Síria. A mídia está sendo usada e manipulada para encobrir o incitamento à ação terrorista dirigido à oposição síria e, também, para angariar ajuda econômica; e a mesma mídia expõe, então, as ‘realizações’ saneadas, os ‘heroicos’ feitos dos ‘rebeldes’ e, quando necessário, apresentam suas perdas e derrotas como ‘massacres’.

    A mídia dominante no ocidente e dominante também no mundo árabe praticamente só tem uma opção: engolir desinformação de fontes absolutamente pouco confiáveis, e desinformação que, em seguida, os meios de comunicação reproduzem e redistribuem para o grande público. Histórias de massacres perpetrados pelo governos sírios são divulgadas e repetidas incansavelmente para justificar a intervenção estrangeira, e a imagem predominante é que o nobre ocidente que se apresenta para salvar uma nação oprimida do Terceiro Mundo oprimida pela tirania de um macho chovinista opressor. Exatamente o que aconteceu na Líbia. Mesmo assim, uma minoria na mídia árabe, opõe-se ao plano master; e outra minoria está sentada sobre o muro.

    A mídia árabe praticamente toda está, direta ou indiretamente na mão dos estados do Golfo; praticamente todos os jornalistas estão na folha de pagamento desses estados ou seus agentes ou, eficaz e absolutamente iludidos, não encontram meio para compreender e expor as trágicas ramificações do que está acontecendo no mundo árabe.

    Os valores antiguerra de Mãe Coragem de Bertolt Brecht não encontraram absolutamente qualquer espaço na agenda dos estados comandados pelo grande petróleo. Provavelmente porque são aqueles os valores que mais direta e claramente podem expor a dicotomia entre religião e economia de guerra.


    [1] Pode ser lido, em inglês, em http://www.marxists.org/reference/archive/mao/selected-works/volume-5/mswv5_08.htm [NTs].
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    http://www.deliberation.info/dismembering-the-arab-world/
    Traduzido pela Vila Vudu

    quinta-feira, 16 de agosto de 2012

    Fósforo branco: crianças palestinas são queimadas vivas por Israel em Gaza


    ISRAEL USA ARMA QUÍMICA CONTRA OS PALESTINOS

    As Crianças de Gaza e as Bombas de Fósforo Branco

    As crianças são as maiores vitimas do ataque com bombas de fósforo branco, na faixa de Gaza.O fósforo branco é usado regularmente para a fabricação de fogos de artifício e bombas de fumaça para camuflar movimentos de tropas, em operações militares. A sua utilização como componente de armas químicas é proibida pelas Convenções de Genebra e especialmente pela Convenção sobre Armas Químicas, reafirmando os termos do Protocolo de Genebra de 1925, que proíbe o uso de armas químicas e biológicas.

    Bombas, munição de artilharia e morteiros, quando contêm fósforo, explodem em flocos inflamáveis, mediante impacto. São artefatos incendiários e causam queimaduras terríveis, podendo mesmo ser letais.É legal o uso de fósforo branco como componente de foguetes de iluminação e bombas de fumaça, e a Convenção sobre Armas Químicas (CWC) não o inclui na lista de armas químicas.O fósforo foi usado pelos exércitos desde a Primeira Guerra Mundial. Durante a Segunda Guerra, na Guerra do Vietnam e recentemente por Israel na Operação Chumbo Fundido . Os Estados Unidos e a Grã-Bretanha também já utilizaram munições com fósforo.
    Nas últimas décadas, porém, a tendência é o banimento do seu uso, contra qualquer alvo, civil ou militar, em razão dos severos danos causados pela substância e os especialistas acreditam que o fósforo deveria ser mesmo incluído entre as armas químicas, pois queima e ataca o sistema respiratório.Uma exposição prolongada, sob qualquer forma, pode ser fatal.


    Segundo a GlobalSecurity.org, citada pelo The Guardian, “Fósforo branco resulta em lesões dolorosas por queimadura química”. Partículas incandescentes de fósforo branco, resultantes da explosão inicial de uma bomba de fósforo, podem produzir extensas, dolorosas e profundas queimaduras (de segundo e terceiro graus). Queimaduras por fósforo carregam um maior risco de mortalidade do que outras formas de queimaduras devido à absorção de fósforo pelo organismo, através da área queimada, resultando em danos ao fígado, coração, rins e, em alguns casos, falência múltipla de órgãos.






    Além disso, essas armas são particularmente insidiosas porque o fósforo branco continua a queimar, a não ser em ambiente privado de oxigênio, até que seja completamente consumido, de forma que as pessoas atingidas, ainda que mergulhem na água, continuarão a queimar ao emergirem para respirar.

    Durante a incursão israelita na Faixa de Gaza em dez 2008 a jan 2009, grupos humanitários estimam que cerca de 1.000 crianças foram feridas e 300 foram mortas.

    A realidade das crianças palestinas de hoje estão assistindo seus pais e seus irmãos sendo mortos, suas casas sendo derrubadas, suas escolas bombardeadas.

    Para piorar, Israel impõe um bloqueio econômico sobre a nação, gerando mais desespero e miséria para os palestinos.

    Diante desse cenário absurdo, muitas crianças deixam de fazer o que faz a maioria das crianças: sonhar.
    Helder Leite e Doc Verdade
    http://www.pragmatismopolitico.com.br/2012/08/fosforo-branco-criancas-palestinas-sao-queimadas-vivas-por-israel-em-gaza.html


    segunda-feira, 13 de agosto de 2012

    Sob ocupação da OTAN, o Afeganistão torna-se grande produtor de ópio


    Transcorrido mais de 10 anos da invasão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), o Afeganistão continua a ser o principal produtor de ópio, com cálculo estimado em  pouco mais de 90 por cento da produção mundial.
    Este elemento, traduzido na realidades internas do país invadido, implica um valor próximo a US $ 500 milhões de dólares anuais dentro  do Produto Interno Bruto (PIB) e, obviamente, o regime de Hamid Karzai não leva em conta.
    Esses detalhes, admitidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) e suas agências especializadas, acrescentam ainda que em 14 províncias afegãs tiveram aumento no cultivo, principalmente em Helmand.
    Os herdeiros dos senhores da guerra como Dostum Abdul Rashin, Muhammad Atta, Gul Agha Sherzai, Ismail Khan e Bashar Harji, são agora os controladores de um negócio no qual se incluem figuras governo, especialistas estrangeiros que atuam como guardas da segurança e militares da OTAN.
    Dados do Departamento  das Nações Unidas contra as Drogas e o Crime estimam que os lucros por hectare de ópio superam   3.500 mil   dólares em comparação com 100mil do trigo.

    A história prévia
    Logo após a invasão da Otan no Afeganistão em 2001, a tática de causar o caos administrativo, como forma de neutralizar a insurgência, não produziu os resultados esperados, mas conseguiu a propagação da corrupção.
    Figuras do aparelho de Estado como o do irmão assassinado de Karzai, Ahmed Wali ou Izzatullah Wasafi, chefe do Bureau Anti-Corrupção, é um exemplo do vínculo com o narcotráfico.
    A instabilidade do país e as fracassadas e contínuas operações  bélicas da OTAN  não diminuíram nem a resistência contra a ocupação , nem  o aumento no cultivo do ópio.
    Um especialista espanhol sobre o assunto, Iñigo Febrel Belloch, argumenta que "a luta contra o cultivo e o tráfico de drogas não pode ser feito apenas por meios militares, mas deve ser combatido através de outras  instituições e políticas nacionais adotadas ...".
    Os Estados Unidos e seus aliados da Otan planejam retirar suas tropas do Afeganistão em 2014, algo ainda indefinido e, sem dúvida, ajudar a manter o caos em uma nação carente  da mais elementar  infra-estrutura social.

    Blas Pedro Garcia - Reuters


    quinta-feira, 9 de agosto de 2012

    Dia da infâmia na Assembleia-Geral da ONU



    No dia 3 de Agosto a Assembleia-Geral da ONU ignorou a regra da lei. Os estados membro juraram defendê-la, ao invés de se dobrarem às ameaças e intimidações dos EUA.

    Ela aprovou a resolução não obrigatória 133-12  sobre a Síria. Trinta e um países abstiveram-se. A covardia define o seu fracasso em fazer a coisa certa. 
    http://daccess-dds-ny.un.org/doc/UNDOC/LTD/N12/447/40/PDF/N1244740.pdf?OpenElement

     A Arábia Saudita redigiu a medida. Ela a trabalhou em parceria com o Qatar e talvez também o Bahrain.

    A Rússia classificou a medida de "enviesada e desequilibrada". Era isso e muito mais.

    Saudi Arabia drafted the measure. It partnered with Qatar and perhaps Bahrain doing so. Ignorou a realidade no terreno. Deu cobertura à guerra de Washington por procuração.

    A resolução endossou a carnificina e a destruição diária. Ignorou a responsabilidade do Ocidente / Liga Árabe / Israel pela devastação de mais um país não beligerante. Desprezou milhões de sírios.

    Na história da ONU, o dia 3 de Agosto de 2012 viverá na infâmia.

    Observadores honestos não esquecem quão irresponsavelmente os países atuaram. Ao mesmo tempo, 12 países corajosos tomaram a atitude correcta. Eles são a Rússia, China, Síria, Irão, Cuba, Venezuela, Nicarágua, Bolívia, Bielorússia, Myanmar, Coreia do Norte e Zimbabwe.

    O representante da Síria na ONU, Bashar al-Jaafari , condenou a resolução. Classificou-a como uma campanha histérica anti-Síria. A Carta Fundamental da ONU e outros princípios legais foram violados.

    A soberania nacional foi ignorada. Só os interesses imperiais foram servidos. Os sírios foram traídos.

    O terrorismo patrocinado pelo ocidente foi endossado. Fazer isso assegura maior violência, matanças em massa e miséria humana.

    "Alguns países que travaram guerras sob o pretexto de combater o terrorismo estão a apoiar, directa e indirectamente, os actos destes grupos terroristas armados, dentre os quais está a al-Qaeda", disse al Jaafari.

    Acrescentou que os promotores da resolução, Arábia Saudita, Qata e Bahrain, são "oligarquias despóticas". Eles são parceiros imperiais. Eles são cães de ataque para guerras regionais de Washington. Eles são estados bandidos fora da lei.

    Eles perseguem, prender, aprisionam, torturam e brutalizam o seu próprio povo. São implacáveis contra qualquer que apoie publicamente justiça política, económica e social. Os seus regimes não têm legitimidade.

    Eles silenciam acerca das atrocidades em curso no Afeganistão, Iémen, Somália, Palestina e seus próprios países. Apoiaram a guerra de Washington contra Kadafi.

    Ajudaram a assassinar dezenas de milhares de líbios. Apoiam sua actua liderança fantoche. Riem-se da regra da lei, dos princípios e dos valores democráticos. Tratam o povo como lixo e ostentam isso.

    Eshagh Alehabib, a actuar como enviado interino do Irão, chamou a resolução de "unilateral". Ela "não terá qualquer impacto. É uma peça de teatro".

    O embaixador britânico na ONU, Mark Grant, disse que a resolução não pretendia ser equilibrada. Descaradamente apontou o dedo na direcção errada.

    Susan Rice, enviada dos EUA à ONU, reflectiu a visão de Grant. Ela saltou o seu histrionismo habitual. Ao assim fazer não suavizou seu desrespeito para com os fundamentos do direito internacional e da lei constitucional.

    O enviado da Rússia, Vitaly Churkin , acusou os países ocidentais de ocultarem objectivos.

    A medida "agravará a abordagem confrontacional para a resolução da crise síria e de modo alguma facilitará movimentos das partes rumo a uma plataforma de diálogo e uma busca de uma resolução pacífica da crise no interesse do povo sírio".

    Outros países que votaram não disseram que a Síria enfrenta forças que apoiam o terrorismo.

    Os países que votaram sim condenaram a Síria por crimes apoiados pelo Ocidente. A linguagem da Assembleia-Geral ridicularizou a legitimidade e a justiça. Endossou o lado errado. Deram uma folha de parreira como cobertura para maior intervenção ocidental.

    O Conselho de Segurança fracassou lamentavelmente. A resolução tem como objectivo directo a Rússia e a China. Até então, seus vetos impediram a guerra em plena escala.

    A questão é por quanto tempo. Washington desde há muito tem planos para mudança de regime. Todos os meios são empregados. Contagens de corpos não importam. As prioridades imperiais têm precedência. Elas incluem dominação regional não desafiada da Rússia e nas fronteiras da China.

    Hipocritamente, a resolução exprimiu graves preocupações por violações de direitos humanos. Mentiram ao dizer que a Síria utiliza armas pesadas contra o seu próprio povo. Elas são utilizadas para defendê-lo contra esquadrões da morte assassinos.

    Ela errada afirma que Assad "ameaça utilizar armas químicas ou bacteriológicas".

    Tal ameaça nunca foi feita. A Síria admitiu ter armas químicas. As biológicas não foram mencionadas. O porta-voz do Ministérios dos Negócios Estrangeiros, Jihad Makdissi, disse que a Síria só utilizaria armas químicas contra a agressão externa. Distorções, más interpretações e mentiras deliberadas seguiram-se aos seus comentários.

    A linguagem da resolução afirma hipocritamente preocupação pela "paz e segurança internacional" e exprime "lamento profundo pela morte de muitos milhares de pessoas".

    Ao mesmo tempo, ignora a matança e destruição em massa patrocinada pelo Ocidente. A alegada preocupação acerca da protecção de civis ignora os esquadrões da morte, proxy de Washington, que os assassinam.

    Ela descaradamente endossou direitos humanos fundamentais. Ao mesmo tempo, as partes responsáveis por violá-los não são mencionadas.

    Seu apelo à "transição política" ignorar os fundamentos do direito internacional. Ao assim fazer viola direitos soberanos sírios. As eleições parlamentares livres, justas e abertas de Maio não foram mencionadas. Monitores internacionais independentes endossaram-nas.

    Os membros do partido dominante Baath ganharam uma convincente maioria de 60%. Repetir o que está cumprido é irresponsável. Exigi-lo é exorbitante.

    A desvergonha definiu a votação de 3 de Agosto. Tal votação perpetua o conflito. A escalada, não a resolução, é o que se seguirá. Cento e trinta e três países têm sangue nas suas mãos.

    Comentário final

    Os media "de referência" aclamaram o voto da Assembleia-Geral. Ao longo do conflito, eles endossaram a ilegalidade imperial. Eles estimulam todas as guerras dos EUA, directas, proxy e planeadas.

    Um coro virtual de aleluias unânimes exprimiu comentários semelhantes. A verdade e a informação completa estiveram ausentes. Os perpetradores de crimes foram absolvidos. As vítimas foram culpabilizadas.

    O New York Times considerou a resolução como uma crítica esmagadora à política síria. O Wall Street Journal disse que ela condenou a campanha da Síria. A CBS disse que denunciava a tomada de posição da Síria mas tomava pouca acção.

    A AP disse que recomenda a Assad que se afastasse. A Reuters disse que isolava a Rússia e a China por vetar resoluções do Conselho de Segurança. O Los Angeles Times disse que condenava a violência síria e a inacção das "grandes potências".

    O Chicago Tribune pôs como manchete: "Nações Unidas condenam Síria; Rússia e China vêem-se isoladas". O London Guardian disse que a Assembleia-Geral criticou a falha do Conselho de Segurança em actuar. O Independent de Londres disse que as Nações Unidas condenam a Síria e exigem transição política.

    A votação verificou-se no dia seguinte à renúncia do enviado à Síria da ONU/Liga Árabe, Kofi Annan. Ela é efectiva no fim de Agosto, quando expira o seu mandato. As razões apresentadas foram enganosas. Ambas as acções em dias consecutivos não foram coincidência. Elas avançam a eminência da guerra.

    Annan é o homem de Washington. Responsáveis do governo Obama escolheram-no. O seu "plano de paz" era cobertura simulada para a ilegalidade imperial. Também ganhou tempo. Agora a escalada da agressão está planeada.

    Em 3 de Agosto, a revista Time apresentou o título: "A oposição síria vê o fracasso de Annan como justificação da sua luta armada", que dizia:

    "A renúncia de Annan "confirmou a crença da oposição síria de que não há alternativa (excepto) a luta militar para deitar abaixo o regime Assad".

    O antigo chefe do Conselho Nacional Sírio, Burhan Ghalioun, disse "A derrota do plano Annan significa que não há solução política". As potências ocidentais devem actuar. "Não temos tempo a perder".

    É de esperar a contínua unanimidade dos media canalhas. Ao assim fazer, apoiam a guerra. Obama, parceiros chave da NATO e aliados regionais querem intervenção em plena escala. Só o seu cronograma é desconhecido.

    Dar prioridade à prevenção de uma guerra potencialmente catastrófica importa muito. Toda a região e para além dela poderia ficar envolvida. A ameaça é demasiado grande para ignorar.

    O relatório do fim de Julho do Royal United Services Institute (RUSI) disse que a intervenção ocidental parece mais provável. "Não estamos a mover-nos rumo à intervenção mas a intervenção está certamente a mover-se em direcção a nós", afirmou.

    Em causa estão os "modos apropriados de intervenção". Sob certos aspectos, ela já começou.

    Ela tem estado a avançar durante todo o conflito. Agora está a escalar. A renúncia de Annan acrescenta momento. As condições "faça uma abordagem cada vez mais sem por as mãos" tornam-se improváveis.

    Washington considera inaceitáveis resoluções de conflitos. Só a mudança de regime importa. A guerra foi planeada desde o princípio. Assim é para subjugar toda a região. Talvez a sua destruição aconteça no processo.

    Um país após outro é devastado. Soluções com nuvens em feito de cogumelo podem seguir-se. Travar esta loucura importa e muito. Imagine o que se passaria em caso contrário.
    05/Agosto/2012

    [*] Autor de "How Wall Street Fleeces America: Privatized Banking, Government Collusion and Class War" . O seu blog é sjlendman.blogspot.com ,    lendmanstephen@sbcglobal.net

    O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=32211


    Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

    terça-feira, 7 de agosto de 2012

    O Exército da Síria prende oficiais turcos e sauditas em Alepo


    O exército Sírio prendeu um grupo de oficiais turcos e da Arábia Saudita, na cidade de Alepo, do Norte da Síria, noticiado pela TV.
    Os oficiais foram detidos nesta segunda-feira ( 06/08)em meio aos enfrentamentos entre as tropas do governo e os mercenários, patrocinados por países estrangeiros, na cidade de Aleppo.
    O Jornal "The Guardian" do Reino Unido  já havia infoirmado em 22 de junho, que o regime Saudita havia decidido pagar o salário dos membros do Exército Sírio livre ( ESL) para incentivar " deserções massivas entre os militares e pressionar" o governo de Damasco.

    No dia  21 de junho, o New York Times informava, também, que  um grupo de agentes da CIA está operando secretamente no sul da Turquia e que os agentes estão ajudando aos governos anti-sirios  a decidir  quais bandas de mercenários receberão armas para lutar contra o governo do país.
    O próprio Presidente sírio Bashar al - Assad, em entrevista ao jornal turco Cumhuriyet, no início de julho, acusou a Turquia de "forneceu apoio logístico a terroristas que estão matando nosso povo".

    Última actualización 06-08-2012 - 16:58
    http://www1.almanar.com.lb/spanish/adetails.php?eid=18971&frid=23&seccatid=67&cid=23&fromval=1

    Manifestação a favor da Síria em Sydney



    A diáspora Síria continua  expressando-se em todo o mundo através de várias e diferentes formas de manifestações espontâneas das comunidades sírias e amigos dos sírios. A realizada em Sydney, na Austrália, no domingo, 5 de agosto foi uma dos mais concorrida. Quantos foram aqueles que se manifestaram com bandeiras da Síria, Palestina, China, Hezbollah, Irã, Rússia e, claro, a Austrália com retratos de Bashar? Alguns estimam em 7.000. Milhares de pessoas  gritavam o nome do chefe de estado que eles reconhecem e que não estão  dispostos a mudar como resultado de ordens recebidas do exterior.

    Em território hostil...


    Uma demonstração ainda mais notável dado que a Austrália é, como todos os países de língua inglesa, uma extensão de diplomática dos EUA . Em 29 de maio, depois do massacre de Hula, falsa e apressadamente atribuído ao exército Sírio, o governo de Canberra expulsou dois diplomatas sírios.


    E no final de junho, o governo australiano anunciou novas sanções comerciais, o que veio a justificar-se pela mesma retórica parcial aprovada por Washington e Londres, que incluiu acusações contra o governo de Damasco, de ser responsáveis pela violência.



    No está claro cuál será la cobertura mediática de este evento en Sydney o cuantos australianos llegarán a conocer su existencia. Pero esta manifestación da testimonio en cualquier caso de la vitalidad y el grado de organización de una comunidad que se expresa por medio de comunicados de prensa regulares, que condenan el terrorismo y la desinformación.
    Según un censo de 2006, de 300.000 a 350.000 australianos son de origen árabe (poco menos del 2% de la población total), siendo la comunidad libanesa la más numerosa. La comunidad siria tendría unos 20.000 miembros (la tercera en número detrás de la libanesa y la palestina).

    Não está claro qual será a cobertura deste evento em Sydney, ou quantos australianos virão a conhecer a sua existência. Mas esta demonstração dá testemunho, em todos os casos, da vitalidade e do grau de organização de uma comunidade que se expressa por meio de comunicados a imprensa local, que  eles condenam o terrorismo e a desinformação vigente.

    De acordo com um censo de 2006 de 300.000 a 350.000 australianos são  de árabes origem (um pouco menos de 2% da população total), sendo a  comunidade libanesa a maior. A Comunidade síria teria cerca de 20.000 membros (a terceira em número por trás os libaneses e dos palestinos).

    Aqui abaixo os links de vídeo:
    http://www.youtube.com/watch?v=scoQD54TPIo & feature = youtu ser.
    http://www.youtube.com/watch?v=3faeoW8oEzg
    Link para as fotos:
    http://www.Facebook.com/Media/Set/?Set=a.456764437676954.101928.279535285399871 & tipo = 1