quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

UCRÂNIA E A OTAN: a Arte da Guerra

O roteiro para a cooperação militar Otan-Ucrânia, assinado em dezembro, praticamente integra doravante as forças armadas e a indústria bélica de Kiev nas da Aliança sob a condução dos Estados Unidos. Nada mais falta a não ser a entrada formal da Ucrânia na Otan.
O presidente Poroshenko anunciou para esse efeito um « referendo » cuja data está por definir, prenunciando uma clara vitória do « sim » sobre a base de uma pesquisa já realizada. Por seu lado, a Otan garantiu que a Ucrânia, « um dos mais sólidos parceiros da Aliança », está « firmemente comprometida a realizar a democracia e a legalidade ».
Os fatos falam claramente. A Ucrânia de Poroshenko – o oligarca que enriqueceu com o saque das propriedades do Estado e a quem o primeiro-ministro italiano Renzi louva como « sábia liderança » – decretou por lei em dezembro o banimento do Partido Comunista da Ucrânia, acusado de « incitação ao ódio étnico e violação dos direitos humanos e das liberdades ». Estão proibidos por lei mesmo os símbolos comunistas : cantar A Internacional resulta numa pena de 5 a 10 anos de prisão.
É o ato final de uma campanha de perseguição semelhante à que marcou o advento do fascismo na Itália e do nazismo na Alemanha. Sedes de partidos destruídas, dirigentes linchados, jornalistas torturados e assassinados, militantes queimados vivos na Bolsa do Trabalho de Odessa, civis sem armas massacrados em Marioupol, bombardeados com fósforo branco em Slaviansk, Lougansk e Donetsk.
Um verdadeiro golpe de Estado sob a direção da dupla EUA/Otan, com o objetivo estratégico de provocar na Europa uma nova guerra fria para golpear e isolar a Rússia e, ao mesmo tempo, fortalecer a influência e a presença militar dos Estados Unidos na Europa. Como força assalto, foram utilizados, no golpe da Praça Maidan e nas ações sucessivas, grupos neonazistas treinados e armados para esse efeito, como provam as fotos de militantes de Uno-Unso treinados em 2006 na Estônia. As formações neonazistas foram em seguida incorporadas na Guarda Nacional, adestradas por centenas de instrutores estadunidenses da 173ª divisão aerotransportada, transferida de Vicenza para a Ucrânia, acompanhada por outras da Otan.
A Ucrânia de Kiev foi assim transformada no « viveiro » do nazismo renascente no coração da Europa. Chegam a Kiev neonazistas de toda a Europa (inclusive da Itália) e dos EUA, recrutados sobretudo pelo partido de extrema direita Pravy Sektor e pelo batalhão Azov, cuja identidade nazista é representada pelo emblema decalcado das SS do Reich. Depois de terem sido treinados e postos à prova nas ações militares contra os russos da Ucrânia e no Donbass, retornam a seus países com o « salvo-conduto » do passaporte ucraniano. Simultaneamente difunde-se na Ucrânia a ideologia nazista entre as jovens gerações. Disto, ocupa-se em particular o batalhão Azov, que organiza campos de treinamento militar e de formação ideológica para crianças e adolescentes, aos quais se ensina antes de tudo o ódio aos russos.
Isto advém da conveniência dos governos europeus: por iniciativa de um parlamentar da República Tcheca, o chefe do batalhão Azov, Andriy Biletsky, aspirante a « Führer » da Ucrânia, foi recebido pelo parlamento europeu como « orador convidado ». Tudo no quadro do « Apoio prático da Otan à Ucrânia », compreendendo o « Programa de potencialização da educação militar », no qual participaram em 2015, 360 professores ucranianos, instruídos por 60 experts da Otan. Num outro programa da Otan, « Diplomacia pública e comunicações estratégicas », ensina-se às autoridades como «contrapor-se à propaganda russa» e aos jornalistas como « gerar histórias factuais desde a Crimeia ocupada e a Ucrânia oriental ».
Manlio Dinucci
http://www.globalresearch.ca/ucraina-heil-mein-nato-2/5500939
ilmanifesto.info 4 January 2016

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Mídia distorce informações sobre professor visitante da UFRJ

 Mídia distorce informações sobre professor visitante da UFRJ
 *Redação Boletim da Aduferj  e Elisa Monteiro
O tom sensacionalista com o qual a mídia brasileira tratou o caso do físico franco-argelino Adlène Hicheur põe em xeque a credibilidade das informações. Professor visitante do Instituto de Física da UFRJ, Hicheur foi apresentado à opinião pública do país como um perigoso terrorista.
Contribuiu para aumentar o julgamento do professor uma declaração do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, para quem o físico sequer deveria ter entrado no país, em 2013.
O professor foi preso na França entre 2009 e 2012, sob as novas leis antiterroristas, por trocar e-mails com um suposto militante da Al-Qaeda na Argélia. Foi processado no final desse período e condenado à prisão pelo tempo que já havia ficado, mas, em seu julgamento, não foram encontrados indícios concretos de seu envolvimento em ações terroristas.
Formação de quadrilha, tendo como intenção cometer atos de terrorismo, foi a acusação pela qual respondeu à justiça francesa.
No Brasil, Adlène Hicheur entrou no radar da Polícia Federal por causa de uma reportagem da Rede CNN sobre o atentado contra o jornal francês “Charlie Hebdo”. A reportagem mostrou  um homem numa mesquita da Tijuca, no Rio, que exibiu símbolo de uma facção terrorista. A PF resolveu investigar os frequentadores do templo religioso e o professor Hicheur — que estava de férias na França, quando isso ocorreu —, pelo seu histórico, acabou alvo da investigação.
No dia 13, depois da repercussão de uma reportagem sob o título “Um terrorista no Brasil”, na revista Época, reiterando as acusações feitas por autoridades francesas, Hicheur comunicou a colegas da UFRJ e do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) que decidiu interromper o seu contrato com a universidade e deixar o país, por se sentir perseguido.
Em carta a seus colegas da UFRJ e do CBPF, Hicheur afirma que, ao contrário do que disse a revista, sua prisão na França não era segredo para as autoridades brasileiras.
Defesa
O noticiário sobre Adlène Hicheur no Brasil repercutiu no exterior. Importantes pesquisadores da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN, da sigla em francês), e de outras instituições de pesquisa na Europa, divulgaram nota de solidariedade ao professor.
“(...) Prof. Hicheur nunca cometeu, direta ou indiretamente, qualquer ato criminoso ou terrorista. Ele cumpriu a sua sentença (...) e tem trabalhado pacificamente no Brasil. (...) é admirável que o Brasil tenha oferecido ao prof. Hicheur a possibilidade de retomar a sua carreira científica (...). O artigo que foi publicado recentemente na Época não tem fundamento na realidade”, dizem trechos da nota.

Quando foi alcançado pela repressão na França, com base nas novas leis antiterror, um comitê de solidariedade lançou o manifesto “Guantánamo à la Française” (http://soutien.hicheur.pagesperso-orange.fr). A polícia da Suíça (onde fica o CERN) também investigou Hicheur e não encontrou nada, como informam os jornais da época (http://www.adlenehicheur.fr/press/oc09m11/2011-01_13_LeMatin_CH.pdf).

Posição da reitoria
Até a tarde desta sexta-feira 15, a UFRJ não tinha recebido nenhum comunicado do professor visitante Adlène Hicheur solicitando seu desligamento da instituição. A direção da universidade divulgou nota afirmando que não é atribuição da universidade deliberar sobre antecedentes criminais de professores. O ingresso de Hicheur, informou a UFRJ, seguiu os trâmites habituais.
No dia 14, o Instituto de Física divulgou nota informando a substituição “do professor Adlène para evitar que influências não acadêmicas interfiram no andamento das aulas. Ele continua exercendo atividades de pesquisa na pós-graduação”.



“Excelente pesquisador”
Professor Titular do Instituto de Física (IF) da UFRJ, Leandro Salazar de Paula lidera a equipe de pesquisadores da qual faz parte Adlène Hicheur, no Laboratório de Partículas Elementares do Instituto de Física. Salazar o define como “um excelente pesquisador, brilhante”. Caso Adlène deixe o país, considera que haverá prejuízo para a pesquisa. Os dois também atuam como colaboradores do CERN.
Adlène Hicheur está na UFRJ desde junho de 2014. Por causa da limitação no idioma, primeiro atuou só como pesquisador. No semestre seguinte, começou a lecionar na pós-graduação sobre sustentabilidade de energias renováveis, e em Física Experimental II, na graduação.
A trajetória do professor visitante na UFRJ é destacada com louvor. De acordo com Salazar, foi o prestígio internacional de Hicheur como pesquisador que propiciou a presença de especialistas de centro de pesquisa de referência internacional de Zurique, em colóquio científico realizado pelo Instituto de Física em 2015.
Na UFRJ, o professor franco-argelino atua em várias linhas de pesquisa. “Somos nove pesquisadores, e estamos perdendo o mais atuante. A saída dele é muito negativa”, lamenta Salazar.
O professor brasileiro relata que a contratação de Hicheur pela UFRJ seguiu todo rigor exigido a um visitante estrangeiro. “A documentação estava completa, visto, nada consta etc. E tudo já havia sido checado anteriormente pelo CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas). Todas as informações foram esclarecidas, inclusive sobre o cumprimento da pena. Não havia nada de secreto”.
Salazar explica que, em caso de visitantes, a previsão de permanência é de um ano, prorrogável três vezes pelo mesmo período. “Teríamos todo interesse que Adlène continuasse conosco os quatro anos. Mas, mesmo que não tivesse ocorrido essa situação toda, não tenho certeza se ele ficaria esse tempo todo. Tanto é que veio primeiramente com uma bolsa de curta duração do CBPF. Só depois aceitou uma colaboração maior. E quando abrimos a vaga para docente, resolveu se candidatar”, relata.
De acordo com o professor Leandro Salazar, dois fatores foram determinantes para que Adlène Hicheur escolhesse o Brasil como destino acadêmico, depois de cumprir sua pena: maior agilidade na burocracia brasileira e desejo por um novo ambiente para seu recomeço.
 “Quando foi solto, Adlène expressou aos colegas de área que seu interesse era voltar à vida científica”, conta. “A Europa paga melhor, mas o processo burocrático é mais lento”, observou Salazar.
Segundo o professor da UFRJ, o franco-argelino ficou chocado com a exploração de sua história pela mídia brasileira: “Adlène lidou em diferentes países com a questão. Mas nunca com essa exposição, com sua fotografia aparecendo repetidamente”. 
Salazar disse que cientistas internacionais manifestaram sua solidariedade a Hicheur logo que o noticiário sobre ele chegou à mídia. “Na verdade, como brasileiro, fiquei envergonhado por tudo que aconteceu com ele, que essa incivilidade tenha afetado a opinião dele sobre a gente”, disse. A “receptividade dos brasileiros” era sempre citada por Adlène Hicheur como fator que contribuiu para sua fixação no país, lembra o professor.

Boletim da Adufrj  de 21 de janeiro de 2016
http://www.adufrj.org.br/images/19012016B.pdf

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

A verdadeira cara de Israel e do sionismo

Siria denuncia campanha midiática sobre a responsabilidade da fome nos territórios ocupados pelos terroristas/mercenários



Síria denunciou nesta segunda-feira na ONU uma campanha de mídia para desacreditar o Governo à frente das negociações de paz no final deste mês em Genebra, argumentando que usa a fome como arma de guerra. 

Em declarações à imprensa na tribuna do Conselho de Segurança, o embaixador sírio na ONU, Bashar Yaafari, desmentiu  relatos de que em Madaya, Damasco, várias pessoas morreram por falta de alimentos, e que as autoridades do Estado sírio bloqueiam a assistência humanitária a estas e outras cidades sitiadas. Mentem deliberadamente alguns membros do Conselho e de canais de televisão, buscando criminalizar o governo, tal como o fizeram no contexto de consultas anteriores em Genebra e Moscou entre representantes do Executivo e opositores. 
No próximo 25 de janeiro, se espera  novas rodadas de conversações sobre o conflito, na cidade suíça com a facilitação das Nações Unidas em conformidade com a resolução 2254 do Conselho de Segurança, que no mês passado estabeleceu um roteiro para parar a violência no país desde março de 2011. 
De acordo com Yaafari, algumas potências ocidentais e seus aliados no Oriente Médio não estão satisfeitos com o compromissos assumidos por  Damasco no diálogo entre sírios para  pôr fim ao conflito, cenário que afeta os planos para mudança de regime desses países ocidentais. 
O diplomata assegurou que o  Governo sírio envia ajuda humanitária às áreas sob cerco dos grupos terroristas e tem solicitado  às Nações Unidas que envie mais ajuda. Hoje chegaram  65 caminhões com ajuda a Madaya, em Damasco, em Kefraya e em Fouaa em Idlib, destacou o embaixador sírio. 
O principal e grave problema nestas cidades,  aldeias e outros lugares devastados pela guerra, é  a prática do roubo, do saques e do desvio da ajuda pelos terroristas do Estado islâmico, a Frente Nusra e grupos associados. 
Os medicamentos e alimentos  acabam nas mãos desses  grupos, que, em seguida, passam a vende-los a preços  inacessíveis para as pessoas  necessitadas.  Yaafari reiterou a disposição  da Síria em  permitir a entrada de ajuda humanitária, sem negligenciar as questões de segurança. Para nós é uma prioridade que as organizações responsáveis ​​pelo transporte e fornecimento da  assistência  possam faze-lo  em ambiente  mais seguro possível, única forma de garantir minimamente que a ajuda humanitária não caia nas mãos dos extremistas.
O diplomata condenou as acusações contra Damasco de permitir que as pessoas morram de fome nas áreas controladas pelos “opositores” e terroristas.
“Protegemos  o povo sírio, quem acusa  esconde as causas do sofrimento do nosso povo: o  terrorismo, as sanções econômicas impostas pelo exterior e o compromisso desses países  com a mudança de regime.”

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Para entender a guerra do imperio sionista: Mísseis contra o gasoduto Turkish Stream


Os mísseis Aim-120 Amraam, lançados pelo F-16 turco (todos dois Made in USA) não foram dirigidos somente contra o caça-bombardeiro russo mobilizado na Síria contra o chamado Estado Islâmico, mas contra um objetivo mais importante: o Turkish Stream, o gasoduto projetado que levaria o gás russo à Turquia e de lá à Grécia e outros países da União Europeia
O Turkish Stream é a resposta de Moscou ao torpedeamento, por Washington, do South Stream, o gasoduto que, contornando a Ucrânia, levaria o gás russo até Tarvisio (na região italiana de Udine) e de lá à União Europeia, com grandes benefícios para a Itália, inclusive em termos de emprego. O projeto, lançado pela empresa russa Gasprom e a italiana ENI depois ampliado à alemã Wintershall e à francesa EDF, já estava em fase avançada de realização (a Saipem da ENI já tinha um contrato de dois bilhões de euros para a construção do gasoduto através do Mar Negro) quando, depois de ter provocado a crise ucraniana, Washington lançou aquilo que o New York Times definiu como “uma estratégia agressiva visando a reduzir fornecimentos russos de gás para a Europa”.
Sob pressão estadunidense, a Bulgária bloqueou em dezembro de 2014 os trabalhos do South Stream, enterrando o projeto. Mas ao mesmo tempo, embora Moscou e Ancara estivessem em campos opostos no que concerne à Síria e ao chamado Estado Islâmico, a Gasprom assinou um acordo preliminar com a companhia turca Botas para a realização de um duplo gasoduto Rússia-Turquia através do Mar Negro. Em 19 de junho Moscou e Atenas assinaram um acordo preliminar sobre a extensão do Turkish Stream (com uma despesa de dois bilhões de dólares a cargo da Rússia) até a Grécia, para torná-la a porta de entrada do novo gasoduto na União Europeia.
Em 22 de julho Obama telefonou a Erdogan, pedindo que a Turquia se retirasse do projeto. Em 16 de novembro, Moscou e Ancara anunciaram, ao contrário, próximos encontros governamentais para lançar o Turkish Stream, com uma envergadura superior à do maior gasoduto através da Ucrânia.
Oito dias mais tarde, a derrubada do caça russo provocou o bloqueio, senão a liquidação, do projeto. Seguramente, em Washington, festejaram o novo acontecimento. A Turquia, que importava da Rússia 55% de seu gás e 30% de seu petróleo, se encontra de fato prejudicada pelas sanções russas e corre o risco de perder o grande negócio do Turkish Stream.
Quem, então, na Turquia, tinha o interesse de abater voluntariamente o caça russo, sabendo quais seriam as consequências? A frase de Erdogan – “Nós não queríamos que isto acontecesse, mas aconteceu, espero que uma coisa desse tipo não acontecerá mais” -, implica um cenário mais complexo do que o oficial. Na Turquia há importantes comandos, bases e radares da Otan sob o comando estadunidense. A ordem de abater o caça russo foi dada dentro desse quadro.
Nesse ponto, qual é a situação na “guerra dos gasodutos”? Os Estados Unidos e a Otan controlam o território ucraniano por onde passam os gasodutos Rússia-União Europeia, mas a Rússia pode hoje contar menos com eles (a quantidade de gás que eles transportam caiu de 90% a 40% da exportação russa de gás para a Europa) graças a esses dois corredores alternativos. O Nord Stream que, no Norte da Ucrânia, leva o gás russo à Alemanha: a Gasprom quer agora duplicar, mas o projeto é contestado na União Europeia pela Polônia e por outros governos do Leste (principalmente os ligados tanto a Washington como a Bruxelas). O Blue Stream, administrado paritariamente pela Gasprom e a ENI, que no sul passa pela Turquia e por este fato não está isento de risco. A União Europeia poderia importar bastante gás a baixo preço do Irã, com um gasoduto já projetado através do Iraque e da Síria, mas o projeto está bloqueado (não por acaso) pela guerra desencadeada nesses países pela estratégia dos Estados Unidos e da Otan.
Manlio Dinucci

EUA na Síria: “Bombeiro-Incendiário”, “Abertamente Armando, Financiando e Treinando Terroristas”


 Se os Estados Unidos estivessem mesmo interessados eles poderiam a qualquer momento apagar esse fogo todo simplesmente através de fechar a fronteira entre a Turquia e a Síria, e fazer por onde por um ponto final na ajuda da Arábia Saudita aos terroristas operando na Síria. Isso iria terminar com o conflito em poucas semanas, senão em poucos dias. Não fazendo isso ele mostra o papél central que ocupa na criação e na perpetualização do próprio “Estado Islâmico”.
Imagine um pirômano incendiando um edifício, dando uma volta, trocando de roupa por um uniforme de bombeiro e voltando correndo, não com uma mangueira d´ água, mas com um tambor de gasolina sendo rolado a sua frente. Poderia alguém acreditar que a sua intenção seria a de apagar o fogo? Não deveria estar claro para qualquer um que a sua finalidade era a de assegurar-se que, não importa o esforço que se fizesse, esse fogo não iria se extinguir tão cedo, e provavelmente não mesmo antes que tudo já estivesse queimado?
Encontro com a piromania e os incendiários maníacos
Os Estados Unidos estiveram fazendo voos ilegais sobre a Síria já a mais de um ano. Ele esteve abertamente armando, financiando e treinando terroristas ao longo da fronteira da Síria com a Turquia e Jordânia, reconhecidamente, por muito mais tempo. Tem-se que mesmo antes do conflito ter começado em 2011, os Estados Unidos estiveram conspirando, tão cedo quanto em 2007, como foi revelado em entrevistas conduzidas pelo Prêmio-Pulitzer jornalista Seymour Hersh em seu relatório de 9 páginas “O redirecionamento” (in his 9-page report “The Redirection ) e isso para destabilizar e derrubar o governo da Síria através de extremistas sectários – mais especificadamente, Al Qaeda – com armas e fundos lavados através do mais velho e dedicado aliado regional dos Estados Unidos, a Arábia Saudita.
O surgimento do chamado “Estado Islâmico” (ISIS/ISIL) mostrou-se como fazendo parte de uma premeditada “desconstrução da Síria, como admitido no relatório de um departamento da Agência de Inteligência DIA, elaborado em 2012 (. A Department of Intelligence Agency (DIA) report drafted in 2012 (.pdf) . Nessa lia-se:
Se a situação se desenrolar bem deverá haver uma possibilidade de estabelecer um declarado, ou não-declarado, principado Salafista no leste da Síria (Harsaka e Der Zor)sendo que isso é exatamente então o que os poderes apoiando a oposição desejam para isolar o regime na Síria, que é considerado como prova da intensidade da expansão xiita (Iraq e Irã).
Para clarificar quais seriam esses “poderes apoiando” a construção de um “Principado Salafista” o relatório do DIA explica que seriam:
  • o ocidente, os países do golfo e a Turquia; enquanto então a Rússia, a China e o Irã estariam apoiando o regime constitucional.
Nesse contexto tornava-se bem evidente quem seriam os pirômanos.
Rolando tambores de gasolina para “Apagar o Fogo”
Nenhum dos recentes movimentos dos Estados Unidos foram honestos. Os formuladores de políticas dos Estados Unidos conspiraram abertamente para se comprometerem com estratégias não destinadas a lutar contra o Estado Islâmico (ISIS), ou a acabar com o conflito destrutivo na Síria, o qual eles mesmo tinham começado. Em vez disso eles agiram para combater as tentativas da Rússia de o fazer. Tudo feito abaixo do disfarce de combater ISIS, ajudar refugiados, ou mesmo qualquer outro subterfúgio que acreditassem a opinião pública mundial pudesse aceitar, se não apoiar.
A verdade começou a aparecer até mesmo nos próprios jornais de propriedade do ocidente. O “Washington Post”  num artigo intitulado “Obama tem uma estratégia para a Síria mas enfrenta grandes obstáculos” (Obama has strategy for Syria, but it faces major obstacles.) declara explicitamente que:
[EUA] irá aumentar operações aéreas no norte da Síria, especialmente na área da fronteira com a Turquia, para cortar o influxo de combatentes estrangeiros, dinheiro, e material vindo para apoiar o Estado Islâmico.
Aqui o “Washington Post” admite abertamente que o apoio para o Estado Islâmico está fluindo de dentro de um país membro da OTAN, da Turquia. É claro que para parar esse “fluxo” esforços deveriam ser concentrados na fronteira Turquia-Síria antes que abastecimentos e reenforçamentos pudessem entrar na Síria. Está evidente também que o Estado Islâmico (ISIS) está sendo intencionalmente permitido a reabastecer e reforçar  sua capacidade de luta dentro da Síria, e isso vindo de um território OTAN, nominadamente para servir como pretexto para uma maior e mais direta intervenção do ocidente na Síria, como se pode notar já em junho de 2014 ( as was noted in June of 2014 ) de quando ISIS pela primeira vez mostrou-se no Iraque.
ISIS representa os tambores de gasolina sendo rolados para dentro do fogo, não para extinguir as chamas, mas para as desenvolver a um inferno ainda maior.
Os maníacos incendiários procuram criar um inferno ainda muito maior
O mesmo artigo do “Washington Post” iria revelar as verdadeiras intenções dos Estados Unidos e suas “botas no terreno” na Síria. Apesar deles dizerem que pretendem lutar “contra o Estado Islâmico” a verdade apresenta-se como muito mais sinistra. Abaixo do pretexto de lutar contra o Estado Islâmico, essas forças dos Estados Unidos, que apoiam militantes armados, treinados e financiadas pelos Estados Unidos e seus aliados regionais, irão tomar e manter territórios, efetivamente realizando o expresso nos documentos de ação política que de a muito vem expressando o desejo dos formuladores de políticas em Washington  de “desconstruir” a Síria como uma maneira secundária de destruir a mesma como uma nação-estado, se direta mudança de regime mostrar-se como coisa inatingível.
Washington Post” diz especificamente que:
Abaixo da estratégia Obama,  a derrota do Estado Islâmico na Síria baseia-se em possibilitar forças locais sírias a não só fazer retroceder os combatentes do Estado Islâmico como também manter territórios libertados até que um novo governo central, estabelecido em Damasco, possa assumir.
Como já existe um governo central estabelecido em Damasco, é seguro concluir que as regiões asseguradas pelos militantes apoiados pelos Estados Unidos nunca seriam retornadas até uma derrubada de Damasco. Caso essa estratégia obtenha sucesso isso iria significar uma “balcanização” da Síria e consequentemente, o seu fim como uma nação unificada.
Comparando essa recente confissão do “Washington Post”, que se baseia em “lutar contra o Estado Islâmico” seguindo um  plano que já tinha sido feito antes mesmo do aparecimento do mesmo, revela também que o Estado Islâmico é só mais um de uma série de pretextos usados para implementar os objetivos dos Estados Unidos. Tudo já tinha sido elaborado, até mesmo o surgimento do próprio, antes de que qualquer tiro tivesse sido dado na atual crise da Síria.
No Memo #21 “Brookings Institution-Middle East, de março 2012 “Avaliando Opções para Mudança de Regime” ( “Assessing Options for Regime Change” ) especifica-se que:
Uma alternativa seria que os esforços diplomáticos se concentrassem primeiro em acabar com a violência e em como ganhar acesso humanitário, como tem sido feito abaixo da direção de Annan. Isso poderia levar a criação de áreas-seguras e corredores humanitários, que teriam que ser assegurados por poder militar limitado [limitado  !!! ? !]. Isso iria naturalmente ficar abaixo dos objetivos estabelecidos pelos Estados Unidos e poderia preservar Assad no poder. Entretanto, desse ponto de partida seria possível que uma substancial coalisão, com o apropriado mandato internacional pudesse acrescentar subsequente ação coercedora aos seus esforços. [ênfases acrescentadas]
O plano de se usar forças especiais dos Estados Unidos para assegurar território sírio também foi especificado no documento da “Brookings” [instituição] de junho de 2015 denominado “Desconstruindo a Síria: Uma nova estratégia para a guerra mais desesperançada dos EUA”- Deconstructing Syria: A new strategy for America’s most hopeless war . Nesse documento declara-se que:
A idéia seria a de ajudar elementos moderados a estabelecer zonas de segurança dentro da Síria uma vez que estivessem preparados. Os EUA assim como forças sauditas, turcas, britânicas, da Jordânia e outras forças árabes poderiam agir em apoio, não só com ajuda aérea mas eventualmente no terreno com uma presença de forças especiais também. Essa abordagem iria beneficiar-se do terreno desértico aberto que poderia permitir a criação de zonas marginais de segurança – buffer zones – que poderiam ser monitoradas para possíveis sinais de ataque inimigo através de uma combinação de tecnologias, patrulhas e outros métodos que forças especiais, vindo de fora, poderiam ajudar os combatentes locais a erigir. [ênfases acrescentadas]
Se Assad fosse suficientemente audaz  para desafiar essas zonas, mesmo que de alguma maneira ele  tivesse conseguido o retirar das forças especiais, ele iria provavelmente  perder seu poder aéreo em ataques retaliatórios subsequentes, vindo das forças especiais, deprivando assim os militares sírios de uma das poucas vantagens sobre o Estado Islâmico. Concluiu-se portanto que ele provavelmente não iria fazer isso. [ênfases acrescentadas]
É óbvio que o esquema mais recente dos Estados Unidos continua com a mesma conspirção criminosa, a longo prazo, levantada contra a Síria, como exposto tão cedo como em 2007, por Seymour Hersh.
Para por ponto final aos pirômanos denomie-os pelo que são – Maníacos Incendiários
É claro que os Estados Unidos poderiam parar a marcha do Estado Islâmico sem por um único par de “botas no solo” sírio ou fazer um único voo pelos seus céus ( and without setting a single boot down on Syrian soil ).
A Rússia tem a autorização do governo constitucional da Síria para operar no território sírio para confrontar o Estado Islâmico. Entretanto a Rússia poderia gostar de interditar os abastecimentos e reenforçamentos para o Estado Islâmico antes que esses entrassem no território sírio, mas tem-se aqui que os países vizinhos, nominadamente a Turquia e a Jordânia, abrigam e ajudam, assim como agem em cumplicidade com as organizações terroristas, não indo então cooperar honestamente com a Rússia.
A Rússia tem influência limitada sobre os financiadores do Estado Islâmico, incluindo-se aqui a Arábia Saudita da qual a inteira existência depende das armas no valor de muitos bilhões compradas dos Estados Unidos, do círculo de bases militares americanas construídas em volta, e através, de todo o Golfo Pérsico defendendo-os contra a sempre aumentando quantidade de bem merecidos inimigos que adquire, e da constante legitimidade política garantida a eles pelos círculos diplomáticos e midiáticos do ocidente.
Os Estados Unidos tem uma presença física na Turquia, na Base Aérea de Incirlik, e vem já por vários anos operando ao longo da fronteira turco-síria – tendo também a sua Agência Central de Inteligência provendo armas aos terroristas, as suas forças especiais fazendo operações fronteiriças, enquanto os seus militares vem administrando os campos de treinamento que preparam terroristas antes deles entrarem no território sírio, perpetuando dessa maneira o conflito [que dizem combater]. Os Estados Unidos, como se pode deduzir do acima dito, exercem além disso tudo a sua grande influência sobre a Arábia Saudita, sendo então que seu apoio político e militar é essencial para que a existência do regime saudita, em Riad, possa continuar.
Se os Estados Unidos estivessem mesmo interessados eles poderiam a qualquer momento apagar esse fogo todo simplesmente através de fechar a fronteira entre a Turquia e a Síria, e fazer por onde por um ponto final na ajuda da Arábia Saudita aos terroristas operando na Síria. Isso iria terminar com o conflito em poucas semanas, senão em poucos dias. Não fazendo isso ele mostra o papél central que ocupa na criação e na perpetualização do próprio “Estado Islâmico”.
A Síria e seus aliados precisariam não só de reconhecer esses fatos como também de elaborar uma estratégia que possa efetivamente conter essa situação. Negociar com estados-financiadores da mais terrível e devastadora organização terrorista tendo pisado essa terra, em recente memória coletiva, não parece ser uma opção viável. A alternativa que se apresenta então é a expansão da coalisão sírio-russa dentro da Síria, especialmente nas regiões que os Estados Unidos pretendem arrebatar e esculturar a sua conveniência. Inicialmente uma esmagadora presença de “tropas de paz” vindas de várias nações e localizadas ao longo da fronteira turco-síria poderia bloquear os esforços dos Estados Unidos para a perpetualização desse, e relatados conflitos.
Isso não sendo possível, a Síria e a Rússia tem de tentar expandir suas operações por toda a Síria, e isso mais depressa do que os Estados Unidos possam espalhar seu pretendido caos.
Por já os Estados Unidos têm muito poucos elementos de uma força especial servindo como um tênue “escudo humano” para os terroristas na mira das operações militares da Rússia e da Síria. Eles ainda estão vulneráveis e possíveis de desengatilhar. Entretanto, os Estados Unidos irão sem dúvida continuar a expandir sua presença na Síria, talvez mesmo até a um ponto onde um retroceder poderia se mostrar como impossível ou inadmissível.
Tirar do jogo os incendiários pirômanos antes que o fogo irreversivelmente tome toda a estrutura que é o atual estado nacional sírio poderia ser já a única maneira de impedir que a Síria se torne na “Líbia do Levante”. Isso poria também um fim a geopolítica da perigosa guerra-relâmpago claramente destinada, em sua continuação, a Teerã, Moscou e Pequim, respectivamente então Irã, Rússia e China.
Tony Cartalucci
Artigo em inglês : 
Obama talks about bombing Syria (this time to fight the insurgents that the US created)
New Eastern Outlook 6 de novembro 2015
Traduzido por Anna Malm – https://artigospoliticos.wordpress.com para Mondialisation.ca
Tony Cartalucci, Bangkok-based geopolitical researcher and writer, especially for the online magazineNew Eastern Outlook”.
Postado:http://www.globalresearch.ca/eua-na-siria-ponha-um-ponto-final-para-o-bombeiro-incendiario-abertmente-armando-financiando-e-treinando-terroristas/5487614