Apesar de todo os esforços dos militantes internacionalistas para chamar a atenção da humanidade sobre tragédia dos palestinos, o cerco cruel à Gaza, a limpeza étnica em Jerusalém Oriental , a demolição de casas em Silwan, o apartheid impostos aos habitantes da Cisjordânia e até mesmo o massacre praticado por Israel em Gaza entre dezembro e Janeiro de 2008/09 estavam empalidecendo na memória da maioria. O massacre da Flotilha da Liberdade , um ato de pirataria e terrorismo de Estado praticado contra ativistas da paz, da liberdade e dos Direitos Humanos e a indignação que provocou em todos os povos do mundo, recolocou a questão palestina novamente na pauta da mídia e dos movimentos sociais.
Entretanto, não podemos agir somente de massacre em massacre. Não podemos ficar em compasso de espera até que Israel pratique um novo crime contra a humanidade. Essa luta deve ser permanente e sustentada, caso contrário o experimento do nazismo como prática para esmagar a resistência de um povo para concretizar as ambições imperialistas passará a ser utilizada em qualquer lugar do mundo, onde o capital moribundo encontre resistência à sua ganância.
Genocídio, holocausto, limpeza étnica, racismo, apartheid, campo de concentração, punição coletiva são crimes contra a humanidade que só podem ser praticados por Estados párias e equivalem aos crimes praticados por bandidos , traficantes e pelas máfias que parasitam todas as sociedades capitalistas porque nos dois casos, não há respeito às leis. E definitivamente são características clássicas de um Estado Fascista.
O massacre em Gaza, os inúmeros protestos em todo o mundo, a condenação de Israel no relatório Goldstone e na Comissão de Direitos Humanos da ONU deram um novo fôlego à Campanha do BDS- Boicote Desinvestimentos e Sanções contra Israel. Mas , aos poucos, a causa palestina foi perdendo força, embora campanhas importantíssimas tenham sido desenvolvidas por heróicos e obstinados internacionalistas como o parlamentar britânico George Galloway que, com o seu notável comboio de ajuda Humanitária “ Viva Palestina” quebrou por três vezes o cerco de Gaza. Infelizmente esses feitos foram criminosamente boicotado pela mídia corporativa, dominada e controlado pelo sionismo.
Na esteira do “Viva Palestino”, surgiram dedicados ativistas como Mike Prysner - um veterano da guerra do Iraque. Com apenas 27 anos, Prysner tornou-se a voz da consciência dos soldados norte-americanos que servem nas insanas guerras imperialistas dos E.U.A. e coordenou o segundo comboio de ajuda humanitária “ Viva Palestina” a partir dos Estados Unidos.
No terceiro e mais difícil comboio de ajuda humanitária por terra, Galloway e mais 500 militantes internacionalistas enfrentaram a truculência do governo egípcio, foram obrigados a enfrentar inúmeras provas até conseguirem entrar em Gaza pela fronteira de Rafah e entregar parte da ajuda que levavam em 200 caminhões, pois uma parte foi confiscada por Israel . Ao mesmo tempo em que o comboio Viva Palestina tentava entrar em Gaza, mais de mil ativistas de diversos países, inclusive um companheiro do nosso Comitê, protestavam no Egito contra o governo de Mubarack que proibia seu acesso a Gaza. Mais uma vez a mídia se calou e o mundo não tomou conhecimento desses fatos.
Ainda em 2009, depois do massacre em Gaza , várias tentativas de ajuda à Gaza pelo mar foram interceptadas por Israel que abordou e prendeu os ativistas do barco de ajuda “Espírito da Humanidade”, incluindo uma deputada norte-americana que foi prêmio Nobel da Paz.
Cinco meses depois do Viva Palestina ter quebrado pela terceira vez o cerco de Gaza, entra em cena a “ Flotilha da Liberdade” e, pela primeira vez desde o início do envio de comboios com ajuda humanitária,Israel, ultrapassando todos os limites de crueldade, mata dezenas de ativistas e joga outros tantos no mar, chocando o mundo com mais um espetáculo sangrento, enquanto a maioria de seus cidadãos comemoravam na ruas de Tel Aviv (território copado em 1948) mais essa ação de seu governo carniceiro.
Assim escreveu o jornalista Ramón Pedregal Casanova em seu artigo no site Rebelion: “ ¿Hay algo que nos duela más que una persona justa asesinada? ¿Hay crimen más ominoso que el cometido contra personas solidarias con los desprotegidos? ¿Hay un crimen peor que asesinar a quienes piden a los organismos internacionales que cumplan y hagan cumplir el Derecho Internacional?
Lamentavelmente há ainda algo pior do que isso que é ver a maioria de uma população comemorando nas ruas esse tipo de crime contra humanidade. Ver um povo inteiro sofrer a limpeza étnica, o Holocausto e ter suas terras usurpadas sob o pretexto amoral de uma dívida divina é uma prova contundente da crise moral do sistema capitalista.
A luta do povo palestino encontra-se numa encruzilhada. Apesar da força que renasce mais forte em cada geração, desde 1948, e que mantém acesa a chama da resistência; apesar da luta cotidiana travada em todos os níveis na Palestina Histórica , vencer o inimigo fascista exige mais que o confronto dentro da Palestina. Para vencer o Estado Fascista é necessário que o conjunto dos povos estejam empenhados nessa tarefa, por isso o exemplo dos bravos militantes da Flotilla deve ser visto como uma esperança , mais que isso , uma orientação a ser seguida. Todos juntos e muita unidade para vencer o inimigo fascista!
Foi com esse espírito que o Comitê de Solidariedade à Luta do Povo Palestino do Rio de janeiro realizou uma manifestação que contou com a presença expressiva de todas as entidades do movimento social e político e com a simpatia da população presente na Cinelândia durante o ato.
Por Stela Santos e Beth Monteiro
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