Dafne Melo Enviada a Asdud (Palestina) ( Brasil de Fato)
No alto de um morro da cidade portuária de Asdud, um grupo de quatro jovens segura nas mãos uma bandeira israelense e coloca outras amarradas nas costas e na cintura. Diante das câmeras, gritam e pulam em frente ao batalhão de jornalistas que, com as câmaras apontadas para o Mar Mediterrâneo, esperam a chegada da frota de barcos em solidariedade à Faixa de Gaza, formada por seis embarcações e atacada pela Marinha do Estado de Israel na madrugada do dia 31 de maio. “Morte aos árabes!”, “Viva a Grande Israel!”, gritam repetidamente. O grupo é observado por cerca de vinte judeus ortodoxos e outras três dezenas de apoiadores sionistas.
“Nossos soldados foram atacados e pessoas que são contra Israel vêm aqui para aparecer na televisão, por isso venho apoiar os soldados”, explica um dos jovens que, minutos atrás, com outros dois, cercava uma jovem palestina, colocando a bandeira israelense em frente ao seu rosto, insistentemente.
Um homem ouve de perto a entrevista e pede para falar. “Sou argentino, moro em Israel há 28 anos, já servi ao Exército e estou aqui porque me identifico com o povo de Israel. Nós, o povo judeu, já sofremos muito, está na hora de dar um basta”. E os palestinos também não sofreram e continuam sofrendo muito?, pergunta a reportagem. “É diferente, o povo palestino quer nos exterminar. Eles não procuram um diálogo”.
Questionado sobre o grito de “morte aos árabes” dos manifestantes ao lado e sobre o número de ao menos 10 mortos e 80 feridos, o homem muda de assunto e de humor. “Isso é coisa de fanático, como eu sou por futebol, por exemplo. Se me pedirem para colocar uma camisa do Brasil, não coloco, não coloco de jeito nenhum”, diz, tentando disfarçar a irritação. Antes de sair, afirma: “Nosso Exército é poderoso, poderíamos acabar com todos os países árabes, e não apenas matar algumas pessoas em um barco”.
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