quinta-feira, 24 de março de 2022

Mais sanções contra a Rússia destruirão a Europa

 

– A desdolarização vai avançar a galope

Moon of Alabama [*]

A 21 de Fevereiro a Rússia anunciou que iria reconhecer as repúblicas do Donbass. No dia seguinte, fêz isso. O "ocidente" de imediato anunciou imediatamente sanções que, de facto, haviam sido preparadas com antecedência. A 24 de Fevereiro, as tropas russas cruzaram a fronteira da Ucrânia.

O rublo russo levou imediatamente uma grande pancada. Desde então, recuperou um pouco.



As notícias de hoje trarão o rublo a novas alturas.

Informações do jornal Kommersant (tradução automática):

Putin deu instruções para converter ao rublo contratos de gás com países inamistosos

O Presidente Vladimir Putin deu instruções para a emissão de uma diretiva à Gazprom para converter em rublos contratos com países inamistosos. Na sua opinião, fornecer bens russos à UE, aos EUA e receber pagamentos em dólares e euros "não faz qualquer sentido para nós". Contra este pano de fundo, a cotação do rublo subiu na Bolsa de Moscovo.

"Tanto os EUA como a UE basicamente incumpriram (defaulted) as suas obrigações para com a Rússia. E agora toda gente no mundo sabe que obrigações em dólares e em euros podem não ser cumpridas. (...) É bastante óbvio que, a este respeito, não faz sentido para nós fornecer os nossos bens tanto à UE como aos EUA e receber o pagamento em dólares, euros e um certo número de outras moedas. Portanto, decidi implementar no mais curto espaço de tempo possível um conjunto de medidas para transferir pagamentos pelo nosso gás natural fornecido a países inamistosos para rublos russos", disse o Sr. Putin numa reunião com o governo.

O Presidente instruiu o Banco Central e o governo a determinar no prazo de uma semana a ordem de operações para a compra de rublos no mercado interno pelos compradores do gás russo. Ele afirma que a Rússia continuará a fornecer gás "de acordo com os volumes e de acordo com os princípios de estabelecimento de preços fixados nos contratos".

Pela primeira vez desde 3 Março, a taxa de câmbio do dólar na Bolsa de Moscou caiu abaixo dos 100 rublos. A partir das 15:37, a moeda americana é negociada a 101,55 rublos (-2 rublos). A taxa de câmbio do euro caiu em 2,85 rublos, para 111,65 rublos. O máximo do dólar caiu para 94,99 rublos, o do euro para 109,7 rublos.

A União Europeia, os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e uma série de outros países impuseram sanções contra a Rússia em resposta à operação militar na Ucrânia, executada desde 24 de Fevereiro por ordem do Sr. Putin. Uma das medidas foi o congelamento de cerca de metade das reservas de ouro e de divisas do Banco Central (300 mil milhões de dólares).

Para pagar em rublos é preciso primeiro comprar rublos. Com uma maior procura por rublos e sem alterações nos fornecimentos, a cotação da moeda russa subirá. Como a Rússia está a vender hidrocarbonetos e outros recursos por milhares de milhões de dólares por dia, é provável que em breve o rublo atinja alturas recorde.

Em 28 de Fevereiro outra ronda de sanções atingiu a Rússia. A parte das reservas do banco central russo que estava armazenada no "ocidente" foi congelada. O banco central de imediato aumentou a sua taxa de juro de 9% para 20% para impedir uma fuga do rublo. Isto ajudou a diminuir os danos mas tornou o crédito caro e prejudicou o futuro crescimento potencial da Rússia.

Mas com uma nova e elevada procura de rublos do exterior da Rússia, o banco central poderá em breve reduzir a sua taxa de juro para níveis mais normais. As condições de crédito facilitarão o investimento na Rússia, a substituição de produtos que até então haviam sido importados irá aumentar novamente.

O movimento de hoje de procura de rublos para [a compra de] hidrocarbonetos é apenas uma das muitas medidas que a Rússia pode, e provavelmente tomará, para retaliar as sanções do "ocidente".

Como escrevi anteriormente:

Todo o consumo de energia nos EUA e na UE virá agora a um preço superior. Isto irá empurrar a UE e os EUA a uma recessão. Como a Rússia vai aumentar os preços das exportações de bens em que tem poder de mercado – gás, petróleo, trigo, potássio, titânio, alumínio, paládio, néon, etc – o aumento da inflação em todo o mundo tornar-se-á significativo.

Entretanto, o New York Times escreve:

Quando se deslocar à Europa, o Presidente Biden irá pressionar os aliados dos EUA para que ajudem a impor sanções ainda mais agressivas à Rússia.

Biden exige que a Europa se suicide enquanto ele protege a indústria norte-americana. Espero que algumas pessoas nas capitais europeias ainda sejam capazes de pensar com clareza suficiente para reconhecer a extorsão (racket) que os EUA estão a tentar fazer aqui:

Juntamente com a devastação econômica que as sanções estado-unidenses e europeias contra a Rússia estão a provocar nas suas próprias economias, isto terminará em mudanças de regime em vários países europeus. Os EUA estão naturalmente mais uma vez a proteger-se tanto quanto podem, à custa de outros.

Sanções à Rússia.
Fonte: U.S: Bloomberg

Tony Wood pergunta:

A questão permanece: porque é que todos aqueles que durante tanto tempo previram esta guerra fizeram tão pouco para travá-la, e tanto para apressar o desastre que a Rússia agora pôs em marcha?

De facto. Porque é que o governo da Alemanha não garantiu por escrito que vetaria qualquer adesão adicional à OTAN? Teria resolvido pelo menos metade do problema. Porque é que nenhum outro governo da OTAN o fez?

E o que estão eles a fazer agora? Onde estão as suas iniciativas em favor da paz?

Acordem. Caso contrário, isto acabará em catástrofe. Não para a Rússia mas para o resto da Europa.

23/Março/2022

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