por Presidente Bachar al-Assad [*]
Discurso pronunciado perante o Parlamento Sírio
em 7 de junho de 2016.
UM DISCURSO IMPRESSIONANTE
O silencio quase total das mídias de comunicação (em todo o mundo) acerca das eleições sírias foi seguido pelo absoluto silêncio acerca do discurso do Presidente Assad perante o novo Parlamento sírio , hoje reproduzido por resistir.info e que o Blog publica. Trata-se de uma peça impressionante e mesmo comovente. Este discurso reflete a tragédia de todo um povo sacrificado barbaramente pelo imperialismo, com a vergonhosa colaboração de uma União Europeia em total degradação moral e política. Mas mesmo neste transe terrível o povo sírio e as suas heroicas forças armadas resistem e lutam. Eles não querem ter o mesmo destino de povos trucidados pelos imperialismo, como os da Líbia, Iraque, Afeganistão, Iêmen e tantos outros. Apesar das tragédias humanas provocadas pelo terrorismo patrocinado pelos países da OTAN, longe vão os tempos em que os governantes dos EUA e os seus serviçais da UE diziam que o Presidente sírio não durava mais de seis meses!
( Nota do Resistir adaptada para o Blog)
( Nota do Resistir adaptada para o Blog)
Senhoras e Senhores,
…
Estas eleições não foram as eleições normais. Aconteceram num momento de grandes tensões territoriais e políticas, regionais e internacionais. Realizaram-se em condições internas extremamente difíceis que levaram alguns a predizer o seu fracasso e que na melhor das hipóteses seriam desconsideradas pelos cidadãos.
Mas o que aconteceu foi exatamente o oposto. Uma vez mais, o povo sírio surpreendeu o mundo por sua ampla participação num importante acontecimento nacional e constitucional. A taxa de participação sem precedentes é uma mensagem clara dizendo ao mundo que quanto mais aumentam as pressões, mais o povo mantém a sua independência; quanto mais as tentativas de ingerência se intensificam, mais o povo mantém o respeito pelas obrigações ditadas pela Constituição, garante da sua independência e alavanca da sua estabilidade.
Uma determinação nacional que se traduz também pelo grande número de candidatos nestas eleições, os quais assim deram testemunho do seu discernimento e do seu patriotismo.
E é também uma importante mensagem para vós, os deputados deste povo, porque esta participação sem precedentes apesar das circunstâncias, apesar de todas as ameaças e perigos, vos confere uma responsabilidade extraordinária para com os cidadãos que colocaram suas esperanças nas vossas mãos para que vós os protejais pelo vosso trabalho honesto e constante, que deverá ser proporcional à sua confiança e à amplitude dos desafios impostos à Síria.
….
É assim que o vosso Conselho, pela primeira vez inclui o ferido que sacrificou um pedaço de seu corpo para que o corpo da pátria permaneça inteiro; a mãe do mártir, seu pai, suas irmãs, que viram seus entes queridos sacrificar suas vidas para que a Síria permaneça; o médico misericordioso com a aflição econômica dos seus concidadãos que respeitou a nobreza de sua profissão prestando-lhes cuidados de saúde gratuitos; o artista que pegou em armas para defender sua terra e sua honra.
É também um Conselho onde se elevarão mais as vozes das mulheres, dos jovens, dos diplomados com altos estudos universitários e daqueles que contribuíram, com seus próprios meios materiais para a defesa de sua pátria e seu povo.
Cada um de vós fostes eleitos pelo povo para trazerem a sua voz, para o defenderem e o protegerem. Façamos de maneira que a finalidade, o método e a bússola do nosso trabalho, sejam trabalhar para os outros, não para nós próprios, exatamente como fizeram o homem ferido, o mártir e todos aqueles que foram sacrificados. Sem essa bússola, a Síria não poderá sair do que atravessa. Sem essa bússola, não há espaço para o progresso; não há lugar para cumprir; não há lugar para ideias inovadoras e criativas.
Quando pensamos e agimos de forma honesta e sincera, primeiro no interesse dos outros, e não no nosso, eliminamos os obstáculos devido à corrupção e à má gestão. Torna-se então possível e até mesmo por certo fazer face aos desafios colocados pela guerra e confundir o negligente, o corrupto, o desencaminhado, que não poderão mais complicar a situação pelas razões pessoais que os motivam.
Quando pensamos e agimos de forma honesta e sincera, primeiro no interesse da pátria, não do nosso, vosso controle do Executivo torna-se efetivo e eficaz, capaz de avaliar o seu desempenho a fim de servir o cidadão. É o que todos esperam do vosso Conselho.
Senhoras e Senhores,
A responsabilidade nacional que repousa sobre vós, hoje, vem num momento em que o mundo vive circunstâncias excepcionais, devido a conflitos internacionais, principalmente devido às tentativas do Ocidente para conservar a sua posição dominante a qualquer preço. Este Ocidente que recusa toda a cooperação com qualquer outro Estado, ou grupo de Estados, como se se tratasse uma questão de vida ou de morte para ele.
Esses conflitos internacionais deram origem a conflitos regionais entre Estados que procuram preservar a sua soberania e sua independência e Estados que se esforçam por servir os interesses de outros, mesmo que isso prejudique os interesses do seu povo.
Conflitos que se repercutiram diretamente na nossa região em geral e sobre a Síria em particular, complicando uma situação já complicada. Mas tudo isto de forma alguma nos liberta de responsabilidades a nós Sírios no que está acontecendo, pois se, porque se a nossa "casa" tivesse sido forte, sólida, solidária, livre de corrupção e traição em alguns dos seus recantos, as coisas não em não teriam chegado ao ponto onde estão atualmente.
Conflitos em três níveis – internacional, regional e local – que claramente se repercutiram no processo político que se desenrolava em Genebra. Entre o conflito regional e o internacional infiltrou-se o grupo de indivíduos, portadores de nacionalidade Síria que consentiram em servir de fantoches tanto para os Estados mais atrasados, como para Estados que sonham recolonizar os países da nossa região, mesmo por procuração.
Mas face a esses traidores, há o grupo de patriotas sírios, leais perante o sacrifício dos nossos mártires e dos nossos feridos, procurando através de ação política preservar a sua terra e a independência das decisões da sua pátria.
Não é segredo para ninguém que desde o início dos acontecimentos, a própria quintessência do processo político vislumbrada pelos Estados que apoiam o terrorismo regional e internacional é destruir o conceito de pátria, atacar incansavelmente a nossa Constituição com todos os tipos de iniciativas visando afasta-la do seu campo de ação e condiciona-la sob várias terminologias, nomeadamente o que chamam de «período de transição».
Evidentemente, visando a Constituição, esperavam demolir os dois principais pilares de qualquer Estado. Primeiro, as instituições, começando pelo Exército que defende a pátria e garante a segurança do seu povo, contra o qual eles foram particularmente concentrados desde o início e no decurso de todas as discussões sobre o futuro de a Síria e as suas instituições. Em seguida a identidade nacional, partilhada por várias componentes étnicas e religiosas, na qual se concentraram a partir do momento em que perceberam era o fundamento da resistência da pátria.
Uma vez que seu "plano terrorista" falhou apesar de toda a destruição e massacres perpetrados, adquiriram a convicção que o essencial do seu "plano político" ainda poderia materializar-se pelo ataque à Constituição. Na verdade, o seu plano inicial consistia em fazer de forma que o terrorismo dominasse completamente o país concedendo-lhe uma pertença qualidade de "moderação", e depois 'legitimidade', decidida evidentemente pelo estrangeiro, que instalaria um caos absoluto impondo como única saída uma Constituição étnica e confessional transformando um povo ligado à sua terra natal em grupos rivais anexados às suas seitas e apelando à intervenção estrangeira contra os seus compatriotas.
O que vos digo é evidente. Se olharmos para o nosso Este e para o nosso Oeste, as experiências confessionais falam por elas próprias. Não há nenhuma necessidade de reavaliar a questão depois de decênios de experiências equivalentes na nossa região.
O sistema confessional transforma os filhos de uma mesma pátria em adversários e inimigos, em que cada parte irá procurar aliados, que, neste caso, não se encontram na Síria, mas no exterior. Com efeito, uma relação construída na suspeita, no ressentimento e no ódio vai encontrar seus aliados no exterior. É então que os Estados colonialistas surgem como protetores de tal ou tal grupo e a sua interferência nos assuntos do país em questão encontra a sua justificação e a sua legitimidade. Depois, assim o que o plano de partilha esteja bem consolidado, passarão para a etapa da divisão, da repartição.
…
Por isso, eles transmitem este conceito primeiro no exterior, para que os governos e os políticos do mundo adquiram a convicção de que a única solução é através de uma Constituição confessional, dado que estamos em guerra civil devido a diversidade étnica e confessional da nossa região que faria que já não pudéssemos viver juntos. Em seguida, iriam exercer pressão sobre nós para que aceitássemos a sua lógica e nos convencêssemos que não poderíamos viver juntos senão através da Constituição que eles nos propusessem.
…
Ora, como todos sabemos, a unidade não começa pela geografia, mas pela unidade dos cidadãos, porque quando os cidadãos de um mesmo país estão divididos, a partição geográfica torna-se uma questão de tempo e terá lugar no momento em que considerem adequado.
Mas, porque não lhes permitimos levar a Síria nessa direção para a precipitar no abismo, propusemos desde o início de Genebra 3 um documento que estabelece os "princípios" sobre os quais deveriam estabelecer-se as discussões com as outras partes. Acho que devem todos perguntar quais são essas outras partes, visto que até agora não negociamos senão com o "facilitador" que não é a outra parte, nem ele, nem qualquer membro de sua equipa, que são apenas intermediários. Eis a razão pela qual se vós me perguntardes por que mencionei "outras partes", eu vos direi que é para a prosa, porque não há outras partes.
É na base de um acordo sobre esses princípios propostos pela Síria, ou quaisquer outros princípios gerais, que as discussões poderão passar a outros assuntos, tais como o "governo de União Nacional", que irá trabalhar com uma comissão competente na elaboração de uma nova Constituição. Que será submetida à aprovação do povo por referendo antes de passar a novas eleições legislativas. Um tema sobre o qual expliquei o essencial em janeiro de 2013 durante meu discurso na Casa da Ópera de Damasco [1]
…
Voltemos aos princípios. Por que colocamos princípios? Porque são necessários em todas as negociações, particularmente entre os Estados. Porquê? Porque as negociações precisam de referências. Eles afirmam que as referências podem ser encontradas na resolução 2254 (2015), exatamente como alegaram para resolução 242 (1967) [2] . Um exemplo que demonstra que, quando tais resoluções são aprovadas na sequência de compromissos entre as potências, cada qual usa uma terminologia que se adapta aos seus interesses. O que faz que acabemos por nos encontrarmos com um texto que é ambíguo ou contraditório em si mesmo.
Assim, se voltarmos ao comunicado de Genebra de 2012, acharmos que eles falam, ao mesmo tempo, da soberania da Síria e de um órgão de transição, designado como "Governo de transição". Mas se falam de soberania da Síria, como ocorre que se decida do seu sistema de governo sem ter em conta a vontade do seu povo? Soberania impede o estabelecimento de um sistema desse tipo e vice-versa.
…
É portanto evidente que não participamos em negociações para aceitar tais propostas. Foi por isso que redigimos o "documento de princípios" com o objetivo de evitar que uma das partes acrescente o que bem lhe parecer. Estes princípios, vou citá-los rapidamente:
Soberania e unidade de a Síria com a rejeição de qualquer interferência externa. Rejeição do terrorismo.
Apoio à reconciliação.
Preservação das instituições.
Levantamento do embargo.
Reconstrução.
Controlo das fronteiras.
Alguns outros princípios contidos na Constituição atual e nas precedentes como diversidade cultural, liberdades do cidadão, independência do poder judiciário, etc.
Rejeitamos, portanto, qualquer sugestão em contrário a esses princípios, e foi por isso que eles os recusaram... Não o disseram expressamente, mas desapareceram de cena.
…
As verdadeiras negociações ainda não começaram. Como já disse, as sucessivas sessões limitavam-se às discussões com o facilitador que não representa um partido com o qual possamos negociar. Não recebemos absolutamente nenhuma resposta ao nosso documento de princípios. A nossa delegação nunca deixou de procurar informar-se sobre a reação das "outras partes", sem nunca obter uma resposta; confirmando que os seus representantes dependem de seus mentores, provando claramente que eles foram a Genebra obedientes mas contrariados.
Além disso, desde o primeiro dia, eles colocaram as suas condições prévias e quando não conseguiram impô-las a seu favor, na última sessão em Genebra claramente declararam o seu apoio ao terrorismo e torpedearam "a cessação das hostilidades."
...
Foram-nos colocadas uma série de perguntas armadilhadas cujos termos eram atentados à soberania da Síria, à sua segurança, às suas instituições ou em conexão com a situação social vista sob o ângulo da religião de uns de outros, como vós constatastes nos seus meios de comunicação.
Sem dúvida, é habitual que o confronto das Nações requer o estabelecimento de uma estrutura baseada num facilitador, ou numa equipe inteira em redor de um mediador. Mas nós sabemos bem que aqueles Estados atolados na cena internacional não podem permitir-lhes que trabalhem de forma honesta e imparcial. Têm sempre representantes que trabalham nos bastidores. Acreditamos que foram eles quem preparou o questionário que obtivemos, sem dúvida porque assumiram que a equipe da delegação Síria não sabia nada de política. Na verdade, não poderiam enganá-la com sua terminologia tendenciosa e obtiveram respostas firmes e precisas. Por consequência, quem quer que seja que preparou o questionário, presumimos que ou eram amadores ou noviços na matéria.
Quanto à "outra parte", não esteve realmente presente. Os seus representantes, na verdade, viajaram para Genebra, forçados pelos seus mentores, mas não cessaram de gritar e mostrarem-se amuados. Não temos intenção de os avaliar. O povo já os avaliou. Eles não merecem que falemos disso, exceto para dizer que não houve negociações diretas com eles. Eles ficaram no seu hotel e contentaram-se com algumas declarações tonitruantes sugeridas por seus mestres, sua única agenda, aprovada por Riad, consistia em acordar, comer e, em seguida, voltar para a cama.
Constatando que a sua missão falhara, começaram por pensar em se retirarem para transferirem a culpa pelo fracasso das negociações sobre a Síria; no que também falharam. No entanto, como eu disse anteriormente, a sua resposta para o fracasso da última sessão de Genebra 3, foi uma declaração pública de seu apoio ao terrorismo e a sua omissão sobre o "fim das hostilidades".
O que se traduziu por bombardeamentos selvagens de civis, hospitais, crianças, como vimos em Alepo. Não obstante o facto de quase todas as províncias, cidades e vilas da Síria terem sofrido e suportarem ainda hoje o terrorismo continuando a resistir, o governo fascista de Erdogan particularmente centrou-se em Alepo, porque esta cidade representa aos seus olhos a última esperança de seu projeto para os Irmãos Muçulmanos depois de terem falhado na Síria e a sua verdadeira natureza criminosa e extremista ter sido desmascarada perante o mundo inteiro; mas também, os seus habitantes recusaram-se a deixar-se instrumentalizar, resistiram, perseveraram, ficaram e defenderam a sua cidade e a sua pátria. Alepo será o cemitério que vai enterrar as esperanças e sonhos daquele assassino, se Deus quiser.
A sua senda terrorista tem continuado, feita de massacres em Zarra e de explosões selvagens em Tartus e em Jablé. Uma escolha visando semear a discórdia. Eles falharam e falharão sempre porque a discórdia não está latente na Síria, ela está morta! Suas bombas não distinguem um sírio de outro sírio, o que prova que os sírios são irmãos na vida e no martírio e olham na mesma direção.
…
No plano político interno é dado que o que mais nos importa é a situação interna, ela permitiu realizar numerosas reconciliações, que pouparam muito derramamento de sangue aos nossos cidadãos e às nossas forças armadas.
No plano da política externa, houve vantagens políticas que não pretendemos desenvolver aqui.
No plano militar, permitiu concentrar esforços em objetivos específicos e atingi-los. A primeira evidência foi a libertação rápida de Palmira e, em seguida, Al-Qariatayn além da libertação de muitas aldeias na Ghouta de Damasco. É claro, que as nossas forças armadas libertaram muitas outras regiões, porém ao longo de vários meses; mesmo depois de um ou dois anos de combates.
Não podemos negar os aspectos positivos da trégua. O que é problemático é o facto de que foi decidido após um consenso internacional com a aprovação do Estado sírio, mas do lado americano em particular têm sido violados as condições da sua aplicação fechando os olhos sobre o que fazem os seus agentes na região: o saudita e o turco.
Ora, o saudita declarou pública e repetidamente o seu apoio ao terrorismo, enquanto o turco continua abertamente a enviar terroristas através de suas fronteiras para as regiões do norte da Síria.
Os Estados Unidos fecharam os olhos para as ações de Erdogan; que, como dissemos, está desmascarado no exterior e no seu país, além de ser contestado pelos seus concidadãos. Por consequência, vê-se obrigado a causar tumultos e causar estragos apenas para conservar algumas cartas na mão. Enviou tropas para o Iraque, tem exercido chantagem sobre os europeus, explorando o problema dos refugiados, continuou a apoiar o terrorismo e recentemente enviou esses terroristas aos milhares para Alepo. Na prática, Erdogan já cumpre apenas o papel de "rufia político".
Por isso, digo que a aplicação correta do fim das hostilidades, apresenta vantagens e que o problema não reside na trégua. O problema é que uma grande parte do conflito na Síria é um conflito estrangeiro, ao mesmo tempo internacional e regional.
Mas eles não se contentaram com o seu terrorismo de explosivos e todos os tipos de projéteis, eles apoiaram-no com o seu 'terrorismo econômico' através de sanções e pressões sobre a Libra síria, a fim de provocar o colapso econômico que colocaria as pessoas de joelhos. Mas apesar de todas as reviravoltas dolorosas, a nossa economia continua a resistir; as medidas monetárias recentes provaram que é possível contrariar a pressão, reduzir os danos e estabilizar a moeda.
…
O terrorismo econômico, o terrorismo dos engenhos armadilhados, os massacres e todos os tipos de projéteis têm a mesma raiz. É a razão pela qual eu vos garanto que a nossa guerra contra o terrorismo prosseguirá, não porque amemos as guerras – foram eles que a impuseram a nós – mas porque o derramamento de sangue não vai parar enquanto não desenraizarmos o terrorismo em todo o lado onde se encontre qualquer que seja a máscara que use.
Tal como libertamos Palmira e antes dela muitas outras regiões, libertaremos cada polegada da Síria que tenha caído em suas mãos. Não temos outra escolha senão a vitória, caso contrário, a Síria desaparecerá e não haverá nem presente nem futuro para nossos filhos. O que não significa que não acreditemos na ação política como eles argumentarão após esse discurso, concluindo que o Presidente sírio não falou senão de guerra e de vitória. Vamos continuar a trabalhar sobre o processo político, por mínimas que sejam as hipóteses de êxito, partindo da nossa forte vontade, tanto ao nível popular como ao oficial, para parar com o derramamento de sangue e as devastações e salvar a nossa pátria. Mas qualquer processo político que não comece, não prossiga, não seja acompanhado e não se conclua pela erradicação do terrorismo, não terá qualquer significado e nada deve ser esperado dele.
Mais uma vez, convido todos aqueles que possuem armas, por qualquer motivo, a juntar-se na via da reconciliação iniciada há anos e que se tem acelerado ultimamente. Seguir o caminho do terrorismo levará à destruição do país e danos para todos os sírios sem exceção. Recuperem o vosso espírito e retornem à vossa terra natal, porque com o Estado e suas instituições, ela é a mãe de todos os seus filhos no dia em que decidirem a ela regressar.
Quanto a vós, os heróis da Síria do Exército, das Forças Armadas e das Forças aliadas, o que quer que pudéssemos dizer-vos ou dizer de vós, não chegaria a fazer-vos justiça. Sem vós, já não existiríamos. Sem a vossa coragem e a vossa generosidade, a Síria seria não mais que uma memória. Nossas saudações com respeito e admiração a vós, às vossas famílias, aos vossos camaradas mártires ou feridos...
Saudamos-vos com respeito e admiração, às vossas famílias, aos vossos camaradas mártires ou feridos, aos que se recusaram submeter-se ao ponto de batizarem a terra síria com seu sangue e com seus corpos. Nós todos, onde quer que estejamos, permaneceremos gratos por gerações e gerações. Nós nos curvamos perante seu heroísmo e o heroísmo de suas famílias e todos nós prometemos-vos que o sangue não terá sido derramado em vão, que a vitória virá inevitavelmente graças a vós, graças aos heróis do Exército e das Forças Armadas e graças a cada sírio que não tenha deixado de defender sua pátria e a sua honra em todos os lugares onde se encontrava e por todos os meios possíveis.
A derrota do terrorismo é inevitável, desde que Estados como o Irã, a Rússia e a China apoiem o povo sírio, se mantenham do lado da justiça e defendam os oprimidos contra os opressores. Agradecemos-lhes por isso...
Agradecemos-lhes por isto e pela constância de seu contínuo apoio. São Estados que respeitam os princípios e que procuram defender os direitos dos povos, incluindo escolher seu próprio destino.
A este respeito, espero que não concedamos absolutamente nenhuma importância a tudo o que é dito nos media acerca de divergências, conflitos ou divisões. As coisas estão mais estáveis e os pontos de vista mais claros que anteriormente. Não vos inquieteis portanto, as coisas vão bem, na realidade muito bem.
Não esqueceremos o que a resistência patriótica libanesa ofereceu à Síria na sua luta contra o terrorismo, misturando o sangue de seus heróis com o sangue dos heróis do exército Sírio Árabe e as Forças aliadas. Saudamos o seu heroísmo e a sua lealdade.
Senhoras e Senhores
O vosso novo Conselho inicia os seus trabalhos quando missões gigantescas e grandes desafios vos esperam. Muito sangue puro correu, famílias inteiras foram dizimadas, toda uma infraestrutura construída pelos sírios com o suor do seu rosto foi destruída, heróis ofereceram sua alma e seu corpo sem nada esperar em troca, o que não significa que o sacrifício deles tenha de permanecer sem recompensa e que o seu sangue puro tenha sido derramado inutilmente. O preço a pagar passa pelo retorno à segurança, pela vitória sobre o terrorismo, a reconquista do território e a reconstrução, mas passa também pela luta contra as consequências nefastas da corrupção e do favoritismo, do caos e das violações da lei.
Estes heróis sacrificaram-se para defender a sua terra e o seu povo, o seu país e a sua Constituição, suas leis e suas instituições. O preço que devemos pagar em troca é perseverar no trabalho para as fazer evoluir e consagrar a justiça e a igualdade de oportunidades.
Vossa missão não se limita à confiança dos vossos eleitores, compreende também a confiança demonstrada pelos mártires, pelas mães enlutadas e de todos aqueles que deram seu sangue, seus meios, seu pensamento e sua solidariedade para proteger a sua pátria. Esta é uma enorme confiança de que vós sois os guardiões. Assumamos esta responsabilidade todos juntos e procedamos de forma a ser dignos dela.
….
[*] Presidente da República Árabe Síria. Discurso pronunciado perante o Parlamento Sírio em 7 de junho de 2016. …
Estas eleições não foram as eleições normais. Aconteceram num momento de grandes tensões territoriais e políticas, regionais e internacionais. Realizaram-se em condições internas extremamente difíceis que levaram alguns a predizer o seu fracasso e que na melhor das hipóteses seriam desconsideradas pelos cidadãos.
Mas o que aconteceu foi exatamente o oposto. Uma vez mais, o povo sírio surpreendeu o mundo por sua ampla participação num importante acontecimento nacional e constitucional. A taxa de participação sem precedentes é uma mensagem clara dizendo ao mundo que quanto mais aumentam as pressões, mais o povo mantém a sua independência; quanto mais as tentativas de ingerência se intensificam, mais o povo mantém o respeito pelas obrigações ditadas pela Constituição, garante da sua independência e alavanca da sua estabilidade.
Uma determinação nacional que se traduz também pelo grande número de candidatos nestas eleições, os quais assim deram testemunho do seu discernimento e do seu patriotismo.
E é também uma importante mensagem para vós, os deputados deste povo, porque esta participação sem precedentes apesar das circunstâncias, apesar de todas as ameaças e perigos, vos confere uma responsabilidade extraordinária para com os cidadãos que colocaram suas esperanças nas vossas mãos para que vós os protejais pelo vosso trabalho honesto e constante, que deverá ser proporcional à sua confiança e à amplitude dos desafios impostos à Síria.
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É assim que o vosso Conselho, pela primeira vez inclui o ferido que sacrificou um pedaço de seu corpo para que o corpo da pátria permaneça inteiro; a mãe do mártir, seu pai, suas irmãs, que viram seus entes queridos sacrificar suas vidas para que a Síria permaneça; o médico misericordioso com a aflição econômica dos seus concidadãos que respeitou a nobreza de sua profissão prestando-lhes cuidados de saúde gratuitos; o artista que pegou em armas para defender sua terra e sua honra.
É também um Conselho onde se elevarão mais as vozes das mulheres, dos jovens, dos diplomados com altos estudos universitários e daqueles que contribuíram, com seus próprios meios materiais para a defesa de sua pátria e seu povo.
Cada um de vós fostes eleitos pelo povo para trazerem a sua voz, para o defenderem e o protegerem. Façamos de maneira que a finalidade, o método e a bússola do nosso trabalho, sejam trabalhar para os outros, não para nós próprios, exatamente como fizeram o homem ferido, o mártir e todos aqueles que foram sacrificados. Sem essa bússola, a Síria não poderá sair do que atravessa. Sem essa bússola, não há espaço para o progresso; não há lugar para cumprir; não há lugar para ideias inovadoras e criativas.
Quando pensamos e agimos de forma honesta e sincera, primeiro no interesse dos outros, e não no nosso, eliminamos os obstáculos devido à corrupção e à má gestão. Torna-se então possível e até mesmo por certo fazer face aos desafios colocados pela guerra e confundir o negligente, o corrupto, o desencaminhado, que não poderão mais complicar a situação pelas razões pessoais que os motivam.
Quando pensamos e agimos de forma honesta e sincera, primeiro no interesse da pátria, não do nosso, vosso controle do Executivo torna-se efetivo e eficaz, capaz de avaliar o seu desempenho a fim de servir o cidadão. É o que todos esperam do vosso Conselho.
Senhoras e Senhores,
A responsabilidade nacional que repousa sobre vós, hoje, vem num momento em que o mundo vive circunstâncias excepcionais, devido a conflitos internacionais, principalmente devido às tentativas do Ocidente para conservar a sua posição dominante a qualquer preço. Este Ocidente que recusa toda a cooperação com qualquer outro Estado, ou grupo de Estados, como se se tratasse uma questão de vida ou de morte para ele.
Esses conflitos internacionais deram origem a conflitos regionais entre Estados que procuram preservar a sua soberania e sua independência e Estados que se esforçam por servir os interesses de outros, mesmo que isso prejudique os interesses do seu povo.
Conflitos que se repercutiram diretamente na nossa região em geral e sobre a Síria em particular, complicando uma situação já complicada. Mas tudo isto de forma alguma nos liberta de responsabilidades a nós Sírios no que está acontecendo, pois se, porque se a nossa "casa" tivesse sido forte, sólida, solidária, livre de corrupção e traição em alguns dos seus recantos, as coisas não em não teriam chegado ao ponto onde estão atualmente.
Conflitos em três níveis – internacional, regional e local – que claramente se repercutiram no processo político que se desenrolava em Genebra. Entre o conflito regional e o internacional infiltrou-se o grupo de indivíduos, portadores de nacionalidade Síria que consentiram em servir de fantoches tanto para os Estados mais atrasados, como para Estados que sonham recolonizar os países da nossa região, mesmo por procuração.
Mas face a esses traidores, há o grupo de patriotas sírios, leais perante o sacrifício dos nossos mártires e dos nossos feridos, procurando através de ação política preservar a sua terra e a independência das decisões da sua pátria.
Não é segredo para ninguém que desde o início dos acontecimentos, a própria quintessência do processo político vislumbrada pelos Estados que apoiam o terrorismo regional e internacional é destruir o conceito de pátria, atacar incansavelmente a nossa Constituição com todos os tipos de iniciativas visando afasta-la do seu campo de ação e condiciona-la sob várias terminologias, nomeadamente o que chamam de «período de transição».
Evidentemente, visando a Constituição, esperavam demolir os dois principais pilares de qualquer Estado. Primeiro, as instituições, começando pelo Exército que defende a pátria e garante a segurança do seu povo, contra o qual eles foram particularmente concentrados desde o início e no decurso de todas as discussões sobre o futuro de a Síria e as suas instituições. Em seguida a identidade nacional, partilhada por várias componentes étnicas e religiosas, na qual se concentraram a partir do momento em que perceberam era o fundamento da resistência da pátria.
Uma vez que seu "plano terrorista" falhou apesar de toda a destruição e massacres perpetrados, adquiriram a convicção que o essencial do seu "plano político" ainda poderia materializar-se pelo ataque à Constituição. Na verdade, o seu plano inicial consistia em fazer de forma que o terrorismo dominasse completamente o país concedendo-lhe uma pertença qualidade de "moderação", e depois 'legitimidade', decidida evidentemente pelo estrangeiro, que instalaria um caos absoluto impondo como única saída uma Constituição étnica e confessional transformando um povo ligado à sua terra natal em grupos rivais anexados às suas seitas e apelando à intervenção estrangeira contra os seus compatriotas.
O que vos digo é evidente. Se olharmos para o nosso Este e para o nosso Oeste, as experiências confessionais falam por elas próprias. Não há nenhuma necessidade de reavaliar a questão depois de decênios de experiências equivalentes na nossa região.
O sistema confessional transforma os filhos de uma mesma pátria em adversários e inimigos, em que cada parte irá procurar aliados, que, neste caso, não se encontram na Síria, mas no exterior. Com efeito, uma relação construída na suspeita, no ressentimento e no ódio vai encontrar seus aliados no exterior. É então que os Estados colonialistas surgem como protetores de tal ou tal grupo e a sua interferência nos assuntos do país em questão encontra a sua justificação e a sua legitimidade. Depois, assim o que o plano de partilha esteja bem consolidado, passarão para a etapa da divisão, da repartição.
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Por isso, eles transmitem este conceito primeiro no exterior, para que os governos e os políticos do mundo adquiram a convicção de que a única solução é através de uma Constituição confessional, dado que estamos em guerra civil devido a diversidade étnica e confessional da nossa região que faria que já não pudéssemos viver juntos. Em seguida, iriam exercer pressão sobre nós para que aceitássemos a sua lógica e nos convencêssemos que não poderíamos viver juntos senão através da Constituição que eles nos propusessem.
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Ora, como todos sabemos, a unidade não começa pela geografia, mas pela unidade dos cidadãos, porque quando os cidadãos de um mesmo país estão divididos, a partição geográfica torna-se uma questão de tempo e terá lugar no momento em que considerem adequado.
Mas, porque não lhes permitimos levar a Síria nessa direção para a precipitar no abismo, propusemos desde o início de Genebra 3 um documento que estabelece os "princípios" sobre os quais deveriam estabelecer-se as discussões com as outras partes. Acho que devem todos perguntar quais são essas outras partes, visto que até agora não negociamos senão com o "facilitador" que não é a outra parte, nem ele, nem qualquer membro de sua equipa, que são apenas intermediários. Eis a razão pela qual se vós me perguntardes por que mencionei "outras partes", eu vos direi que é para a prosa, porque não há outras partes.
É na base de um acordo sobre esses princípios propostos pela Síria, ou quaisquer outros princípios gerais, que as discussões poderão passar a outros assuntos, tais como o "governo de União Nacional", que irá trabalhar com uma comissão competente na elaboração de uma nova Constituição. Que será submetida à aprovação do povo por referendo antes de passar a novas eleições legislativas. Um tema sobre o qual expliquei o essencial em janeiro de 2013 durante meu discurso na Casa da Ópera de Damasco [1]
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Voltemos aos princípios. Por que colocamos princípios? Porque são necessários em todas as negociações, particularmente entre os Estados. Porquê? Porque as negociações precisam de referências. Eles afirmam que as referências podem ser encontradas na resolução 2254 (2015), exatamente como alegaram para resolução 242 (1967) [2] . Um exemplo que demonstra que, quando tais resoluções são aprovadas na sequência de compromissos entre as potências, cada qual usa uma terminologia que se adapta aos seus interesses. O que faz que acabemos por nos encontrarmos com um texto que é ambíguo ou contraditório em si mesmo.
Assim, se voltarmos ao comunicado de Genebra de 2012, acharmos que eles falam, ao mesmo tempo, da soberania da Síria e de um órgão de transição, designado como "Governo de transição". Mas se falam de soberania da Síria, como ocorre que se decida do seu sistema de governo sem ter em conta a vontade do seu povo? Soberania impede o estabelecimento de um sistema desse tipo e vice-versa.
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É portanto evidente que não participamos em negociações para aceitar tais propostas. Foi por isso que redigimos o "documento de princípios" com o objetivo de evitar que uma das partes acrescente o que bem lhe parecer. Estes princípios, vou citá-los rapidamente:
Soberania e unidade de a Síria com a rejeição de qualquer interferência externa. Rejeição do terrorismo.
Apoio à reconciliação.
Preservação das instituições.
Levantamento do embargo.
Reconstrução.
Controlo das fronteiras.
Alguns outros princípios contidos na Constituição atual e nas precedentes como diversidade cultural, liberdades do cidadão, independência do poder judiciário, etc.
Rejeitamos, portanto, qualquer sugestão em contrário a esses princípios, e foi por isso que eles os recusaram... Não o disseram expressamente, mas desapareceram de cena.
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As verdadeiras negociações ainda não começaram. Como já disse, as sucessivas sessões limitavam-se às discussões com o facilitador que não representa um partido com o qual possamos negociar. Não recebemos absolutamente nenhuma resposta ao nosso documento de princípios. A nossa delegação nunca deixou de procurar informar-se sobre a reação das "outras partes", sem nunca obter uma resposta; confirmando que os seus representantes dependem de seus mentores, provando claramente que eles foram a Genebra obedientes mas contrariados.
Além disso, desde o primeiro dia, eles colocaram as suas condições prévias e quando não conseguiram impô-las a seu favor, na última sessão em Genebra claramente declararam o seu apoio ao terrorismo e torpedearam "a cessação das hostilidades."
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Foram-nos colocadas uma série de perguntas armadilhadas cujos termos eram atentados à soberania da Síria, à sua segurança, às suas instituições ou em conexão com a situação social vista sob o ângulo da religião de uns de outros, como vós constatastes nos seus meios de comunicação.
Sem dúvida, é habitual que o confronto das Nações requer o estabelecimento de uma estrutura baseada num facilitador, ou numa equipe inteira em redor de um mediador. Mas nós sabemos bem que aqueles Estados atolados na cena internacional não podem permitir-lhes que trabalhem de forma honesta e imparcial. Têm sempre representantes que trabalham nos bastidores. Acreditamos que foram eles quem preparou o questionário que obtivemos, sem dúvida porque assumiram que a equipe da delegação Síria não sabia nada de política. Na verdade, não poderiam enganá-la com sua terminologia tendenciosa e obtiveram respostas firmes e precisas. Por consequência, quem quer que seja que preparou o questionário, presumimos que ou eram amadores ou noviços na matéria.
Quanto à "outra parte", não esteve realmente presente. Os seus representantes, na verdade, viajaram para Genebra, forçados pelos seus mentores, mas não cessaram de gritar e mostrarem-se amuados. Não temos intenção de os avaliar. O povo já os avaliou. Eles não merecem que falemos disso, exceto para dizer que não houve negociações diretas com eles. Eles ficaram no seu hotel e contentaram-se com algumas declarações tonitruantes sugeridas por seus mestres, sua única agenda, aprovada por Riad, consistia em acordar, comer e, em seguida, voltar para a cama.
Constatando que a sua missão falhara, começaram por pensar em se retirarem para transferirem a culpa pelo fracasso das negociações sobre a Síria; no que também falharam. No entanto, como eu disse anteriormente, a sua resposta para o fracasso da última sessão de Genebra 3, foi uma declaração pública de seu apoio ao terrorismo e a sua omissão sobre o "fim das hostilidades".
O que se traduziu por bombardeamentos selvagens de civis, hospitais, crianças, como vimos em Alepo. Não obstante o facto de quase todas as províncias, cidades e vilas da Síria terem sofrido e suportarem ainda hoje o terrorismo continuando a resistir, o governo fascista de Erdogan particularmente centrou-se em Alepo, porque esta cidade representa aos seus olhos a última esperança de seu projeto para os Irmãos Muçulmanos depois de terem falhado na Síria e a sua verdadeira natureza criminosa e extremista ter sido desmascarada perante o mundo inteiro; mas também, os seus habitantes recusaram-se a deixar-se instrumentalizar, resistiram, perseveraram, ficaram e defenderam a sua cidade e a sua pátria. Alepo será o cemitério que vai enterrar as esperanças e sonhos daquele assassino, se Deus quiser.
A sua senda terrorista tem continuado, feita de massacres em Zarra e de explosões selvagens em Tartus e em Jablé. Uma escolha visando semear a discórdia. Eles falharam e falharão sempre porque a discórdia não está latente na Síria, ela está morta! Suas bombas não distinguem um sírio de outro sírio, o que prova que os sírios são irmãos na vida e no martírio e olham na mesma direção.
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No plano político interno é dado que o que mais nos importa é a situação interna, ela permitiu realizar numerosas reconciliações, que pouparam muito derramamento de sangue aos nossos cidadãos e às nossas forças armadas.
No plano da política externa, houve vantagens políticas que não pretendemos desenvolver aqui.
No plano militar, permitiu concentrar esforços em objetivos específicos e atingi-los. A primeira evidência foi a libertação rápida de Palmira e, em seguida, Al-Qariatayn além da libertação de muitas aldeias na Ghouta de Damasco. É claro, que as nossas forças armadas libertaram muitas outras regiões, porém ao longo de vários meses; mesmo depois de um ou dois anos de combates.
Não podemos negar os aspectos positivos da trégua. O que é problemático é o facto de que foi decidido após um consenso internacional com a aprovação do Estado sírio, mas do lado americano em particular têm sido violados as condições da sua aplicação fechando os olhos sobre o que fazem os seus agentes na região: o saudita e o turco.
Ora, o saudita declarou pública e repetidamente o seu apoio ao terrorismo, enquanto o turco continua abertamente a enviar terroristas através de suas fronteiras para as regiões do norte da Síria.
Os Estados Unidos fecharam os olhos para as ações de Erdogan; que, como dissemos, está desmascarado no exterior e no seu país, além de ser contestado pelos seus concidadãos. Por consequência, vê-se obrigado a causar tumultos e causar estragos apenas para conservar algumas cartas na mão. Enviou tropas para o Iraque, tem exercido chantagem sobre os europeus, explorando o problema dos refugiados, continuou a apoiar o terrorismo e recentemente enviou esses terroristas aos milhares para Alepo. Na prática, Erdogan já cumpre apenas o papel de "rufia político".
Por isso, digo que a aplicação correta do fim das hostilidades, apresenta vantagens e que o problema não reside na trégua. O problema é que uma grande parte do conflito na Síria é um conflito estrangeiro, ao mesmo tempo internacional e regional.
Mas eles não se contentaram com o seu terrorismo de explosivos e todos os tipos de projéteis, eles apoiaram-no com o seu 'terrorismo econômico' através de sanções e pressões sobre a Libra síria, a fim de provocar o colapso econômico que colocaria as pessoas de joelhos. Mas apesar de todas as reviravoltas dolorosas, a nossa economia continua a resistir; as medidas monetárias recentes provaram que é possível contrariar a pressão, reduzir os danos e estabilizar a moeda.
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O terrorismo econômico, o terrorismo dos engenhos armadilhados, os massacres e todos os tipos de projéteis têm a mesma raiz. É a razão pela qual eu vos garanto que a nossa guerra contra o terrorismo prosseguirá, não porque amemos as guerras – foram eles que a impuseram a nós – mas porque o derramamento de sangue não vai parar enquanto não desenraizarmos o terrorismo em todo o lado onde se encontre qualquer que seja a máscara que use.
Tal como libertamos Palmira e antes dela muitas outras regiões, libertaremos cada polegada da Síria que tenha caído em suas mãos. Não temos outra escolha senão a vitória, caso contrário, a Síria desaparecerá e não haverá nem presente nem futuro para nossos filhos. O que não significa que não acreditemos na ação política como eles argumentarão após esse discurso, concluindo que o Presidente sírio não falou senão de guerra e de vitória. Vamos continuar a trabalhar sobre o processo político, por mínimas que sejam as hipóteses de êxito, partindo da nossa forte vontade, tanto ao nível popular como ao oficial, para parar com o derramamento de sangue e as devastações e salvar a nossa pátria. Mas qualquer processo político que não comece, não prossiga, não seja acompanhado e não se conclua pela erradicação do terrorismo, não terá qualquer significado e nada deve ser esperado dele.
Mais uma vez, convido todos aqueles que possuem armas, por qualquer motivo, a juntar-se na via da reconciliação iniciada há anos e que se tem acelerado ultimamente. Seguir o caminho do terrorismo levará à destruição do país e danos para todos os sírios sem exceção. Recuperem o vosso espírito e retornem à vossa terra natal, porque com o Estado e suas instituições, ela é a mãe de todos os seus filhos no dia em que decidirem a ela regressar.
Quanto a vós, os heróis da Síria do Exército, das Forças Armadas e das Forças aliadas, o que quer que pudéssemos dizer-vos ou dizer de vós, não chegaria a fazer-vos justiça. Sem vós, já não existiríamos. Sem a vossa coragem e a vossa generosidade, a Síria seria não mais que uma memória. Nossas saudações com respeito e admiração a vós, às vossas famílias, aos vossos camaradas mártires ou feridos...
Saudamos-vos com respeito e admiração, às vossas famílias, aos vossos camaradas mártires ou feridos, aos que se recusaram submeter-se ao ponto de batizarem a terra síria com seu sangue e com seus corpos. Nós todos, onde quer que estejamos, permaneceremos gratos por gerações e gerações. Nós nos curvamos perante seu heroísmo e o heroísmo de suas famílias e todos nós prometemos-vos que o sangue não terá sido derramado em vão, que a vitória virá inevitavelmente graças a vós, graças aos heróis do Exército e das Forças Armadas e graças a cada sírio que não tenha deixado de defender sua pátria e a sua honra em todos os lugares onde se encontrava e por todos os meios possíveis.
A derrota do terrorismo é inevitável, desde que Estados como o Irã, a Rússia e a China apoiem o povo sírio, se mantenham do lado da justiça e defendam os oprimidos contra os opressores. Agradecemos-lhes por isso...
Agradecemos-lhes por isto e pela constância de seu contínuo apoio. São Estados que respeitam os princípios e que procuram defender os direitos dos povos, incluindo escolher seu próprio destino.
A este respeito, espero que não concedamos absolutamente nenhuma importância a tudo o que é dito nos media acerca de divergências, conflitos ou divisões. As coisas estão mais estáveis e os pontos de vista mais claros que anteriormente. Não vos inquieteis portanto, as coisas vão bem, na realidade muito bem.
Não esqueceremos o que a resistência patriótica libanesa ofereceu à Síria na sua luta contra o terrorismo, misturando o sangue de seus heróis com o sangue dos heróis do exército Sírio Árabe e as Forças aliadas. Saudamos o seu heroísmo e a sua lealdade.
Senhoras e Senhores
O vosso novo Conselho inicia os seus trabalhos quando missões gigantescas e grandes desafios vos esperam. Muito sangue puro correu, famílias inteiras foram dizimadas, toda uma infraestrutura construída pelos sírios com o suor do seu rosto foi destruída, heróis ofereceram sua alma e seu corpo sem nada esperar em troca, o que não significa que o sacrifício deles tenha de permanecer sem recompensa e que o seu sangue puro tenha sido derramado inutilmente. O preço a pagar passa pelo retorno à segurança, pela vitória sobre o terrorismo, a reconquista do território e a reconstrução, mas passa também pela luta contra as consequências nefastas da corrupção e do favoritismo, do caos e das violações da lei.
Estes heróis sacrificaram-se para defender a sua terra e o seu povo, o seu país e a sua Constituição, suas leis e suas instituições. O preço que devemos pagar em troca é perseverar no trabalho para as fazer evoluir e consagrar a justiça e a igualdade de oportunidades.
Vossa missão não se limita à confiança dos vossos eleitores, compreende também a confiança demonstrada pelos mártires, pelas mães enlutadas e de todos aqueles que deram seu sangue, seus meios, seu pensamento e sua solidariedade para proteger a sua pátria. Esta é uma enorme confiança de que vós sois os guardiões. Assumamos esta responsabilidade todos juntos e procedamos de forma a ser dignos dela.
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[1] Texte intégral du discours du Président Bachar al-Assad , Dimanche, 06/01/2013, Maison de l'Opéra de Damas
[2] Résolution 242 de l'ONU : une résolution ambiguë
O original encontra-se em www.legrandsoir.info/... . Tradução de DVC.
Este discurso encontra-se em http://resistir.info/ .
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