sexta-feira, 31 de julho de 2015

Sionistas ateam fogo na casa de uma família palestina e matam um bebê queimado vivo! Uma monstruosidade sem limites!



 Por Maristela R. Santos Pinheiro

Ontem (30/07), colonos judeus assassinaram o bebê palestino Ali Dawabsha, que morreu queimado vivo, após  atearem fogo em casas palestinas, que querem se apropriar. A família do bebê está gravemente ferida, inclusive seu irmão de quatro anos. Sua mãe, Riham Dawabsheh sofreu queimaduras em 90% do corpo e o pai, Sr. Saad Mohammed  está com 80% do corpo queimado. Estão todos correndo risco de vida.
Nas  paredes de fora da casa, os colonos sionistas escreveram  em hebraico "VINGANÇA"  e” VIDA LONGA AO MESSIAS”, e pintaram  a estrela de Davi, símbolo do judaísmo.. Essa monstruosidade aconteceu em Nablus, na localidade de Duma. 

A Autoridade Nacional Palestina (ANP) declarou que levará o caso à Corte Penal Internacional e exigirá as responsabilidades do Estado de Israel nos acontecimentos.
O Hamas convocou os palestinos a irem para as ruas, nesta sexta feira e protestarem contra mais  essa barbaridade do Estado sionista.

Este não é um caso isolado, houve no último período uma intensificação das atividades fascistas contra o povo palestino por parte do Estado sionista.  A internet está cheia de filmes postados pelos palestinos,  que revoltam pela covardia e requinte de maldade do exército de Israel contra mulheres, jovens, crianças e homens.
Esta semana o líder da FPLP  juntamente com seus companheiros de cela foram atacados e covardemente surrados pelo exército, dentro da prisão israelita  de Nafha.
Na semana passada, um grupo de judeus tentou entrar na Mesquita Al-Aqsa, provocando confrontos, causando prisões, espancamentos e humilhações aos jovens palestinos que resistiram.
  
O processo de colonização e limpeza étnica da palestina  é uma estratégica em que  o Estado  utiliza duas táticas diferentes e complementares: a primeira é quando as instituições do Estado definem que uma área deve ser desapropriada, normalmente elaboram uma "história" fantástica e mentirosa, para provar que o bairro milenar é ilegal e, portanto dever ser demolido, em seu lugar é construída uma colônia sionista. A segunda tática é a ação dos próprios colonos que visam afastar os moradores palestinos de suas casas históricas.  Nesta tarefa, vale tudo: rapto de crianças na volta da escola, atirar para dentro das casas palestinas, provocar incêndios e uma infinidade de maldades para afugentar as pessoas de suas casas. Neste caso, as casas são ocupadas pelos sionistas que são estimulados pelo Estado de Israel a irem para a Palestina ocupada colonizar o território.

O caso da família incendiada e o bebe queimado vivo será mais um exemplo desta ocupação militar assassina, como foi o jovem palestino queimado vivo, também por colonos sionistas, a cerca de um ano.
O Estado de Israel já mostrou para o mundo o seu significado, sua natureza e seus objetivos. Um Estado fascista que está levando o terror assassino que pratica contra o povo palestino, desde 1948, ano da ocupação sionista, a todo o mundo árabe. Sua aliança com o ISIS ou DAESH  é a prova disso. O povo árabe da Palestina, do Iraque, da Síria está sentindo na própria pele  o significado da dominação imperialista/sionista  de seu território.

E muito importante, neste momento, a tarefa da solidariedade internacionalistas. Nesse sentido, conclamamos a todos os internacionalistas  e apoiadores da causa árabe a denunciar e se manifestar contra as atrocidades do Estado de Israel.






quinta-feira, 30 de julho de 2015

Ahmad Saadat dirigente da Frente Pela Libertação Palestina atacado por soldados sionistas na prissão de Nafha



O Secretário Geral da FPLP  Ahmad Sa'adat,  prisionero político de Israel, foi atacado e ferido por guardas da prissão de Nafha, na manhã do dia 28 de julho .  Sa'adat  encontrava-se entre os trinta prisioneiros políticos palestinos feridos pelo violento ataque dos guardas, após a invasão violenta das celas, forçando a saída dos detentos e confiscando e registrando seus pertences. 

Houve resistência dos prisioneiros políticos palestinos que atearam fogo no interior das celas. Outros presos de outras localidades declararam que não permanecerão em silêncio presenciando os violentos golpes  contra seus companheiros e dirigente.

Os ataques aos prisioneiros de Nafha tiveram início em 27 de julho. Neste mesmo dia, cancelaram as visitas dos familiares dos prisioneiros de Gaza. A Frente Popular para Libertação da Palestina emitiu um comunicado chamando a solidariedade internacionalista e convocando protestos na Palestina ocupada.

O Secretário Geral preso desde janeiro de 2002 é um símbolo da resistência palestina, mesmo da prisão não desiste de lutar contra a ocupação e o projeto sionista  para a Palestina ocupada. O ataque aos prisioneiros políticos palestinos é parte de uma política mais global em curso contra o povo palestino.


A FPLP falou  da responsabilidade nacional  de promover um programa de apoio a luta dos prisioneiros políticos palestinos em fóruns regionais e internacionais, combinando todas as formas de luta para pressionar o inimigo sionista pela liberdade de todos. para isso, insiste, é fundamental a apresentação urgente do documento sobre os prisioneiros políticos ao Tribunal Penal Internacional. E enfatizou a importância da militância internacionalista neste momento  na defesa dos direitos humanitários dos detentos e para deter os crimes sistemáticos e cotidianos dentro dos cárceres israelenses.

As Brigadas Abu Ali Mustafa, braço armado da Frente,  denunciaram que  os funcionários  "fascistas da prisão de Nafha espancaram e torturaram nossos prisioneiros corajosos e o camarada  Secretário Geral  Ahmad Sa'adat, em um ataque frenético que durou dois dias."





http://pflp.ps/

terça-feira, 28 de julho de 2015

O longo braço da Otan



“Violência repugnante”: foi assim que o secretário geral da Otan, Jens Stoltenberg, definiu o ataque terrorista na Tunísia. Apaga com uma esponja o fato de que a reação em cadeia, de que a tragédia da Tunísia é um dos efeitos, foi posta em movimento pela estratégia dos Estados Unidos e da Otan.
Um documento desarquivado pelo Pentágono, datado de 2012, confirma que o chamado Estado Islâmico do Iraque e do Levante (Isis, na sigla em inglês), cujos primeiros núcleos foram usados pela Otan para demolir o Estado líbio, se formaram na Síria recrutando sobretudo militantes salafitas sunitas. Financiados pela Arábia Saudita e outras monarquias, esses núcleos foram abastecidos com armas através de uma rede da CIA. O objetivo: “estabelecer um principado salafita na Síria oriental”, para atuar contra os xiitas, e a partir daí desencadear a ofensiva no Iraque, no momento em que o governo do xiita Al-Maliki se afastava de Washington, aproximando-se de Pequim e Moscou.
Confirmações posteriores vêm de documentos sauditas, revelados por Wikileaks: esses demonstram que, ao menos desde 2012, a Arábia Saudita alimenta a guerra secreta na Síria, em concertação com a Turquia. Portanto, com a Otan, que elogia sua parceria com a Arábia Saudita e as outras monarquias do Golfo porque “fornecem de maneira cada vez mais eficiente segurança, inclusive para além da sua região”. Isto ficou bem demonstrado pela guerra contra o Iêmen, onde a Arábia Saudita, apoiada militarmente pelos Estados Unidos, comete todo dia massacres de civis bem piores do que ocorreu na Tunísia, reivindicado pelo Isis, documentados por uma mostra fotográfica aberta na capital iemenita. Ignorados, porém, pela grande mídia que, focalizando a atenção nos turistas inocentes assassinados numa praia tunisina, exploram este crime para demonstrar que o Ocidente está sob ataque e deve assim defender-se.
Com tempestividade tão perfeita quanto suspeita, os ministros da Defesa da Otan, reunidos em Bruxelles dois dias antes da chacina na Tunísia, decidiram potenciar a “Força de resposta” da Aliança, elevando-a a 40 mil homens (dos 13 mil previstos inicialmente), e intensificar a sua preparação para que esteja pronta a ser lançada nas áreas de crises.
Com tal finalidade, os ministros da Defesa decidiram “acelerar os procedimentos decisórios políticos e militares, incluindo a autoridade do comandante supremo aliado na Europa de preparar as tropas para a ação”. A aceleração dos procedimentos decisórios confere ao comandante supremo aliado na Europa – sempre um general estadunidense nomeado pelo presidente – o poder de decidir e atuar numa intervenção militar com uma tempestividade tal a ponto de desautorizar de fato os parlamentos europeus (o italiano agradece a propósito à ministra Pinotti que participou na cúpula de Bruxelas).
A Otan é assim relançada em grande estilo, com a profunda satisfação de Washington. Isto foi exteriorizado, no mesmo dia do massacre na Tunísia, pelo secretário estadunidense da Defesa, Ash Carter: “Há um ano, a Otan se perguntava que coisa tinha feito depois do Afeganistão. Este ano descobrimos não somente uma, mas duas coisas a enfrentar: o Isis e a Rússia de Putin”.
No mesmo dia da chacina na Tunísia, o secretário geral da Otan, Stoltenberg, participando no Conselho da Europa, sublinha que “nove em cada dez cidadãos da União Europeia vivem em países da Otan” e que as duas organizações “compartilham os mesmos valores e o mesmo ambiente de segurança”. Anuncia então que a Otan deu “passos decisivos para reforçar a defesa coletiva”. Em cujo nome a Europa é usada como terreno de grandes manobras militares, com a participação, somente em junho, de 11mil soldados de 22 países, e como ponte de lançamento da “Força de resposta”. Sempre, naturalmente, sob o comando dos Estados Unidos.
Manlio Dinucci
Disponível em: http://www.globalresearch.ca/o-longo-braco-da-otan/5459732

ISIL (DAESH) está na Ucrânia: “Agentes do Caos” dos EUA soltos na Eurásia



Estará o chamado Islamic State in Iraque and Síria, ISIS [Estado Islâmico no Iraque e na Síria]/Islamic State in Iraque and the Levant, ISIL [Estado Islâmico no Iraque e no Levante]/Estado Islâmico (EI)/Al-Dawlah Al-Islamiyah fe Al-Iraque wa Al-Sham(DAISH/DAESH) ativo na Ucrânia pós-Maidan? Não há resposta exata, vale dizer: a resposta é “sim” e “não”.
Mais uma vez, o que é esse ISIS/ISIL/EI/DAISH/DAESH? É um bando não coeso nem homogêneo de várias milícias costuradas juntas, frouxamente, exatamente como a Al-Qaeda que o precedeu. Incluídos nessa rede há grupos do Cáucaso, que lutaram na Síria e no Iraque. Agora estão na Ucrânia, usando essa etapa como trampolim para a Europa.
Os Agentes do Caos e a Guerra pela Eurásia 
Os conflitos na Ucrânia, Síria, Iraque, Líbia e Iêmen são, todos, diferentes frentes numa só guerra multidimensional que os EUA e seus aliados fazem contra toda aquela parte do mundo. Essa guerra multidimensional visa a cercar a Eurásia. China, Irã e Rússia são os principais alvos diretos.
Os EUA também mantêm uma sequência de operações mediante as quais planeja tomar esses países. O Irã é o primeiro, depois a Rússia, com a China como última parte desse conjunto eurasiano compreendido nessa “Tripla Entente Eurasiana”. Não é coincidência que os conflitos na Ucrânia, Síria, Iraque, Líbia e Iêmen aconteçam bem próximos das fronteiras de Irã e Rússia, porque Teerã e Moscou são os alvos de curto prazo de Washington.
Nessa mesma linha da natureza interconectada dos conflitos em Ucrânia, Síria, Iraque, Líbia e Iêmen, há também uma conexão entre as forças violentas, racistas, xenofóbicas e sectárias que foram liberadas como “agentes do caos”. Não é coincidência que a revista Newsweek tenha publicado, dia 10/9/2014, a seguinte manchete: “Voluntários nacionalistas ucranianos cometem crimes de guerra de ‘estilo-ISIS’”. [1]
Saibam disso ou não, essas forças desviantes – sejam as ultranacionalistas milícias do Setor Direita na Ucrânia, ou os degoladores da Frente Al-Nusra e oISIS/ISIL/EI/DAISH/DAESH na Síria e no Iraque, todos servem ao mesmo patrão. Esses agentes do caos estão disparando diferentes ondas de caos para impedir a integração da Eurásia e o crescimento de uma nova ordem mundial livre da ditadura dos EUA.
Esse “caos ‘construtivo’” que está sendo disparado na Eurásia acabará por alcançar também a Índia. Se New Delhi pensa que será deixada em paz, está tolamente errada. Os mesmos agentes do caos lá chegarão, como praga. A índia também está na alça de mira dos EUA, como China, Irã e Rússia.
Estranhas alianças: o ISIL/DAESH e os ultranacionalistas na Ucrânia?
Não deve surpreender ninguém que os diferentes agentes do caos estejam alinhados. Servem ao mesmo patrão e têm os mesmos inimigos, um dos quais é a Federação Russa.
Nesse contexto é que Marcin Mamon escreveu sobre a conexãoISIS/ISIL/EI/DAISH/DAESH na Ucrânia.Em sua reportagem, explica até que alguns dos combatentes vindos do Cáucaso sentem que têm uma dívida com ucranianos da extrema direita como Oleksandr Muzychko. [2]
Mamon é cineasta documentarista polonês, que produziu vários documentários sobre a Chechênia, dentre eles The Smell of Paradise com Mariusz Pilis em 2005, para a BBC. É declaradamente simpático à causa dos chechenos separatistas contra a Rússia no Norte do Cáucaso.
As viagens de Mamon ao Afeganistão e sua interação com os combatentes chechenos resultaram em que o documentarista polonês também teve contatos com o ISIS/ISIL/EI/DAISH/DAESH dentro da Síria e da Turquia. E esses contatos, sem que o documentarista esperasse, acabaram por levá-lo por nova trilha, até a Ucrânia.
“Naquele momento, eu nem sabia com quem me encontraria. Só conhecia aquele Khalid, meu contato na Turquia com o Estado Islâmico [ISIS/ISIL/EI/DAISH/DAESH], que me dissera que seus ‘irmãos’ estavam na Ucrânia e que eu podia confiar neles” – Mamon escreve sobre seu encontro, numa “rua esburacada em Kiev, a leste do Rio Dnieper, numa área conhecida como Margem Esquerda”. [3] Num artigo anterior, Mamon explica que esses ditos “‘irmãos’ eram membros do ISIS e de outras organizações”, que “estão em todos os continentes, e em praticamente todos os países, e agora estão também na Ucrânia”. [4] Explica ainda que “”Khalid, que usa pseudônimo, lidera o braço clandestino do Estado Islâmico em Istanbul. Veio da Síria para ajudar a controlar o fluxo de voluntários que chegavam à Turquia, vindos de todo o mundo, querendo unir-se à jihad global. Naquele momento, ele queria pôr-me em contato com Ruslan, um ‘irmão’ que lutava com os muçulmanos na Ucrânia”. [5]
Ultranacionalistas ucranianos como Muzychko também logo viraram ‘irmãos’ e foram aceitos nessa rede. Mamon explica que os combatentes chechenos aceitaram Muzychko, “apesar de ele jamais se ter convertido ao Islã” e que “Muzychko, com outros voluntários ucranianos, uniu-se aos combatentes chechenos e lutou na primeira guerra chechena contra a Rússia”, na qual “comandaram um grupo de voluntários ucranianos chamado ‘Viking’, que combateu sob o comando do famoso líder militante checheno Shamil Basayev”. [6]
Por que o ISIL prepara batalhões privados na Ucrânia?
O que significa que separatistas chechenos e a rede transnacional dos chamados ‘irmãos’ ligados ao ISIS/ISIL/EI/DAISH/DAESH estejam sendo recrutados ou usados nas fileiras de milícias privadas que estão sendo usadas por oligarcas ucranianos? É pergunta muito importante. E é onde se pode ver claramente como todos esses elementos são agentes do caos.
Marcin Mamon viajou à Ucrânia para encontrar o combatente checheno Isa Munayev. O currículo de Munayev é apresentado como segue: “Mesmo antes de chegar à Ucrânia, Munayev já era bem conhecido. Combateu contra forças russas nas duas guerras chechenas; na segunda, comandou a guerra em Grozny. Depois que a capital chechena foi tomada por forças russas, entre 1999 e 2000, Munayev e seus homens refugiaram-se nas montanhas. Combateram ali até 2005, quando Munayev for gravemente ferido e viajou para a Europa para ser tratado. Munayev viveu na Dinamarca até 2014. Então irrompeu a guerra na Ucrânia, e ele decidiu que era hora de voltar a combater outra vez contra os russos”. [7]
A passagem acima é importante, porque ilustra o modo como EUA e União Europeia (UE) apoiaram militantes em luta contra a Rússia. Nos EUA e na UE, o refúgio que a Dinamarca deu a Isa Munayev nunca foi contestado; mas o apoio que supostamente Moscou estaria dando aos soldados da República Popular de Donetsk e da República Popular de Lugansk é tratado como se fosse crime. Por que as duas medidas? Por que EUA, UE e OTAN apoiam movimentos independentistas e milícias armadas em outras partes do mundo, mas reprovam e proíbem que outros países façam o mesmo?
“Um homem mais velho, numa jaqueta de couro, apresentou-me a Munayev. ‘Nosso bom irmão Khalid recomendou esse homem’, disse ele. (Khalid é hoje um dos líderes mais importantes do Estado Islâmico. Khalid e Munayev conheciam-se dos anos em que lutaram juntos na Chechênia” – explica Marcin Mamon sobre as conexões entre os separatistas chechenos e ISIS/ISIL/EI/DAISH/DAESH. [8]
Munayev viera para a Ucrânia para estabelecer “um dos que se desdobrariam em várias dúzias de batalhões privados que brotaram para lutar ao lado do governo ucraniano, operando separados dos militares”. [9] A milícia de Munayev recebeu o nome de Batalhão Dzhokhar Dudayev, em homenagem ao presidente checheno separatista.
NOTAS
1 Damien Sharkov, “Ukrainian Nationalist Volunteers Committing ‘ISIS-Style’ War Crimes”, Newsweek, 10/9/2014.
2 Marcin Mamon, “In Midst of War, Uckraine Becomes Gateway for Jihad”, Intercept, 26/2/2015.
3 Marcin Mamon, “Isa Munayev’s War: The Final Days of a Chechen Commander Fighting in Uckraine”, Intercept, 27/2/2015.
4-6 Marcin Mamon, “In Midst of War”, op. cit.
7-9 Marcin Mamon, “Isa Munayev’s War”, op. cit.
Tradução: Vila Vudu, 4/5/2015.
Disponível em:http://www.globalresearch.ca/

JERUSALÉM

segunda-feira, 27 de julho de 2015

O Partido SYRIZA trai a luta do povo palestino e faz alianças militares com os sioniostas


"Até hoje, Israel só assinou um acordo similar com os EUA”

 

 

Sem volta: assinatura de acordo entre Ministros da Defesa de Israel e Grécia

Resumen Latinoamericano, 21 de julho de 2015. 

Segundo informa o jornal israelense “The Jerusalem Post”, o acordo foi assinado no domingo passado
No domingo passado, Israel e Grécia assinaram um acordo em Tel Aviv que oferece defesa legal às respectivas forças militares durante o treinamento no país do outro.


O ministro da Defesa grego Panos Kammenos visitou seu homólogo israelense Moshe Yaalon no Ministério da Defesa, onde o acordo foi assinado. Até hoje, Israel só assinou um acordo similar com os EUA.
Durante sua reunião, Kammenos e Yaalon discutiram os contínuos laços bilaterais de defesa e a última situação regional.

“Agradecemos muito sua visita aqui durante um período difícil para a Grécia. Isto coloca em evidência a importância das relações entre os países”, disse Yaalon. “Desejamos ao povo grego e à própria Grécia sucesso em seu esforço para superar o problema econômico. Oramos porque acreditamos que a Grécia é um país muito importante, com uma história e uma contribuição à história da humanidade”.

Yaalon rendeu homenagens à formação conjunta entre o exército israelense e o exército grego na Grécia. Além disso, acrescentou que ambos os países possuem interesses comuns e estão lidando com o impacto do acordo entre as potências mundiais e o Irã acerca de seu programa nuclear.

“Percebemos o Irã como um gerador e catalisador fundamental para a insegurança regional através de seu apoio aos elementos terroristas no Oriente Médio, o terrorismo em particular xiita, mas não apenas xiita. E, é claro, a ambição do Irã pela hegemonia regional leva o regime de Teerã a minar a estabilidade dos outros países, o que cria um desafio para todos nós”, disse Yaalon.

O terrorismo global “também está se desenvolvendo em nossa zona e está influenciando na situação de segurança na Europa. Hoje se dirige contra alguém, mas amanhã te alcança”, acrescentou.

Kammenos disse que o “povo grego está muito próximo do povo de Israel” e acrescentou que as relações bilaterais militares são boas, reafirmando que ambos os países seguirão construindo alianças através da capacitação conjunta. O terrorismo e a jihad, disse, não se dão apenas no Oriente Médio. Também estão presentes nos Bálcãs e na Europa.

A Grécia está dentro do alcance dos mísseis iranianos, complementou. “Se um míssil iraniano faz seu caminho para o Mediterrâneo, este poderia ser o fim dos estados nesta região”, disse o ministro da Defesa grego.

Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2015/07/21/sin-retorno-firma-de-acuerdo-entre-ministros-de-defensa-de-israel-y-grecia/
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Grécia: entrevista de Kostas Papadakis* a odiario.info

1. ¿Qual é a posição do KKE sobre o referendo?

Como é bem sabido, o governo do partido “de esquerda” - e na essência social-democrata - SYRIZA e do partido de direita nacionalista ANEL, num esforço para gerir a quebra total dos seus compromissos eleitorais, anunciou um referendo para 5 de Julho de 2015, com a única pergunta se os cidadãos estão ou não de acordo com la proposta de acordo apresentada pela UE, o FMI e o BCE e que se refere à continuação das medidas antipopulares, pela saída da crise capitalista com a Grécia no euro.
Funcionários do governo de coligação estão a apelar ao povo a que diga “Não” e deixam claro que este “Não” ao referendo será interpretado pelo governo grego como uma aprovação da sua própria proposta de acordo com a UE, o FMI, o BCE, cujas 47+8 páginas contêm igualmente medidas antipopulares e anti-operárias duras, com o fim de aumentar a rentabilidade do capital, o “crescimento” capitalista e a permanência do país no euro.
O governo SYRIZA-ANEL, que nem por um momento deixou de elogiar a UE, “a nossa casa europeia comum”, o “acervo europeu”, reconhece que a sua proposta é 90% idêntica à proposta da UE, do FMI, do BCE e tem muito pouco a ver com o que SYRIZA tinha prometido antes das eleições.
Juntamente com os partidos do governo de coligação (SYRIZA-ANEL) e a favor do “Não” posicionou-se o Aurora Dourada fascista, que apoiou abertamente o retorno à moeda nacional.
Por outro lado, a oposição de direita da ND e o PASOK social-democrata, que estiveram no governo até Janeiro de 2015, juntamente com o partido TO POTAMI (nominalmente de “centro” mas na essência reaccionário) posicionaram-se a favor do “Sim” às bárbaras medidas da Troika e afirmam que isto será interpretado como consentimento e “permanência na UE a qualquer custo”
Na realidade ambas as respostas levam a um “Sim” à União Europeia e à barbárie capitalista.
Durante a sessão no parlamento, em 27 de Junho, a maioria governamental de SYRIZA-ANEL rejeitou a proposta do KKE de colocar perante o julgamento do povo grego as seguintes propostas:
- Não às propostas de acordo da UE, do FMI, do BCE e do governo grego
- Saída da UE – Abolição dos memorandos e de todas as leis da sua aplicação
Com a sua postura o governo mostrou que quer chantagear o povo para que este aprove a sua proposta à Troika, que é a outra face da mesma moeda. Está a pedir ao povo que aceite os seus planos antipopulares e responsabilizá-lo pelas suas novas opções antipopulares, seja através de um acordo supostamente “melhorado” com os organismos imperialistas, ou por meio de uma saída do euro e o retorno à moeda nacional, que o povo será chamado a pagar de novo.
Nestas condições, o KKE está a apelar ao povo para que utilize o referendo como uma oportunidade para reforçar a oposição à UE, para que se reforce a luta pela única saída realista da actual barbárie capitalista, que tem apenas um conteúdo: Ruptura – Saída da UE, cancelamento unilateral da dívida, socialização dos monopólios, poder operário e popular.
O povo, com a sua acção e a sua escolha deve responder ao engano da falsa pergunta que o governo coloca e rejeitar tanto a proposta da UE, do FMI, do BCE como a proposta do governo SYRIZA-ANEL. Ambas as propostas contêm medidas antipopulares bárbaras que se acrescentarão aos memorandos e às leis da sua aplicação dos governos anteriores, da ND-PASOK. Ambas servem os interesses do capital os lucros capitalistas.
O KKE sublinha que o povo não deve escolher entre Esquila e Caribdis mas sim expressar no referendo, por todos os meios e formas, a sua oposição à UE e aos memorandos permanentes. Deve “cancelar” este dilema ao votar pela proposta do KKE.
Não à proposta da UE, FMI, e BCE
Não à proposta do governo
Saída da UE, com o povo no poder

2. Como avalia os resultados das negociações do governo grego com a Comissão Europeia?
O governo do Syriza-ANEL está há quatro meses a negociar com a troika, as «instituições», ou seja a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu (BCE) e o FMI, mas não a favor dos interesses do povo. Trata-se de uma negociação com os credores, que é a priori antipopular, com a qual o governo está a tratar de assegurar os interesses da burguesia grega no quadro do antagonismo geral que se desenvolve entre os Estados Unidos e a Alemanha, assim como entre os países da zona euro, sobre a fórmula da gestão capitalista. Esta negociação reflecte a confrontação geral em que a burguesia grega tem como objectivo, entre outros, assegurar um superavit baixo para os próximos anos, passando capitais destinados à amortização de empréstimos para o financiamento estatal dos grupos empresarias. Com estes capitais como ferramenta tentam recuperar da crise capitalista. Portanto, os grupos empresariais e as associações (Federação de Industrias etc.) apoiam o governo que se apressou a servir os seus interesses. O acordo antipopular de 20 de Fevereiro já previa que se mantivessem as leis antipopulares do memorando aprovadas pelo ND e pelo PASOK, enquanto se preparam novas medidas antipopulares no sistema tributário, privatizações, abolição de direitos de segurança social, etc. As negociações estão a levar a um novo acordo-memorando, seja qual for o seu nome.
Portanto os interesses do povo grego não são servidos se alinharem por planos antipopulares, que aliás implicam medidas anti-laborais bárbaras; pelo contrário, é necessário lutar contra eles de modo combativo e sem passividade. O povo não é responsável pela dívida da plutocracia; nem a criou nem tem de a pagar. Contra a lógica de uma renegociação antipopular, cujo resultado o povo já pagou e estão a chamá-lo para pagar de novo, o KKE pede ao povo que exija a abolição das leis antipopulares e a recuperação das perdas dos anos anteriores, abrir caminho para o cancelamento unilateral da dívida e, ao mesmo tempo, sair da UE, com o povo no poder.
Cada trabalhador deve pensar que o SYRIZA se tinha comprometido a romper com os memorandos mas agora traz outro e mantém vigentes todas as leis do memorando. O KKE, pelo contrário, apresentou de novo em Fevereiro no Parlamento um projecto de lei para o cancelamento dos memorandos e das leis antipopulares pertinentes. Além disso, apresentou uma proposta para o restabelecimento do 13º salário e do 14.o, aplicação imediata do salário mínimo de 751€ como base para aumentos — que haviam sido abolidos pelo governo da ND e do PASOK — aplicação obrigatória dos convénios colectivos sectoriais, etc.

3. Como estão a reagir os que votaram com o SYRIZA sobre os retrocessos perante as exigências da Comissão Europeia que invalidam as promessas feitas durante e período eleitoral? E a classe operária?

As «promessas» eleitorais do SYRIZA, o chamado programa de Tessalónica, eram migalhas que de qualquer modo não tirariam as famílias da pobreza e da miséria. Tratava-se de medidas que reciclariam a pobreza mais extrema, mesmo sob a consigna: «contra a crise humanitária», exonerando o próprio sistema capitalista, dando a entender que se trata de uma ocasião excepcional e não da própria natureza de um sistema explorador que está a apodrecer. Constituiriam mesmo os primeiros projectos de lei do governo que iam ser aprovados independentemente do resultado da negociação. Mas logo depois das eleições «o programa de Tessalónica» transformou-se de um programa de 100 dias num programa de quatro anos. Assim as promessas de restabelecer o salário mínimo passaram para um futuro longínquo e dependem do «apetite» dos próprios empregadores. Enquanto o imposto sobre bens imóveis (ENFIA) mantém-se no período próximo. Assim, os impostos existentes estão a aumentar e o povo vai pagar muito caro o aumento das taxas de IVA. Ao mesmo tempo, o 13.o mês (pelo Natal) foi adiado, mesmo para os mais fracos economicamente.
O aumento do limiar de entradas isentas de tributação foi também adiado para os finais de 2016. Em contrapartida, estão a promover as privatizações de portos, aeroportos, bloquearam as reservas disponíveis dos municípios, de organismos estatais e os fundos de segurança destinados a cobrir as necessidades populares básicas. Enquanto se está a planificar o corte das pensões antecipadas e entre elas as profissões pesadas e insalubres, das mulheres trabalhadoras com filhos menores de idade, etc. Perante essa política governamental profundamente antipopular, os trabalhadores e outros sectores populares pobres que acreditaram nas esperanças que fomentaram as forças da nova social-democracia do SYRIZA, não devem ficar decepcionados mas sim tirar as conclusões políticas necessárias. Ou seja, que não existem «soluções fáceis favoráveis ao povo» quando o povo concede a responsabilidade a um governo que opera no quadro da UE e na senda do desenvolvimento capitalista. Portanto, o povo é soberano só quando possui os meios de produção, livre da UE, e pode satisfazer as suas necessidades com uma planificação científica central.

4. Como interpreta o enfraquecimento relativo da reacção popular nos últimos meses? Quais são as perspectivas para a luta de massas no futuro próximo?

Para lá da repressão e das provocações utilizadas pelos governos da ND e do PASOK nos anos da crise, um factor determinante que foi usado para enfraquecer o movimento operário e impedir o desenvolvimento da sua união e da sua orientação de classe, foi que a classe burguesa e o seu pessoal proporcionaram a ideia de que outro governo de gestão burguesa se encarregará de resolver os problemas populares e dos trabalhadores. A intenção de apresentar o governo com o SYRIZA no seu núcleo como salvador do povo provocou uma contenção grave do movimento operário. Fomentou a passividade e falsas ilusões, do que resultou que exista mesmo agora um retrocesso na luta operária e popular. Nos primeiros dias depois das eleições o novo governo tratou de por o povo a aplaudir activamente os objectivos da burguesia nas negociações antipopulares. Poucos meses depois, cada vez mais gente compartilha as advertências do KKE sobre o carácter e a missão deste governo. Uma série de mobilizações de trabalhadores não remunerados, grevistas, contratadores nos centros de trabalho são um fenómeno diário. A greve dos trabalhadores no sector da saúde, a 20 de Maio, foi um passo importante porque a situação nos hospitais estatais é explosiva dado que nem sequer têm gaze e os pacientes não só pagam caro por tudo, como ainda trazem os medicamentos de casa, materiais, etc. As mobilizações que o PAME está a organizar a 11 de Junho reclamando que não se aplique o novo acordo antipopular podem significar uma mudança na força, na combatividade do movimento operário, podem marcar um novo ponto de partida para o confronto da ofensiva do governo, da UE e do capital contra o povo, para a recuperação das perdas. A organização do seu contra-ataque para a criação de uma aliança popular forte contra os monopólios e o capitalismo.

5. As divergências no movimento comunista internacional actualmente são óbvias. A que se atribuem? Qual é a posição do KKE?

Sim, efectivamente há desacordos e divergências em assuntos-chave de importância estratégica. Mas o crucial é determinar qual é a base sólida e os critérios para os examinar. Os alicerces estão na cosmovisão  marxista-leninista, nos princípios da luta de classes, na estratégia revolucionária. Só nesta base é possível fortalecer o verdadeiro carácter comunista dos partidos comunistas, conquistar a unidade da classe operária e a sua aliança com as demais camadas populares pobres, conseguir agrupar e preparar as forças trabalhadoras e populares para o derrubamento da barbárie capitalista, pelo socialismo-comunismo. De outro modo, os partidos comunistas ficam expostos ao efeito corrosivo das forças burguesas e oportunistas, ao parlamentarismo, à incorporação na gestão burguesa, às alianças sem princípios, à participação em governos de gestão burguesa sob o título de «esquerdas» «progressistas», à opção e à alienação por detrás das uniões imperialistas, a convergência com forças e formações oportunistas, como o chamado Partido da Esquerda Europeia ou a sua expressão política, GUE-NGL. A base de tudo isso é a lógica daninha de etapas entre o capitalismo e o socialismo. O etapismo, que historicamente não se confirmou em caso algum, está a embelezar o capitalismo, está a criar ilusões de que se pode humaniza-lo através da gestão burguesa, com a participação dos partidos comunistas. Este caminho levou à mutação e dissolução de partidos comunistas, por exemplo, em França, Itália, Espanha, etc. Esta percepção de «etapas», que se baseia em elaborações obsoletas do movimento comunista internacional, acalma o derrubamento do poder capitalista, o próprio socialismo, a «segunda vinda» e fragiliza a preparação da classe trabalhadora e dos seus aliados para esta tarefa monumental. Na pergunta crucial «revolução ou transformação», o etapismo opta pela transformação. O KKE quer um debate aberto e essencial entre os partidos comunistas sem etiquetas e sem aforismos sobre assuntos chave de importância estratégica para que se elabore uma estratégia revolucionária contemporânea. Cada partido é responsável por responder e justificar a sua opinião e postura.

6. Como encara o KKE a ofensiva actual do imperialismo em múltiplas frentes: Ucrânia, Médio Oriente, América Latina, China, Rússia?

 Os Estados Unidos, tal como a União Europeia, a NATO e os seus governos, estão a levar a cabo planos perigosos contra os povos. O fortalecimento da articulação da UE com a NATO, assim como as intervenções imperialistas independentes da UE com a formação de um euro-exercito regular e o fortalecimento das forças militares para executar guerras e missões imperialistas pelos interesses dos monopólios, confirmam a agudização dos antagonismos pelo controlo dos mercados, das fontes e das rotas de transporte de energia. A corrida armamentista com os estandartes da NATO, os programas avançados de armamento dos chamados países emergentes como a China e a Rússia e de países do Médio Oriente, são reveladores e constituem um prelúdio perigoso da forma e dos métodos com que o sistema capitalista procura recuperar da sua crise profunda. São pura hipocrisia as alianças das potências que estão «dispostas» a actuar contra os jihadistas, que foram apoiados pela NATO, Estados Unidos e a UE, os traficantes de pessoas nos países onde a UE e seus aliados entraram a ferro e fogo em intervenções imperialistas causando enormes vagas de imigrantes.
O governo grego que subscreveu tudo isso, anunciou que vai criar uma nova base da NATO no Egeu para as necessidades da UE e da NATO e dos planos imperialistas e que disponibilizará forças armadas e bases ao serviço da NATO. Subscreveu todos os comunicados militares da UE nas cimeiras e dos ministros de assuntos exteriores e de defesa da UE, enquanto fortalece as relações políticas, económicas e militares com Israel que ataca o povo palestino. É esse o governo das «esquerdas» do SYRZA-ANEL e queremos sublinhar que as forças que se apressaram a celebrá-lo, ficaram irremediavelmente expostas.
 Os povos devem intensificar a sua luta para frustrar os planos imperialistas, pelo que é necessário estar em vigilância militante. O KKE desempenha um papel essencial na luta contra a implicação da Grécia nos planos imperialistas, exige que regressem as forças militares gregas das missões euro-atlânticas ao estrangeiro, que sejam encerradas as bases dos Estados Unidos e da NATO. O KKE luta pelo afastamento da NATO e da UE, sendo o povo dono do seu destino.

7. Como vê a nova estratégia de Barack Obama sobre as relações dos Estados Unidos com Cuba?

É particularmente importante que a longa luta do povo cubano em condições muito difíceis e a mobilização mundial de solidariedade contra o bloqueio inaceitável dos Estados Unidos tenham exercido pressão sobre o governo dos Estados Unidos para discutir o seu levantamento. O mesmo acontece com a UE com a chamada Posição Comum e as sanções que impõe há anos contra Cuba. Esta pressão e este movimento mundial de solidariedade que se tem desenvolvido impulsionaram a libertação dos cinco patriotas cubanos.
Mas, não há qualquer complacência ou ilusão já que o imperialismo não deixa de utilizar tanto o engodo como o chicote com o fim de incorporar e subjugar os povos sob a sua estratégia. Por isso é necessário que a solidariedade internacional revele os ajustes da táctica do adversário para que se não apliquem os planos que o imperialismo internacional está a preparar e que se implementem através de sanções, chantagem, e ameaças ou negociações.

8.     Qual a opinião do KKE sobre o chamado Socialismo do século 21 e o papel dos intelectuais de esquerda da América Latina a esse respeito? Mesmo hoje em dia, consideram como modelo os chamados governos progressistas, de esquerda, da América Latina?

Ainda hoje os chamados governos progressistas, de esquerdas, da América Latina que constroem o «socialismo do séc.21» são considerados como modelo. Esta fabricação ideológica opõe-se à própria experiência popular daqueles países que estão a experimentar a política antipopular, a pobreza, a exploração enquanto os monopólios estão a enriquecer. A fabricação ideológica do «socialismo do séc. 21» reúne as diversas correntes social-democratas e oportunistas, académicos latino-americanos que garantem que falam em nome do marxismo mas distorcem-no, porque o «socialismo do séc. 21» no seu conjunto caracteriza-se pela agressividade contra o marxismo-leninismo e o movimento comunista internacional, promovendo como solução as reformas burguesas que não afectam o poder do capital. É a expressão de certas secções da burguesia, sobretudo na América Latina, que aspiram a uma melhoria do financiamento estatal para a criação de infra-estruturas, mão-de-obra especializada necessária para os monopólios – que não estão dispostos a financiá-los – a fim de aumentar a sua rendibilidade. Uma orientação semelhante existiu também nas décadas anteriores nos países da Europa Ocidental. Trata-se das necessidades das classes burguesas desses países para que se reforça a sua posição no antagonismo internacional. O «socialismo do séc. 21» é uma fonte de distorção do conceito do socialismo científico já que não afecta o poder burguês. É apenas uma fórmula de gestão do sistema capitalista a expensas da classe operária e das demais amadas populares de cada país.

9. Quais as razões - em contradição com a posição de Marx sobre a extinção gradual do Estado – para que o Estado em vez de enfraquecer estava continuamente a agigantar-se (URSS, Cuba, China)? 

O estudo da experiência da construção socialista é o assunto de que o nosso partido se tem ocupado nos últimos 20 anos. Tirámos conclusões sobre os princípios da construção do socialismo através de um estudo a fundo, de um debate colectivo sobretudo da experiência da URSS, principalmente das decisões tomadas no âmbito da economia. Hoje em dia, este debate é necessário para cada partido comunista. Porque, por exemplo, é um problema e uma expressão da situação difícil do movimento comunista internacional o facto de que hoje em dia existem partidos comunistas que negam os princípios, as leis científicas da construção socialista, o poder operário, a socialização dos meios de produção, a planificação e o controlo operário e popular.
O KKE defende a necessidade da revolução socialista e os princípios da nova sociedade e, desse ponto de vista, participa no debate que está em curso no movimento comunista. Nesta perspectiva examinamos, por exemplo, os acontecimentos na China onde, segundo os dados, prevalecem as relações capitalistas de produção.
Para chegar ao ponto de falar da extinção do Estado uma pré-condição necessária é o fortalecimento das relações de produção comunistas, não o seu enfraquecimento. A experiência histórica da contra-revolução, que ainda não acabou, mostra que a tarefa de desenvolver relações comunistas de produção e distribuição requer o desenvolvimento da teoria do comunismo científico pelo partido comunista através do estudo das leis da construção socialista. A experiência mostrou que os partidos no poder, na URSS e noutros Estados socialistas, não só não tiveram êxito nessa tarefa como também sofreram a erosão do oportunismo e se transformaram em veículos da contra-revolução e da restauração do capitalismo.

10. O homem realizou conquistas destacadas no âmbito da ciência e da técnica, mas mudou muito pouco desde a Grécia e Roma, como mostram as guerras, cada vez mais cruéis, e a escalada de crimes do imperialismo. A velocidade com que o «homem velho» reapareceu para milhões na Rússia e na China, e está a aparecer em Cuba, parece mostrar que a transição do socialismo para o comunismo será muito mais lenta do que o previsto por Marx e Engels. A história desmentiu o mito do «homem novo»? Que pensam disto?

Não concordamos com essa ideia. Tudo o que afirmaram Marx e Engels, assim como Lénine, se confirmou e confirma de modo absoluto hoje em dia. A resposta à pergunta surge no próprio carácter da época inaugurada pela Grande Revolução Socialista, que é a época da transição do capitalismo para o socialismo. O capitalismo está na sua última fase imperialista. As condições materiais para a construção do socialismo estão já a amadurecer. O partido comunista deve pois ser capaz de responder com a sua estratégia e táctica para o desenvolvimento da luta de classes, ajudar a classe operária a estar consciente da sua missão histórica, a prepará-la para o confronto com o verdadeiro inimigo, ou seja a UE, os monopólios e o seu poder. A elaboração da estratégia revolucionária é a tarefa dos partidos comunistas independentemente da correlação de forças.
O objectivo é que os partidos comunistas que crêem na luta de classes e seus princípios, na necessidade histórica do derrubamento do poder burguês e na construção do socialismo-comunismo elaborem uma estratégia que cumpra com a própria razão da existência de um partido comunista: reunir forças para o confronto com o poder dos monopólios e não para a gestão e perpetuação da barbárie capitalista. O capitalismo é um sistema apodrecido e obsoleto e nenhum modo de gestão pode dar-lhe rosto humano. A luta pelo socialismo, portanto, não é uma declaração para um futuro longínquo mas um tema chave que determina todos os outros. A questão chave é como trabalha dia após dia um partido comunista para alcançar esse objectivo.

* Membro do CC e eurodeputado do KKE
Tradução: Manuela Antunes
http://www.odiario.info/?p=3692