quinta-feira, 25 de julho de 2019

Como matar 10 milhões de afegãos e não vencer

O jornalista Pepe Escobar afirma que "bombardeado e invadido durante o regime de Dick Cheney, o Afeganistão nunca foi uma guerra justa" e defende que "a única solução viável para o Afeganistão é desenvolver um mecanismo pan-eurasiano junto à Organização para Cooperação de Xangai, com Rússia e China no timão, Índia e Paquistão na condição de membros plenos e Irã e Afeganistão como observadores"




“Somos qual policiais. Não estamos em guerra. Se quiséssemos entrar em guerra no Afeganistão para ganhar, eu conseguiria vencer em uma semana. Mas não quero matar 10 milhões de pessoas. O Afeganistão poderia ser eliminado da face da Terra. Não quero tomar esse rumo.”   
Mesmo considerando os ensandecidos anais de um trumpismo demente, reforçados cotidianamente por uma avalanche de tuitadas e citações, o que você acaba de ler é de deixar qualquer um embasbacado. Eis aí o presidente estadunidense confirmando que: 1) os EUA não estão em guerra contra o Afeganistão; 2) se os EUA quisessem uma guerra, o Presidente a ganharia em uma semana; 3) ele mataria 10 milhões de pessoas – embora não queira; 4) o “Afeganistão” poderia ser eliminado de uma vez por todas da face da Terra – sem nenhuma razão que justificasse!  
Trump disse tudo isso sentado ao lado do primeiro ministro paquistanês Imran Khan – que, em habilidoso gesto, tenta agradar a Casa Branca e também posiciona o Paquistão como sólido núcleo de integração eurasiana junto com Rússia, China e Irã. 
 Ao dizer que os EUA não estão em guerra contra o Afeganistão, Trump está aprontando alguma, embora não esteja claro que a Equipe Trump tenha dito ao chefe que a jogada, pra valer, desde o início, é a rota da CIA para a heroína.  
Também não há certeza de que Trump vai pedir a contribuição do desafeto que o precedeu no cargo, Barack Obama. Talvez Obama não tenha matado 10 milhões de pessoas, mas as forças sob seu comando mataram hordas de afegãos, inclusive inúmeros civis. Nem assim Obama “ganhou” – muito menos “numa semana”. 
 Barack Obama flertou sim com a ideia de “ganhar” a guerra no Afeganistão. Reza a lenda que após 11 horas de solitárias deliberações, ele aceitou uma investida em duas etapas, 21.000 soldados mais 30.000 depois. 
Obama acreditava na guerra contra o Afeganistão como uma nobre cruzada e, em sua campanha presidencial de 2008, sempre a definia como “a guerra certa”.  Obama defendeu a investida em cima de argumentos imperialistas humanitários: “Para o povo afegão, uma volta do governo Talibã condenaria o país inteiro a um regime brutal, a um isolamento internacional, a uma paralização da economia e à negação dos direitos humanos, especialmente às mulheres e meninas.” O The New York Times e o Washington Post aplaudiram. 
 Parece que temos um probleminha aí, Cabul! Bombardeado e invadido durante o regime de Dick Cheney, o Afeganistão nunca foi uma guerra “certa” ou “justa”. Nunca se estabeleceu conexão alguma entre o Talibã e o 11 de Setembro. A trama e o financiamento para o 11 de Setembro foram obra dos Sauditas e de células na Alemanha, no Paquistão e nos Emirados Árabes Unidos. O Mullah Omar nunca despachou “terra-rists” (na pronúncia do ex-presidente Bush - NT) suicidas para os Estados Unidos.  
Entretanto, a liderança Talibã em Kandahar aceitou um acordo – agenciado por Moscou – para entregar Osama bin Laden, que foi proclamado o maligno causador do 11 de Setembro pouquíssimas horas depois do desabamento das Torres Gêmeas, sem que houvesse um pingo de investigação. O regime de Dick Cheney rejeitou a oferta talibã, bem como a subsequente oferta de entregar bin Laden a um país muçulmano para julgamento. Eles só estavam dispostos a aceitar uma extradição para os Estados Unidos.   

Entra em campo a OCX 

Com a parca atuação do fantoche Hamid Karzai em Cabul e com os neocons já focados no Iraque, seu alvo real, a ocupação do Afeganistão foi passada para a OTAN. Isso já tinha sido decidido antes do 11 de Setembro, no G8 durante o mês de julho em Gênova, quando ficou claro que Washington planejava atacar o Afeganistão ainda antes de outubro. O regime de Dick Cheney precisava muito de uma cabeça de praia na interseção entre o centro e o sul da Ásia, não só para monitorar a Rússia e a China mas também para coordenar um movimento capaz de se apoderar da imensa reserva de gás da Ásia Central.  
A história gritantemente instável no Hindu Kush dizia o contrário. A sorte passou a favorecer o Talibã ao longo da década de 2010, ao ponto de terem agora boa metade do país sob seu controle.  
Até mesmo o vaidosíssimo General David Petraeus – que articulou a (fracassada) investida contra o Iraque – sabia que não havia como ganhar a guerra do Afeganistão. O desacreditado General Stanley McChrystal, pelo menos, foi mais cirúrgico: “Atiramos numa quantidade imensa de pessoas, matamos algumas e, que eu saiba, acabou que nenhuma delas era ameaça de verdade.”  Contudo, a diversão estava garantida por coisas ao estilo do sistema de foguetes de artilharia de alta mobilidade da Lockheed Martin que devastou aldeias pashtuns e arruinou algumas cerimônias de casamento. A propaganda onde o Pentágono diz que há “poucos danos colaterais” jamais chegou a encobrir a falta de uma inteligência de fato sobre a qual agir em campo.  
Seymour Hersh argumentou que a versão dada por Obama para a morte de Osama bin Laden em maio de 2011 foi uma elaborada obra de ficção – devidamente encampada por Hollywood logo em seguida. Um ano depois, a investida de Obama ainda contava com 88.000 soldados no Afeganistão e mais 118.000 operários. Mas acabou em morte lenta e desastrosa. 
 Quem tiver ao menos uma noção da fraccionada geopolítica na interseção das regiões central e sul da Ásia vai saber que, para o complexo de segurança militar e industrial dos EUA, retirar-se do Afeganistão é uma vergonha. Trump pode estar fazendo um certo barulho – mas é isso: não passa de barulho. A base aérea de Bagram tem valor inestimável para o Império das Bases no monitoramento da parceria estratégica que só faz crescer entre Rússia e China. 
 A única solução viável para o Afeganistão é desenvolver um mecanismo pan-eurasiano junto à Organização para Cooperação de Xangai, com Rússia e China no timão, Índia e Paquistão na condição de membros plenos e Irã e Afeganistão como observadores. Assim, o Afeganistão ficará totalmente integrado enquanto polo da Nova Rota da Seda, ou Iniciativa Um Cinturão, Uma Rota, formando o Corredor Econômico China-Paquistão bem como uma mini-Rota da Seda indiana passando pelo Afeganistão em direção à Ásia Central a partir do porto iraniano de Chabahar.   
É isso que querem as principais potências no tabuleiro eurasiano. É assim que se “ganha” uma guerra. E é assim que não se faz necessário matar 10 milhões de pessoas.
https://www.brasil247.com/blog/como-matar-10-milhoes-de-afegaos-e-nao-vencer

quarta-feira, 24 de julho de 2019

EUA despejam óleo no incêndio do Golfo, Índia fica em silêncio



O apresamento de um petroleiro iraniano ao largo de Gibraltar pela British Navy na sexta-feira passada está rapidamente a adquirir um carácter grotesco. A Grã-Bretanha actuou às ordens dos EUA; por sua vez, os EUA actuaram provavelmente às ordens da "Equipe B". Até agora, apenas um responsável de topo dos EUA exprimiu alegria acerca do incidente – o conselheiro de Segurança Nacional John Bolton, o qual naturalmente é membro do secretariado da Equipe B. Nenhum dos outros três membros da Equipe B – o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyau ou os dois príncipes coroados do Golfo (bin Salman e bin Zayed) avançaram nesta controvérsia.
A intenção original por trás da operação anglo-americana era claramente provocar os iranianos a alguma acção retaliatória. Mas o Irão recusou-se a ser provocado e está a aguardar o seu momento. Tivesse o Irão actuado impulsivamente ou precipitadamente, uma conflagração militar poderia ter-se seguido, a qual teria proporcionado simplesmente o álibi para um ataque militar em grande escala dos EUA a alvos iranianos. Mesmo o Artigo 5 da Carta da NATO sobre segurança colectiva pode ser invocado. A Equipe B tem estado à pesca de uma tal janela de oportunidade. A última visita do secretário da Defesa dos EUA a Bruxelas foi uma missão para arregimentar apoio da NATO para um ataque militar contra o Irão.
Entretanto, o Irão é suficientemente astuto para imaginar o plano de jogo anglo-americano. Teerão está indignada e advertiu de consequências, mas tudo ao seu tempo. Uma vez que o Irão se recusou a ser provocado, a Grã-Bretanha fez uma falsa alegação de que teria feito uma tentativa abortada para "intimidar" um petroleiro britânico. Teerão, naturalmente, negou furiosamente a alegação. Enquanto isso, há um movimento paralelo dos EUA para reunir uma "coligação de vontades" ostensivamente para proteger petroleiros no Estreito de Ormuz, uma via navegável iraniana. Há uma história por trás disso.
A falsa alegação da Grã-Bretanha foi imediatamente aproveitada pela US Navy para avançar com o seu plano mestre de estabelecer escoltas para a navegação no Estreito de Ormuz. O general Mark Milley, que fora indicado para presidente do US Joint Chiefs of Staff, foi citado como tendo dito em 11 de Julho durante um testemunho perante o Comité dos Serviços Armados do Senado em Washington que o Pentágono está a trabalhar para formar uma coligação "em termos de proporcionar escolta militar, escolta naval, à navegação comercial". Nas suas palavras: "Penso que estará em desenvolvimento durante o próximo par de semanas". Milley caracterizou o projecto como uma afirmação do princípio fundamental da "liberdade de navegação", uma expressão que Washington utiliza arbitrariamente no seu livro de regras "Índico-Pacífico".
Estreito de Ormuz
Não é preciso muito engenho para imaginar que os EUA pretendem assumir o controle do Estreito de Ormuz – embora o estreito esteja em águas iranianas-omanitas à luz do direito internacional. Como o ponto mais estreito do Estreito de Ormuz tem 21 milhas náuticas [38,39 km], todos os navios que passam por ali devem atravessar as águas territoriais do Irão e de Oman. Os direitos de passagem para navios estrangeiros sob o direito internacional consequentemente serão sujeitos ou às regras da passagem inocente não-irrevogável ou à passagem de trânsito conforme o regime legal aplicável.
O tópico tem precedente no Tribunal Internacional de Justiça (ICJ). O ICJ confirmou a regra habitual do direito internacional, utilizada na navegação internacional, de que navios de guerra estrangeiros têm o direito de passagem inocente em estreitos durante tempos de paz, o que significa que durante tempos de paz os estados costeiros só poderiam proibir a passagem de qualquer navio de bandeira estrangeira se a sua passagem fosse não inocente.
Entretanto, a área cinzenta aqui (a qual os EUA querem desafiar) é que o Irão tem o direito legal como um estado costeiro de impedir o trânsito ou a não-irrevogável passagem inocente de navios se o navio que estiver envolvido na passagem através do estreito constituir uma ameaça ou realmente utilizar força contra a soberania do Irão, a sua integridade territorial, ou independência política ou possa estar a actuar de qualquer outro modo em violação dos princípios do direito internacional incorporados na Carta das Nações Unidas.
Em termos estratégicos, portanto, ao precipitar a captura do petroleiro iraniano, os EUA e a Grã-Bretanha estão a seguir o caminho de criar um pretexto para desafiar os direitos do Irão sobre o Estreito de Ormuz e ganhar o controle do estreito. Isto é também planeamento de contingência antecipado na medida que sob o direito internacional, se os EUA fossem atacar território iraniano sem uma decisão do Conselho de Segurança da ONU, seria levantada a questão de se as disposições para a passagem em trânsito sob a UNCLOS continuariam a ser aplicadas ao Estreito de Ormuz ou se o Irão poderia invocar as leis do mar e actuar contra petroleiros, especialmente se eles forem considerados estar a ajudar o inimigo.
Escusado será dizer, é possível ver que aquilo que pode ter parecido como um acto aventureiro ou tolo da Grã-Bretanha ao capturar o petroleiro iraniano poderia realmente ser o topo de um projecto calibrado destinado a impor efectivamente um bloqueio naval contra o Irão. De facto, isto constitui o capítulo mais recente da política dos EUA de "pressão máxima" contra o Irão.

Estritos de Ormuz e de Bab al-Mandeb
A propósito, uma segunda extensão do actual projecto é também tomar o controle das vias de navegação estratégica através do Bab al-Mandeb (ao largo do Iémen), o qual leva ao Canal de Suez (o estreito de Bab-al-Mandeb conecta o Mar Vermelho com o Golfo de Aden e o Mar Arábico).
O controle estado-unidense do Bab al-Mandeb significará que a utilização do Canal de Suez pelo Irão ficará sob intenso monitoramento dos EUA. Os EUA têm uma base militar no Djibuti em frente ao Bab al-Mandeb (contra este pano de fundo, a feroz guerra no Iémen fica em perspectiva).
Naturalmente, tudo isto constituem actos que estão em grosseira violação do direito internacional e da Carta das Nações Unidas e a Índia deveria manter-se a milhas de distância do projecto anglo-americano de impor bloqueio naval contra o Irão sob qualquer pretexto.
Na verdade, a Índia será convocada a tomar algumas decisões difíceis no período que se aproxima quanto à situação emergente no Golfo Pérsico. Em primeiro lugar, a Índia deveria ficar longe do projecto liderado pelos EUA de estabelecer escoltas militares para navios no Golfo Pérsico. Há informações de que a Indian Navy enviou dois navios com helicópteros ao Golfo de Omã. Presumivelmente, esta deslocação não será parte da flotilha naval liderada pelos EUA para intimidar e bloquear o Irão.
Em segundo lugar, há uma forte probabilidade de os EUA invocarem seus privilégios sob o Logistics Exchange Memorandum of Agreement a fim de terem acesso a instalações militares indianas para reabastecerem seus navios. Na assinatura do LEMOA, em 2016, peritos indianos criticaram-no como um "erro estratégico". Num apelo apaixonado, Bharat Karnad em Agosto de 2016 escreveu: "Isto (o LEMOA) é, talvez, o mais grave erro estratégico cometido pelo país nas suas quase sete décadas de existência independente". A crítica de Karnad prevenindo quanto às graves consequências revelou-se profética. ( aqui )
O texto do LEMOA permanece secreto. O público indiano nem mesmo sabe se a Índia tem a opção de rejeitar qualquer iniciativa dos EUA para ter acesso às nossas bases militares numa situação como a de hoje, quando nuvens de guerra estão a acumular-se na nossa vizinhança e Washington está a avançar preparativos para uma operação militar contra o Irão, um país amigo com o qual a Índia tem tido profundos laços civilizacionais e preocupações comuns no cenário regional contemporâneo.
O governo estará a trair os interesses nacionais da Índia de médio e longo prazo se proporcionar à US Navy instalações de apoio nas suas bases militares actualmente sob o LEMOA.
Terceiro e mais importante: Delhi está a manter um silêncio ensurdecedor – por razões melhor conhecidas pelos formuladores de políticas – sobre as tempestades que se aproximam na região do Golfo Pérsico. Caramba, mais de 7 milhões de indianos vivem e trabalham nessa região. Mesmo se desconhecêssemos que estes indianos não residentes baseados no Golfo dão apoio orçamental significativo à economia indiana , que chega a milhares de milhões de dólares por ano através das suas remessas, o governo tem obrigação para com os seus cidadãos de não deixar pedra sobre pedra a fim de garantir a sua segurança física. Dezenas de milhões dos seus parentes na Índia dependem deles criticamente para seu sustento.
Será que o governo não deveria dizer alguma coisa no sentido de que a Índia se opõe a uma situação de guerra no Golfo Pérsico e que a administração Trump deveria actuar com a máxima contenção? Se isto não é uma questão de política externa que mereça ser articulada pelo primeiro-ministro, o que mais poderia ser? Outros países como a Rússia, a China e os aliados próximos dos EUA têm falado sobre a crise do Golfo Pérsico.
O que explica a covardia do governo? Medo de Trump? Estarão nossas elites demasiado comprometidas com a Equipe B? Pacto faustiano com Netanyahu (que segundo se informa está a vir a Delhi para encontrar o primeiro-ministro)? Ou simplesmente a Abordagem do Avestruz de não ver o mal, não ouvir o mal ou não falar mal se for acerca do tio Sam? De qualquer forma, que espécie de impressão quanto a Índia como potência regional é que o governo está a projectar? Vergonha na Índia!
Melkulangara Bhadrakumar foi diplomata de carreira do Serviço Exterior da Índia. Prestou serviços na União Soviética, Coreia do Sul, Sri Lanka, Alemanha, Afeganistão, Paquistão, Uzbequistão e Turquia. É especialista em questões do Afeganistão e Paquistão e escreve sobre temas de energia e segurança para várias publicações, dentre as quais The Hindu, Deccan Herald e Asia Online. É o filho mais velho de MK Kumaran (1915–1994), famoso escritor, jornalista, tradutor e militante comunista do Kerala.
https://www.resistir.info/irao/bhadrakumar_12jul19.html

Israel expulsou 3000 palestinos das suas casas em Jerusalém nos últimos 15 anos

As casas dos palestinos em Jerusalém Oriental estão sob ameaça permanente; em muitos casos as autoridades israelitas forçam os palestinos a demolir as suas habitações, revela um relatório.
Uma mulher palestiniana olha para as ruínas da sua casa demolida, no bairro de Beit Hanina, em Jerusalém Oriental
Uma mulher palestina olha para as ruínas da sua casa demolida, no bairro de Beit Hanina, em Jerusalém Oriental Créditos/ trtworld.com  
Entre 2004 e Março de 2019, «o município de Jerusalém deixou deliberadamente sem casa 2927 pessoas, 1574 das quais são menores», sublinha o Centro de Informação para os Direitos Humanos nos Territórios Ocupados (B'Tselem) num documento publicado dia 28 de Abril.
O relatório, ontem divulgado pela agência Ma'an, precisa ainda que, no mesmo período, a referida autoridade municipal demoliu 830 casas, sendo que outras 120 foram demolidas pelos seus próprios donos por ordem do município.
O B’Tselem destaca que a entidade israelita leva a cabo políticas que provocaram, de forma deliberada, uma crise severa ao nível da construção para a população palestina, enquanto as colonias  para judeus são amplamente financiados e se expandem.
«Israel expropriou mais de um terço da terra que anexou a partir da Margem Ocidental e construiu 11 colonias exclusivamente para judeus», diz o relatório, salientando que a construção destes bairros viola o direito internacional, uma vez que se encontram na Cisjordânia ocupada.
As autoridades israelitas recorrem a diversas estratégias para impedir os palestinos de acenderem à terra. De acordo com o relatório, em certos casos as autoridades declaram terras que são propriedade de palestinos como «áreas de beleza paisagística», noutros casos como «parques nacionais», sendo que a construção e o desenvolvimento urbanístico se tornam proibidos.
Noutras partes dos territórios ocupados, extensas áreas, que podem abranger cidades e aldeias, são declaradas com frequência «zonas militares», o que obriga os residentes de tais áreas a abandonar as suas casas sempre que o Exército israelita nelas se instala.

Ameaça permanente de demolição

O B’Tselem afirma que, em Jerusalém Oriental, os palestinos «não têm outra hipótese» senão construir sem licenças, na medida em que o município israelita raramente lhes garante o direito de construção. O município estima que, nos últimos cinco anos, tenham sido construídas ou aumentadas, sem autorização, entre 15 mil e 20 mil casas que são propriedade de palestinos.
A este propósito a ONG afirma que «milhares de palestinos [em Jerusalém] vivem sob a ameaça constante de demolição das suas casas ou lojas; em muitos casos, as autoridades concretizam a ameaça ou obrigam os moradores a demolirem as suas próprias edificações».
«Israel não encara os residentes de Jerusalém Oriental [os palestinos] como seres humanos com direitos iguais, mas como gente que procura expulsar de suas casas e terras, já que são um obstáculo à judaização da cidade», denuncia o documento.
A ONG de defesa dos direitos humanos sublinha que as políticas levadas a cabo por Israel com vista a limpar partes da cidade de palestinos são «ilegais».

Colonização de Jerusalém Oriental e da Cisjordânia ocupadas

Em Jerusalém Oriental, habitam mais de 250 mil palestinos e cerca de 200 mil israelitas, que vivem em colonatos ilegais, uma vez que Jerusalém Oriental é considerada território palestino ocupado, não sendo a sua anexação por Israel reconhecida pelo direito internacional, lembra o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM).
De acordo com dados divulgados por este organismo, vivem em colonatos cerca de 650 mil israelitas na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental ocupadas. Todos os colonatos são ilegais à luz do direito internacional, tal como reafirmou a resolução 2334 do Conselho de Segurança da ONU, de 23 de Dezembro de 2016.

Israel prendeu mais de 2700 palestinianos na primeira metade deste ano

As forças de ocupação israelitas prenderam 2759 palestinianos nos primeiros seis meses deste ano, incluindo 446 menores e 76 mulheres, informaram esta segunda-feira grupos de defesa dos presos.

As incursões das forças israelitas nos territórios ocupados da Palestina ocorrem a um ritmo quase diário (foto de arquivo)
As incursões das forças israelitas nos territórios ocupados da Palestina ocorrem a um ritmo quase diário (foto de arquivo)Créditos/ medium.com 

16 de julho de 2019

Num documento conjunto, a Comissão de Assuntos dos Presos, a Sociedade dos Presos e o Addameer (grupo de defesa dos direitos dos presos) informam que, no dia 30 de Junho, o número de presos palestinos em prisões israelitas era de 5500, incluindo 43 mulheres e 220 menores, sendo que o número de palestinos mantidos em regime de detenção administrativa rondava os 500.
O regime de detenção administrativa permite ao Exército israelita manter uma pessoa presa sem julgamento nem acusação por um período de até seis meses, renovável indefinidamente.
Sete palestinos encarcerados ao abrigo deste regime continuam em greve de fome, exigindo o fim de sua detenção ilegal, segundo noticia a agência palestiniana WAFA.
Jaafar Izzeddin, de Jenin (Norte da Cisjordânia ocupada), é o que está em greve de fome há mais tempo – 30 dias –, tendo realizado outras quatro greves de fome.
A agência de notícias palestina indica que o Serviço Penitenciário de Israel adoptou medidas punitivas contra os presos em greve, recusando-lhes visitas familiares, colocando-lhes obstáculos às reuniões com os seus advogados, transferindo-os para outras prisões e isolando-os em celas inabitáveis.

Mais 11 palestinianos presos esta madrugada

A Sociedade dos Presos informou que as forças de ocupação israelitas levaram a cabo operações de busca e captura, esta madrugada, na Margem Ocidental ocupada, tendo detido 11 pessoas.
De acordo com a informação divulgada pela WAFA, cinco palestinos foram presos no distrito de Jenin, dois no de Qalqiliya, um no de Tulkarem e outro no de Salfit. Outros dois palestinos foram detidos em Ramallah.

Os EUA e Israel patrocinaram as milícias e os grupos terroristas e os crimes contra a Humanidade na Síria

«Para alguns países tornou-se muito importante investir no terrorismo na Síria»
 
O embaixador da Síria nas Nações Unidas reafirmou, esta terça-feira, o direito do seu país a combater os grupos terroristas, tendo denunciado o apoio que lhes é prestado pelo Ocidente.

Soldado sírio junto a uma bandeira nacional nas imediações dos Montes Golã ocupados
Soldado sírio junto a uma bandeira nacional nas imediações dos Montes Golã ocupados Créditos/ Sputnik News

26 de junho de 2019
Numa sessão do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) dedicada à situação na Síria, o representante permanente do país levantino junto da ONU, Bashar al-Jaafari, declarou que nenhum Estado aceitaria ficar de braços cruzados quando os terroristas controlam algumas partes do seu território, usam a população local como escudos humanos e atacam com morteiros e bombas civis residentes em aldeias e cidades próximas.

Na ocasião, al-Jaafari teceu críticas ao relatório apresentado pelo Secretário-Geral da ONU sobre a situação na Síria, afirmando que tal documento serve propósitos que nada têm a ver com os interesses do povo sírio, a sua segurança e o seu bem-estar, e repete mentiras lançadas por governos que são hostis à Síria, informa a agência SANA.

O diplomata acusou aqueles que prepararam os relatórios das Nações Unidas sobre a Síria – nomeadamente o Gabinete para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês) – de se terem referido brevemente à chamada Coligação Internacional, às tropas de ocupação turcas, às milícias e grupos terroristas, não os classificando como responsáveis pelos atos de agressão e crimes contra a Humanidade que cometeram na Síria.

Quanto às acusações vertidas sobre o governo de Damasco e seus aliados relativas ao bombardeamento intencional de civis e de infra-estruturas civis, o representante sírio demitiu-as como «falsas e sem fundamento».

Tendo por base informação divulgada no relatório, de acordo com a qual milhares de terroristas estrangeiros saíram do campo de al-Houl, na província de Hasaka, Bashar al-Jaafari perguntou para onde foram transportados esses terroristas e que destino lhes será dado. «Vão ser reciclados e reentrar na Síria através da Turquia, como noutras ocasiões?», perguntou.


«Está o Ocidente disposto a discutir o investimento que tem feito no terrorismo?»
 

Al-Jaafari disse que o investimento no terrorismo se tornou mais importante para alguns países do que investir nos esforços em prol do desenvolvimento sustentável, da proteção do ambiente, da resolução de conflitos e da prevenção da proliferação de armas de destruição massiva, refere a SANA.

«Estão os representantes de alguns estados-membros do Ocidente dispostos a discutir a questão do investimento no terrorismo que têm feito na Síria?», perguntou al-Jaafari, que instou esses mesmos representantes a debater a questão do «terrorismo econômico e as políticas de punição coletiva» impostas pelo Ocidente ao povo sírio.
O diplomata sírio acusou ainda a chamada Syrian-American Medical Society – cujo trabalho foi louvado pela delegação norte-americana no CSNU – de estar subordinada aos serviços secretos dos EUA, tendo esclarecido que essa organização não obteve qualquer licença para trabalhar na Síria.

Al-Jaafari explicou que, segundo o seu diretor executivo, essa organização terá realizado 14 milhões de serviços médicos em Idlib – uma província cujo território está 99% sob controlo da Jabhat al-Nusra. «Isso só pode significar que a ONG presta ajuda e serviços médicos às organizações terroristas em Idlib», denunciou al-Jaafari.

https://www.abrilabril.pt/internacional/para-alguns-paises-tornou-se-muito-importante-investir-no-terrorismo-na-siria

O povo árabe sírio reconstruindo seu país arrasado pelo império sionistas e seus mercenários do ISIS

Mais de 1200 projetos foram implementados em Alepo  desde a libertação 

O ministro sírio dos Recursos Hídricos revelou a execução de 1216 projectos na cidade desde a libertação, em Dezembro de 2016. Grupos terroristas apoiados pela Turquia continuam a atacar bairros residenciais.

Nos bairros orientais libertados de Alepo, foram removidos 3,3 milhões de metros cúbicos de escombros
Nos bairros orientais libertados de Allepo, foram removidos 3,3 milhões de metros cúbicos de escombros Créditos/ sott.net
23 de julho de 2019
Hussein Arnous, que lidera também a comissão que supervisiona os projectos governamentais de reconstrução em toda a província de Alepo, revelou estes números na última reunião do Conselho de Ministros, segundo noticia a SANA.

Num encontro presidido pelo primeiro-ministro sírio, Imad Khamis, o titular da pasta dos Recursos Hídricos disse ainda que 15 711 fábricas e instalações industriais foram recuperadas e estão a funcionar na cidade de Allepo.

«Estão em curso as obras para retirar os escombros das ruas nos bairros orientais libertados da cidade e, até à data, foram removidos 3,3 milhões de metros cúbicos de escombros», acrescentou, citado pela Prensa Latina.

Allepo foi libertada de grupos terroristas há pouco mais de dois anos e meio, em Dezembro de 2016, após uma intensa luta, conhecida como a Batalha de Allepo, travada pelo Exército Árabe Sírio e forças aliadas contra o terrorismo e os seus promotores – incluindo a comunicação social.



Desde então, o governo de Damasco lançou um vasto programa de recuperação com vista ao restabelecimento de diversos serviços e a devolver a vida à grande urbe do Norte do país.

Entre as prioridades da política governamental para Allepo conta-se a recuperação e restauro da Cidade Velha, bem como a preservação da sua identidade histórico-cultural.
 

            Novos ataques terroristas contra bairros residenciais


Pelo menos sete civis morreram e vários ficaram feridos na sequência de um ataque com morteiros lançado esta segunda-feira contra os bairros residenciais de al-Hamadaniyah e al-Jamaliyah, no Centro de Alepo. Fontes locais revelaram ainda que se registraram extensos danos materiais em prédios de habitação, lojas e viaturas.

Um ataque semelhante, no passado dia 14, provocou a morte a seis civis e mais de vinte feridos. Apesar de ser, no geral, uma cidade segura, desde que foi libertada pelas forças de Damasco e seus aliados, as autoridades afirmam que grupos terroristas, apoiados pela Turquia, mantêm posições a oeste da cidade.


https://www.abrilabril.pt/internacional/mais-de-1200-projectos-foram-implementados-em-alepo-desde-libertacao