quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Posição do Comitê de Solidariedade à luta do Povo Palestino do RJ sobre as declarações do deputado do PSOL, Marcelo Freixo, a uma entidade sionista.


crianças palestinas

O Comitê de solidariedade à luta do Povo Palestino de Rio de Janeiro  é uma organização de militantes internacionalistas  unidos pelo objetivo comum de defender e divulgar a resistência das massas árabes, em particular do povo palestino, contra a estratégia de ocupação genocida do imperialismo sionista, condensada desde 1948 na   ocupação israelita dos territórios palestinos e que segue no rastro dos interesses  dos grandes monopólios no Mundo Árabe.

A posição pró-Israel dos partidos identificados com os interesses dos grandes monopólios e da oligarquia em nosso país  não é nenhuma novidade para os internacionalistas. O problema é quando um candidato do campo da esquerda reproduz os mitos e dogmas  sionistas como verdades puras e isentas , humanistas e acima de qualquer suspeita. 

Lamentavelmente, esse é um fato recorrente quando se privilegia as regras do jogo eleitoral burguês. Por isso, não é um fato novo. No início do ano um deputado federal do PSOL em visita a Israel fez isso.  Desta vez, estamos nos referindo à entrevista  do candidato do PSOL à Federação Israelita do Rio de Janeiro (Fierj), onde o candidato defende  que sua posição  “sobre Israel  e ao conflito com a  Palestina sempre foi de dois povos e dois Estados” e declara que deseja o crescimento do movimento de esquerda de Israel que pensa como ele. Mais a frente afirma “que não tem nenhum problema ter relações econômicas, ter as parcerias que possa ter...” com Israel.  Disse se sentir incomodado com a queima dos símbolos da nação, em referência a queima de bandeiras de Israel por militantes, inclusive de seu próprio partido. Neste ponto, exalta o mito que tenta separar as políticas dos diferentes governos da natureza do Estado sionista.

Considerando que o sionismo  através do velho discurso de vítima,  com o apoio de todos os meios de comunicação de nosso país, tenta seduzir os mais desavisados sobre o tema, resolvemos  ajudar a esclarecer que esse “conflito”, nas palavras do candidato do PSOL, é uma ocupação militar sangrenta e perversa que já dura 68 anos e que serve de uma espécie de cabeça de ponte, para usar um jargão militar, bem a propósito, a fim de ampliar o domínio dos grande monopólios imperialistas no Mundo Árabe. 

Na Palestina não existem condições objetivas, nem subjetivas para dois Estados: nem políticas, nem econômicas e nem geográficas. (...) Obviamente, não dizem isso aqueles cujo interesse é manter o status quo, ou seja, legitimar a ocupação sionista. Pensam assim:
“Proponho que até a próxima reunião da Assembleia geral da ONU haja um acordo que leve a criação de um novo membro da ONU, um Estado soberano independente Palestino que viva em paz com Israel” ( Presidente dos EUA Barack Obama).
“... apoio aos esforços pela criação do Estado palestino”.(Presidente da França Sarkozy ao Presidente Palestino Mahmoud Abbas)”.[1]

O discurso de dois Estados é exatamente isso... apenas um discurso que mantém um nível ideal de expectativas necessário aos interesses sionistas de seguir avançando impunemente na limpeza étnica de toda a Palestina histórica. Um discurso que precisa ser amplamente reproduzido para que tenha o efeito esperado, assim o estado de Israel perpetua sua política genocida sem ser questionado. A esquerda israelense, com raras exceções, faz isso.

O discurso da proposta de dois estados tem o propósito de dar legitimidade à ocupação militar e aos privilégios dos colonos,  construídos sobre as casas, os corpos e o sangue dos palestinos; e sobretudo , esse discurso, aparentemente inofensivo ,retira dos refugiados o direito inalienável do retorno para sua terra, sua história. Mesmo que essa proposta fosse possível, o que não é, ela, mesmo apenas como discurso,  cristaliza  e naturaliza a injustiça histórica que significa a ocupação sionista nos territórios dos palestinos. 

O povo palestino luta contra a política de genocídio e limpeza étnica com pedras nas mãos há 68 anos: Diariamente, tem que lidar com prisões de crianças;  mais de 7 mil prisioneiros políticos, muitos sem acusação formal; torturas nas prisões; muro do apartheid; destruição de casas e bairros  inteiros ; a posse militar seguida de destruição dos cemitérios milenares para construção de museus do holocausto; o tráfico de órgãos; uma juventude atingida por tiros que a deixam em cadeiras de roda; o bloqueio à Gaza; os efeitos das armas proibidas sobre a população; o racionamento de agua imposto ; o assassinato banalizado da juventude pelo exército de ocupação e outras tantas barbaridades . A realidade dos palestinos é muito dura e se assemelha, em alguns aspectos,  a de nossa população negra  das favelas! Claro, considerando que uma das diferenças é  que lá na Palestina a legitimidade da violência está nas mãos do exército de Israel, um exército de ocupação.

Assim como o ‘pinkwashing’, (técnica israelense de “lavar” seus crimes) o ‘whitewashing’ serve para “lavar” os crimes de Israel de “branco” e promover internacionalmente a entidade sionista como o único regime democrático do Oriente Médio ignorando Apartheid, limpeza étnica, racismo, colonialismo e o total genocídio da população indígena e da história palestina.[2]
 
“O Estado judeu tem o controle absoluto sobre as doações humanitárias; a economia; tudo o que se produz e é comercializado pelos palestinos; o controle total da água consumida; da energia; dos combustíveis; do acesso aos remédios; do que os alunos devem aprender nas escolas; tem o controle total das estradas que cortam impiedosamente todo o território, criando verdadeiras malhas e redes entre as colônias judaicas que isolam e sufocam, cada vez mais, as aldeias palestinas em pontos minúsculos na rede sionista de estradas, onde somente pode circular os judeus e os tratores do Estado judeu que irão destruir mais uma aldeia para construção de uma nova colônia.
Qual desses pequenos fragmentos palestinos, bantustões ou guetos miseráveis  se chamará Estado Palestino, sem direitos e totalmente dominado, controlado e exposto a violência do assassino exército de Israel? Qual devemos comemorar?”[3]

Nos últimos tempos, assistimos ao crescente número de crimes bárbaros  contra as crianças palestinas. Para dar uma pequena mostra dessa afirmação,  nos últimos 3 meses de 2015, 25 crianças palestinas foram assassinadas e 1.300 feridas. Neste informe da Unicef[4] não está o menino queimado vivo, nem as crianças baleadas esse ano, ou durante o ano de 2015 inteiro. Segundo dados oficiais ONU , no final de 2015, havia 422 crianças encarceradas nas bárbaras prisões israelenses. Crianças sendo submetidas a seções de  tortura e assedio em prisões. Israel é o único estado do mundo que processa e condena crianças  em tribunais militares, sem sequer assegurar-lhes um julgamento justo e com garantias.
 
Como pode ver, a historia nos mostra que a limpeza étnica, o roubo dos territórios e demais atrocidades, como por exemplo, o assassinato diário de seu povo e o foco contra as crianças e a juventude  é uma política de Estado, não é de um ou outro governo. A esquerda lá não é só conivente ou coadjuvante nesta história criminosa, ela é também protagonista da histórica política genocida de Estado. 

Então, como pode um candidato da esquerda defender uma parceria com um  Estado teocrático  cujo regime é de segregação racial, um apartheid que  é, além disso,  uma ocupação militar que mata cidadãos  e crianças palestinas, que suja com sangue inocente a dignidade humana?  Israel é tudo isso...  candidato.

Atualmente, toma corpo no mundo o movimento mundial de boicote a Israel – Boicote, Desinvestimento e Sanção. O Parlamento Europeu realiza neste momento uma exposição de fotos dos crimes do regime israelense contra o povo palestino[5]. Alguns países romperam as relações comerciais e de parcerias  com Israel. Vale a pena o candidato se inteirar para que não fique na contra mão do movimento de solidariedade internacionalista com a Palestina, considerado pela emergência política a causa da humanidade e vendida pelos meios de comunicação como um conflito sem grandes proporções entre vizinhos.

Convidamos o senhor a conhecer a história da ocupação militar e ouvir  a posição do povo  palestino resumida nas palavras de ordem:

Pelo fim da ocupação!

Por uma Palestina livre, laica e para todos, com o retorno dos refugiados!

SOMOS TODOS PALESTINOS
Comitê de Solidariedade à Luta do Povo Palestino do RJ


[1] http://somostodospalestinos.blogspot.com.br/2011/07/e-os-palestinos-o-que-pensam-sobre-um.html
[2] http://www.pragmatismopolitico.com.br/2016/01/duas-opinioes-divergentes-sobre-a-viagem-de-jean-wyllys-a-israel.html
[3] http://somostodospalestinos.blogspot.com.br/2011/07/e-os-palestinos-o-que-pensam-sobre-um.html
[4] http://www.palestinalibre.org/articulo.php?a=61288
[5] http://www.palestinalibre.org/articulo.php?a=62131


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