terça-feira, 29 de junho de 2010

O QUE É MESMO TOLERÂNCIA?



Por Roberto Mansilla
Quarta-feira, 23 de junho de 2010. Acabo de chegar da IV.ª Jornada Interdisciplinar que teve o tema “Intolerância e Holocausto: como estudar e ensinar na sala de aula” organizado pelo Programa de Estudos Judaicos da UERJ, pela Associação Cultural B’nai B’rith do Rio de Janeiro e contando com o apoio da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro.
Como professor de História da Rede Pública de Ensino participo de tal evento cujo objetivo, descrito no material entregue aos participantes, pretende “oferecer a oportunidade de capacitação intensiva sobre o Holocausto cujo entendimento completo do autoritarismo e seu processo correlato – a Intolerância – será apreciada em todas as suas vertentes”. (Caderno de textos, p. 4).
Infelizmente o que deveria ser um momento para a reflexão crítica de um dos processos mais trágicos cometidos contra a Humanidade, o holocausto nazista, transformou-se numa clara campanha de propaganda e obrigatória concordância com a política do Estado de Israel, visto como “vítima” de uma incessante campanha de “perseguição” e “antissemitismo” .
Isso me incomodou profundamente (acredito que também alguns professores) pois logo na mesa 2, “A Formação do pensamento antissemita através das imagens: do III Reich ao Irã”, ministrada pela Prof.ª Silvia Rosa Nossek Lerner (UVA) ficou claro que qualquer possibilidade de crítica a alguns aspectos de sua abordagem, seriam entendidos como “antissemitismo” ou “negação do holocausto nazista”.
Obviamente é ahistórico negar o holocausto nazista como fenômeno social, situado no contexto pós-chegada de Adolf Hitler ao poder na Alemanha, em 1933 e todo o esforço de mobilização que os nazistas fizeram para humilhar, perseguir, escravizar e eliminar quase 6 milhões de judeus, além de outros milhares de ciganos, testemunhas de jeová, comunistas, dissidentes políticos, deficientes físicos e homossexuais. Isso foi uma tragédia contra a Humanidade que nunca poderá ser esquecida.
O que discordo da exposição da Prof.ª Silvia R. N. Lerner foi a intencionalidade de transformar o holocausto nazista (fato histórico real) em “Holocausto”, ou seja, sua representação ideológica como diz Norman Finkelstein, professor da Universidade de Nova York, cuja conseqüência serviu para legitimar – diante do sentimento de “culpa europeu” – a invasão (ou como alguns queiram “imigração”) de judeus para uma terra que já estava ocupada, em sua imensa maioria por palestinos.
Concordando novamente com o Norman Finkelstein, o holocausto nazista tornou-se uma “indústria que exibe como vítimas o grupo étnico mais bem-sucedido dos Estados Unidos e apresenta como indefeso um país como Israel, uma das mais formidáveis potências militares do mundo, com horrenda reputação em direitos humanos que oprime os não judeus em seu território e em sua área de influência”.
Esta ferida aberta em 1948 (e que segue sendo uma dos maiores dramas existentes da Humanidade), a “questão palestina”, começou a partir da criação do Estado de Israel que se tornou uma força de ocupação dentro do próprio território palestino.
Mais uma vez dizer isso não é ser um “antissemita” muito menos negar a pavorosa experiência do holocausto nazista. Como professor não quero (e não posso) querer que a história de sofrimento de ninguém seja ignorada e não registrada. Por outro lado, há uma grande diferença entre reconhecer a opressão aos judeus e usar isso como pretexto para opressão de outro povo. É preciso ser capaz de distinguir entre o que aconteceu com os judeus na Segunda Guerra Mundial e na Europa nos séculos de antissemitismo aberto e institucionalizado e o que as pessoas sentem sobre as terríveis práticas de ocupação militar e despojamento da Palestina. Não nos esqueçamos de que o que Israel faz é feito abertamente em nome do povo judeu.
Era isso que eu imaginava colocar no espaço reservado ao debate. Mas percebi que tais opiniões não seriam aceitas por tudo aquilo que li no caderno do evento e ouvi nas exposições dos debatedores, principalmente o da já citada Prof.ª Silvia R. N. Lerner .
Então, um pouco antes do tempo para o debate, resolvi divulgar um pequeno texto aos professores participantes. Não queria ser inconveniente e apenas entreguei algumas cópias para que alguns passassem aos outros colegas. O texto mencionado não era de minha autoria. Tratava-se de um panfleto datado do início de 2009, assinado por várias entidades, das quais tive o cuidado de retirá-las nas cópias que usei, para que não fosse entendido como propaganda de alguma delas. O texto intitulado “Chega de Matança” foi um material divulgado durante um ato que ocorreu no Rio de Janeiro contra os bombardeios feitos a civis por Israel na Faixa de Gaza. (Se alguém desejar posso passar na íntegra o referido texto para que tenham sua própria leitura).
Pretendia apenas contribuir para a reflexão crítica e, quem sabe, estimular os professores presentes com alguma questão para o debate posterior. Qual a minha surpresa quando as Prof.ªs Silvia R. N. Lerner, Maria Luiza Tucci Carneiro (USP) e também a Prof.ª Regina Lúcia Henriques (representante da Associação Beneficente e Cultural B’nai Brith do Rio de Janeiro) de forma a cercear o livre direito a expor idéias me intimaram de forma truculenta a deixar o plenário, pois queriam ter uma “conversa particular” comigo.
Perplexo fui obrigado a me identificar (dizer meu nome, matrícula e coordenadoria). Indignei-me com a forma intimidadora, desrespeitosa e cerceadora que fui tratado. A Prof.ª Silvia R. N. Lerner era a mais exaltada. Disse que eu estava agindo como “antissemita” e “racista”. Pior: queriam saber de que “organização árabe e terrorista” eu fazia parte! Confesso que fiquei pasmo. Olhavam-me com raiva (para não dizer ódio) e me acusavam constantemente de estar “intencionalmente disposto a acabar com o evento”.
Comecei a ficar mais e mais constrangido, principalmente por se tratar de professoras, colegas de profissão, cujo papel seria discutir, problematizar idéias e não agir como agentes de segurança do Estado de Israel.
Respondi que como um evento que se propunha discutir as formas de “Intolerância” e “princípios de convivência, baseados no diálogo da diversidade e do multiculturalismo” (cf. a p. 3 da apresentação pedagógica feita pela Prof.ª Helena Lewin, no Cadernos de textos) era uma contradição a maneira pela qual estavam me tratando, com ofensas morais. Uma das professoras lamentou inclusive o fato de ser professor da rede municipal de ensino. Não me lembro qual delas chegou a dizer de forma desdenhosa “como pôde ter estudado na UFF?”.
Cada vez mais irritado, disse a elas que estava me retirando do evento e que não se preocupassem com as minhas “ameaças”. Novamente fui surpreendido quando a Prof.ª Silvia R. N. Lerner disse que “devia esperar o debate e ter a coragem de expor minhas idéias”, pois segundo ela “estava me escondendo” ao “divulgar um texto racista sem identificação”.
Dessa maneira fui “convidado” a entrar, esperar o fim de vídeo que estava passando e “falar” para mostrar claramente as minhas idéias. No momento em que começou o debate, já bem atrasado e perto do almoço, fiquei na frente esperando a chance de expor e retirar a acusação de “antissemita” ou “negador do holocausto nazista”. Qual foi minha surpresa (pra dizer a verdade já esperava por isso) quando a Prof.ª Silvia R. N. Lerner ignorou-me, mesmo tendo insistentemente levantado a mão. Já prevendo o que poderia acontecer disse que as perguntas deveriam ser feitas exclusivamente sobre o tema da jornada “Intolerância e Holocausto: como estudar e ensinar na sala de aula”.
Como já disse antes até formulei algumas questões que tinha interesse em problematizar sobre a referida temática, dizendo que não me parecia correto trabalhar com os alunos em sala de aula esse fenômeno como acontecimento histórico único, bem diferente da intenção dos organizadores em transformar o holocausto nazista em “Holocausto”. Assim é possível do ponto de vista histórico dizer que ocorreram vários “holocaustos” (entendido como massacre, hecatombe, dizimação intencionada de um povo ou um grupo étnico). Acaso o que ocorreu na Guerra de Conquista movida pelos colonizadores espanhóis ao chegarem na “América pré-colombiana” não foi isso? E o massacre de armênios pelos turcos na primeira década do século XX? E os palestinos? Por que é um tabu dizer que o que Estado de Israel fez e continua fazendo a eles, desde 1948 é algo diferente, na utilização dos mesmos métodos de violência, tortura, cerceamento, humilhação e assassinatos de civis? Afirmar isso é “antissemitismo” ou negar o “holocausto nazista”?
Com isso não quero e também sei da impossibilidade e da ofensa em comparar sofrimentos. O que os judeus passaram é horrível e realmente sem precedentes. Mas por outro lado, isso não pode ser usado como forma de diminuir a terrível punição que os palestinos tem sofrido nas mãos do Estado de Israel. Não é uma questão de comparações. É uma questão de dizer que ambos são inaceitáveis.
Enfim, o que mais me chateou profundamente a ponto de não ficar para a parte da tarde dos debates (continuava perplexo com tudo o que aconteceu) foi essa intolerância em tratar opiniões contrárias. Imaginava que num espaço público como a Universidade, isso houvesse sido superado e ficasse restrito aos “Anos de Chumbo” de triste memória para todos nós.
O pior ainda estava por vir. Mais uma vez a Prof.ª Silvia R. N. Lerner dirigiu-se a mim, me pegando pelo braço e disse “Fora do meu debate! Faça o seu sobre os palestinos!” Esse comportamento me levou – já profundamente irritado – a dizer em tom alto que me retiraria imediatamente do evento pois não se tratava de um debate acadêmico, mas de uma tentativa de malversar a História, ainda mais pelo fato do referido evento ser organizado por um núcleo de pesquisadores de uma Universidade pública.
Por fim registro minha preocupação com os eventos organizados ou apoiados pela Secretaria Municipal de Educação. Ela deveria ser mais cuidadosa nas parcerias feitas cujo objetivo é a reunião de um grande número de professores. Verifiquei e sofri exemplos de intolerância em um espaço público, acadêmico, logo, de debate. Não é essa visão de história intolerante, monolítica e reducionista que tento construir com meus alunos diariamente. Lamentável!

domingo, 27 de junho de 2010

Como desejaria estar errado : Reflexões de Fidel

QUANDO estas linhas se publiquem no jornal Granma, amanhã, sexta-feira, o dia 26 de julho, data na qual sempre lembramos com orgulho a honra de ter resistido os embates do império, ficará distante, apesar de que somente restam 32 dias.
Aqueles que determinam cada passo do pior inimigo da humanidade — o imperialismo dos EUA, uma mistura de mesquinhos interesses materiais, desprezo e subestimação as demais pessoas que habitam o planeta — o calcularam tudo com precisão matemática.
Na reflexão de 16 de junho escrevi: "Entre jogo e jogo da Copa Mundial de Futebol, as notícias diabólicas vão deslizando aos poucos, de forma tal que ninguém se ocupe delas".
O famoso evento esportivo entrou nos seus momentos mais emocionantes. Durante 14 dias os times integrados pelos melhores futebolistas de 32 países competiram para avançar rumo a fase de oitavas de final; depois vêm sucessivamente as fases de quartas de final, semifinais e o final do evento.
O fanatismo esportivo cresce incessantemente, cativando centenas e talvez milhares de milhões de pessoas em todo o planeta.
Haveria que se perguntar quantos, no entanto, conhecem que desde 20 de junho navios militares norte-americanos, inclusive o porta-aviões Harry S. Truman, escoltado por um ou mais submarinos nucleares e outros navios de guerra com mísseis e canhões mais potentes que o dos velhos navios de guerra utilizados na última guerra mundial entre 1939 e 1945, navegavam rumo as costas iranianas através do canal de Suez. Juntamente com as forças navais ianques avançavam navios militares israelenses, com armamento igualmente sofisticado, para inspecionar quanta embarcação parta para exportar e importar produtos comerciais que o funcionamento da economia iraniana requer.
O Conselho de Segurança da ONU, por proposta dos EUA, com o apoio da Grã-Bretanha, França e Alemanha, aprovou uma poderosa resolução que não foi vetada por nenhum dos cinco países que ostentam esse direito.
Outra resolução mais forte foi aprovada por acordo do Senado dos Estados Unidos.
Com posterioridade, uma terceira resolução mais poderosa ainda, foi aprovada pelos países da Comunidade Europeia. Tudo isto aconteceu antes de 20 de junho, o que motivou uma viagem urgente do presidente francês, Nicolas Sarkozy à Rússia, segundo notícias, para entrevistar-se com o chefe de Estado desse poderoso país, Dimitri Medvédev, com a esperança de negociar com o Irã e evitar o pior.
Agora se trata de calcular quando as forças navais dos EUA e de Israel se desdobrarão frente às costas do Irã, para unir-se aos porta-aviões e demais navios militares norte-americanos que estão à espreita nessa região.
O pior é que, igual que os Estados Unidos, Israel, seu gendarme no Oriente Médio, possui modernos aviões de ataque e sofisticadas armas nucleares fornecidas pelos EUA, que o tornou na sexta potência nuclear do planeta por seu poder de fogo, entre as oito reconhecidas como tais, que incluem à Índia e o Paquistão.
O Xá do Irã foi derrocado pelo aiatolá Ruhollah Jomeini em 1979 sem empregar uma arma. Depois, os Estados Unidos impuseram-lhe a guerra àquela nação com o emprego de armas químicas, cujos componentes forneceu ao Iraque juntamente com a informação requerida pelas suas unidades de combate e que foram empregues por estas contra os Guardiães da Revolução. Cuba o conhece porque nesse então era, como temos explicado outras vezes, presidente do Movimento de Países Não-Alinhados. Sabemos muito bem os estragos que causou na sua população. Mahmud Ahmadineyad, atualmente chefe de Estado no Irã, foi chefe do sexto exército dos Guardiães da Revolução e chefe dos Corpos dos Guardiães nas províncias ocidentais do país, que levaram o peso principal daquela guerra.
Hoje, em 2010, tanto os EUA quanto Israel, depois de 31 anos, subestimam o milhão de homens das Forças Armadas do Irã e sua capacidade de combate por terra, e às forças de ar, mar, e terra dos Guardiães da Revolução.
A estas, se acrescentam os 20 milhões de homens e mulheres, entre 12 e 60 anos, selecionados e treinados sistematicamente por suas diversas instituições armadas entre os 70 milhões de pessoas que habitam o país.
O governo dos EUA elaborou um plano para organizar um movimento político que, apoiando-se no consumismo capitalista, dividisse os iranianos e derrubasse o regime.
Tal esperança é atualmente inócua. Resulta risível pensar que com os navios de guerra estadunidenses, unidos aos israelenses, despertem as simpatias de um só cidadão iraniano.
Pensava inicialmente, ao analisar a atual situação, que a contenda começaria pela península da Coreia, e ali estaria o detonador da segunda guerra coreana que, a sua vez, daria lugar de imediato à segunda guerra que os Estados Unidos lhe imporiam ao Irã.
Agora, a realidade muda as coisas no avesso: a do Irã desatará de imediato a da Coreia.
A direção da Coreia do Norte, que foi acusada do afundamento do "Cheonan", e sabe perfeitamente que foi afundado por uma mina que os serviços de inteligência ianque conseguiram colocar no casco desse navio, não esperará um segundo para atuar enquanto no Irã se inicie o ataque.
É justo que os fanáticos do futebol desfrutem das competições da Copa do Mundo. Somente cumpro o dever de exortar o nosso povo pensando, sobretudo em nossa juventude, cheia de vida e esperanças, e especialmente nas nossas maravilhosas crianças, para que os fatos não nos surpreendam absolutamente desprevenidos.
Dói-me pensar em tantos sonhos concebidos pelos seres humanos e nas assombrosas criações das quais têm sido capazes em só uns poucos milhares de anos.
Quando os sonhos mais revolucionários se estão cumprindo e a Pátria se recupera firmemente, como desejaria estar errado!
Fidel Castro Ruz
24 de junho de 2010
21h34

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Notícia Histórica – Barco israelense é impedido de atracar nos EUA


Vitória no porto de Oakland: barco israelense tem a sua descarga bloqueada

Domingo, 20 de junho de 2010
Por Gloria La Riva
Pela primeira vez, um boicote portuário nos EUA em solidariedade à Palestina.
Em nossa época esta é uma ação histórica e sem precedentes. Mais de 800 ativistas sindicais e comunitários bloquearam o cais de Oakland durante a madrugada, o que permitiu que os estivadores se negassem a cruzar as linhas do piquete e impediu a descarga de um barco israelense.
De 5:30am a 9:30am, um protesto militante e espirituoso ocorreu em frente às quatro portas do Serviço de Estiva da América, com as pessoas cantando sem parar "Livre, Palestina livre, não cruze a linha do piquete” e "Um ataque contra um é um ataque contra todos, o muro do apartheid vai cair".
Argumentando acerca de sua saúde e segurança – disposições contidas em seus contratos de trabalho – os trabalhadores, ligados à ILWU [organização sindical internacional dos trabalhadores portuários], se negaram a cruzar o piquete.
Entre as 8:30am e as 9:00am, uma arbitragem de emergência foi realizada no estacionamento da empresa Maersk, próximo ao cais. De forma "instantânea", um juiz apareceu no local para decidir se os trabalhadores podiam negar-se a cruzar o piquete sem medidas disciplinares.
Às 9:15am, após confirmar a continuidade do protesto de centenas de pessoas em cada portão de acesso caís, o juiz sentenciou a favor do sindicato, dizendo que a situação era realmente insegura para que os trabalhadores tentassem entrar no cais. Jess Ghannam, da Aliança Palestina Livre, e Richard Becker, da Coalizão ANSWER (Atue Agora para Parar a Guerra e Acabar com o Racismo, na sigla em inglês), receberam aplausos e gritos de "Viva a Palestina!", ao anunciarem a vitória do movimento. Ghannam disse: "Isto é realmente histórico, nunca antes um barco israelense havia sido bloqueado nos Estados Unidos!"
A notícia de que um navio com contêineres da companhia de navegação Zim Israel estava programado para chegar à área da baía neste domingo provocou uma enorme onda de solidariedade com a Palestina, sobretudo em função do violento atentado israelense, no dia 30 de maio, contra os voluntários que levavam ajuda humanitária para Gaza.
Com 10 dias de antecipação à chegada do navio, um clima de emergência se criou no “Comitê Sindical e Comunitário de Solidariedade com o Povo Palestino". Na quarta-feira, 110 pessoas dos sindicatos e da comunidade vieram ajudar a organizar a logística, a difusão e o apoio da comunidade local. Dentre as organizações que tornaram o ato possível estão a Coalizão Palestina Al-Awda Direito ao Retorno, a Coalizão ANSWER, a Seção local da USLAW (Trabalhadores Estadunidenses Contra a Guerra), e a Seção Sindical do Comitê pela Paz e pela Justiça.
Esta semana, dois conselhos sindicais locais aprovaram resoluções quanto à denúncia do bloqueio israelense a Gaza. Ambos emitiram notas públicas sobre a ação no cais do porto.
O ILWU tem una história de orgulho por estender a sua solidariedade aos povos que lutam em todo o mundo. Em 1984, as massas negras sul africanas participavam de uma intensa luta contra o apartheid, e o ILWU negou-se por 10 dias (um recorde) a descarregar mercadorias do navio "Ned Lloyd", da África do Sul. Apesar de multas milionárias impostas aos sindicatos, os trabalhadores portuários se mantiveram fortes, proporcionando um grande impulso ao movimento contra o apartheid.
Entre as muitas declarações de solidariedade ao protesto estão a dos trabalhadores palestinos e cubanos. A Federação Geral Palestina de Sindicatos, disse que "sua ação de hoje é um marco na solidariedade internacional dos trabalhadores dos EUA, de honestos e valentes sindicalistas. Saudações dos sindicalistas e trabalhadores da Palestina... dos sindicalistas e trabalhadores enjaulados em Gaza."
A Central de Trabalhadores de Cuba (CTC) escreveu: "Nosso povo vive há 50 anos um bloqueio injusto e abominável do governo dos EUA, de modo que entendemos muito bem como o povo palestino se sente, e vamos estar sempre em solidariedade com a sua justa causa. Hoje lhes enviamos o nosso apoio mais sincero. Viva a solidariedade da classe trabalhadora! Fim ao bloqueio de Gaza! Respeito e justiça para o povo da Palestina!"
A ação de hoje em Oakland, no sexto maior porto dos Estados Unidos, é o primeiro de vários protestos e paralisações previstos em todo o mundo, incluindo Noruega, Suécia e África do Sul. Seguramente inspiraremos outros a fazerem o mesmo.

(tradução a partir do espanhol: Rodrigo Fonseca)

quarta-feira, 23 de junho de 2010

O que nos nutre

por Rafiqa Salam comitepalestinasc@yahoo.com.br

O Estado de Israel não lesa somente os palestinos.
Não lesa somente os árabes e o Oriente Médio.
O Estado de Israel lesa o mundo.
Ele é o arrimo do sionismo e do imperialismo. O esteio da opressão que subjuga a humanidade, transformando todos em oprimidos.

Nossa resposta vem de nossas entranhas,
mais que sangue, em nossas veias corre resistência!
A aurora do levante nos nutre!
A informação é nossa arma, temos que denunciar ao mundo o que é o Estado de Israel e quantas vidas custa para mantê-lo.
Precisamos dizer como a Palestina sobrevive nesses 62 anos:

VOCÊ SABIA??

- Que a Palestina é um país de 27000 Km2 de extensão e se localiza no Oriente Médio?
- Que em 1947 a Organização da Nações Unidas – ONU impôs a divisão do território da Palestina para a criação do Estado de Israel?
- Que divisão da Palestina foi legitimada através da Resolução nº 181 da ONU, de 1947, que designava 56% do território para a criação do Estado de Israel, 43% do território restante para a permanência do Estado da Palestina e 1% para a Cidade de Jerusalém que obteria status internacional?
- Que a fundação do Estado de Israel foi em 15 de maio de 1948, fruto da pressão do Sionismo (Movimento Político Judaico) e do Imperialismo?
- Que em 1948 o então criado Estado de Israel não respeitou os limites territoriais designado pela Resolução 181 da ONU e começou a ampliar seu território, ocupando 78% das terras da Palestina, utilizando a força de seu poderoso exército?
- Que em 1967, através da Guerra dos 6 dias, o Estado de Israel passou a ocupar 100% do Solo Pátrio da Palestina?
- Que essa ilegal expansão territorial do Estado de Israel, usurpando terras de outro país, não foi punida? Que Israel não sofreu nenhuma retaliação, punição, processo e condenação por ter desrespeitado o que a ONU delegou através da resolução 181?
- Que restou apenas dois territórios dentro da Palestina para os palestinos viverem?
- Que estes territórios são Gaza: onde residem 1, 5 milhões de Palestinos em 365 Km2 e Cisjordânia: onde residem 3,7 milhões em 5.990 Km2.
- Que estes territórios não são considerados o Estado da Palestina?
- Que a Palestina não tem autonomia, independência, governo, terras, enfim, que a Palestina não é um país? Não é uma nação?
- Você sabia que existe o Povo Palestino? São 11,2 milhões de palestinos que não tem uma Pátria, pois seu país foi roubado pelo Estado de Israel?
- Que 5, 2 milhões de palestinos resistem em viver no seu Solo Pátrio, de forma subumana, desprovidos de direitos básicos como: acesso a hospitais, transportes, escolas, universidades, empregos e o direito mais elementar: o de ir e vir? E você sabe como vivem os outros 6 milhões de palestinos? Vivem como refugiados, em outros países, sonhando com o dia de retornar para a Palestina Livre!
- Que Cisjordânia e Gaza são considerados territórios ocupados pelo Estado de Israel?
- Que nestes territórios o Exército Sionista do Estado de Israel ocupa áreas estratégicas para construir pontos de revistas (check-point)? São centenas de postos de checagem solicitando documentação e fazendo revista e interrogatórios aos Palestinos, todos os dias, revistando mulheres, crianças, idosos!
- Que em 2002 , o governo do primeiro ministro israelense Ariel Sharon, iniciou a construção de um muro de 8 metros de altura, 750 km de extensão, com áreas de segurança no entorno onde a largura varia de 45 a 100 metros ? Você sabia que esse muro serpenteia dentro das terras palestinas, das vilas e cidades, dificultando as passagens dos palestinos e servindo de muralha de segregação? Você sabia que o Tribunal Internacional de Justiça de Haia o declarou ilegal em 2004, pois a barreira corta terras palestinas e isola cerca de 450.000 pessoas?
- Você sabia que existem 11 mil presos políticos palestinos sobrevivendo de forma subumana em cárceres israelenses e também nas prisões administradas pela Autoridade Nacional Palestina (ANP)? Sem julgamento e sem apoio jurídico, cerceados dos direitos civis e humanos?
- Você sabia que em 27 de dezembro de 2008 o Exército Sionista de Israel atacou Gaza, bombardeando violentamente o território palestino, com a desculpa de retaliar o movimento político Hamas?
- Que o Exército Sionista de Israel é o 4º exército mais forte do mundo, e mais equipado com as armas e tecnologias modernas?
- Que em 22 dias de ataques aéreos e terrestres o que aconteceu foi uma matança? Foram ações de extermínios, de limpeza étnica sobre o povo palestino que reside em Gaza? Foram 1300 mortos, 5300 feridos, 5000 casas destruídas, 20 Mesquitas explodidas, 16 prédios públicos, sendo escolas da ONU, hospitais, Instituições governamentais totalmente destruídos... que são 80 mil pessoas desabrigadas?

- Você sabia que no dia 31 de maio de 2010 o Exército de Israel atacou brutalmente, e de madrugada, navios de ajuda humanitária que levavam alimentos, remédios, água e materiais de construção para Gaza, que está sitiada há 3 anos pelo governo nazi-sionista de Israel? Que este ataque deu-se em águas internacionais e resultou na morte de 9 ativistas?
- Você sabia que o Estado de Israel não tem fronteiras definidas? Sua extensão territorial vai até onde as botas de seus soldados chegam. A história já revelou brutais invasões israelenses no Egito, Síria, Líbano, Jordânia.... e agora até no alto mar, em águas internacionais!?

E convivendo com essa realidade, os palestinos são exemplo de resistência, de amor pela sua Pátria. Vamos construir a Palestina livre juntos e a própria história nos aponta o caminho !

A própria ONU, em sua Resolução 3236, de 20/11/1974 reconhece o direito do Povo Palestino de lutar, POR TODOS OS MEIOS, pela recuperação de seus direitos inalienáveis: de retornarem a seus lares, à autodeterminação, à independência e soberania nacionais.
O povo Palestino deseja a paz e sua forma de defesa, desde 1987 é a INTIFADA, um posicionamento de libertação contra a violência onde apenas são utilizados paus, pedras e seus corpos contra todo o armamento sofisticado do exército israelense. Todo o nosso apoio a resistência do Povo Palestino, todo o nosso apoio a INTIFADA.
A posição do povo palestino será a resistência até a vitória! O governo sionista de Israel tem as armas mais modernas, mas não tem a mais poderosa: o direito a justiça – essa arma só os Mártires Palestinos tem!
A paz para o Estado de Israel é uma fachada para fortalecer suas forças militares e econômicas e dominar o mundo árabe. O Imperialismo estadunidense associado ao Sionismo querem dominar o petróleo da região, já dominam o Afeganistão e o Iraque.
A paz para os Palestinos significa a retirada imediata da invasão israelense do Solo Pátrio da Palestina!

- Defendemos um Estado único, com direito de retorno aos refugiados Palestinos a seus lares! A constituição do Estado Palestino laico e democrático, sobre a Palestina histórica, onde possam viver em paz muçulmanos, cristãos e judeus, com Jerusalém como capital.

- Exigimos:
- A imediata libertação dos 11 mil presos políticos palestinos!
- Uma postura enérgica dos países membros do Tratado de Livre Comércio do Conesul - Mercosul não permitindo a entrada de Israel como estado membro.
- Boicote aos produtos comerciais israeleses, pois o dinheiro desses produtos sustentam o estado capitalista de Israel. Informações
http://somostodospalestinos.blogspot.com/2009/01/boicote-israel.html
- O fim do Bloqueio imposto pelo Estado de Israel a Gaza, que já dura 3 anos. O acesso de qualquer navio de ajuda humanitária internacional e a entrada dos alimentos, remédios, materiais de construção e água aos moradores de Gaza, apreendidos, ilegalmente, pelos israelenses. A investigação internacional e punição dos culpados que realizaram os ataque aos navios, ferindo e matando ativistas pacifistas.

O mundo é a voz do Povo Palestino, ninguém mais suporta ver tanta agressão, usurpação e violação dos direitos humanos sobre o povo palestino.
Viva a Palestina em seu Solo Pátrio onde possam viver em paz judeus, muçulmanos e cristãos, como era antes de 1948!!
Pela autodeterminação dos Povos!
A paz só é possível se derrotamos o sionismo e o imperialismo!
Dirigimo-nos a todos vocês, amantes da paz, da justiça e da liberdade para lutarmos pelo fim da opressão dos povos, pelo fim do cerceamento da liberdade e pelo respeito aos direitos humanos!
A aurora do levante nos nutre!

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Resoluções 242 e 338 estão a Serviço da Liquidação da Causa Palestina

O conflito entre os árabes e o Estado sionista de Israel é um conflito de existência. O fundador do estado Sionista de Israel, Ben Gurion, confirmou isso em uma declaração de 1949, quando disse "nossa guerra contra os árabes é uma guerra de existência, não é uma guerra de fronteiras". Mais tarde, justificando os massacres contra os povos da região, o mesmo Ben Gurion disse que as fronteiras e limites de segurança do Estado Sionista de Israel abrangeriam do Pakistão ao leste até Marrocos ao oeste; da Turquia ao norte até o república da África Central ao sul.

Em seu livro, Benjamin Natanyahu disse que os israelenses cumpriram a resolução 242, em 1921.

A resolução 242 não reconhece o estado Palestino. Ela trata da retirada israelense de territórios árabes ocupados na guerra 4 de junho de 1967, e não da retirada total de todas as terras usurpadas, que resultou da ocupação da Cisjordânia, das colinas de Golã na Síria e Sinai no Egito.
Lamentavelmente, a Resolução 242 nunca foi um solução para este conflito. a guerra de seis dias em 1967 resultou de explosão de mais de 200 mil palestinos, sem direito ao retorno. Vários lideres e dirigentes populares palestinos foram expulsos e também tiveram suas terras confiscadas e casas demolidas. Levando em conta a tragédia de 1948, a Nakba (Catástrofe), contabilizamos centenas de lideres e dirigentes assinados e presos. Ainda hoje, o direito de retornar a sua terra , a sua casa não está assegurado e, é parte da agenda de luta pela liberdade do povo palestinos, por eles mesmos.

Em muitas rodas as resoluções 242 e 338 são tidas como uma solução definitiva para o conflito no Oriente Médio. Podemos ver sua defesa pela Autoridade Palestina, por lideres palestinos ligados a outras facções e por outros dirigentes de entidades palestinas, como a Federação palestina no Brasil – Fepal. A embaixada Palestina no Brasil, por exemplo, já fez declarações, para imprensa local, de que os palestinos concordam com a redução para 22% da Palestina histórica, onde topam construir seu estado.

O que as forças políticas que defendem essas resoluções não levam em consideração é, por um lado, o fato dos dirigentes sionistas nunca terem dado sinais, remotos que sejam, de concordar com essa solução; ou , por outro lado, mais importante, não levam em consideração o direito inalienável do povo palestino de retornar as suas casas e terras de onde foram expulsos, logo ao defende-las, as resoluções, está abrindo mão , indevidamente, do direito soberano do povo palestino de retornar a sua terra natal.

Essa questão nos deixa observar claramente o abismo forjado entre os anseios do povo palestino, que não concorda em abrir mão de seu território e as direções burocratizadas e personalidades que falam em nome da OLP e AP. As declarações de defesa dessas resoluções são vistas, pela maioria do povo da Palestina como traição a sua luta política pela fim da ocupação sionista. Se levarmos em consideração um pequeno universo, por exemplo, somente a comunidade palestina do Brasil já confirmaríamos esse abismo entre as tradicionais direções hegemonisadas pela Fatah . Os palestinos não abrem mão do direito de retorno e direito de construir um estado palestino e da sua autodeterminação.

Nas eleições para o Conselho Legislativo em 26/01/2006 na Cisjordânia e Faixa de Gaza, os palestinos elegeram para representantes justamente aqueles que estavam contra a política de rescisão da OLP ou da AP. A Fatah ficou com 44 representantes e Hamas ficou com 76 de total de 132 e as outros partidos e independentes ficaram com as outras cadeiras.

O mais estranho, é que Salam Fayyad, atual primeiro ministro em Cisjordânia, é de um partido que conseguiu apenas duas cadeiras no Conselho. Hoje ele é o primeiro ministro e tem total poder que supera o poder do presidente de OLP Mahmud Abbas.

Quem é Fayyad e por que isso acontece: Fayyad é o homem forte e de confiança dos Estados Unidos e de Israel em Cisjordânia, considerado insubstituível.
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A solidariedade com a luta do povo palestino devia levar em consideração a luta anti-imperialista, anti-sionista e anti-direção burocratizadas e reacionária, e levar em considerações os direitos do povo palestino,o direito de retorno em primeiro lugar, o retorno para suas casas da onde foram expulsos em 1948, e direito de construir seu estado independente, e o direito a autodeterminação. Esses direitos são inegociáveis!

Não podemos esconder a realidade, ela é complexa e complicada e o nosso desejo não pode esconder os fatos. Por isso acreditamos que a solidariedade internacionalista com a causa palestina se fortalece quando todos os elementos são levados em consideração. Para os partidos de esquerda brasileira e aqueles solidários com a luta do povo palestino, é importante entender as raízes do conflito e seu vinculo com o imperialismo e o sionismo, além do significado político da existência de estado sionista de Israel, dessa forma se fortalecem os laços de solidariedade com a luta do povo palestino.

Precisamos trabalhar junto com as entidades, pessoas democráticas e progressistas que lutam contra imperialismo e sionismo dentro da comunidade árabe em geral.

O povo árabe sofreram e ainda sofrem com a perseguição imperialista, sionista e israelense , estão lutando pelos seus direitos em seus territórios. Nossa tarefa é ampliar a solidariedade para fortalecer a luta desses bravos pelos seus direitos inalinienáveis. E, isso passa por dizer não para aqueles que querem neutralizar essa luta e a solidariedade com o povo palestino.

Jadallah Safa
21/06/2010

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Boicote, Desinvestimento, Sanções O BRASIL É UM GRENDE IMPORTADO DE ARMAS ISRAELENSE

O BRASIL É UM GRENDE IMPORTADO DE ARMAS ISRAELENSE
Palestina Ocupada, 08/Junho/2010 – Perante o massacre perpetrado por Israel contra trabalhadores e activistas de ajuda humanitária a bordo da Flotilha da Liberdade a 31 de Maio de 2010 e a sua insistência em continuar o cerco ilegal de Gaza, tornou-se inegavelmente urgente pressionar Israel para que cumpra com as suas obrigações ao abrigo da lei internacional. Embriagado pelo poder e pela impunidade, Israel tem ignorado os recentes apelos do secretário-geral da ONU assim como o consenso entre os governos mundiais para que ponha fim ao cerco mortal, atirando o ónus para a sociedade civil internacional de assumir a responsabilidade moral de responsabilizar Israel perante a lei internacional e acabar com a sua impunidade criminal.
A campanha global encabeçada pelos palestinos para o Boicote, Desinvestimento e Sanções (Boycott, Divestment and Sanctions – BDS) contra Israel provou ser a forma mais eficaz de o conseguir.
O actual bloqueio de Israel aos alimentos essenciais, medicamentos, produtos para a educação e para a construção, não é apenas imoral; é uma forma grave de punição colectiva, um crime de guerra que é estritamente proibido pelo Artigo 33 da Quarta Convenção de Genebra. Está a provocar uma pobreza maciça, a contaminação da água, um colapso ambiental, doenças crónicas, devastação económica e centenas de mortos. Este cerco medieval que dura há três anos contra 1,5 milhão de palestinos em Gaza foi condenado abertamente por importantes juristas, incluindo o Prof. Richard Falk, Relator Especial para os Direitos Humanos, das Nações Unidas, que o descreveu como constituindo um "lento genocídio":
Os ataques amplamente condenados de Israel a navios desarmados da Flotilha da Liberdade, conforme concordam importantes juristas internacionais [1] , violam a lei marítima internacional e a Convenção das Nações Unidas para a Lei dos Mares, que estipula que "o alto mar deve ser reservado para efeitos pacíficos".
Ao abrigo do artigo 3 da Convenção de Roma para a Supressão de Actos Ilegais contra a Segurança da Navegação Marítima de 1988, é um crime internacional qualquer pessoa apoderar-se ou exercer o controlo de um navio pela força, e é também um crime ferir ou matar qualquer pessoa nesse procedimento. Conforme confirmaram estudiosos do direito internacional, não há nenhuma justificação legal para o acto de agressão de Israel contra barcos civis internacionais que transportam ajuda humanitária e para desenvolvimento a civis que estão a sofrer com uma ocupação e um cerco nitidamente ilegais, que provocaram uma catástrofe humanitária feita pela mão do homem e deliberadamente prolongada. A nossa resposta tem que ser proporcional ao terrível sofrimento que resulta deste cerco assim como aos sucessivos sistemas de opressão israelense, que duram há décadas.
A reacção da comunidade internacional e dos povos por todo o mundo tem que entender as recentes atrocidades israelenses no contexto de décadas da impunidade de Israel, que lhe é proporcionada pelos governos ocidentais e, mais recentemente, pelas Nações Unidas. Desde o Nabka, a instalação de Israel a troco da expulsão e limpeza étnica da maioria do povo palestino nativo, que Israel tem sido autorizado a recusar aos mais de 6 milhões de refugiados o direito, sancionado pela ONU, de regressar aos seus lares de origem. No mesmo período, Israel conseguiu levar por diante o seu sistema de discriminação racial legalizada e institucionalizada que enforma a definição de apartheid segundo a Convenção Internacional para a Supressão e Punição do Crime de Apartheid, de 1993 [2] . Há exactamente 43 anos que Israel mantém a sua ocupação da Margem Ocidental, incluindo Jerusalém e Gaza, e continua a alargar as suas colónias ilegais, praticando graves violações do direito internacional e crimes de guerra com toda a impunidade. Até mesmo a sentença do Tribunal Internacional de Justiça em 2004, que considerou ilegais o Muro de Israel e a instalação de colonatos e apelou directamente a todos os estados para acabarem com ambas as coisas, foi ignorada.
Actualmente, vemos sinais de que o apoio incondicional dado a Israel durante décadas pela comunidade internacional para o impedir de ter que prestar contas, ou sequer ser criticado, está a mostrar algumas fendas. O Massacre da Flotilha feito por Israel tem tido como resposta sanções internacionais incluindo a suspensão de relações diplomáticas entre a Nicarágua e Israel [3] ; a África do Sul [4] e a Turquia [5] mandaram retirar os seus respectivos embaixadores em Tel Aviv, assim como um pedido unânime do parlamento turco para "rever as relações políticas, militares e económicas com Israel" e para "pedir justiça contra Israel através das entidades legais nacionais e internacionais" [6] . Mais ainda, a ministra da educação da Noruega e chefe do partido da Esquerda Socialista, Kristin Halvorsen, reconfirmou a proibição de armas da Noruega para Israel e apelou a todos os outros estados para "seguirem a posição norueguesa que exclui o comércio de armas com Israel" [7] .
A sociedade civil internacional também reagiu rápida e eficazmente ao ataque israelense à Flotilha. O Sindicato dos Trabalhadores Portuários Suecos seguiu o apelo do BNC [8] decidindo um bloqueio a todas as cargas de e para Israel entre 15 e 24 de Junho [9] . A federação sul-africana do comércio COSATU apelou para "um maior apoio à campanha internacional de boicote, desinvestimento e sanções contra Israel", encorajando "todos os sul-africanos a recusarem-se a comprar ou manipular quaisquer produtos de Israel ou a fazerem quaisquer acordos com homens de negócios israelenses" [10] . A União Sul-Africana dos Trabalhadores de Transportes e Afins (SATAWU), que foi pioneira no boicote ao tráfego marítimo israelense em Fevereiro de 2009, recusando-se a descarregar um navio em Durban, também correspondeu ao apelo do BNC, apelando aos seus membros "para não permitirem que nenhum navio israelense entrasse no porto ou descarregasse" e apelando aos sindicalistas congéneres para "não lhes tocar" [11] . A União de Trabalhadores Municipais Sul-Africanos (SAMWU) apelou unanimemente para que cada município da África do Sul se declarasse zona livre do apartheid Israelense [12] . O maior sindicato britânico, a Unite, na sua primeira conferência política em Manchester, aprovou por unanimidade uma moção BDS para boicotar todas as empresas israelenses [13] . A maior federação sindical da Noruega, a LO, que engloba quase um quinto de toda a população norueguesa, apelou para que o Fundo de Pensões Estatais, o terceiro maior do mundo, desinvestisse de todas as empresas israelenses [14] . Uma sondagem efectuada após o ataque à Flotilha, mostrou que mais de 42% dos noruegueses apoiam agora um boicote abrangente de produtos israelenses [15] .
Figuras importantes da cultura também tiveram uma palavra a dizer. O mundialmente conhecido escritor britânico, Iain Banks , escreveu no Guardian que a melhor forma para os artistas, escritores e académicos internacionais "convencerem Israel da sua degradação moral e isolamento ético" é "pura e simplesmente não terem mais nada a ver com este estado fora-de-lei" [16] . Os Klaxons e os Gorillaz Sound System cancelaram os seus concertos já marcados em Israel, por causa do ataque à Flotilha [17] e o mesmo fizeram os Pixies [18] . O escritor de best-sellers a nível mundial, o sueco Henning Mankell , que estava na Flotilha da Liberdade quando esta foi atacada, apelou a sanções globais no género da África do Sul contra Israel em resposta a este acto brutal [19] . A escritora de best-sellers americana, Alice Walker , recordou ao mundo o boicote, desencadeado por Rosa Parks e liderado por Martin Luther King, contra uma empresa de autocarros racista em Montgomery, Alabama, durante o movimento pelos direitos civis, e apelou a uma ampla adesão ao BDS contra Israel como um dever moral. [20]
O Comité Nacional Palestino para o BDS (BNC) acolhe calorosamente estas posições e acções internacionais corajosas, com princípios e eficazes que têm como objectivo acabar com o cerco de Israel e a sua impunidade criminal. Saudamos os artistas, os desportistas e os sindicatos por corresponderem aos apelos da sociedade civil palestina para uma verdadeira solidariedade para com o povo palestino sob a forma do BDS.

Apelamos hoje:

  1. Às uniões de estivadores para aderirem ao apelo [21] lançado a 7 de Junho de 2010 por todo o movimento sindicalista palestino para bloquear a carga e descarga de navios israelenses.
  2. A outros sindicatos para aderir ao BDS, implementando um boicote aos produtos israelenses e ao desinvestimento dos seus fundos de pensões de todas as acções em companhias israelenses e internacionais que tirem proveito da ocupação e apartheid de Israel. Também apelamos aos sindicatos internacionais para que sigam o exemplo histórico dado pelo sindicato académico britânico, UCU, quando decidiu [22] em 21 de Maio cortar relações com o Histadrut, ainda antes de ter sido noticiada a declaração do Histadrut [23] desculpando o massacre da Flotilha feito por Israel. O movimento sindical palestino, representado totalmente no BNC, condenou fortemente a defesa da Histadrut dos crimes de guerra israelenses. A Federação Geral Palestina dos Sindicatos (PGFTU), por exemplo, acusou [24] o Histadrut de se esconder "por detrás da cooperação sindicato a sindicato a fim de justificar ataques brutais contra civis que tentaram prestar ajuda humanitária a 1,5 milhão de palestinos, na sua maioria gente trabalhadora, em Gaza". Vale a pena mencionar que o Histadrut defendeu os crimes de guerra de Israel em Gaza durante 2008-2009. [25]
  3. Aos governos para cessarem imediatamente toda a conivência com o bloqueio ilegal de Israel da Faixa de Gaza, e para pressionarem Israel para que garanta o acesso sem restrições e a liberdade de movimentos de pessoas e produtos para dentro e para fora da Faixa de Gaza. Os governos que defendem a lei internacional e os direitos humanos devem iniciar um embargo global ao armamento contra Israel e boicotar os negócios com os colonatos.
  4. Às pessoas de consciência para que pressionem os governos a suspender imediatamente o comércio de armas com Israel, e a implementar sanções comerciais, apresentando à justiça todos os funcionários e militares israelenses que tomaram a decisão e/ou implementaram este último massacre assim como anteriores crimes de guerra.
  5. Às organizações da sociedade civil – incluindo grupos religiosos, universidades, sindicatos, associações de mulheres, grupos de estudantes, associações académicas, etc. – para desinvestir as suas instituições e fundos de pensões de todos os investimentos em companhias israelenses e internacionais que sejam cúmplices em manter a ocupação de Israel, o apartheid e a violação da lei internacional e para boicotar os produtos israelenses. Apelamos ainda a todos eles que pressionem os seus governos para acabar com os acordos de comércio livre (FTAs) com Israel, e para implementar um embargo imediato ao armamento contra Israel, tal como foi pedido anteriormente pela Amnistia Internacional após a operação Cast Lead. [26]

Em especial, apelamos:

  1. aos EUA para se recusar a renegociar o Plano de Acção EUA-Israel e suspender o Acordo de Associação EUA-Israel; aos estados da Mercosul para suspenderem o FTA com Israel; à Índia e ao Chile para porem fim a todas as negociações em torno de um FTA com Israel.
  2. à Turquia , à Grécia e à Irlanda , enquanto estados cujos navios civis foram atacados ilegalmente por Israel em águas internacionais, para usarem de todos os meios legais possíveis para levar a tribunal os israelenses responsáveis por esse crime de guerra e suspender todos os acordos bilaterais com Israel até que este respeite a lei internacional.
  3. Para o fim do comércio de armas e relações militares : em especial à Índia , à Turquia e ao Brasil – os três principais importadores de armas israelenses [27] – para porem fim a todas as relações militares e comércio de armas com Israel.
  4. ao Movimento Não-Alinhado (NAM) para activar os seus apelos ao boicote aos produtos dos colonatos, à recusa em deixar entrar colonos e a sanções às companhias/entidades envolvidas no Muro e nos colonatos, emitidos repetidamente nas reuniões do NAM desde 2004 [24] .
  5. ao parlamento sul-africano para se juntar à luta contra o apartheid israelense começando por excluir dos contratos públicos as companhias israelenses e internacionais implicadas na ocupação e no apartheid. Também apelamos para que tome a iniciativa de um embargo de armas global contra Israel e de um boicote gradual aos produtos israelenses. Também tem que se acabar gradualmente com o comércio de diamantes com Israel, implementando oficinas de lapidação na África do Sul em vez de se permitir que Israel explore os diamantes sul-africanos para extrair lucros enormes com o processo de lapidação.
  6. aos Estados árabes para acabarem com os acordos diplomáticos e comerciais existentes com Israel e para excluir dos contratos públicos todas as companhias internacionais envolvidas nas violações israelenses da lei internacional e dos direitos humanos, em especial a Veolia, a Alstom, a Lev Leviev, a Caterpillar, a Motorola, a Volvo, etc.
  7. O Egipto devia abrir indefinidamente o Cruzamento Rafah.
  8. aos Sindicatos que participam na próxima conferência ITUC (International Trade Union Confederation) em Vancouver para aderir ao BDS e cortar ligações com o Histadrut.

Nas palavras de Nelson Mandela, a justiça para o povo da Palestina tornou-se na "maior questão moral da nossa época". O brutal cerco de Israel a Gaza é actualmente a mais crítica e mais urgente de todas as injustiças israelenses contra o povo palestino. O BNC apela às pessoas de consciência e aos grupos de cidadãos em todo o mundo para intensificarem as campanhas de BDS contra Israel como sendo o meio mais eficaz de acabar com o cerco e tornar Israel responsável perante a lei internacional na procura de uma paz justa.

Notas

[1] O importante jurista internacional, Prof. Bem Saul, por exemplo, comenta o ataque à Flotilha, dizendo: "Este último episódio, triste e chocante, realça o desprezo de Israel pelas vidas dos outros, o seu profundo desdém pela opinião internacional, e a sua rudeza como um fora-da-lei da comunidade internacional". http://www.abc.net.au/unleashed/stories/s2915343.htm Conhecidos juristas britânicos chegaram à mesma conclusão numa carta ao Times: http://www.timesonline.co.uk/tol/comment/letters/article7142646.ece E o mesmo aconteceu com conhecidos professores holandeses de direito internacional numa carta ao NRC Handelsblad: www.iss.nl/News/Karin-Arts-co-authors-letter-about-Israel-for-Dutch-newspaper [2] http://untreaty.un.org/cod/avl/ha/cspca/cspca.html [3] http://www.ynetnews.com/articles/0,7340,L-3897773,00.html [4] http://www.bloomberg.com/apps/news?sid=a_vBbjBZJ6LM&pid=20601087 [5] www.todayszaman.com [6]

Ver Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI), http://armstrade.sipri.org/armstrade/page/values.php [28]
"No que se refere aos Estados Membros, os ministros assumiram tomar medidas, através de legislação, colectiva, regional e individualmente, para impedir quaisquer produtos dos colonatos israelenses ilegais de entrarem nos seus mercados, de acordo com as obrigações ao abrigo dos Tratados Internacionais, para recusar a entrada a colonos israelenses e para impor sanções contra companhias e entidades envolvidas na construção do muro e em outras actividades ilegais no Teritório Palestino Ocupado, incluindo Jerusalém Oriental".
Tradução de Margarida Ferreira.
Este texto encontra-se em http://resistir.info/ .

sábado, 12 de junho de 2010

ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DOS ADVOGADOS DO POVO ( IAPL): CONDENA ATAQUE DE ISRAEL À FROTA DA LIBERDADE


02 de junho 2010
CONSIDERANDO que, na madrugada do dia 31 de maio, no Mar Mediterrâneo, em águas internacionais, o Exército de Israel atacou a frota Gaza Livre, composta por três navios que levavam 750 pessoas de 50 países e três outros com 10 mil toneladas de carga, contendo materiais de construção, alimentos, remédios, brinquedos e livros;

CONSIDERANDO que a frota possuía claro caráter humanitário, que não possuía objetivos militares, que seus tripulantes estavam desarmados, que mostraram bandeiras brancas sinalizando que aquela era uma missão de paz, e ainda assim o Exército de Israel assassinou pelo menos nove pessoas e feriu muito mais;

CONSIDERANDO que Israel tenta confundir a opinião internacional dizendo que a Frota era composta por terroristas e que as pessoas presas denunciam que foram forçadas a assinar falsa declaração dizendo que teriam entrado ilegalmente em território israelense, para que fossem libertadas;

CONSIDERANDO que o Israel, em dezembro de 2008, promoveu durante várias semanas bombardeios sobre a população civil da Faixa de Gaza, causando mais de 1400 mortes e a destruição de mais de 60 mil habitações;

CONSIDERANDO que, desde 2007, Israel mantém bloqueio terrestre e marítimo sobre a Faixa de Gaza, impedindo a entrada de materiais para a reconstrução das casas e sobrevivência da sua população;

CONSIDERANDO que a Convenção de Genebra IV, de 1949, dispõe, em seu art. 23, que “Cada Parte contratante concederá a livre passagem de todas as remessas de medicamentos, material sanitário e dos objetos necessários ao culto, destinados unicamente à população civil de um outra Parte contratante, mesmo inimiga. Autorizará igualmente a livre passagem de todas as remessas de víveres indispensáveis, vestuários e fortificantes destinados às crianças, com menos de 15 anos, mulheres grávidas e parturientes”;

CONSIDERANDO que a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar de 1982, em seus art. 140 e 141, define que as águas internacionais devem ser usadas exclusivamente para fins pacíficos, “em benefício da humanidade em geral, independentemente da situação geográfica dos Estados, costeiros ou sem litoral, e tendo particularmente em conta os interesses e as necessidades dos Estados em desenvolvimento e dos povos que não tenham alcançado a plena independência ou outro regime de autonomia reconhecido pelas Nações Unidas”;

CONSIDERANDO que a Convenção para a prevenção e a repressão do crime de Genocídio, de 1948, define como genocídio os “atos cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, tais como: assassinato de membros do grupo; atentado grave à integridade física e mental de membros do grupo; submissão deliberada do grupo a condições de existência que acarretarão a sua destruição física, total ou parcial; medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo; transferência forçada das crianças do grupo para outro grupo”;

CONSIDERANDO que em todos os continentes massivos protestos exigem a suspensão dos bloqueios à Faixa de Gaza, a libertação dos presos políticos e a ruptura das relações comerciais e diplomáticas com Israel;

CONSIDERANDO que o 4º Congresso da IAPL, entre os dias 28 e 30 de maio, aprovou resoluções em apoio à Frota Gaza Livre e pela libertação de todos os presos políticos das prisões de Israel;

A IAPL CONDENA o ataque do Exército Israelense à frota Gaza Livre (Frota da Liberdade), se solidarizando com os ativistas presos, e ainda:

· requer a imediata libertação dos presos políticos da frota Gaza Livre, incluindo os apoiadores palestinos, e o fim de quaisquer acusações e processos contra os mesmos;
· requer que os navios com mantimentos humanitários sejam liberados e encaminhados à Faixa de Gaza;
· exige a imediato fim do bloqueio marítimo e terrestre à Faixa de Gaza;
· requer ao Estado do Egito que permita a passagem de mantimentos humanitários na fronteira terrestre com a Faixa de Gaza;
· demanda a responsabilização de Israel e seus chefes militares e políticos na Justiça Internacional, pelo ataque à missão de paz, pelas mortes, agressões e prisões ilegais, pela guerra de agressão e pelo genocídio que promovem contra o povo palestino;
· insta os Estados a romperem relações comerciais e diplomáticas com Israel em atenção à prevalência dos direitos humanos nas relações internacionais;
· oferece seus serviços jurídicos para as vítimas das violações;
· clama às organizações e indivíduos que repudiam o terrorismo de Estado, que se levantem diante das gravíssimas violações aos direitos dos povos praticadas por Israel.

Assinado:
Edre Olalia,
Presidente da IAPL

Israel declara guerra aos povos do mundo


Júlio da Silveira Moreira*

O ataque de Israel à Frota da Liberdade, no último dia 31 de junho, mostrou o terrorismo de Estado sem limites, uma ofensa ao direito internacional que não pode ser medida nem descrita em sua gravidade, especialmente porque se tratou de um ataque a uma missão de paz, indiscriminado contra nacionais de mais de 50 países. Os fatos falam por si sós:

- Desde 2007 Israel mantém bloqueio marítimo e terrestre sobre a Faixa de Gaza; no final de 2008, Israel reduziu a Faixa de Gaza a escombros e milhares de mortos. Nem após a II Guerra Mundial se viu tão cruel impedimento à reconstrução de um território afetado pela guerra;

- Essa prática revela o crime de genocídio, definido pelo art. 6º do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional como atos praticados “com intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso”, inclusive “homicídio de membros do grupo”; “ofensas graves à integridade física ou mental de membros do grupo”; e “sujeição intencional do grupo a condições de vida com vista a provocar a sua destruição física, total ou parcial”.

- Por sua vez, o art. 8º do referido Estatuto define como crime de guerra “dirigir intencionalmente ataques ao pessoal, instalações, material, unidades ou veículos que participem numa missão de manutenção da paz ou de assistência humanitária, de acordo com a Carta das Nações Unidas, sempre que estes tenham direito à proteção conferida aos civis ou aos bens civis pelo direito internacional aplicável aos conflitos armados” (art. 8º.2.b.iii); “dirigir intencionalmente ataques a edifícios consagrados ao culto religioso, à educação, às artes, às ciências ou à beneficência, monumentos históricos, hospitais e lugares onde se agrupem doentes e feridos, sempre que não se trate de objetivos militares” (art. 8º.2.b.ix); “provocar deliberadamente a inanição da população civil como método de guerra, privando-a dos bens indispensáveis à sua sobrevivência, impedindo, inclusive, o envio de socorros, tal como previsto nas Convenções de Genebra” (art. 8º.2.b.xxv);

- A Frota da Liberdade é composta por 6 navios e é a nona tentativa do Movimento Gaza Livre para levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza. Ela leva toneladas de alimentos, remédios, brinquedos e livros. A partida da frota foi anunciada publicamente e monitorada pela Internet por 24h por dia até seu ataque;

- O maior navio atacado (Mavi Marmara) possuía bandeira do Estado da Turquia, o que significa, de acordo a Convenção das Nações Unidas para o Direito do Mar (1982) que apenas aquele Estado possuía jurisdição sobre a embarcação;

- A presença de nacionais de dezenas de países nas embarcações mostra uma clara ofensa diplomática indiscriminada a esses países, uma vez que o respeito ao direito dos estrangeiros é uma condição para a regularidade das relações diplomáticas com seu país de origem;

- O ataque se deu em águas internacionais e não pode ser nem mesmo qualificado por Pirataria, pois esta é definida como a invasão de embarcações para fins privados, cujo fim é o patrimônio e não a matança de pessoas. A invasão da Frota da Liberdade não só foi praticada por um ente estatal com fins militares, como provocou a morte de várias pessoas, cujo número segue sem ser revelado, além de ferimentos graves e continuada prisão de ativistas;

- Embora esteja sendo anunciada a deportação dos tripulantes para a Turquia e Jordânia, os apoiadores palestinos à Frota da Liberdade continuam presos e com graves acusações, enquanto a imprensa internacional se mantém silente a esse respeito.

Responsabilidade penal internacional

O Conselho de Segurança da ONU, a partir de pedido oficial do Secretário-Geral da ONU, Ban Ki Moon, está pedindo uma “investigação imparcial” do incidente e a liberação dos presos e embarcações. O Conselho de Direitos Humanos da ONU, por sua vez, aprovou em regime de urgência o envio de uma delegação internacional de especialistas (missão de investigação internacional e independente), sendo vencido os EUA, que exigia que essa investigação fosse conduzida exclusivamente pelas autoridades israelenses.

O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional aponta que apenas pode ser julgado ali um indivíduo nacional de um Estado que tenha ratificado seu texto, o que não é o caso de Israel. Mas o art. 13 aponta que o Conselho de Segurança da ONU pode encaminhar ao Procurador denúncia mesmo quando o Estado não seja membro do Estatuto, como ocorreu nas denúncias contra nacionais do Sudão.

Ocorre que, para que o Conselho de Segurança da ONU tome essa decisão, não pode ter o veto de nenhum dos seus 5 membros permanentes: EUA, Reino Unido, França, Rússia e China.

Esse contexto deixa claro que o Direito Internacional está todo “desenhado” para que crimes como os cometidos por Israel, que se encontram no interesse das potências imperialistas, não sejam responsabilizados. Não é estranho que os atuais réus do Tribunal Penal Internacional sejam de países africanos, vitimados por conflitos que possuem como causa, em última instância, os distúrbios criados pelas forças de colonização desde o século XIX.

A posição do Estado brasileiro

O Estado brasileiro, em nota do Ministério das Relações Exteriores, condenou o ataque aos civis desarmados, enfatizando que as embarcações estavam em águas internacionais.

Na situação já demonstrada, resta claro que uma declaração como esta não é suficiente para responder ao ocorrido, devendo tomar medidas concretas como a exigência de responsabilização dos agentes de Israel e a ruptura de relações comerciais e diplomáticas com aquele Estado, em atenção à prevalência dos direitos humanos nas relações internacionais, tal como apontado no art. 4º, inciso II, da Constituição Federal.

O Estado brasileiro tem se demonstrado, por diversas vezes, como um órgão complementar da diplomacia estadunidense, assumindo tarefas vitais para o imperialismo e diante do desgaste daquela. Tal se revela não só nas declarações oficiais sobre o Oriente Médio, mas também no pouco divulgado acordo de cooperação militar celebrado com os EUA no início de maio, que continua obscuro, e levou especialistas a qualificarem o Brasil como “sub-império” dos EUA para a América Latina e além.
__________________
*Professor de Direito Internacional e Vice-presidente da Associação Internacional dos Advogados do Povo. Site: www.direitodospovos.wordpress.com
* * *

Marcelo Buzetto: Gaza é controlada por céu, terra e mar

8 de junho de 2010
Por Danilo AugustoDa Radioagência NP

O ataque das Forças Armadas israelenses à frota humanitária que levaria ajuda aos palestinos da Faixa de Gaza evidenciou o não compromisso e interesse de Israel com o processo de paz com os palestinos.

No dia 30 de maio, a chamada "Frota da Liberdade", composta por três navios que levavam 750 ativistas e três outros com 10 mil toneladas de carga para Gaza foi interceptado pela Forças Armadas em águas internacionais. Imagens e relatos de testemunhas mostraram a violência e intolerância dos israelenses, que matou dez pessoas e deixaram feridas muitas outras.

Participantes da segunda conferência Haifa – espaço organizado por movimentos sociais palestinos que tem o objetivo de discutir a proposta de um Estado palestino laico, democrático e independente – estavam na região quando o ataque de Israel aconteceu. É o caso do integrante da coordenação estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Marcelo Buzetto. Em relato exclusivo à Radioagência NP, Buzetto repudia as ações de Israel e faz um panorama da condição dos palestinos na região.

Radioagência NP: Marcelo, como está a situação na Faixa de Gaza?
Marcelo Buzetto: Gaza é uma região onde vive aproximadamente 1,5 milhões de pessoas. Gaza vive uma situação difícil, pois é controlada militarmente por Israel. O Exército impõe um bloqueio econômico contra Gaza. Os israelenses impedem a chegada de alimentos, remédios, mantimentos, materiais para infra-estrutura e controla Gaza por céu, terra e mar. Sufoca economicamente Gaza, tenta matar de fome os palestinos, impede que os médicos desenvolvam trabalhos por lá. Mas a impressão que tive é que essa postura ofensiva e agressiva de Israel só tem feito aumentar a solidariedade internacional com o povo de Gaza, só tem feito aumentar a unidade entre os palestinos e os povos árabes para enfrentar o inimigo Israel.

RNP: Como os palestinos estão se organizando para suportar este bloqueio?
MB: A violência do Estado de Israel acabou obrigando os palestinos a desenvolvessem uma economia auto-sustentá vel. Lá existe uma série de pequenas indústrias, comércios, pequena agricultura se desenvolvendo, tanto em Gaza como a Cisjordânia. São atividades para minimizar o sofrimento da população e tentar produzir o máximo de mercadorias dentro do seu território, para depender o menos possível de Israel e de importação de produtos dos países árabes. No caso de Gaza a situação é mais extrema. A dificuldade do ponto de vista social e econômica em Gaza é um grande problema. Esse foi motivo do navio ter ido com toneladas de alimentos para a região.

RNP: Qual é a forma de atuação dos movimentos populares e dos partidos políticos palestinos em relação a estas medidas de Israel?

MB: A organização política mais conhecida na Palestina é a Organização para Libertação da Palestina (OLP). Além disso, têm os partidos da esquerda Palestina que são formados pela Frente Democrática pela Libertação da Palestina, a Frente Popular de Libertação da Palestina e o Partido do Povo Palestino. Tem também o Hamas que governa e que tem mais força política em Gaza. Os palestinos têm organizações de juventude, camponeses, trabalhadores, operários, mulheres, entre outros. Toda sexta-feira em várias cidades da palestina o povo palestino sai em marcha das mesquitas até o muro que foi construído para separar os palestinos, muro que foi construído por Israel. Esse muro tem 500 quilômetros e dez metros de altura. Nessas marchas há sempre confronto com o Exército de Israel. Quando chegam próximos ao muro, os soldados disparam balas. Então essas são as diversas formas de atuação.

RNP: Qual a responsabilidade dos Estados Unidos neste último ataque?
MB – Estados Unidos, França e Inglaterra têm uma responsabilidade muito grande. Eles dão apoio político e econômico para Israel. A posição estadunidense não surpreende. Eles não condenaram o assassinato dos pacifistas que estavam no navio. Eles deram a entender que Israel estaria correto. Então os Estados Unidos, a não condenar Israel, acabam ajudando a legitimar a versão israelense sobre os fatos. O pior inimigo para os Estados Unidos ainda é o Movimento de Resistência da Palestina. Por isso eles apóiam Israel. Eles acham que Israel tem o direito de praticar todos os crimes e os genocídios para conter o Movimento de Resistência da Palestina.

RAN: Em nota o governo brasileiro condenou o ataque israelense, isso foi positivo?
MB: É um governo que condena Israel, mais que firmou um Mercado de Livre Comércio (Mercosul) com Israel. O governo brasileiro trouxe Israel para dentro do Mercosul quando o presidente Lula visitou o país e assinou o acordo. Isto é um absurdo, um equívoco do governo assinar um acordo com um país que não respeita os direitos humanos, não respeita os direitos internacionais humanitários e não respeitas a resoluções da ONU em relação a Palestina. Como o Brasil pode se prestar a este serviço? Tão ruim quanto à posição dos Estados Unidos de não condenar, é o Brasil firmar um acordo econômico. Os movimentos sociais do Brasil são contra a postura do governo brasileiro de tentar aproximar Israel dos países da América do Sul.

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Israel
Palestina
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Curitiba: PELO FIM DO BLOQUEIO GENOCIDA DE ISRAEL A GAZA

Hoje faz 11 dias que Israel atacou e matou 9 ativistas internacionais que levavam ajuda humanitária a Gaza, além de ferir dezenas, alguns gravemente. Repudiamos este ato covarde e assassino do Estado de Israel e exigimos o levantamento incondicional do bloqueio a Gaza, na Palestina, que já dura três anos e que ameaça provocar uma verdadeira tragédia humanitária.
Gaza, estreita faixa de terra ao sul da Palestina, fronteiriça ao Egito, está totalmente bloqueada por Israel desde 2007. Com isso, os mais de 1,5 milhão de habitanbtes de Gaza – maior concentração populacional do mundo – não têm alimentos, água potável, medicamentos, outros insumos essenciais e não podem sair ou entrar do território, mesmo que para tratamento de saúde. A ONU e dezenas de entidades globais de assistência humanitária já alertaram que, a persistir o bloqueio ilegal e criminoso de Gaza, uma tragédia humana de grandes dimensões está anunciada.
A situação se agravou dramaticamente a partir do final de 2008 e janeiro de 2009, quando Israel atacou indiscriminadamente o território, matando perto de 1500 pessoas, quase todas civis, dentre elas centenas de crianças, feriu ou mutilou outras dezenas de milhares, muitas gravemente, e destruiu praticamente toda a infra-estrutura de Gaza. Todos os hospitais e escolas foram total ou parcialmente destruídos, além de ter sido destruído ou seriamente danificado todo o sistema de água e esgoto que abastecia a população. Tão grave quanto foram os danos causados às residências. Segundo dados da ONU, perto de metade das residências foram destruídas ou seriamente danificadas, a ponto de impedir que seus residentes as habitem.
Como Israel não permite, também, a entrada de cimento e outros insumos destinados à construção civil, mais da metade da população de Gaza mora nos escombros ou em tendas improvisadas, aumentando o drama da popualação civil.
Os palestinos e a comunidade internacional, que exigem o levantamento incondicional do bloqueio, já falam em uma tragédia humana sem precedentes em Gaza, a primeira na história humana anunciada e provocada pelo bloqueio ilegal de um estado (Israel) a um povo inteiro. Como exemplo, citam-se a destruição quase que total da economia palestina, com perto de 70% da força de trabalho desempregada ou subempregada e ao redor de 15%, podendo chegar a 20%, o contingente de crianças cronicamente desnutridas devido à falta de comida e água potável. Destas, de acordo com recente informe da ONU, a maioria chegará à idade adulta com sequelas irreversíveis.
Israel, que até hoje não cumpriu nenhuma das quase duas centenas de resoluções da ONU relativas à questão palestiva, já foi condenada tanto pelo Conselho de Segurança quanto pela Assembléia Geral do mesmo organismo devido ao bloqueio. Na última semana, após o ataque ao combio humanitário e o assassinato de 9 de seus ativistas, Israel sofreu nova derrota na ONU, que além de condenar o ataque, determinou que o Estado Judeu levante incondicionalmente o bloqueio, o que até agora não fez.
O Comitê Árabe-Brasileiro de Solidariedade acredita que somente com a pressão da comunidade internacional, tanto de parte dos governos quantos dos povos, será capaz de fazer Israel retroceder de sua atual política de destruição do processo de paz na Palestina e, assim, de concretizar-se a criação de um Estado Palestino viável economica e territorialmente. Somente a pressão internacional pode parar a sanha assassina de Israel, que vem promovendo, seja pela morte lenta, seja pela violenta, uma verdadeira LIMPEZA ÉTNICA EM TODA A PALESTINA.
COMITÊ ÁRABE-BRASILEIRO DE SOLIDARIEDADE (Instituto Brasileiro de Estudos Islâmicos-IBEI, Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz - CEBRAPAZ-PR, Federação Árabe Palestina do Brasil-FEPAL, União de Negros e Negras pela Igualdade-UNEGRO, Coordenação dos Movimentos Sociais-CMS, Comissão Pastoral da Terra-CPT, Sociedade Árabe Brasileira Beneficente-SABB, Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores-CEPAT, Mesquita Imam Ali ibn Abi Tálib, União Brasileira de Mulheres-UBM, Instituto Reage Brasil, Associação Cultural Sírio Brasileira do Paraná, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil-CTB, Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Paraná-FETIEP, Associação de Moradores de São José dos Pinhais, Jornal Água Verde, PcdoB, PSOL, Articulação de Esquerda-PT, PCB, Central Única dos Trabalhadores – CUT, Instituto de Pesquisa Afro-Brasileira – IBAF, Movimento PelaTerceira República Espanhola – MTRE, Partido BASS, Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações, APP – Sindicato, APP – Sindicato Núcleo Curitiba Sul).

quarta-feira, 9 de junho de 2010

A SEMANA EM QUE O MUNDO MAIS UMA VEZ SE LEMBROU DA PALESTINA



Apesar de todo os esforços dos militantes internacionalistas para chamar a atenção da humanidade sobre tragédia dos palestinos, o cerco cruel à Gaza, a limpeza étnica em Jerusalém Oriental , a demolição de casas em Silwan, o apartheid impostos aos habitantes da Cisjordânia e até mesmo o massacre praticado por Israel em Gaza entre dezembro e Janeiro de 2008/09 estavam empalidecendo na memória da maioria. O massacre da Flotilha da Liberdade , um ato de pirataria e terrorismo de Estado praticado contra ativistas da paz, da liberdade e dos Direitos Humanos e a indignação que provocou em todos os povos do mundo, recolocou a questão palestina novamente na pauta da mídia e dos movimentos sociais.

Entretanto, não podemos agir somente de massacre em massacre. Não podemos ficar em compasso de espera até que Israel pratique um novo crime contra a humanidade. Essa luta deve ser permanente e sustentada, caso contrário o experimento do nazismo como prática para esmagar a resistência de um povo para concretizar as ambições imperialistas passará a ser utilizada em qualquer lugar do mundo, onde o capital moribundo encontre resistência à sua ganância.

Genocídio, holocausto, limpeza étnica, racismo, apartheid, campo de concentração, punição coletiva são crimes contra a humanidade que só podem ser praticados por Estados párias e equivalem aos crimes praticados por bandidos , traficantes e pelas máfias que parasitam todas as sociedades capitalistas porque nos dois casos, não há respeito às leis. E definitivamente são características clássicas de um Estado Fascista.

O massacre em Gaza, os inúmeros protestos em todo o mundo, a condenação de Israel no relatório Goldstone e na Comissão de Direitos Humanos da ONU deram um novo fôlego à Campanha do BDS- Boicote Desinvestimentos e Sanções contra Israel. Mas , aos poucos, a causa palestina foi perdendo força, embora campanhas importantíssimas tenham sido desenvolvidas por heróicos e obstinados internacionalistas como o parlamentar britânico George Galloway que, com o seu notável comboio de ajuda Humanitária “ Viva Palestina” quebrou por três vezes o cerco de Gaza. Infelizmente esses feitos foram criminosamente boicotado pela mídia corporativa, dominada e controlado pelo sionismo.

Na esteira do “Viva Palestino”, surgiram dedicados ativistas como Mike Prysner - um veterano da guerra do Iraque. Com apenas 27 anos, Prysner tornou-se a voz da consciência dos soldados norte-americanos que servem nas insanas guerras imperialistas dos E.U.A. e coordenou o segundo comboio de ajuda humanitária “ Viva Palestina” a partir dos Estados Unidos.

No terceiro e mais difícil comboio de ajuda humanitária por terra, Galloway e mais 500 militantes internacionalistas enfrentaram a truculência do governo egípcio, foram obrigados a enfrentar inúmeras provas até conseguirem entrar em Gaza pela fronteira de Rafah e entregar parte da ajuda que levavam em 200 caminhões, pois uma parte foi confiscada por Israel . Ao mesmo tempo em que o comboio Viva Palestina tentava entrar em Gaza, mais de mil ativistas de diversos países, inclusive um companheiro do nosso Comitê, protestavam no Egito contra o governo de Mubarack que proibia seu acesso a Gaza. Mais uma vez a mídia se calou e o mundo não tomou conhecimento desses fatos.

Ainda em 2009, depois do massacre em Gaza , várias tentativas de ajuda à Gaza pelo mar foram interceptadas por Israel que abordou e prendeu os ativistas do barco de ajuda “Espírito da Humanidade”, incluindo uma deputada norte-americana que foi prêmio Nobel da Paz.

Cinco meses depois do Viva Palestina ter quebrado pela terceira vez o cerco de Gaza, entra em cena a “ Flotilha da Liberdade” e, pela primeira vez desde o início do envio de comboios com ajuda humanitária,Israel, ultrapassando todos os limites de crueldade, mata dezenas de ativistas e joga outros tantos no mar, chocando o mundo com mais um espetáculo sangrento, enquanto a maioria de seus cidadãos comemoravam na ruas de Tel Aviv (território copado em 1948) mais essa ação de seu governo carniceiro.

Assim escreveu o jornalista Ramón Pedregal Casanova em seu artigo no site Rebelion: “ ¿Hay algo que nos duela más que una persona justa asesinada? ¿Hay crimen más ominoso que el cometido contra personas solidarias con los desprotegidos? ¿Hay un crimen peor que asesinar a quienes piden a los organismos internacionales que cumplan y hagan cumplir el Derecho Internacional?

Lamentavelmente há ainda algo pior do que isso que é ver a maioria de uma população comemorando nas ruas esse tipo de crime contra humanidade. Ver um povo inteiro sofrer a limpeza étnica, o Holocausto e ter suas terras usurpadas sob o pretexto amoral de uma dívida divina é uma prova contundente da crise moral do sistema capitalista.

A luta do povo palestino encontra-se numa encruzilhada. Apesar da força que renasce mais forte em cada geração, desde 1948, e que mantém acesa a chama da resistência; apesar da luta cotidiana travada em todos os níveis na Palestina Histórica , vencer o inimigo fascista exige mais que o confronto dentro da Palestina. Para vencer o Estado Fascista é necessário que o conjunto dos povos estejam empenhados nessa tarefa, por isso o exemplo dos bravos militantes da Flotilla deve ser visto como uma esperança , mais que isso , uma orientação a ser seguida. Todos juntos e muita unidade para vencer o inimigo fascista!

Foi com esse espírito que o Comitê de Solidariedade à Luta do Povo Palestino do Rio de janeiro realizou uma manifestação que contou com a presença expressiva de todas as entidades do movimento social e político e com a simpatia da população presente na Cinelândia durante o ato.

Por Stela Santos e Beth Monteiro

segunda-feira, 7 de junho de 2010


ATO DE REPÚDIO A ISRAEL
ATO DE REPÚDIO A ISRAELDIA 8 DE JUNHO -
A PARTIR DAS 15 HORAS NA CINLELÂNDIA
Pela Palestina Livre, laica e democrática
Pelo fim do massacre contra o Povo Palestino
E pelo fim do cerco a Faixa de Gaza
O Comitê de Solidariedade à Luta do Povo Palestino do Rio de Janeiro convoca todos os internacionalistas, as organizações que compõem o Comitê, as Centrais Sindicais a população do Rio de Janeiro, em geral, para manifestar nosso veemente repúdio diante do brutal e terrorista ataque promovido pelo Estado de Israel contra a flotilha internacional de solidariedade ao Povo Palestino.
Israel chocou o mundo pela brutalidade e covardia com o assassinato de dezenas de pacifistas de diversas nacionalidades que se solidarizaram contra o bloqueio a Gaza. A mesma brutalidade e covardia que emprega há 62 anos contra o povo palestino para usurpar suas terras, culturas e vidas.
Nesse sentido, convocamos todos os movimentos sociais para manifestar sua indignação no Ato Público na Cinelândia no dia 08 de junho de 2010 (terça-feira).
Data: 08/06/2010 Horário: 15 Local: Cinelândia (Centro do RJ)
POR UMA PALESTINA LIVRE, LAICA E DEMOCRÁTICA
Pela Libertação de Todos os Territórios Árabes ocupados por Israel
Pelo fim do Bloqueio de Israel a Faixa de Gaza
Pela condenação de israel pelos crimes de Guerra de Israel
Comitê de Solidariedade à Luta do Povo Palestino do Rio de Janeiro


sexta-feira, 4 de junho de 2010

PARA TODAS AS PESSOAS AMANTES DA PAZ NO MUNDO

Do Comité BRussells Tribunal
*Lamentamos as mortos e expressamos a esperança e a solidariedade para com os feridos.
*O cerco é uma maneira de matar lentamente. É uma atrocidade que se iguala ao genocídio.
* Impunidade de Israel é uma ameaça para todos
*a inação é cumplicidade e uma traição à humanidade
*Nós declaramos que 700 almas corajosas, de 50 países representam algo real que a propaganda israelense não pode apagar
Mesmo para os olhos queimado de tanto testemunhar o sofrimento humano, há algo chocante, algo inacreditável na ação irracional de soldados israelenses, armados e com máscaras de gás, de helicópteros para atacar um navio cheio de civis - jornalistas, parlamentares, ativistas de direitos humanos, mães, médicos - que se dirigiam para Gaza para romper o cerco desumano que mantém 1,5 milhão de pessoas em algum lugar entre a vida e a morte.
O Marmara Mavi, transportava a maioria dos ativistas da Flotilha de ajuda humanitária,dele voava uma bandeira branca: um símbolo universal da não-violência. Agitava-se também a bandeira da Turquia, em águas internacionais, dando-lhe status de uma extensão de soberania da Turquia. Independentemente disso, Israel atacou. Por que não lutar contra Israel? Sua existência ou a continuação de um regime de punição coletiva calculado para destruir os palestinos? Ou são estes a mesma coisa? Mortos: 10. Feridos: 60. Quem deu a ordem? A NATO vai reagir ao ataque a um dos seus membros?
• Assassinato público
O direito a existir não pode ser afirmado através de assassinato. A aceitação de Israel nas Nações Unidas foi - em 1948 - condicionado ao reconhecimento da igualdade de direitos dos árabes, em particular o direito de regresso dos palestinos. Não só Israel impediu o regresso dos refugiados, como assumiu pela força, em 1967,ocupando o restante da Palestina histórica. Desde a fundação até agora temos assistido a uma lista interminável de atrocidades israelenses. Por essas inúmeras atrocidades, Israel perdeu qualquer pretensão de legalidade , transformando-se em um estado que se recusa a aderir ao Tratado de Não-Proliferação Nuclear ou a considerar a desistência de suas armas nucleares.
Gaza é a maior prisão do mundo a céu aberto e o campo de concentração, não declarado, do século 21. Todo mundo sabe disso. A ONU sabe disso. O presidente E.U. sabe disso. Dezenas de milhares de funcionários públicos em países em todo o mundo sabem disso. O cerco é uma maneira de selar a saídas e de matar lentamente. É uma atrocidade que se iguala ao genocídio. Aqui cada homem e cada mulher tem o dever moral: a inação é cumplicidade e uma traição à humanidade. Todos os direitos estão com aqueles que tentam acabar com esta situação, por qualquer meio.
A Flotilha da Liberdade foi essa tentativa: é uma recusa ao sofrimento desumano. Seu simbolismo é mais poderoso do que qualquer outra marinha. Como tal, continua a ser o que era quando iniciou sua viagem: um sinal do colapso do bloqueio. Se anteriormente os navios solitários tentaram chegar à Gaza, agora eles iam em grupos. Outros mais virão. Quando mil navios estiverem no mar, o que Israel fará?
• Israel em julgamento
Israel perdeu a batalha pela opinião pública internacional há muito tempo. Ninguém pode esquecer o sofrimento absurdo de uma população cativa no último massacre de Israel em Gaza. Quem pode esperar convencer Israel, agora?
- Nós condenamos o bloqueio ilegal, imoral e desumano em Gaza, e todos os que o sustentam - Nós condenamos Israel
- Nós condenamos o ataque brutal de Israel contra os ativistas da paz em águas internacionais.
-Nós declaramos que 700 almas corajosas, de 50 países, representam algo real que a propaganda israelense não pode apagar
- Nós lamentamos as mortos e expressamos a esperança e a solidariedade para com os feridos. Exigimos de Israel a libertação de todos os ativistas detidos
- Pedimos a todas as instituições internacionais - incluindo a ONU, a UE e as agências de direitos humanos e organizações
- que se declarem de forma inequívoca a esta última atrocidade israelense e que trabalhem para acabar com a impunidade de Israel
- Exigimos um tribunal internacional para julgar todos os crimes de Israel, o passado e o presente. Pedimos que a Assembléia Geral das Nações Unidas encaminhe um pedido ao Tribunal Internacional da Justiça para emitir um parecer sobre a legalidade de Israel dentro do Sistema das Nações Unidas,dado o seu desrespeito sistemático e grosseiro ao direito internacional e autoridade moral
- Apoiamos todos os esforços por todos os meios para libertar o povo de Gaza a partir de sua prisão e seu sofrimento, incluindo sanções e desinvestimento contra Israel, um boicote geral, e o boicote - por federações de trabalhadores
- de todos os navios indo e vindo de Israel - Conclamamos à s pessoas todos os lugares a expressarem sua solidariedade para com os mortos e feridos, e com os palestinos sob a ocupação, em expressões de indignação local onde ele for considerado útil.
-Apelamos a todas as associações, sindicatos, parlamentares, profissionais e outros a subscreverem este apelo e suas demandas. Por favor, distribua e aja a partir dele.
Comité BRussells Tribunal
Por favor, faça circular esse apelo
Para mais informações contatar: info@brusselstribunal.org
Atenciosamente,
Ver lista de abaixo assinado
http://brusselstribunal.org