quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

SUPOSTA "MILITANTE" SÍRIA ELOGIADA EM SITIO DAS FORÇAS ARMADAS DOS EUA !? O que pode significar isso?


Abaixo trecho do texto " Na Trincheira do Inimigo" onde é feita a denúncia da estratégia de manipulação do imperialismo e a conivência de setores da esquerda mundial.


SUPOSTA "MILITANTE" SÍRIA ELOGIADA  EM SITIO DAS
 FORÇAS ARMADAS  DOS EUA !? O que pode significar isso?
Por Maristela R Santos Pinheiro - Cientista Social

No Brasil, uma dessas organizações abriu espaço em seu sítio e nos sindicatos no qual dirige para uma suposta "rebelde" síria. Uma mulher chamada Sara Al Suri  que conta uma estória redondinha, a mesma que lemos no Globo. Essa mulher tem um espaço na mídia que o companheiro Latuf,  militante da causa palestina, não tem;  ou mesmo os grupos da comunidade síria identificados com a luta antimperialista e antisionista em seu país, não tem. Os movimentos sociais contra a remoção, as vítimas da violência policial, enfim, nada , nem nenhuma luta social, do interesse da classe trabalhadora, em nosso país,  tem o poder midiático desta mulher síria.
Ela surge no Brasil pronta e preparada  para dar entrevistas e fazer discursos redondinhos sobre a importância de apoiarmos os mercenários que querem destruir o Estado laico da Síria e transformá-lo  num domínio do grupo pró sionista  chamado Irmandade Muçulmana. E , ainda afirma que se a Síria for destruída e o governo antimperialista cair, isso facilitará a vitória da Palestina Livre!!!??? 

Como, cara pálida,  que os aliados do sionismo, uma vez no governo da Síria, irão manter a ajuda que a  Síria dá atualmente aos militantes palestinos?Afinal, é  neste Estado laico, sob o governo de Bashar Al Assad, apoiado pela esmagadora maioria de seu próprio povo, que as diversas facções e braços armados das organizações palestinas recebem treinamento militar e armas para libertar a Palestina da ocupação sionista. A derrota da Síria para os EUA e Israel, será a derrota da resistência pan-árabe e da maioria do povo sírio contra o que há de mais fascista e atrasado no Mundo árabe, expressos no grupo político da Irmandade Muçulmana. Por tabela, será a derrota da luta pela Palestina Livre, que como disse um amigo palestino, militante e simpatizante da Fatah, "O custo da derrota Síria será o de voltar,  no mínimo, 50 anos para trás em nossa luta."

Esta suposta síria, agente "humanitária e da democracia", omite o fato que grande parte das forças de resistência palestina estão perfiladas na unidade ao lado do povo da Síria em defesa da soberania e independência do Estado sírio e do pan-arabismo, desde o início das tentativas de desestabilizar o governo e impor , de fora, um golpe de Estado.  A maior prova disso aconteceu em Yarmouk.

Nas últimas semanas do ano, em dezembro de 2012, os mercenários armados até os dentes entraram no Campo-cidade de Yarmouk, cidade/campo de refugiados palestinos na Síria, desde 1948, com o objetivo de fazer ali  uma carnificina,  mas foram surpreendidos pelos combatentes da  FPLP- CG que bravamente entraram em luta mortal, lado a lado com o Exército Árabe da Síria, para defender o povo e acabar com as intenções do famigerado e terrorista  ELS de fazer do campo uma base contra o Estado sírio. 

O fato grave não é tanto o surgimento dessa mulher e sua estorinha redondinha isso faz parte da luta de classes, mas  o mais grave é que um grupo de esquerda, no Brasil,  não está somente apoiando politicamente a estratégia imperialista, com esta atitude, está promovendo a manipulação direta das massas, em unidade de ação com o imperialismo/sionismo. Não é a VEJA que está levando  uma agente "humanitária" a manipular nosso povo, é um partido de esquerda!

Alguém poderia dizer: Não há exagero nisso? Pois bem, camaradas, vamos aos fatos

O vídeo/conferência da tal Sara  foi encontrado no sitio das Forças Armadas dos EUA e, imediatamente, após ter encontrado, militantes postaram a denuncia no Facebook  Uma semana após a denúncia, feita no Brasil, o vídeo foi tirado do ar. Por sorte, copiamos algumas fotos do sítio,  postadas abaixo, já prevendo que fariam isto. Imaginem que as Forças Armadas imperialistas iriam querer atrapalhar o trabalho da agente Sara, sua aliada. 

Denúncia e fotos postados no Facebook em 24 de dezembro:

"Ao mesmo tempo em que PRESTA HOMENAGEM ÀS FORÇAS FEMININAS DA IDF - Exército de Israel- em um vídeo intitulado " Quem não gosta das mulheres da IDF" o site "Military .com." das FORÇAS ARMADAS DOS EUA, ELOGIA  SARA AL SURI, que se reivindica ativista síria e explica ao site o que está acontecendo na Síria. Quem quiser conferir veja em :http://www.military.com/
http://www.military.com/video/operations-and-strategy/battles/female-syrian-rebel-talks-conflict/1969156851001/




A primeira foto, tirada do site Millitary.com (EUA), é de uma soldado judia do exército sionistas. Como era de se esperar de um sitio das Forças Armadas do imperialismo, este tem inúmeras matérias  onde exaltam a força e determinação do Exército de Israel e de suas belas soldados. A foto da direita  foi copiada do vídeo da suposta "ativista" síria publicada amplamente na Internet. 

A foto abaixo foi copiada da página inicial do Military.com (EUA) : A primeira imagem é da Campanha  de recrutamento do Exército dos EUA, logo abaixo vem a chamada do vídeo da "rebelde" síria. 




Aumentamos o tamanho da foto para que todos vejam o nome do sito indicado pela seta azul.
Na primeira semana do ano, uma semana após a denúncia ter circulado no facebook o vídeo foi tirado do ar, vejam:


Lamentamos, a página solicitada não pode ser encontrado. tente uma das seguintes opções: Utilize a caixa de pesquisa para encontrar o vídeo você está procurando ou check-out Military.com 's vídeos mais populares e vídeos em destaque . Military.comEntretenimento : Encontre o mais recente em filmes, jogos e muito mais! Confira os Mapa Entretenimentopara mais. Military.com Home Page : Confira alguns dos outros recursos em Military.com Military.comMapa : Olhando para uma página específica ou tópico? Experimente o nosso mapa do site. 

As denúncias não param por aí:
Canadense se alista no exército mercenário e diz que serão leais à Israel


Outra denúncia que desmascara a estratégia dos agentes"humanitários e democráticos", que se dizem preocupados com o povo sírio e com os palestinos,  foi publicada no insuspeito (sionista) Jornal israelense Yane news, em novembro de 2012 , onde o jornalista exalta o perfil   de uma mulher síria identificada como "rebelde" de nome Thabia Qanfani, que vivia no Canadá e se "juntou" ao  mercenário exército livre,  fala abertamente, sem travas na língua, que "Israel vai se beneficiar de nos apoiar" solicita que "Israel deve nos apoiar na luta contra Assad"e que"vamos cooperar com o diabo se ele ajudar nossa causa".
O Jornal conclui assim: " Qafani diz que os membros da oposição síria e civis que ela conheceu ""todos dizem a mesma coisa. Nós não somos inimigos de Israel e não vamos prejudicá-lo, ... podemos vir a ser mais leais a Israel do que Assad e seus comparsas."" 
A entrevista completa pode ser lida em http://www.ynetnews.com/articles/0,7340,L-4318384,00.html 

Para terminar, e confirmando nossas preocupações sobre a gravíssima crise dos valores marxistas e leninistas de um pequeno setor da esquerda mundial, reproduzimos abaixo um trecho do discurso de um dirigente da LIT por ocasião de um ato comemorativo:

"O final do ato ficou por conta de Angel Luís Parras, o Cabeças, da direção do Corriente Roja da Espanha e da LIT. "A situação atual é muito complicada, mas muito apaixonante", afirmou."Temos assistido a explosão das revoluções do Norte da África e Oriente, fruto da crise econômica e ascenso popular, mas também fruto dessa mudança que foi o fim do aparato estalinista. Submetidos à miséria e à ditadura, os povos irromperam o cenário político", citando a crise na Europa e as revoluções do Norte da África.
Cabeças atacou a posição de grande parte da esquerda e do castro-chavismo, de apoio ao ditador Assad na Síria." 


Esse trecho do discurso é esclarecedor , em todos os sentido: A caracterização de que na Líbia (África)  houve explosões revolucionárias e sua origem é a crise econômica, ascenso popular e claro, o fim dos "stalinistas". Na Líbia, em primeiro lugar, não havia crise econômica,  em segundo,  não houve nenhuma manifestação ou processo de organização de manifestações de massa, ou da classe trabalhadora e, em  terceiro, não havia nem organizações stalinistas, nem partidos comunistas desde o início da era Kadafi, mas ONGs , muitas, e redes sociais dirigidas desde o exterior. Além disso, o dirigente da LIT esqueceu de falar em seu discurso,  a única explosão  sentida pelo povo líbio não foi a revolução, e sim a explosão de toneladas de bombas da OTAN , massacrando as conquistas do povo e o próprio povo líbio (mais de 50 mil mortos). Em seu afã de provar que havia uma revolução onde, na verdade, acontecia uma contra revolução,  esqueceu também de contar que grupos de mercenários estupraram todas as mulheres que viam pela frente.  Devo dizer , que este foi um insignificante esquecimento na lógica  desses grupos.

O dirigente faz uso dos famosos e já rotineiros rótulos do tipo:  stalinistas,  castro-chavistas,  ditador Assad, sempre muito utilizados pelos que  reduzem e desejam  descartar a discussão, por que desqualifica de imediato uma opinião contrária, ou um debate franco para se chegar à compreensão dos processos ricos e complexos da realidade, não para nos gabarmos em discursos estéreis da academia, e sim  para melhor intervir na realidade, afim de transformá-la. Entretanto, neste caso, lamentavelmente, o mais importante é a disputa dos aparatos e a superfície das análises e discussões.

Quero terminar essa contribuição ao debate sobre a crise política e  moral  refletida na prática do internacionalismo proletário de parte da esquerda mundial reproduzindo o final do discurso do dirigente da LIT, onde afirma a unidade com o imperialismo e expõe uma tentativa grotesca de falsear a história com comparações escandalosamente inapropriadas historicamente:

 "Dizem que há uma unidade de ação entre os rebeldes e o imperialismo. Mas claro que houve. A mesma unidade de ação que houve no desembarque dos aliados na Normandia e os partisanos contra Mussolini".
"Neste ato, queremos enviar uma saudação a nossos detratores: sigam convocando atos em defesa de Assad, pois a LIT continuará na resistência" provocou Cabeças. (texto completo pode ser encontrado no sítio dessa organização internacional)

Afirmam que continuarão na "resistência", leia-se: continuarão mantendo a unidade com o imperialismo contra o povo sírio, contra as massas árabes e o pan-arabismo, contra o bloco antimperialista e contra a Palestina Livre! Tudo, claro em, nome dos valores democráticos burgueses.

Por sorte, uma parcela significativa da esquerda mundial, a mesma que está comprometida em fazer o balanço dos muitos erros cometidos pelos soviéticos, e os próprios, em seus países de origem, está  tentando a duras penas manter o timão apontado para o marxismo-leninismo.

De nossa parte , vamos insistir na análise marxista da realidade, vamos insistir na posiçãoque nos dê a chance de alterar a realidade para ficar a nosso favor, a favor dos trabalhadores,  nunca contra e nunca em unidade com o inimigo!

Viva o povo da Líbia que resiste contra a barbárie prometida!

Viva a unidade do povo sírio , sua autodeterminação e soberania do Estado laico!


Viva a Palestina Livre!


Viva a unidade e a luta  pan-arábica contra o imperialismo, o sionismo, a OTAN, a UE !  

~

Síria discute medidas para garantir o retorno das famílias à Síria, em segurança






30 de janeiro de 2013

Damasco, SANA

O Comitê responsável por supervisionar o retorno de cidadãos sírios refugiados, que foram forçados pelas circunstâncias a deixar suas casas e aldeias e procurar refúgio no exterior, realizou sua primeira reunião na quarta-feira quando examinou os procedimentos e medidas administrativas e logísticas necessárias para garantir  o  regresso em segurança ao lar.

Durante a reunião, que foi presidida pelo Ministro de Estado responsável pelo Crescente Vermelho Árabe Sírio, Joseph Sued, foram estudadas formas de facilitar o retorno dos cidadãos deslocados através de dos postos fronteiriços, e da necessidade de proporcionar habitação dignas e outras necessidades básicas para os cidadãos sírios que irão retornar.

O ministro Sued afirmou  que o Crescente Vermelho da Síria montou  equipes de trabalho para se comunicar com as famílias sírias que estão nos países vizinhos, a fim de informá-los sobre  as medidas de segurança adotadas para  regresso e  verificar a melhor forma de providenciar as reivindicações e exigências dessas famílias.

Em breve será comunicado o mecanismo e a metodologia que será adotada afim de garantir e agilizar a comunicação entre a Comissão e as famílias  que desejam retornar.

Fady Marouf, Lynn A.

Postado do: http://sana.sy/spa/212/2013/01/30/464661.htm

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Siria denuncia agressão militar de Israel em Damasco

NA TRINCHEIRA DO INIMIGO

A crise política e ética de uma parcela da esquerda mundial

 As posições políticas alinhadas com o imperialismo não podem mais  ser tratadas como diferenças táticas,  a crise com os valores marxistas/leninistas de certos setores da esquerda mundial está tomando proporções assustadoras e criminosas, que afetam a correlação de forças na luta de classe, na medida que manipula um setor importante da vanguarda e da juventude com suas posições contaminadas pelo inimigo, e afetam, sobremaneira,  a prática da solidariedade internacionalista à luta dos povos oprimidos contra o capital e o imperialismo. Em particular, afeta, no Oriente, sobretudo, à luta pela Palestina Livre.  

Por Maristela R. Santos Pinheiro - Cientista Social
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------
TRADUÇÃO: Nós estamos prontos para ajudar, se vocês quiserem

Todo militante da causa palestina sabe que se dependesse da mídia corporativa, ou das ONGs a verdadeira situação do povo palestino, os 64 anos de crimes de guerra, o cotidiano dramático  da ocupação, a história da própria formação da entidade sionista, o significado ideológico do sionismo e a história de todos os movimentos de resistência da Palestina ocupada estariam, ainda, sem a devida compreensão que hoje uma grande parcela tem deste enfrentamento covarde e criminoso. 

Essa consciência da dura realidade da luta palestina foi uma construção dos partidos identificados com o internacionalismo proletário. Essas organizações  tiveram  papel fundamental na organização da solidariedade internacionalista espalhadas pelo mundo.

Aqui no Brasil, por exemplo, mesmo durante a Ditadura Militar, no final da década de 70, os militantes das organizações de esquerda, do Rio de Janeiro, organizaram um Comitê  pelo Reconhecimento da OLP,  e apesar da clandestinidade, os comunistas, juntos com outras organizações, se esforçavam por um contato com os lutadores palestinos e participavam  ativamente  pelo reconhecimento da organização árabe/palestina. 

No entanto, temos observado  o grave afastamento de uma parcela da "esquerda" do internacionalismo proletário, cuja base marxista  sempre foi fundamental para correta análise da realidade, considerando seu movimento em sua complexa totalidade, historicamente determinada e daí tomar as decisões e posições, aquelas que mais favorecerão as nossas posições  e, enfraquecerão ou fragilizarão as do inimigo de classe e seus aliados.  Talvez esse fenômeno seja ainda reflexo ou eco da derrocada soviética e de um balanço ainda não totalmente apurado e enfrentado da derrota histórica do movimento operário internacional e da consequente abertura de espaço para o fortalecimento da ideologia do inimigo de classe.

Quando a OTAN, representante de 28 Estados "democráticos", lançou  toneladas de bombas sobre a antiga Iugoslávia nos Bálcãs, ficou patente e exposta a crise da esquerda com os valores marxistas/leninistas. Muita gente boa e organizações caíram na cantilena americana da "responsabilidade de proteger", da "campanha humanitária" e na campanha de "criminalização do inimigo atacado"e, ainda na "ingenuidade" do "fogo amigo" . O imperialismo, através da OTAN, com o apoio incondicional da UE,  conseguiu, depois de massacrar, assassinar e derramar muito sangue, fragmentar o Estado em diversos e pequenos cinturões étnicos, dos quais consegue , com muita facilidade, extrair riquezas naturais  e explorar a mais valia:    Servia,  Montenegro, Kosovo, Eslovena, Macedônia, Croácia, Bósnia e Herzegovina.  Durante muito tempo depois, velhos militantes iugoslavos  denunciavam exaustivamente que organismos dos direitos humanos e  ONGs especializada em democracia haviam proliferado no país, algum tempo antes dos acontecimentos, para  nutrir  a ideologia pró- imperialista e arregimentar grupos mercenários e esquadrões da morte que fomentavam as provocações entre as etnias, que até então, sempre viveram juntas e sem problemas. Poucas organizações da esquerda lhes davam  ouvidos, seja na Europa, ou América Latina. Muita gente boa entorpecida com o fim da URSS e outras gentes  felizes  pela  "democracia" ter voltado aos países socialistas, como a Iugoslávia.

Talvez tenha sido este o primeiro grande teste para aferir os valores internacionalistas de solidariedade proletária que tínhamos conseguido, ou não, manter e assegurar dos destroços. Por óbvio, os sinais de mudança e crise estavam no horizonte das diversas tradições da esquerda, mas apesar deste ser um tema apaixonante para o debate,  este não é o tema desse texto. Seu objetivo é muito mais simples, queremos contribuir para por fim à forma hipócrita que  estamos lidando com esses visíveis e lamentáveis sinais de retrocesso e deformação.  

Não podemos mais tratar posições políticas alinhadas com o imperialismo como diferenças táticas, quando são problemas estratégicos e de princípios; queremos enfatizar e denunciar  que a crise com os valores marxistas/leninistas de certos setores da esquerda mundial está tomando proporções assustadoras e criminosas, que afetam a correlação de forças na luta de classe, na medida que manipula um setor importante da vanguarda e da juventude com suas posições contaminadas pelo inimigo, e afetam, sobremaneira,  a prática da solidariedade internacionalista à luta dos povos oprimidos contra o capital e o imperialismo. Em particular, afeta, no Oriente, sobretudo, à luta pela Palestina Livre.

No Brasil,  a ocupação do Iraque  motivou a última história de unidade na luta internacionalista das diversas organizações de esquerda, que se perfilaram contra a invasão do Iraque e pela soberania de seu povo. Nesta invasão militar, os EUA colocaram em movimento sua tradicional campanha de "criminalização do inimigo atacado" , a "campanha humanitária" e a sua "responsabilidade de proteger", mas, em que pese a reação da esquerda, ter sido débil , fraca e pontual, longe de expressar a tradição bolchevique,  é inegável e positivo que foi uma reação contrária às campanhas imperialistas/sionistas.  

Nestes 10 anos de ocupação, os norte americanos utilizaram bombas de nêutrons empobrecido, última variante da bomba atômica; assassinaram mais de 1 milhão de iraquianos; ainda derramaram duas bombas nucleares: uma em Faluja e outra em Bora Bora, no Afeganistão. No entanto, grande parte da esquerda, nestes 10 anos, ignorou a estratégia geopolítica e militar americana, ignorou , da mesma forma, a resistência debilmente armada que Faluja sustentou durante muito tempo. Pouco se importou com a estratégia dos exércitos  mercenários, ou com as bombas de nêutrons, ou com as corporações privadas paramilitares sionistas que implantavam a "democracia" no Iraque.  Claro, houve textos em sítios e artigos em jornais , como há missas aos domingos.

A esse comportamento frouxo, com relação a solidariedade internacionalista, adicionamos as  aberrações nas  análises políticas dos mais variados matizes:  reducionismos primários, teorias economicistas e liberais "pós-modernos";  unidades inusitadas, por exemplo com as ONGs, em particular de Direitos Humanos e pró-democracia; uma aproximação fervorosa com a ideia da democracia como valor universal, o foco nas questões imediatas e de grupos específicos, tendencias às lutas fragmentadas com pautas próprias e as famosas políticas de identidade.

Enquanto parte das organizações de esquerda se afasta  dos valores internacionalistas de Marx e Lenine,  a crise sistêmica do capitalismo o leva a seguir, com mais vigor, sua estratégia expansionista de tomar posse das riquezas do planeta. No Oriente, isso significa expandir sua ocupação "democrática" para além das fronteiras de Israel,  e dos Emirados Árabes, completar a limpeza étnica da Palestina, manter o domínio sobre o Egito, onde tem a classe operária mais importante do Mundo Árabe  e aumentar a exploração da mais valia das massas árabes. Para isso necessita destruir o bloco  de resistência pan-árabe, sustentado pelo trio Hezbollah, Síria e Irã e , concomitante,  fortalecer e se aliar ao que tem de mais atrasado  e pró-sionista, a Irmandade Muçulmana.

A destruição do Estado líbio e o massacre de seu povo pela OTAN, foi um marco na mudança de paradigmas de parte da esquerda mundial.  

Na Líbia e na Síria, o  papel da Irmandade, aliada privilegiada para esta estratégia , foi, e ainda é, especialmente militar. Financiada pela Arábia Saudita, Qatar e com a ajuda técnica da Turquia, a Irmandade construiu um exército de  mercenários, cuja base social é a escória, o lumpesinato e os fundamentalistas mais atrasados do Islã, recrutados pelo mundo. Na Líbia, esse exército de mercenários só conseguiu dar o golpe de Estado, depois que a OTAN massacrou o país pelo ar.

Com a ajuda da mídia, ONGs, Organismos Internacionais de Direitos Humanos e certas organizações , o imperialismo  pôs em marcha, primeiro na Líbia e desde março de 2011, na Síria, uma operação de surfar e manipular os protestos pacíficos e reais da população destes países, logo no seu início, para em seguida introduzir armas e mais mercenários e mudar completamente a natureza  e a composição social destas "agendas". Esta não é uma nova estratégia. Esquadrões da morte para fomentar  violência sectária, ou destruir organizações insurgentes foram plantados pelos serviços secretos imperialistas, em diversas ocasiões históricas, por exemplo em El Salvador, os contra da Nicarágua, os  mercenários mujahedeen no Afeganistão, os paramilitares da Colômbia, e os esquadrões de terror para o Iraque, só para citar alguns.

A tragédia na Líbia, chamada criminosamente de "revolução popular" por setores da esquerda, passado um ano, não tem nada de revolução e de popular: é o caos e a desgraça para o povo líbio, vítima da barbárie e do atraso instalado nas ruas pela escória mercenária e pelo governo títere da Irmandade Muçulmana. A população que se gabava de ter o melhor IDH da região, voltou a idade do tacape, literalmente.

Para a Síria, a estratégia foi muito parecida, mas a situação não está exatamente como o imperialismo/sionismo desejava: A Síria resiste, resiste e resiste! Por um principal e inequívoco motivo: a unidade e determinação do povo sírio pela defesa de sua soberania e autodeterminação. O povo sírio luta pelo seu  Estado laico e antimperialista. Essa é a poderosa força que impede a Síria de ser destruída e voltar, como a Líbia, um século no tempo. 

Entretanto,  setores da esquerda resolveram caracterizar  os mercenários de revolucionários, ONGs e Mídias corporativas  de fontes de informação do QG da Comissão Revolucionária  e grupos pequenos burgueses das redes sociais de soviets da revolução.  Bom, daí assumir a unidade  militar com o imperialismo em nome da "democracia", não precisa nem pular, é o passo seguinte e assim tem sido. 

Quem está apontando armas para o povo sírio e praticando atos de terrorismo  não é o Exército Árabe da Síria, são os mercenários, os esquadrões da morte da Irmandade Muçulmana, chamado de exército livre da Síria (ELS),  com quem parcela da esquerda faz unidade e chama o envio de armas. Eles estão sendo armados pela França, pelos EUA, Arabia Saudita, Turquia e Israel, e têm o aparelho militar da OTAN ao seu lado, não necessitam desta "solidariedade".


A vertente de esquerda que comemorou como vitória a queda da União Soviética, quando deveria ajudar no balanço dos erros cometidos que levaram a derrota da classe operária mundial; que diz que Cuba é uma ditadura castrista, por que o sistema democrático cubano é socialista e dirigido por Fidel, por quem nutrem um ódio sem igual, enfim, essa esquerda,  que na Colômbia  rotula a guerrilha das FARCS de reformista, e na Venezuela faz manifestações em unidade com a direita, se uniu militarmente ao imperialismo sob a bandeira do fascista Rei  Idris e chamou esse movimento de revolução popular na Líbia. Essa "esquerda" fez campanha chamando o envio de armas para os "rebeldes" líbios, quando nem isso os mercenários bem armados da OTAN precisavam; se  pauta pelas informações de observatórios de Direitos Humanos, pela mídia corporativa e por ONGs implantadas nos territórios dos países como braços dos serviços de  inteligencia . Esta parcela da esquerda  se uniu aos "rebeldes" que são assumidamente descritos pelos próprios Estados agressores, como mercenários ligados a Al Qaeda. Na Síria, não estão fazendo diferente, estão juntos com o imperialismo no terreno militar.

O que se passa com esses grupos? Considerando que muitos deles vêm de uma tradição que se construiu como alternativa crítica à degeneração da burocracia soviética , essa nova postura é de se espantar! 

A primeira coisa que vem à mente é que esses grupos foram picados pelo mesmo veneno  que historicamente foi a origem da burocratização soviética e sua posterior derrota para o capital, ou seja abandonaram de vez os princípios do marxismo revolucionário.

Construíram seus alicerces e suas identidades tão presos à crítica pontual e à preocupação de  rotular os "inimigos" da própria classe, que se perderam, ou se cristalizaram no pequeno instante, no alienante momento focado, e não conseguem se localizar nos movimentos reais, complexos, dinâmicos e históricos, em tempos de mudanças rápidas e vitórias dos inimigos de classe, da outra classe.  Em muitos países, esses grupos mal conseguem  sustentar um compromisso de unidade para lutar, com outras correntes e tradições porque, como alguns grupos religiosos fundamentalistas, só acreditam  em suas almas abençoadas e purificadas, e sustentam, miticamente e metafisicamente, uma fé de que a revolução nos espera na próxima esquina, logo, para que tanto energia gasta com a unidade.

Essa forma mecanicista de analisar a realidade está anos luz do marxismo revolucionário e passa longe da compreensão da totalidade e da complexidade  dos fenômenos históricos e sociais no contexto da luta de classes.

Não me leve a mal: Essa esquerda cuja principal base social em todo o  mundo é a pequeno burguesia não é, hoje, exatamente marxista, não porque são pequenos burgueses, mas por que agem e pensam como tal.

SUPOSTA "MILITANTE" SÍRIA ELOGIADA  EM SITIO DAS
 FORÇAS ARMADAS  DOS EUA !? O que pode significar isso?

No Brasil, uma dessas organizações abriu espaço em seu sítio e nos sindicatos no qual dirige para uma suposta "rebelde" síria. Uma mulher chamada Sara Al Suri  que conta uma estória redondinha, a mesma que lemos no Globo. Essa mulher tem um espaço na mídia que o companheiro Latuf,  militante da causa palestina, não tem;  ou mesmo os grupos da comunidade síria identificados com a luta antimperialista e antisionista em seu país, não tem. Os movimentos sociais contra a remoção, as vítimas da violência policial, enfim, nada , nem nenhuma luta social, do interesse da classe trabalhadora, em nosso país,  tem o poder midiático desta mulher síria.
Ela surge no Brasil pronta e preparada  para dar entrevistas e fazer discursos redondinhos sobre a importância de apoiarmos os mercenários que querem destruir o Estado laico da Síria e transformá-lo  num domínio do grupo pró sionista  chamado Irmandade Muçulmana. E , ainda afirma que se a Síria for destruída e o governo antimperialista cair, isso facilitará a vitória da Palestina Livre!!!??? 

Como, cara pálida,  que os aliados do sionismo, uma vez no governo da Síria, irão manter a ajuda que a  Síria dá atualmente aos militantes palestinos?Afinal, é  neste Estado laico, sob o governo de Bashar Al Assad, apoiado pela esmagadora maioria de seu próprio povo, que as diversas facções e braços armados das organizações palestinas recebem treinamento militar e armas para libertar a Palestina da ocupação sionista. A derrota da Síria para os EUA e Israel, será a derrota da resistência pan-árabe e da maioria do povo sírio contra o que há de mais fascista e atrasado no Mundo árabe, expressos no grupo político da Irmandade Muçulmana. Por tabela, será a derrota da luta pela Palestina Livre, que como disse um amigo palestino, militante e simpatizante da Fatah, "O custo da derrota Síria será o de voltar,  no mínimo, 50 anos para trás em nossa luta."

Esta suposta síria, agente "humanitária e da democracia", omite o fato que grande parte das forças de resistência palestina estão perfiladas na unidade ao lado do povo da Síria em defesa da soberania e independência do Estado sírio e do pan-arabismo, desde o início das tentativas de desestabilizar o governo e impor , de fora, um golpe de Estado.  A maior prova disso aconteceu em Yarmouk.
 Leia aqui : http://somostodospalestinos.blogspot.com.br/2012/12/declaracao-da-fplp-cg-sobre-o-ataque.html

Nas últimas semanas do ano, em dezembro de 2012, os mercenários armados até os dentes entraram no Campo-cidade dYarmouk, cidade/campo de refugiados palestinos na Síria, desde 1948, com o objetivo de fazer ali  uma carnificina,  mas foram surpreendidos pelos combatentes da  FPLP- CG que bravamente entraram em luta mortal, lado a lado com o Exército Árabe da Síria, para defender o povo e acabar com as intenções do famigerado e terrorista  ELS de fazer do campo uma base contra o Estado sírio. 

O fato grave não é tanto o surgimento dessa mulher e sua estorinha redondinha isso faz parte da luta de classes, mas  o mais grave é que um grupo de esquerda, no Brasil,  não está somente apoiando politicamente a estratégia imperialista, com esta atitude, está promovendo a manipulação direta das massas, em unidade de ação com o imperialismo/sionismo. Não é a VEJA que está levando  uma agente "humanitária" a manipular nosso povo, é um partido de esquerda!

Alguém poderia dizer: Não há exagero nisso? Pois bem, camaradas, vamos aos fatos

O vídeo/conferência da tal Sara  foi encontrado no sitio das Forças Armadas dos EUA e, imediatamente, após ter encontrado, militantes postaram a denuncia no Facebook  Uma semana após a denúncia, feita no Brasil, o vídeo foi tirado do ar. Por sorte, copiamos algumas fotos do sítio,  postadas abaixo, já prevendo que fariam isto. Imaginem que as Forças Armadas imperialistas iriam querer atrapalhar o trabalho da agente Sara, sua aliada. 

Denúncia e fotos postados no Facebook em 24 de dezembro:
"Ao mesmo tempo em que PRESTA HOMENAGEM ÀS FORÇAS FEMININAS DA IDF - Exército de Israel- em um vídeo intitulado " Quem não gosta das mulheres da IDF" o site "Military .com." das FORÇAS ARMADAS DOS EUA, ELOGIA  SARA AL SURI, que se reivindica ativista síria e explica ao site o que está acontecendo na Síria. Quem quiser conferir veja em :http://www.military.com/
http://www.military.com/video/operations-and-strategy/battles/female-syrian-rebel-talks-conflict/1969156851001/




A primeira foto, tirada do site Millitary.com (EUA), é de uma soldado judia do exército sionistas. Como era de se esperar de um sitio das Forças Armadas do imperialismo, este tem inúmeras matérias  onde exaltam a força e determinação do Exército de Israel e de suas belas soldados. A foto da direita  foi copiada do vídeo da suposta "ativista" síria publicada amplamente na Internet.

A foto abaixo foi copiada da página inicial do Military.com (EUA) : A primeira imagem é da Campanha  de recrutamento do Exército dos EUA, logo abaixo vem a chamada do vídeo da "rebelde" síria. 





Aumentamos o tamanho da foto para que todos vejam o nome do sito indicado pela seta azul.
Na primeira semana do ano, uma semana após a denúncia ter circulado no facebook o vídeo foi tirado do ar, vejam:


Lamentamos, a página solicitada não pode ser encontrado. tente uma das seguintes opções: Utilize a caixa de pesquisa para encontrar o vídeo você está procurando ou check-out Military.com 's vídeos mais populares e vídeos em destaque . Military.comEntretenimento : Encontre o mais recente em filmes, jogos e muito mais! Confira os Mapa Entretenimentopara mais. Military.com Home Page : Confira alguns dos outros recursos em Military.com Military.comMapa : Olhando para uma página específica ou tópico? Experimente o nosso mapa do site. 

As denúncias não param por aí:
Canadense se alista no exército mercenário e diz que serão leais à Israel



Outra denúncia que desmascara a estratégia dos agentes"humanitários e democráticos", que se dizem preocupados com o povo sírio e com os palestinos,  foi publicada no insuspeito (sionista) Jornal israelense Yane news, em novembro de 2012 , onde o jornalista exalta o perfil   de uma mulher síria identificada como "rebelde" de nome Thabia Qanfani, que vivia no Canadá e se "juntou" ao  mercenário exército livre,  fala abertamente, sem travas na língua, que "Israel vai se beneficiar de nos apoiar" solicita que "Israel deve nos apoiar na luta contra Assad"e que "vamos cooperar com o diabo se ele ajudar nossa causa".
O Jornal conclui assim: " Qafani diz que os membros da oposição síria e civis que ela conheceu ""todos dizem a mesma coisa. Nós não somos inimigos de Israel e não vamos prejudicá-lo, ... podemos vir a ser mais leais a Israel do que Assad e seus comparsas."" 
A entrevista completa pode ser lida em http://www.ynetnews.com/articles/0,7340,L-4318384,00.html 

Para terminar, e confirmando nossas preocupações sobre a gravíssima crise dos valores marxistas e leninistas de um pequeno setor da esquerda mundial, reproduzimos abaixo um trecho do discurso de um dirigente da LIT por ocasião de um ato comemorativo:

"O final do ato ficou por conta de Angel Luís Parras, o Cabeças, da direção do Corriente Roja da Espanha e da LIT. "A situação atual é muito complicada, mas muito apaixonante", afirmou."Temos assistido a explosão das revoluções do Norte da África e Oriente, fruto da crise econômica e ascenso popular, mas também fruto dessa mudança que foi o fim do aparato estalinista. Submetidos à miséria e à ditadura, os povos irromperam o cenário político", citando a crise na Europa e as revoluções do Norte da África.

Cabeças atacou a posição de grande parte da esquerda e do castro-chavismo, de apoio ao ditador Assad na Síria." 

Esse trecho do discurso é esclarecedor , em todos os sentido: A caracterização de que na Líbia (África)  houve explosões revolucionárias e sua origem é a crise econômica, ascenso popular e claro, o fim dos "stalinistas". Na Líbia, em primeiro lugar, não havia crise econômica,  em segundo,  não houve nenhuma manifestação ou processo de organização de manifestações de massa, ou da classe trabalhadora e, em  terceiro, não havia nem organizações stalinistas, nem partidos comunistas desde o início da era Kadafi, mas ONGs , muitas, e redes sociais dirigidas desde o exterior. Além disso, o dirigente da LIT esqueceu de falar em seu discurso,  a única explosão  sentida pelo povo líbio não foi a revolução, e sim a explosão de toneladas de bombas da OTAN , massacrando as conquistas do povo e o próprio povo líbio (mais de 50 mil mortos). Em seu afã de provar que havia uma revolução onde, na verdade, acontecia uma contra revolução,  esqueceu também de contar que grupos de mercenários estupraram todas as mulheres que viam pela frente.  Devo dizer , que este foi um insignificante esquecimento na lógica  desses grupos.


O dirigente faz uso dos famosos e já rotineiros rótulos do tipo:  stalinistas,  castro-chavistas,  ditador Assad, sempre muito utilizados pelos que  reduzem e desejam  descartar a discussão, por que desqualifica de imediato uma opinião contrária, ou um debate franco para se chegar à compreensão dos processos ricos e complexos da realidade, não para nos gabarmos em discursos estéreis da academia, e sim  para melhor intervir na realidade, afim de transformá-la. Entretanto, neste caso, lamentavelmente, o mais importante é a disputa dos aparatos e a superfície das análises e discussões.

Quero terminar essa contribuição ao debate sobre a crise política e  moral  refletida na prática do internacionalismo proletário de parte da esquerda mundial reproduzindo o final do discurso do dirigente da LIT, onde afirma a unidade com o imperialismo e expõe uma tentativa grotesca de falsear a história com comparações escandalosamente inapropriadas historicamente:

 "Dizem que há uma unidade de ação entre os rebeldes e o imperialismo. Mas claro que houve. A mesma unidade de ação que houve no desembarque dos aliados na Normandia e os partisanos contra Mussolini".
"Neste ato, queremos enviar uma saudação a nossos detratores: sigam convocando atos em defesa de Assad, pois a LIT continuará na resistência" provocou Cabeças. (texto completo pode ser encontrado no sítio dessa organização internacional)

Afirmam que continuarão na "resistência", leia-se: continuarão mantendo a unidade com o imperialismo contra o povo sírio, contra as massas árabes e o pan-arabismo, contra o bloco antimperialista e contra a Palestina Livre! Tudo, claro em, nome dos valores democráticos burgueses.

Por sorte, uma parcela significativa da esquerda mundial, a mesma que está comprometida em fazer o balanço dos muitos erros cometidos pelos soviéticos, e os próprios, em seus países de origem, está  tentando a duras penas manter o timão apontado para o marxismo-leninismo. 


De nossa parte , vamos insistir na análise marxista da realidade, vamos insistir na posição que nos dê a chance de alterar a realidade para ficar a nosso favor, a favor dos trabalhadores,  nunca contra e nunca em unidade com o inimigo!




Viva o povo da Líbia que resiste contra a barbárie prometida!


Viva a unidade do povo sírio , sua autodeterminação e soberania do Estado laico!


Viva a Palestina Livre!


Viva a unidade e a luta  pan-arábica contra o imperialismo, o sionismo, a OTAN, a UE ! 

 



terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Frente Popular pela Libertação da Palestina: recusa francesa em libertar Georges Ibrahim Abdallah expõe a discriminação legal francesa e sua hipocrisia




O camarada Emad Abu Rahma, membro do Comitê Central da Frente Popular pela Libertação da Palestina, condenou a recusa francesa em libertar o lutador libanês pela Palestina, camarada Georges Ibrahim Abdallah. Abu Rahma afirmou que a recusa em libertar Abdallah no dia 14 de janeiro – e o adiamento do atendimento à ordem judicial de liberdade condicional até 28 de janeiro, à espera de uma ordem de deportação pendente do Ministério do Interior – revela a hipocrisia do sistema legal francês, pondo em cheque sua reivindicação de ser um berço de respeito à lei e de independência judicial. A interferência direta em assuntos jurídicos por parte do governo francês é claramente evidente em casos relacionados aos povos árabe e palestino; assim como são claros o envolvimento e a extensão da interferência norte-americana em decisões políticas internas francesas nestes casos, notou Abu Rahma.

O camarada afirmou ainda que Abdallah manteve suas convicções e seu comprometimento com a causa árabe, assim como com a causa palestina em particular, como demonstrado por sua luta na Frente Popular pela Libertação da Palestina, e não hesitou em pagar o preço por suas convicções ao longo de 28 anos em prisões francesas; o que ocorre agora, disse Abu Rahma, é um cabo de guerra, com as autoridades francesas buscando dobrar a força de vontade de Abdallah e forçá-lo a abjurar suas convicções, o que ele vem rejeitando veementemente fazer. Abu Rahma saudou Abdallah com orgulho e respeito, afirmando que ele é um modelo para todo ativista ao redor do mundo, e reivindicando que haja pressão internacional para que o governo francês o solte.

O camarada Marwan Abdel Al, membro da coordenação da FPLP e líder de sua seção no Líbano, também denunciou o adiamento da soltura de Abdallah, apontando para o fato de que esta ação demonstra o horror do caráter discriminatório da justiça francesa. Abdel Al afirmou que a recusa do ministro do interior francês em ordenar a deportação, adiando assim a soltura a despeito da decisão judicial de que Abdallah seria liberado e deportado para o Líbano após 28 anos em prisões francesas, confirma que seu aprisionamento é político, embaraça o judiciário francês, revela a verdadeira face do governo da França e demonstra o papel que os EUA jogam, bem como o teor de seu compromisso com a liberdade e a democracia.

Os EUA demandaram que a liberdade condicional de Abdallah, a despeito da decisão judicial a seu favor, não fosse concedida. Abdel Al afirmou que as autoridades francesas falharam em pressionar Abdallah a negar ou denunciar as lutas árabe e palestina. “Sua firmeza deixa claro que seus valores continuam fortes, que ele é o mesmo lutador que recusou a ideia de trégua na ocupação dos anos 70. Sua luta nos ensinou que não importa quanto o inimigo restrinja nossa liberdade, a firmeza e o confronto sempre serão vitoriosos”. Abdel Al contou que o início da militância revolucionária de George Ibrahim Abdallah foi no campo de refugiados palestinos no Líbano, e desde então seu alvo é a vitória da causa palestina. “Ele sempre esteve na resistência, focado nesta ideia, e sempre foi um debatedor agudo e um intelectual provocativo... Sua prisão se tornou questão política, e seu julgamento um julgamento de toda a história da luta contra a ocupação”.

Abdel Al afirmou que muitos intelectuais franceses também estão convencidos de que o judiciário francês é discriminador, e que continua aderente às ideias e ao quadro geral do colonialismo, acrescentando que as relações entre governos árabes e este judiciário estão enquadrados nos mesmos termos, tendo sido historicamente constituídas retendo sua conexão com a antiga situação e com os antigos poderes coloniais. Abdel Al assinalou que o controle da região é mantido, hoje, por governos de procuração.

Comentando sobre quais seriam as providências legais que Georges Ibrahim Abdallah tomaria após sua libertação, Abdel Al lembrou que “conquistar a liberdade é o primeiro grande objetivo, que significará que ele conseguiu quebrar as falsas acusações contra si e derrotou as ameaças e insinuações vindas dos EUA. Abdallah é um lutador pela liberdade, comprometido com seus princípios, e continuará a lutar porque a resistência é parte de seu ambiente, e é uma responsabilidade coletiva entrar com pedidos de compensação às autoridades francesas”.

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB).

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A hora mais escura* no Mali


26/1/2013, Pepe EscobarAsia Times Online – The Roving Eye
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu


Booooooooooooom-dia, Vietnã! [1] Epa! Não, desculpem. O poço de areia movediça & beco-sem-saída agora é outro.

A trilha sonora, daquela vez, foi Hendrix, Jefferson Airplane, Motown e Stax. Agora é Booooooooooooom-dia, Mali! E a trilha sonora bem poderia ser alguma coisa tão transcendental quanto Dounia [2], de Rokia Traore, ou tão deliciosamente psicodélico quando Amadou e Mariam em Dimanche à Bamako. [3] Mas a coisa é muito mais ameaçadora. Algo como – inescapável – Hendrix emMachine Gun[4]

timing – no momento de expansão da Guerra Global ao Terror – é tudo. A vingança contra o que foi feito à Líbia, cuidadosamente coreografada para o Sahel, não poderia ser substituto melhor para a gigantesca bandeira de rendição que a OTAN está levantando no Afeganistão. Não há mais Boooooooooooooooom-dia, Cabul! E começou a triste contagem regressiva para ver o último helicóptero da OTAN fugindo de Bagram ao estilo Saigon-1975.

Kalashnikov AK-104s
The Economist – a voz da City de Londres – já está até promovendo um “Afriganistão”. Claro. Há nuances. No Afeganistão, quem chutou a bunda da OTAN foi grupo sortido de várias facções pashtuns, reunidas como se fossem “os Talibã”. Mas a OTAN “venceu” na Líbia. Como era de prever, a brigada islamista que atacou no complexo de extração de gás em In Amenas no deserto da Argélia, portava Kalashnikov AK-104s, mísseis F5, morteiros 60 mm, tudo distribuído ali pela OTAN. E – um toque a mais à moda CCGOTAN – vestiam os uniformes camuflados “pastilha de chocolate” que o Qatar distribuiu aos rebeldes da OTAN na Líbia (beges, com manchas marrons). O que mais falta? Aparecerem na capa de Uomo Vogue?

Sou o bicho bicho-papão de vocês

Inevitavelmente, o bicho-papão sempre à mão – a al-Qaeda – voltou à moda, com toda a nuvem de grupos e subgrupos de jihadistas salafistas promovidos pelo trio francês-anglo-USAmericano como fonte de todo o mal no norte da África (menos na Líbia, onde eram elogiados como “combatentes da liberdade”).

Mokhtar Belmokhtar
Mokhtar Belmokhtar, um dos membros fundadores da al-Qaeda no Maghreb Islâmico [orig. al-Qaeda in the Islamic Maghreb(AQIM)], é, para todas as finalidades práticas,remix facilmente deglutível de Osama bin Laden. Belmokhtar foi um clássico “afegão árabe” – parte daquela legião multinacional treinada pelo eixo CIA/ISI para combater os soviéticos no Afeganistão dos anos 1980s. Ao voltar à Argélia em 1993, uniu-se à jihad local como parte do Grupo Salafista para Oração e Combate [orig. Salafi Group for Preaching and Combat (GSPC)].

Desde 2007, a AQIM estava muito próxima do Grupo Islâmico Líbio de Combate [orig. Libyan Islamic Fighting Group (LIFG)], cujos combatentes foram também treinados no Afeganistão pela CIA/ISI. E todo o tempo o LIFG foi convenientemente manipulado pela CIA e o MI6 contra o coronel Muammar Gaddafi.

Depois do assassinato premeditado [orig. targeted assassination] de Gaddafi, a AQIM foi devidamente armada pelo LIFG (recebeu também legiões de jihadistas). Portanto, não surpreendentemente, muitos combatentes do LIFG participaram do raid em In Amenas. Além disso, a AQIM é também muito próxima da Frente al-Nusra na Síria, que Washington definiu como organização terrorista (mas nada vê de terrorista na nada coesa “coalizão” que quer derrubar Bashar al-Assad).

O xis da questão é que o Qatar financia todos esses: a AQIM, o grupo dissidente MUJAO, as brigadas de Belmokhtar e o movimento salafista Ansar El-Dine, um bando de apóstatas wahhabistas, que absolutamente nada têm a ver com a tolerante cultura do Mali.

O que sobra é o absolutamente perfeito pretexto para a OTAN entrar na dança no norte da África, depois da humilhante derrota que sofreu no Afeganistão. Mas... esperem! O AFRICOM já está lá! A Argélia – república árabe secular que historicamente sempre apoiou a União Soviética e a revolução cubana – bem fará se repatriar, o mais rapidamente possível, os seus US$50 bilhões de reservas que estão depositadas em bancos ocidentais. Mais dia menos dia, a hidra AFRICOM/OTAN aparece para devorar vocês!

Alguém aí topa um pouco de Islamo-gangsterismo?

Amadou Sanogo
Por hora, temos o espetáculo de Paris envolvida na “limpeza” do Mali, não só contra os islamistas armados – estranhos à cultura do Mali – mas também contra os tuaregues nativos, também armados e que têm demandas legítimas. O plano máster é apoiar o regime absolutamente corrupto em Bamako, que chegou ao poder pela via de um golpe militar comandado pelo capitão Amadou Sanogo, treinado em Fort Benning (EUA).

Esse é o sumo da história dessa nova mission civilisatrice [missão civilizatória, em fr. no orig.], escondida por trás de conveniente cortina de fumaça cortesia da ONU: vários países africanos, todos empobrecidos, que pagaram quase toda a conta – e oferecerão os 5.800 soldados necessários para constituir mais uma dessas siglas inacreditavelmente ridículas que a ONU inventa, AFISMA (African-led International Support Mission in Mali / Força Internacional Africana para Missão de Apoio no Mali). Quem pagará por tudo isso, que por hora não passa de total confusão? Na próxima 3ª-feira haverá uma reunião na Etiópia, dos proverbiais, sempre relutantes, “doadores internacionais”.

Mesmo na França, ninguém sabe quem luta contra quem nem quem, de fato, é aquele pessoal. Leiam (em francês), no blog rue89,[5] o hilário pântano semântico em que se debatem os franceses. O Le Monde acredita ter resolvido o enigma: Paris combate(ria) o “islamo-gangsterismo”.

Nessas Folies de Pigalle no deserto, Washington estará “liderando pela retaguarda”. Bem espertos. Melhor guerra clandestina, que todos assistirem ao afundamento no pântano. Os franceses – com típica grandeur galesa – prosseguirão mergulhados na ilusão de que, em breve, controlarão o deserto do Mali. Verdade é que não conseguirão controlar nem as algas do rio Niger, porque ali se combaterá uma longuíssima guerra nômade. Cresce a possibilidade de muitos Dien Bien Phus, com os franceses atacados também pela areia.

E, no instante em que a população terrivelmente empobrecida do Mali – a qual, por hora, está a favor de o país livrar-se da AQIM, do MUJAO, das gangues de Belmokhtar e dos Ansar al-Dine – pressentir o mais leve indício de ocupação neocolonial, os franceses conhecerão derrota no Mali, igual a que os USAmericanos conheceram no Iraque e no Afeganistão.

É iluminador ver essas coisas do ponto de vista da política externa do governo do presidente Obama 2.0, como apareceu delineada (muito vagamente) no discurso de posse. Obama prometeu por fim às guerras USAmericanas (guerras clandestinas são mais baratas). Prometeu cooperação multilateral com aliados (mas quem manda é Washington), negociação (será do nosso jeito, ou dê o fora) e nenhuma nova guerra no Oriente Médio.

A acreditar-se no que disse o presidente, a tradução é: nada de EUA fazerem guerra à Síria (só do tipo clandestina-suja); nada de Bombardeiem o Irã! (só sanções assassinas); e a França ganha a medalha do Mali. Será que ganha? Esse filme muito vagabundo, atenção, está só começando.



Nota dos tradutores
*Título em português do filme Zero Dark Thirty (2012). Trailer a seguir:  

_____________________________

Notas de rodapé

[1] Assista  o filme Bom-dia, Vietnã; completo (legendado) a seguir:







[5]  22/1/2013, Rue 89, Zineb Dryef em: Jihadistes, islamistes... ? Comment nommer l’ennemi au Mali