terça-feira, 12 de agosto de 2014

Judeus Antissionistas: Claudio Lottenberg mente




Em artigo recente, publicado na Folha de São Paulo em 27/09/2014, Cláudio Lottemberg, presidente da Confederação Israelita do Brasil (CONIB), ataca quem critica a atual violência destrutiva de Israel contra a população civil de Gaza e a sua infraestrutura básica (prédios, ruas, escolas, hospitais, igrejas, mesquitas e centrais elétricas) acusando-os de antissemitas.
Não é nova a tentativa de desviar do assunto principal, ou seja, os crimes cometidos contra a população autôctone palestina pelo Estado de Israel, apontando para outros assuntos ou tentando se colocar em qualidade de vítima de algum tipo de preconceito. No artigo, Lottemberg afirmou que o antissionismo (ou seja, a crítica à ideologia que sustenta o apartheid e o racismo do Estado de Israel) nada mais é que “uma nova máscara do velho antissemitismo”.Oriente Mídia entrevistou David Comedy, membro da Rede Internacional de Judeus Antissionistas e pedimos para ele elaborar uma resposta às acusações de Lottemberg, que publicamos a seguir.
Quem quiser lêr o artigo de Lottemberg, chamado “Antissionismo é antissemitismo” pode acessar este link.*

Claudio Lottenberg mente

Por David Comedi

O artigo de Claudio Lottenberg começa com mentiras e termina com mentiras.



Primeiro, a ONU não decidiu dividir a Palestina em dois. Não decidiu tão simplesmente porque a ONU não tem mandato para dividir o que não lhe pertence. A Resolução 181 de 1947 da ONU foi uma recomendação, que deveria ter sido discutida entre os habitantes palestinos, e não utilizada de forma unilateral pelos colonos sionistas europeus para realizar uma limpeza étnica assassina contra a população palestina autôctone.

Foram os massacres perpetrados pelos sionistas contra o povo palestino os que levaram alguns estados árabes vizinhos, respondendo ao clamor por solidariedade de seus povos, a enviar tropas para a Palestina em sua defesa. Como se sabe, essas tropas foram repelidas pelo exército colonial sionista, bem equipado, quem aproveitou a oportunidade de ampliar suas fronteiras além do que o injusto plano de partilha da ONU tinha recomendado. 

Não é ser antissemita negar ao sionismo seu suposto “direito” de cometer os crimes de limpeza étnica, apartheid e genocídio contra o povo palestino. 

De fato, esse “direito” não está implícito na Resolução 181 da ONU ou qualquer outra parte que não seja na doutrina colonialista expressada no artigo de Cláudio Lottenberg. 
É o sionismo que se outorgou o “direito” de poder cometer crimes, e por isso é o dever de todo bom cidadão lutar contra o sionismo, assim como contra qualquer forma de injustiça. 

A limpeza étnica continua; não aconteceu apenas entre 1947 e 1948: vemos agora um bloqueio assassino e 3 grandes massacres de grande escala contra populações desprotegidas e desarmadas cometidos pelo exército colonial de Israel contra Gaza, vemos as fronteiras dos assentamentos sionistas em expansão na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental a todo vapor, vemos o deslocamento forçado de populações de beduínos no deserto do Negev / Naqab, vemos a discriminação e o assédio da população palestina da Galiléia. 

Todos esses crimes não podem ser aceitos como a “auto-determinação do povo judeu”, porque a auto-determinação de um povo nunca pode constituir uma negação da autodeterminação de outros povos, nem legitimar o crime organizado. 

Diferentemente do sionismo criminal, nós, da Rede Internacional de Judeus Antissionistas, comprometemo-nos incondicionalmente com as lutas de emancipação humana, entre as quais a libertação do povo palestino e sua terra é uma parte fundamental. Nosso compromisso é o desmantelamento do apartheid israelense, o retorno dos refugiados palestinos, e o fim da colonização israelense da Palestina histórica. 

A histórica e contínua limpeza étnica de palestinos de suas terras perpetrada pelo Estado de Israel contradiz e trai uma longa história de participação judaica em lutas de libertação coletiva. 
O sionismo – a ideologia fundadora que se manifesta atualmente no Estado de Israel – criou raízes na era do colonialismo europeu e se espalhou após o genocídio nazista. 
O sionismo baseou-se nos atos mais violentos e opressivos do século XIX, atentando contra os numerosos esforços de ativistas judeus nas lutas por libertação. E assim, fica desmascarada a última mentira do artigo de Claudio Lottenberg de que o sionismo é sinônimo de antissemitismo: o antissemitismo clássico europeu sempre rejeitou o judeu acusando-o de ser portador de uma nacionalidade diferente. Essa visão etnicamente discriminatória é precisamente a mesma que adota o sionismo ao considerar a identidade do judeu como uma “nacionalidade”. 

O antissionismo, portanto, ao rejeitar categoricamente essa premissa compartilhada pelo antissemitismo e o sionismo, é uma oposição ao antisemitismo, assim como a qualquer forma de discriminação étnica. Os interesses de Claudio Lottenberg em mascarar esta realidade são óbvios: encobrir o genocídio do povo palestino que está sendo perpetrado em nome do sionismo.


Rede Internacional Judia Antissionista (IJAN)
http://judiosantisionistasargentina.blogspot.com.ar/
http://ijsn.net/
http://www.orientemidia.org/judeus-antissionistas-claudio-lottenberg-mente/

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