21, 22 e 23 de abril de 2012.
As organizações sociais, populares e políticas de camponeses, indígenas, estudantes, trabalhadores, de bairros, culturais e em geral, compostas por milhares de mulheres e homens explorados deste país, que, desde 20 de julho de 2010, nos articulamos e organizamos na Marcha Patriótica pela Segunda e Definitiva Independência,
CONVOCAMOS:
O conjunto do povo colombiano, suas organizações, todas aquelas pessoas que em nosso país e em todas as latitudes do mundo compartilham conosco este anseio por transformações, de verdadeira democracia, de paz com justiça social, em síntese, a todas aquelas e todos aqueles que compartilham os sonhos e propostas apresentados na proclamação pela segunda e definitiva independência, fruto da vontade popular e soberana de milhares de mulheres e homens de nosso país, ao Lançamento do Movimento Político Marcha Patriótica e Constituição de seu Conselho Patriótico Nacional, uma proposta de organização eminentemente política, social e democrática, profundamente comprometida na defesa da causa popular e das reivindicações dos setores menos favorecidos da sociedade ou afetados pelas políticas neoliberais do Estado; um movimento que dinamize a variedade de formas de organização e mobilizações existentes em qualquer região da Colômbia, que cresça e se fortaleça, até se converter em uma verdadeira alternativa de transformação democrática para todo o povo colombiano, a ser realizado nos dias 21, 22 e 23 de abril de 2012, na cidade de Bogotá.
A crise e a mobilização social e popular
O Lançamento do Movimento Político Marcha Patriótica e a Constituição de seu Conselho Patriótico Nacional se dá em meio de um importante e vigoroso aumento da mobilização social e popular não somente em nosso país, mas também em diferentes latitudes do mundo, contra a crise do capitalismo e pela geração de alternativas verdadeiramente democráticas, que possibilitem a existência de sociedades justas e dignas.
Mais uma vez, o capitalismo entrou em crise demonstrando sua incapacidade estrutural de resolver os problemas materiais mínimos das maiorias, além de sua comprovada essência depredadora, que põe cada vez mais em questão a existência de nosso planeta.
Nesta ocasião, a crise tem seu centro na financeirização promovida pelo modelo neoliberal, o qual põe como eixo principal da economia e, porque não dizê-lo, de nossas sociedades, o sistema financeiro, caracterizado por ser fundamentalmente especulador e parasitário, afetando a produção real de riqueza e gerando acumulação para uma ínfima minoria sobre a base da negociação, por parte desses poucos, dos bens e do bem-estar do conjunto de nossos povos.
Frente a essa crise, as classes possuidoras, que estão no governo da maioria dos países do mundo, saíram apressadamente para salvar os bancos e o conjunto do sistema financeiro, enquanto impõem às grandes maiorias os custos da crise, através de fortes cortes dos investimentos sociais por parte dos Estados, promovendo novas ondas de privatização da saúde, da educação, da ordem territorial e de maior precarização dos direitos dos trabalhadores, tudo isso, por suposição, acompanhado de fortes doses de repressão e de cinismo contra os reais afetados por essas medidas.
Diante desse panorama, a digna mobilização não se fez esperar em todas latitudes do mundo, no Magreb, na beligerante resistência do povo grego, na greve que mostra um ressurgimento da histórica classe operária inglesa, no grito de “democracia real já” de milhares de indignados na Espanha, nos milhares de estudantes que contra o modelo neoliberal voltam a abarrotar as grandes avenidas de Allende no Chile, demonstrando na prática que “a história é nossa e a fazem os povos” e, logicamente, a luta singular que muitos estadunidenses vêm fazendo em Wall Street.
Na Colômbia, corajosamente, apesar de tanta morte e humilhação por parte do regime, assistimos a uma importante reativação do movimento social e popular contra as manifestações da crise em nosso país, contra o aprofundamento do modelo neoliberal, com seu necessário componente de guerra (adiantado pelo presidente Juan Manuel Santos) e pela recuperação dos direitos mínimos de nosso povo.
É assim como em nosso país a herança de Ignacio Torres Giraldo, arquétipo da classe operária colombiana, está presente nas greves impulsionadas recentemente pelos trabalhadores do petróleo, especialmente em Campo Rubiales, no Meta. Sente-se também o clamor de mais de 30 mil pessoas que, nas ruas do histórico Barranco Avermelhado, em meados de 2011, fizeram retumbar a palavra de ordem da solução política, da paz e do direito à terra; a lição unitária do movimento estudantil colombiano que, através da mobilização, do debate e da organização – contando com o apoio de grandes setores da população colombiana – ganhou uma importante batalha contra o governo nacional, que tinha a intenção de privatizar a educação superior. Presenciamos também a importante confluência que significa o CONGRESSO DOS POVOS e o esforço unitário que representa a criação do COMOSOCOL.
Parte ativa e muito importante dessa reativação do movimento social e popular é o nosso processo da Marcha Patriótica pela Segunda e Definitiva Independência, herdeira e continuadora da façanha independentista, democratizadora e soberana, empreendida por Bolívar, Nariño, José Antonio Galán, Benkos Biojó, Policarpa Salavarrieta, Manuela Beltrán e milhares de homens e mulheres que, ao longo desses mais de 200 anos, ofereceram suas vidas na conquista de tão altos propósitos. Nosso processo significa o encontro e a articulação de camponeses, estudantes, indígenas, trabalhadores, organizações de bairros, personalidades democráticas e expressões de todos os setores sociais, construindo uma proposta alternativa de país, invocando a soberania direta do povo através das assembleias abertas, retomando a mobilização e as ruas como elemento indispensável para a transformação, com vocação unitária e reafirmando, a cada dia, a importância da organização popular, tudo isso com o objetivo de conquistar para o povo sua participação decisória no governo da pátria, elemento que hoje se constitui no principal motivo da conformação de nosso Conselho Patriótico Nacional.
Presidente Juan Manuel Santos – neoliberalismo: aprofundamento do despojo e continuação da guerra contra o povo colombiano
O governo de Juan Manuel Santos significa a aposta das classes dominantes na recomposição do regime político colombiano, o que é fundamental para a perpetuação de seus interesses, regime certamente enfraquecido em alguns elementos importantes depois dos oito anos do governo anterior. Logrou seu objetivo com relativo êxito através da chamada Unidade Nacional, verdadeiro pacto de elites, que, com o maior descaramento, repartiu os postos e os recursos do Estado como verdadeiro butim pirata, com o objetivo de comprar qualquer tipo de oposição, garantindo a unanimidade no interior do congresso e a maioria dos partidos políticos, assegurando a implementação do aprofundamento do modelo neoliberal, principal objetivo desse governo.
Outro componente fundamental nessa intenção de maquiar o regime político colombiano tem sido uma decidida estratégia de cooptação de setores que outrora afirmavam defender os interesses populares, assim como uma política muito habilidosa de amoldamento e promoção de uma suposta nova esquerda, claramente dócil e funcional aos interesses das classes dominantes e à continuidade de seu projeto neoliberal.
Essas ações lograram efetivamente cooptar algumas organizações sociais, tornar invisível, atacar e estigmatizar sistematicamente as posições de esquerda que questionam o modelo, promovendo sobre estas a etiqueta da ortodoxia e da imobilização. Especial atenção merecem as consequências que tiveram essa estratégia em nível internacional, com a aprovação do Tratado de Livre Comércio (TLC) com os Estados Unidos, Canadá e a União Europeia e a confusão de muitos setores progressistas internacionais que veem com lástima a realidade de nosso país através da visão dos grandes monopólios da desinformação.
Os elementos anteriormente mencionados facilitaram ao governo de Juan Manuel Santos adiantar uma reengenharia institucional neoliberal, através de um agressivo pacote legislativo, o qual começa com o Plano Nacional de Desenvolvimento e suas locomotivas do despojo, a reforma que consagra como princípio constitucional a sustentabilidade fiscal, a reforma do sistema nacional de royalties, a reforma do sistema de saúde, da justiça e do derrotado projeto de reforma da educação superior, só para mencionar alguns deles, visando aprofundar em nosso país a privatização de todos os elementos necessários da vida humana e da natureza, o despojo de nossos elementos naturais mais apreciados, a precarização absoluta das condições dos trabalhadores colombianos e o predomínio absoluto do setor financeiro que dessangra as finanças estatais e as riquezas dos colombianos, configurando-se dessa maneira em nosso país a terceira sociedade mais desigual do mundo.
Esse modelo profundamente desigual, que se perpetua fundamentalmente através da guerra empreendida pelo regime contra o povo colombiano, tornou possível níveis absurdos de concentração das terras de nosso país através do deslocamento forçado de milhões de camponeses e do ataque sistemático às suas formas de organização. As “vantagens competitivas” para a economia colombiana, que significam salários de fome para nossos trabalhadores, foram conseguidas graças ao assassinato seletivo de milhares de sindicalistas, o saque descarado de nosso ouro, água, petróleo e demais elementos naturais, e se ergue sobre o extermínio consciente e deliberado de nossas comunidades indígenas e afro-colombianas. A continuidade no governo colombiano desses mercadores da morte se explica em grande medida devido ao genocídio de qualquer forma real de oposição política.
É nessa realidade que encontra explicação a existência de nosso conflito social, político e armado, assim como a presença histórica das insurgências de nosso país; é por isso que se equivocam aqueles que afirmam que o atual governo conta com uma política de paz. Nesse ponto, a única política desse governo é a guerra total contra o povo colombiano: não se pode pensar que se avança até a paz quando as causas estruturais que originaram o conflito não só permanecem, mas também que se aguçam, quando se mata o opositor político e se fecha cada vez mais os espaços da já maltratada democracia. É por isso que, a partir da Marcha Patriótica e da Assembleia Aberta pela Independência, cremos que a luta pelas reivindicações mais sofridas de nosso povo e a luta pela solução política são elementos que necessariamente têm que se desenvolver de maneira conjunta: isso hoje é tarefa urgente e inadiável.
A cultura, a academia e a arte: elementos indispensáveis para nossa segunda e definitiva independência
A desaforada depredação promovida pelo capital financeiro e pelo sistema bancário internacional, produto da concentração de riqueza do mundo em poucas mãos, não somente afeta a vida material dos países e das pessoas, como também afeta a identidade cultural dos povos, as tradições e as expressões culturais e artísticas.
Por sua vez, as políticas neoliberais dos países imperialistas, agravadas pelos tratados profundamente desiguais do chamado “livre comércio”, promovem o saque das riquezas naturais, impondo para isso modos homogêneos de ser e de pensar.
A isso contribuem os meios de comunicação, que formam parte do sistema, com a característica de que estes são os encarregados, desde o plano da cultura, de preparar o caminho mediante a desinformação massiva e a distorção da realidade, para que o imaginário coletivo social se mantenha seduzido pelo modelo, na passividade e no consumismo.
A Cultura não é, como nos querem fazer crer, um luxo de uns tantos iniciados, ou umas atividades massivas de entretenimento. É uma necessidade vital do povo e das pessoas, um assunto fundamental da política, pois tem relação com nossa maneira de ser, de habitar o mundo, com nosso sentido de memória e de pertencimento, com nossa capacidade de prefigurar o futuro. E, portanto, com a vontade de atuar no “aqui e agora”!
Amilcar Cabral, um poeta africano, dizia que a Cultura é feita da capacidade que têm os povos de responder às crises. Nós, ao mesmo tempo em que reconhecemos a crise, vemos, na busca de sua saída, uma grande oportunidade de mudança.
A Cultura é a ponte entre a memória herdada das tradições e da decisão coletiva e pessoal, no presente, de lutar para que outro mundo seja possível.
Essa Marcha Patriótica nos estimula a desenvolver a mobilização social pelos grandes ideais de Justiça que nos incentivem a encontrar, mais cedo que tarde, soluções criativas e coletivas ao conflito.
Essa Marcha Patriótica não depende só da razão, que a temos de sobra. A sensibilidade e os sentimentos coletivos são, para todas e todos nós, assuntos fundamentais. Queremos fazer essa caminhada com canções, poemas e obras de teatro que desautorize o mito de que os poderosos são o modelo e de que são invencíveis. Não são! E o riso e a festa nos ajudarão a demonstrá-lo.
As batalhas não devem se dar somente no terreno da Economia, mas também no terreno das ideias e no das imagens. Por isso, expressamos nossa valorização da arte e da cultura e a necessidade de contar com as e os artistas como sujeitos criadores.
Por isso, convocamos imediatamente o povo colombiano a marchar conosco por um novo modelo de sociedade, chamamos os intelectuais democratas e as e os artistas, que contribuam com sua voz, seu pensamento e suas obras para vencer nesse empenho.
Façamos da Marcha Patriótica um grande acontecimento social, político e cultural.
O Movimento Político Marcha Patriótica e seu Conselho Patriótico Nacional, rumo à construção de uma alternativa política para a segunda e definitiva independência.
É precisamente nesse contexto que a Marcha Patriótica, na perspectiva de se converter na alternativa política para a segunda e definitiva independência, convoca para a constituição e para o lançamento de seu Conselho Patriótico Nacional, como espaço amplo, inclusivo, deliberativo e estratégico, que deverá dotar esse novo instrumento político de uma plataforma, que contemple as reivindicações centrais do nosso país, e das perspectivas de ação para conquistá-las, assim como sua necessária estrutura interna.
A configuração da Marcha Patriótica como movimento político não significa a dissolução das organizações políticas, sociais e populares que a compõem, nem muito menos que estas se afastem de suas ações e reivindicações setoriais; ao contrário, significa a constituição de um movimento de movimentos, que potencialize muito mais a atual reativação da mobilização e que articule as lutas de cada setor e as projete na disputa estratégica por um modelo de país e de sociedade. Para essa tarefa, é indispensável e determinante disputar o poder político do governo e do Estado com as atuais classes dominantes, que levaram o país a ocupar o vergonhoso segundo lugar entre os países mais desiguais da América e o terceiro no mundo.
Nosso movimento político deve encorajar a ação de todos os colombianos e colombianas que se encontram inconformados, indignados e entediados com a situação atual repleta de pobreza, humilhação e morte e que desejam construir uma Colômbia verdadeiramente democrática, com um modelo econômico e político no qual o direito à saúde, à educação, à cultura, à moradia, à recreação sejam uma realidade para o conjunto da população; um país no qual se impeça o roubo de nossos bosques, campos andinos e riquezas; uma Colômbia na qual a diferença política seja um elemento essencial para o debate democrático; uma nação soberana, um país em paz, com justiça social – em síntese, uma Colômbia que alcance a segunda e definitiva independência.
Fazemos isso com a profunda convicção de que a transformação de nosso país necessita urgentemente de um movimento político composto, em todo o seu ser e razão, pelas lutas e organizações sociais, populares, intelectuais e setores democráticos, que tenha, como princípios paralelos, o trabalho de base, a mobilização, a organização e a unidade do povo colombiano e o profundo compromisso de defender os interesses populares e das maiorias nacionais, para que possa alcançar a sinergia emancipadora entre as lutas sociais, as reivindicações e a disputa do poder político para colocá-lo ao serviço de todos os colombianos e não de una elite oligárquica.
METODOLOGIA E AGENDA:
Sábado - 21 de abril de 2012
Ato de Instalação:
→ Das 9 às 10 horas: leitura da convocação, explicação da metodologia e leitura das saudações
→ Das 10 às 12:30 horas: Painel inaugural “A construção de alternativas políticas e a mobilização social e popular contra a crise”
→ Das 12:30 às 14 horas: almoço
→ Das 14 às 18 horas: Trabalho das mesas:
- Caracterização do regime político colombiano
- Caracterização interna da Marcha Patriótica e do Conselho Patriótico Nacional
- Plataforma política da Marcha Patriótica
- Plano de trabalho 2012-2014
- Política organizativa da Marcha Patriótica
- Política internacional da Marcha Patriótica
→ 18 horas: Ato cultural
Domingo - 22 de abril de 2012
→ Das 8 às 10 horas: Plenária por comissões
→ Das 10 às 12:30 horas: Reunião por setor social:
- Camponeses
- Estudantes
- Trabalhadores
- Indígenas
- Afro-colombianos
- Mulheres
- Organizações de bairros
- Jovens
- Artistas
- Personalidades democráticas
- Direitos Humanos
→ Das 12:30 às 14 horas: almoço
→ Das 14 às 18 horas: plenária geral e designações de pessoas para as diferentes instâncias colegiadas
→ 18 horas: Ato cultural
Segunda-feira - 23 de abril de 2012
Ato de lançamento do Movimento Político Marcha Patriótica e Constituição de seu Conselho Patriótico Nacional.
Nesse dia, as diferentes organizações e processos de todos os departamentos enviarão um bom número de delegações para participar no ato de mobilização cultural e política, no qual será lançado o Conselho Patriótico Nacional e se dará a conhecer publicamente suas principais definições e propostas face ao país.
→ Das 8 às 10 horas: Recepção das delegações
→ Das 10 às 13 horas: Mobilização pela segunda e definitiva independência
→ Das 14 às 19 horas: Ato político e cultural
Mais informação: Marcha Patriotica
http://agendacolombiabrasil.blogspot.com.br/
http://www.marchapatriotica.org/
As organizações sociais, populares e políticas de camponeses, indígenas, estudantes, trabalhadores, de bairros, culturais e em geral, compostas por milhares de mulheres e homens explorados deste país, que, desde 20 de julho de 2010, nos articulamos e organizamos na Marcha Patriótica pela Segunda e Definitiva Independência,
CONVOCAMOS:
O conjunto do povo colombiano, suas organizações, todas aquelas pessoas que em nosso país e em todas as latitudes do mundo compartilham conosco este anseio por transformações, de verdadeira democracia, de paz com justiça social, em síntese, a todas aquelas e todos aqueles que compartilham os sonhos e propostas apresentados na proclamação pela segunda e definitiva independência, fruto da vontade popular e soberana de milhares de mulheres e homens de nosso país, ao Lançamento do Movimento Político Marcha Patriótica e Constituição de seu Conselho Patriótico Nacional, uma proposta de organização eminentemente política, social e democrática, profundamente comprometida na defesa da causa popular e das reivindicações dos setores menos favorecidos da sociedade ou afetados pelas políticas neoliberais do Estado; um movimento que dinamize a variedade de formas de organização e mobilizações existentes em qualquer região da Colômbia, que cresça e se fortaleça, até se converter em uma verdadeira alternativa de transformação democrática para todo o povo colombiano, a ser realizado nos dias 21, 22 e 23 de abril de 2012, na cidade de Bogotá.
A crise e a mobilização social e popular
O Lançamento do Movimento Político Marcha Patriótica e a Constituição de seu Conselho Patriótico Nacional se dá em meio de um importante e vigoroso aumento da mobilização social e popular não somente em nosso país, mas também em diferentes latitudes do mundo, contra a crise do capitalismo e pela geração de alternativas verdadeiramente democráticas, que possibilitem a existência de sociedades justas e dignas.
Mais uma vez, o capitalismo entrou em crise demonstrando sua incapacidade estrutural de resolver os problemas materiais mínimos das maiorias, além de sua comprovada essência depredadora, que põe cada vez mais em questão a existência de nosso planeta.
Nesta ocasião, a crise tem seu centro na financeirização promovida pelo modelo neoliberal, o qual põe como eixo principal da economia e, porque não dizê-lo, de nossas sociedades, o sistema financeiro, caracterizado por ser fundamentalmente especulador e parasitário, afetando a produção real de riqueza e gerando acumulação para uma ínfima minoria sobre a base da negociação, por parte desses poucos, dos bens e do bem-estar do conjunto de nossos povos.
Frente a essa crise, as classes possuidoras, que estão no governo da maioria dos países do mundo, saíram apressadamente para salvar os bancos e o conjunto do sistema financeiro, enquanto impõem às grandes maiorias os custos da crise, através de fortes cortes dos investimentos sociais por parte dos Estados, promovendo novas ondas de privatização da saúde, da educação, da ordem territorial e de maior precarização dos direitos dos trabalhadores, tudo isso, por suposição, acompanhado de fortes doses de repressão e de cinismo contra os reais afetados por essas medidas.
Diante desse panorama, a digna mobilização não se fez esperar em todas latitudes do mundo, no Magreb, na beligerante resistência do povo grego, na greve que mostra um ressurgimento da histórica classe operária inglesa, no grito de “democracia real já” de milhares de indignados na Espanha, nos milhares de estudantes que contra o modelo neoliberal voltam a abarrotar as grandes avenidas de Allende no Chile, demonstrando na prática que “a história é nossa e a fazem os povos” e, logicamente, a luta singular que muitos estadunidenses vêm fazendo em Wall Street.
Na Colômbia, corajosamente, apesar de tanta morte e humilhação por parte do regime, assistimos a uma importante reativação do movimento social e popular contra as manifestações da crise em nosso país, contra o aprofundamento do modelo neoliberal, com seu necessário componente de guerra (adiantado pelo presidente Juan Manuel Santos) e pela recuperação dos direitos mínimos de nosso povo.
É assim como em nosso país a herança de Ignacio Torres Giraldo, arquétipo da classe operária colombiana, está presente nas greves impulsionadas recentemente pelos trabalhadores do petróleo, especialmente em Campo Rubiales, no Meta. Sente-se também o clamor de mais de 30 mil pessoas que, nas ruas do histórico Barranco Avermelhado, em meados de 2011, fizeram retumbar a palavra de ordem da solução política, da paz e do direito à terra; a lição unitária do movimento estudantil colombiano que, através da mobilização, do debate e da organização – contando com o apoio de grandes setores da população colombiana – ganhou uma importante batalha contra o governo nacional, que tinha a intenção de privatizar a educação superior. Presenciamos também a importante confluência que significa o CONGRESSO DOS POVOS e o esforço unitário que representa a criação do COMOSOCOL.
Parte ativa e muito importante dessa reativação do movimento social e popular é o nosso processo da Marcha Patriótica pela Segunda e Definitiva Independência, herdeira e continuadora da façanha independentista, democratizadora e soberana, empreendida por Bolívar, Nariño, José Antonio Galán, Benkos Biojó, Policarpa Salavarrieta, Manuela Beltrán e milhares de homens e mulheres que, ao longo desses mais de 200 anos, ofereceram suas vidas na conquista de tão altos propósitos. Nosso processo significa o encontro e a articulação de camponeses, estudantes, indígenas, trabalhadores, organizações de bairros, personalidades democráticas e expressões de todos os setores sociais, construindo uma proposta alternativa de país, invocando a soberania direta do povo através das assembleias abertas, retomando a mobilização e as ruas como elemento indispensável para a transformação, com vocação unitária e reafirmando, a cada dia, a importância da organização popular, tudo isso com o objetivo de conquistar para o povo sua participação decisória no governo da pátria, elemento que hoje se constitui no principal motivo da conformação de nosso Conselho Patriótico Nacional.
Presidente Juan Manuel Santos – neoliberalismo: aprofundamento do despojo e continuação da guerra contra o povo colombiano
O governo de Juan Manuel Santos significa a aposta das classes dominantes na recomposição do regime político colombiano, o que é fundamental para a perpetuação de seus interesses, regime certamente enfraquecido em alguns elementos importantes depois dos oito anos do governo anterior. Logrou seu objetivo com relativo êxito através da chamada Unidade Nacional, verdadeiro pacto de elites, que, com o maior descaramento, repartiu os postos e os recursos do Estado como verdadeiro butim pirata, com o objetivo de comprar qualquer tipo de oposição, garantindo a unanimidade no interior do congresso e a maioria dos partidos políticos, assegurando a implementação do aprofundamento do modelo neoliberal, principal objetivo desse governo.
Outro componente fundamental nessa intenção de maquiar o regime político colombiano tem sido uma decidida estratégia de cooptação de setores que outrora afirmavam defender os interesses populares, assim como uma política muito habilidosa de amoldamento e promoção de uma suposta nova esquerda, claramente dócil e funcional aos interesses das classes dominantes e à continuidade de seu projeto neoliberal.
Essas ações lograram efetivamente cooptar algumas organizações sociais, tornar invisível, atacar e estigmatizar sistematicamente as posições de esquerda que questionam o modelo, promovendo sobre estas a etiqueta da ortodoxia e da imobilização. Especial atenção merecem as consequências que tiveram essa estratégia em nível internacional, com a aprovação do Tratado de Livre Comércio (TLC) com os Estados Unidos, Canadá e a União Europeia e a confusão de muitos setores progressistas internacionais que veem com lástima a realidade de nosso país através da visão dos grandes monopólios da desinformação.
Os elementos anteriormente mencionados facilitaram ao governo de Juan Manuel Santos adiantar uma reengenharia institucional neoliberal, através de um agressivo pacote legislativo, o qual começa com o Plano Nacional de Desenvolvimento e suas locomotivas do despojo, a reforma que consagra como princípio constitucional a sustentabilidade fiscal, a reforma do sistema nacional de royalties, a reforma do sistema de saúde, da justiça e do derrotado projeto de reforma da educação superior, só para mencionar alguns deles, visando aprofundar em nosso país a privatização de todos os elementos necessários da vida humana e da natureza, o despojo de nossos elementos naturais mais apreciados, a precarização absoluta das condições dos trabalhadores colombianos e o predomínio absoluto do setor financeiro que dessangra as finanças estatais e as riquezas dos colombianos, configurando-se dessa maneira em nosso país a terceira sociedade mais desigual do mundo.
Esse modelo profundamente desigual, que se perpetua fundamentalmente através da guerra empreendida pelo regime contra o povo colombiano, tornou possível níveis absurdos de concentração das terras de nosso país através do deslocamento forçado de milhões de camponeses e do ataque sistemático às suas formas de organização. As “vantagens competitivas” para a economia colombiana, que significam salários de fome para nossos trabalhadores, foram conseguidas graças ao assassinato seletivo de milhares de sindicalistas, o saque descarado de nosso ouro, água, petróleo e demais elementos naturais, e se ergue sobre o extermínio consciente e deliberado de nossas comunidades indígenas e afro-colombianas. A continuidade no governo colombiano desses mercadores da morte se explica em grande medida devido ao genocídio de qualquer forma real de oposição política.
É nessa realidade que encontra explicação a existência de nosso conflito social, político e armado, assim como a presença histórica das insurgências de nosso país; é por isso que se equivocam aqueles que afirmam que o atual governo conta com uma política de paz. Nesse ponto, a única política desse governo é a guerra total contra o povo colombiano: não se pode pensar que se avança até a paz quando as causas estruturais que originaram o conflito não só permanecem, mas também que se aguçam, quando se mata o opositor político e se fecha cada vez mais os espaços da já maltratada democracia. É por isso que, a partir da Marcha Patriótica e da Assembleia Aberta pela Independência, cremos que a luta pelas reivindicações mais sofridas de nosso povo e a luta pela solução política são elementos que necessariamente têm que se desenvolver de maneira conjunta: isso hoje é tarefa urgente e inadiável.
A cultura, a academia e a arte: elementos indispensáveis para nossa segunda e definitiva independência
A desaforada depredação promovida pelo capital financeiro e pelo sistema bancário internacional, produto da concentração de riqueza do mundo em poucas mãos, não somente afeta a vida material dos países e das pessoas, como também afeta a identidade cultural dos povos, as tradições e as expressões culturais e artísticas.
Por sua vez, as políticas neoliberais dos países imperialistas, agravadas pelos tratados profundamente desiguais do chamado “livre comércio”, promovem o saque das riquezas naturais, impondo para isso modos homogêneos de ser e de pensar.
A isso contribuem os meios de comunicação, que formam parte do sistema, com a característica de que estes são os encarregados, desde o plano da cultura, de preparar o caminho mediante a desinformação massiva e a distorção da realidade, para que o imaginário coletivo social se mantenha seduzido pelo modelo, na passividade e no consumismo.
A Cultura não é, como nos querem fazer crer, um luxo de uns tantos iniciados, ou umas atividades massivas de entretenimento. É uma necessidade vital do povo e das pessoas, um assunto fundamental da política, pois tem relação com nossa maneira de ser, de habitar o mundo, com nosso sentido de memória e de pertencimento, com nossa capacidade de prefigurar o futuro. E, portanto, com a vontade de atuar no “aqui e agora”!
Amilcar Cabral, um poeta africano, dizia que a Cultura é feita da capacidade que têm os povos de responder às crises. Nós, ao mesmo tempo em que reconhecemos a crise, vemos, na busca de sua saída, uma grande oportunidade de mudança.
A Cultura é a ponte entre a memória herdada das tradições e da decisão coletiva e pessoal, no presente, de lutar para que outro mundo seja possível.
Essa Marcha Patriótica nos estimula a desenvolver a mobilização social pelos grandes ideais de Justiça que nos incentivem a encontrar, mais cedo que tarde, soluções criativas e coletivas ao conflito.
Essa Marcha Patriótica não depende só da razão, que a temos de sobra. A sensibilidade e os sentimentos coletivos são, para todas e todos nós, assuntos fundamentais. Queremos fazer essa caminhada com canções, poemas e obras de teatro que desautorize o mito de que os poderosos são o modelo e de que são invencíveis. Não são! E o riso e a festa nos ajudarão a demonstrá-lo.
As batalhas não devem se dar somente no terreno da Economia, mas também no terreno das ideias e no das imagens. Por isso, expressamos nossa valorização da arte e da cultura e a necessidade de contar com as e os artistas como sujeitos criadores.
Por isso, convocamos imediatamente o povo colombiano a marchar conosco por um novo modelo de sociedade, chamamos os intelectuais democratas e as e os artistas, que contribuam com sua voz, seu pensamento e suas obras para vencer nesse empenho.
Façamos da Marcha Patriótica um grande acontecimento social, político e cultural.
O Movimento Político Marcha Patriótica e seu Conselho Patriótico Nacional, rumo à construção de uma alternativa política para a segunda e definitiva independência.
É precisamente nesse contexto que a Marcha Patriótica, na perspectiva de se converter na alternativa política para a segunda e definitiva independência, convoca para a constituição e para o lançamento de seu Conselho Patriótico Nacional, como espaço amplo, inclusivo, deliberativo e estratégico, que deverá dotar esse novo instrumento político de uma plataforma, que contemple as reivindicações centrais do nosso país, e das perspectivas de ação para conquistá-las, assim como sua necessária estrutura interna.
A configuração da Marcha Patriótica como movimento político não significa a dissolução das organizações políticas, sociais e populares que a compõem, nem muito menos que estas se afastem de suas ações e reivindicações setoriais; ao contrário, significa a constituição de um movimento de movimentos, que potencialize muito mais a atual reativação da mobilização e que articule as lutas de cada setor e as projete na disputa estratégica por um modelo de país e de sociedade. Para essa tarefa, é indispensável e determinante disputar o poder político do governo e do Estado com as atuais classes dominantes, que levaram o país a ocupar o vergonhoso segundo lugar entre os países mais desiguais da América e o terceiro no mundo.
Nosso movimento político deve encorajar a ação de todos os colombianos e colombianas que se encontram inconformados, indignados e entediados com a situação atual repleta de pobreza, humilhação e morte e que desejam construir uma Colômbia verdadeiramente democrática, com um modelo econômico e político no qual o direito à saúde, à educação, à cultura, à moradia, à recreação sejam uma realidade para o conjunto da população; um país no qual se impeça o roubo de nossos bosques, campos andinos e riquezas; uma Colômbia na qual a diferença política seja um elemento essencial para o debate democrático; uma nação soberana, um país em paz, com justiça social – em síntese, uma Colômbia que alcance a segunda e definitiva independência.
Fazemos isso com a profunda convicção de que a transformação de nosso país necessita urgentemente de um movimento político composto, em todo o seu ser e razão, pelas lutas e organizações sociais, populares, intelectuais e setores democráticos, que tenha, como princípios paralelos, o trabalho de base, a mobilização, a organização e a unidade do povo colombiano e o profundo compromisso de defender os interesses populares e das maiorias nacionais, para que possa alcançar a sinergia emancipadora entre as lutas sociais, as reivindicações e a disputa do poder político para colocá-lo ao serviço de todos os colombianos e não de una elite oligárquica.
METODOLOGIA E AGENDA:
Sábado - 21 de abril de 2012
Ato de Instalação:
→ Das 9 às 10 horas: leitura da convocação, explicação da metodologia e leitura das saudações
→ Das 10 às 12:30 horas: Painel inaugural “A construção de alternativas políticas e a mobilização social e popular contra a crise”
→ Das 12:30 às 14 horas: almoço
→ Das 14 às 18 horas: Trabalho das mesas:
- Caracterização do regime político colombiano
- Caracterização interna da Marcha Patriótica e do Conselho Patriótico Nacional
- Plataforma política da Marcha Patriótica
- Plano de trabalho 2012-2014
- Política organizativa da Marcha Patriótica
- Política internacional da Marcha Patriótica
→ 18 horas: Ato cultural
Domingo - 22 de abril de 2012
→ Das 8 às 10 horas: Plenária por comissões
→ Das 10 às 12:30 horas: Reunião por setor social:
- Camponeses
- Estudantes
- Trabalhadores
- Indígenas
- Afro-colombianos
- Mulheres
- Organizações de bairros
- Jovens
- Artistas
- Personalidades democráticas
- Direitos Humanos
→ Das 12:30 às 14 horas: almoço
→ Das 14 às 18 horas: plenária geral e designações de pessoas para as diferentes instâncias colegiadas
→ 18 horas: Ato cultural
Segunda-feira - 23 de abril de 2012
Ato de lançamento do Movimento Político Marcha Patriótica e Constituição de seu Conselho Patriótico Nacional.
Nesse dia, as diferentes organizações e processos de todos os departamentos enviarão um bom número de delegações para participar no ato de mobilização cultural e política, no qual será lançado o Conselho Patriótico Nacional e se dará a conhecer publicamente suas principais definições e propostas face ao país.
→ Das 8 às 10 horas: Recepção das delegações
→ Das 10 às 13 horas: Mobilização pela segunda e definitiva independência
→ Das 14 às 19 horas: Ato político e cultural
Mais informação: Marcha Patriotica
http://agendacolombiabrasil.blogspot.com.br/
http://www.marchapatriotica.org/
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