segunda-feira, 13 de julho de 2009

Mobilizações em Irã ameaçam a estabilidade do regime teocrático


Raed El Arabi

Julho 2009


As manifestações que se realizaram desde a divulgação do resultado das eleições nos meados do mes passado, são a expressão consciente das tendências mais profundas da população a rejeitar o governo nacionalista, burgues e conciliador.As causas dos protestos que sacudiram o Irã, são profundas, e devem-se à dois fatores importantes, a existência de um regime teocrático de 30 anos e a profunda crise econômica no país, como inflação, pobreza, desempregado e a privatização desenfreada dos serviços públicos levada a cabo por Ahmadinejad para criar novos aliados. Os gastos sem limites com o sonho de um Iran nuclear e a deteriorção da economia tem aumentado os ja serios problemas sociais iranianos. Regime que substitui a defesa dos interesses das massas por demagogia religiosa, fanatismo e nacionalismo de fachada.


A crise social e o movimento de massas


Não apenas houve divisões dentro da elite do regime, há elemento importante que atuou como explosão da crise, que é o profundo repudio de importantes setores da sociedade, contra o regime teocrático, que mantém um rígido sistema de controle baseado na vigilância religiosa e no controle social e ideológico, expresso na opressão e na negação de direitos democráticos de organização política e sindical.A crise iraniana desencadeada com a eleição presidencial tem raízes no confronto entre as massas e o Estado, o conflito reflete um profundo mal-estar por parte do povo. A economia iraniana sofreu o impacto da crise capitalista internacional. Segundo o Banco Central Iraniano, a inflação chegou a passar o 24% (ainda que o governo reconheça somente 14%) e a taxa de desemprego passou os 17% até dezembro do ano passado. As perspectivas indicam outro ano de declinação no crescimento econômico, produto da oscilação nos preços do petróleo e da falta de investimentos e de uma infra-estrutura adequada para explorar os recursos petroleiros do país. Durante a campanha, Ahmadinejad quiz retomar sua retórica populista, inclusive acusou Rafsanjani e a vários integrantes da “velha guarda” da revolução de 1979 de enriquecer apropriando- se dos recursos do Estado.Cerca de 80% da economia iraniana está nas mãos do Estado e mais de 50% do Orçamento vem da exportação de petróleo. Os protestos se transformaram em um desafio não apenas ao resultado das eleições, não apenas ao presidente Mahmoud Ahmadinejad, mas também ao líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei. Isso significa um desafio a toda a base política-espiritual da república islâmica.


As eleições rompem entre a sociedade e o regime


Desde sua chegada ao poder, os lideres religiosos tem distribuido entre eles o que antes o Xa roubava para ele só, e a burgesia iraniana da epoca continua a mesma até hoje e continua roubando as riquezas do petroleo. O aiatolah Rafsanjani se transformou em um dos homens mais ricos da região, e o mais odiado e detestado em Irã. Esta estagnacao economica e a corrupcao levaram Ahmadinejad ao poder. Com efeito, em 2005, Rafsanjani tentou ser eleito novamente como presidente, cargo que ele exerceu de 1989 ate 1997, mas o dilema era, se eleger novamente Rafsanjani, isso faria perder a pouca confianca que o povo tinha no regime Islamico. Assim Khamenei escolheu e decidiu, como alternativa , alguem honesto para reestablecer a imagem do regime como: Ahmadinejad.

O debate presidencial repleto de acusações de corrupção e roubos, entre o candidatio reformista Moussavi e Ahmadinejad, fez com que milhões de jovens e trabalhadores expressessem seus desejos de mudança em estas eleições históricas. Esta disputa pelo poder, abriu uma situação em que centenas de milhares têm saído às ruas. Mas estas mobilizações apresentam um caráter de levantar demandas democráticas legítimas como o fim da opressão de gênero, liberdades políticas e de expressão.

Os protestos às eleições, expressam a revolta popular contra o regime, situação que constitui a pior crise política desde o levante dos estudantes em 1999, contra o governo reformista do Khatami, que culminou com uma brutal repressão característica deste regime.


Características da Oligarquia religiosa


Os protestos atuais em Irã, revelam a crise da política de Estado, que se impõe ditatorialmente sobre o país, apoiado no clero ultra-reacionário que procura acomudações com o imperialismo. Na realidade toda a cúpula do regime religioso em Irã, estão a favor de abrir negociações oficiais com os Estados Unidos, este regime que colaborou com a ocupação norte-americana do Iraque e Afiganistão, da qual saiu amplamente beneficiada e até implantou um governo de fachada em Kordistão. Mas para garantir uma posição dura e forte nas negociações futuras com os Estados Unidos, Ahmadinejad e seus aliados da elite precisam manter as provas de mísseis, o programa nuclear, e o enfrentamento com o Estado de Israel através do Hezbollah e Hamas. Através do aumento do potencial militar, o regime iraniano quer proporcionar maior flexibilidade na plítica dos Estados Unidos, especialmente quando se combina com a diplomacia do petroleo, é a mesma estrategia que usava o Xa.


A repressão contra a ameaça levantada pela bandeira da democracia, demostrou o carater reacionario da política deste governo. Com a repressão brutal dos manifestantes pela Guarda Revolucionária o regime quer mandar um recado duro e claro para qualquer tentative futura de mobilização ou oposição e ao mesmo tempo para o imperialismo norte-americano dizendo que o governo iraniano não vai ceder muito nas negotiators, exige garantias para dividir os benificios do contrle na região. Devido ao caráter burguês e nacionalista de fachada, reacionário, atrasado e repressivo do regime dos aiatolás, acontece a roptura entre o povo e este regime.


Este regime dos aiatolás apóia-se na supressão dos direitos políticos da classe operária e dos explorados em geral. Daí o caráter mais retórico que efetivo do seu enfrentamento com o imperialismo. os aiatolás iranianos apoiam o vários partidos políticos xiitas iraquianos, que formam o governo pró-imperialista no Iraque. A República Islámica de Irã esta vazia de qualquer conteudo progresista. O regime se consolidou em 1979-1982 esmagando a revolução operária que havía derrocado ao Xa. Ao igual que em 1979 tratando de ganhar o apoio das massas, Ahmadinejad tem usado um linguagem anti-imperialista e a favor dos pobres, para neutralizar a situação real do povo iraniano.


A resposta do imperialsmo Norte Americano


O presidente americano declarou que estava disposto a conversar com o Irã. Ora, a reeleição de Ahmadinejad reforça os temores dos israelenses e dos sauditas a respeito da segurança. Os Estados Unidos esperavam a vitória dos reformistas. Essas esperanças foram frustradas, e os EUA terão que lidar com Ahmadinejad. Obama contava com a derrota de Ahmadinejad para facilitar as negociações e salvar um pouco da imagem derrotada dos EUA na região.


É por isso que Obama teve cautela para falar sobre a crise em Irã, e preferiu esperar para colher como resultado da crise o enfraquecimento do governo para uma negociação mais favorável aos EUA na questão nuclear


.Os Estados Unidos precisavam reconhecer que a eleição é um assunto interno iraniano. E proceder com profunda cautela, a fim de que não sejam vistos como tomando uma ação intervencionista. Porque qualquer acusações de fraude eleitoral contra o regime iraniano exige que os Estados Unidos recuem nas negociações com o governo do país.


Apoiamos a luta do povo iraniano para conquistar seus direitos democraticos, pela liberdade de expressão, organizções dos partidos políticos, sindical, prensa, e pela liberdade dos presos políticos e sindicais.


O caminho para seguir na luta é organizar os estudents e trabalhadores num partido revolucionário capaz de dirigir a luta até o fim. Este é o caminho!!! Viva o povo iraniano!!!

3 comentários:

  1. Artigo polemico e provacador.Apesar que no final fica claro todo apoio em favor a massa iraniana,acho que na questão do imperialismo houve um forçamento de mais, que pareceu que os EUA é o "santinho" e que todos problemas que os iranianos enfrentam são só conseguencias exclusivas de seus administradores internos.
    Ou seja ,ao meu ver os argumentos para justificar o não imperialismo do governo não são tão importantes asssim,o que não me convenceu de jeito algum.
    Achas que a elite do irã iria ariscar perder o poder por um simples jogo desses???

    ResponderExcluir
  2. Tem um bom texto em relação a causa Palestina.E do Emir Sader em seu blog na Agencia carta Maior.Sugiro que leiam...

    ResponderExcluir
  3. O artigo sobre Irã é interessante, ele denuncia o regime ditador, é questão importante, sim concordo com o autor, porque só assim podemos ter democracia e direitos para avançar.

    ResponderExcluir