domingo, 15 de outubro de 2017

Os curdos: arma de desestabilização de Washington no Oriente Médio - Parte I

por Sarah Abed

Como os palestinos, os curdos aspiram a ter seu próprio Estado. No entanto, desde o fim do Império Otomano, alguns de seus líderes priorizaram aliar-se com as potências imperialistas e não com os seus vizinhos. Esses líderes - e as famílias ligadas a eles - tornaram-se  peões do imperialismo para desestabilizar o Oriente Médio.Tentaram estabelecer estados títeres sucessivamente no Irã, no Iraque e na Síria, ou seja, nas terras daqueles que  os acolheram e os protegiam. Sarah Abed nos conta nossa história. (Introdução por Voltaire.net)
O Blog está traduzindo e apresentará a história contada pela jornalista Sarah Abed em 3 partes. Queremos contribuir  para a discussão e os esclarecimentos dos fatos reais,  sem os antolhos impostos pela mídia corporativa a serviço do imperialismo sionista. 

Boa leitura!

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Em 1917, a criação do Curdistão, da Armênia e de Israel era um dos objetivos de guerra do presidente dos EUA, Woodrow Wilson.   Depois de ter enviado a Comissão King-Craine para verificar a localização exata das populações, proclamou o Curdistão na Conferência de Sevres (1920), aqui em rosa no mapa. A conferência também reconheceu a possibilidade de a área tracejada no mapa (atualmente no Iraque) se juntar voluntariamente ao Curdistão por referendo.No entanto, este estado nunca viu a luz do dia e foi revogado pela Conferência de Lausanne. Somente este território, e somente esse, pode ser legitimamente exigido pelos curdos.


Os relatos históricos dos curdos despertaram, durante séculos, a curiosidade e a perplexidade que raramente foram objeto de comentários na mídia ocidental, até recentemente. Desde a invasão do Iraque e o conflito aberto na Síria, tanto os principais meios de comunicação e os políticos dos EUA vêm dando um halo romântico aos curdos para justificar a narrativa intervencionista ocidental nesses países. Desde que os Estados Unidos invadiram a Síria, eles e Israel têm apoiado  um  Curdistão semi-autônomo  com  Israel comprando por $ 3.840 bilhões o petróleo, um movimento que poderia ter ramificações geopolíticas e econômicas para ambas as partes [1].
Até 2015, o Financial Times informou que Israel importou 77% de seu estoque de petróleo do "Curdistão",  adquirindo cerca de 19 milhões de barris entre o início de maio a 11 de agosto. Durante esse período, mais de um terço de todas as exportações do norte do Iraque, embarcadas pelo porto da Turquia de Ceyhan, foram para Israel, envolvendo transações de quase US $ 1 bilhão, de acordo com o relatório  citando: "dados de envio, fontes comerciais e rastreamento de petroleiros por satélite".
As vendas são um sinal da crescente assertividade do Curdistão iraquiano e o rompimento  dos laços entre Erbil e Bagdá, que há muito guarda temores de que o objetivo final dos curdos seja a independência total do Iraque.
Em 1966, o ministro iraquiano da Defesa, Abd al-Aziz al-Uqayli, acusou os curdos iraquianos de desejarem estabelecer um "segundo Israel" no Oriente Médio. Afirmou que o Oriente e o Ocidente estão apoiando os rebeldes para criar um novo estado de Israel no norte do seu território, como fizeram em 1948, quando fundaram Israel [2]az. Interessante notar a história se repetindo nas relações atuais - cuja existência só é mencionada de passagem por ambas as partes, por medo de represálias
Durante uma grande parte do conflito sírio, várias milícias curdas tornaram-se , entre todos, os aliados mais próximos da coalizão liderada pelos EUA no país, recebendo enormes quantidades de armas e projeteis de armas pesadas, bem como treinamento militar, por membros da coalizão [3]As milícias curdas dominam o grupo nominado de Forças Democráticas da Síria (FDS),  grupo apoiado pelos EUA que se destacou por liderar a ofensiva, patrocinada pela coalizão, em Raqqa, a fortaleza do Emirado Islâmico (Daesh). As armas que os Estados Unidos forneceram aos combatentes curdos e árabes da coalizão "contra" o Emirado Islâmico incluem artilharia pesada, morteiros, armas antitanque, veículos blindados e equipamentos de engenharia.  
Em maio, o presidente dos EUA, Donald Trump, aprovou armar as milícias curdas na Síria com mais armas pesadas, incluindo morteiros e metralhadoras [4]Um mês após a aprovação de Trump, 348 caminhões com assistência militar foram entregues ao grupo, acrescentou Anadolu. De acordo com esta agência de notícias, a lista de armas que o Pentágono fornecera ao grupo inclui 12.000 rifles Kalashnikov, 6.000 metralhadoras, 3.000 lançadores de granadas e aproximadamente 1.000 armas antitanque de origem russa ou americana.


As entregas dos EUA incluíram 130 caminhões, com 60 veículos em 5 de junho e outros 20 em 12 de junho, de acordo com Sputnik News [5].


Em 17 de junho,  Sputnik News informou que os Estados Unidos seguem provendo o Partido da União Democrática (PYD) na Síria com munições, com o argumento do combate ao Daesh, e que entregou 50 caminhões carregados em um único dia, de acordo com relatórios da imprensa turca. Pouco antes, os caminhões chegaram à cidade de Hasakeh no noroeste da Síria.


Os laços, tanto históricos como os atuais, que unem curdos e israelenses trouxeram benefícios para ambos os lados. No passado, Israel obteve serviços de inteligência e apoio para saída estratégica de alguns judeus do Iraque.  governado pelo Partido baath. Em contrapartida, os curdos receberam segurança e ajuda humanitária, bem como ligações com o mundo exterior, especialmente com os Estados Unidos. O primeiro reconhecimento oficial de que Israel providenciou ajuda aos curdos data de 29 de setembro de 1980, quando o primeiro-ministro Menahem Begin informou que Israel havia apoiado os curdos "durante sua revolta contra os iraquianos de 1965 a 1975" e que os Estados Unidos estavam cientes desse fato. Begin acrescentou que Israel havia enviado instrutores e armas, sem unidades militares.

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Israelenses de etnia Kurda protestam diante da embaixada da Turquia, em Tel Aviv, 08 de julhio de 2010.
Os curdos são o maior grupo nômade do mundo que permaneceu sem Estado.  Isso permitiu que as potências ocidentais utilizassem este fato histórico  como uma ferramenta para dividir, desestabilizar e ocupar o Iraque e a Síria, onde os interesses coloniais apostam fortemente no petróleo e no gás.

A coalizão de criminosos de guerra liderada pelos EUA utilizou, e ainda utiliza, elementos da população curda da Síria na estratégia  de destruir o Estado democrático não-beligerante da Síria, dirigido por seu presidente popular e eleito democraticamente, Bachar al-Assad [6]Washington procura criar divisões sectárias e étnicas em um país que, antes da guerra iniciada pelo Ocidente, não as tinha.
No entanto, o povo curdo rejeita essa caracterização porque não se enquadra na sua conta de eventos históricos, uma história que lhes atribui um Estado em um ponto do tempo. A maioria das fontes demográficas estima sua população em 30 milhões. Eles também rejeitam a ideia de que eles estão sendo usados ​​como peões [7].
Respondendo à pergunta sobre onde a administração autônoma curda "traçaria a linha" sobre o apoio dos Estados Unidos e de outras superpotências, o líder do Partido Democrata dos Curdos Sírios (PYD), Salim Muslim Muhammad, foi categórico em dizer que "nossa garantia  é nossa mentalidade. Depende de quanto educamos e organizamos o nosso povo. Se defendemos nossos valores e nossa ideologia,  então, os grandes poderes não podem nos usar como peões "[8].
Talvez nenhum grupo humano nos tempos modernos tenha sido tão idealizado quanto os curdos pela consciência ocidental. Consistentemente retratados como "lutadores da liberdade" eternamente lutando por uma terra que lhes é negada, os curdos  tem sido frequentemente usados ​​durante a história por outros países e impérios como flechas sem nunca chegar a ser arco.      
No caso presente, os curdos são usados ​​pela OTAN e Israel para cumprir o propósito colonialista moderno de dividir grandes estados como o Iraque em pequenos estados para alcançar objetivos geopolíticos. Quando as nações são divididas em pequenos estados, são fáceis de conquistar por entidades estrangeiras. É um movimento característico das nações imperialistas cuja finalidade é a colonização das nações menores e menos influentes. Os curdos foram manipulados ao longo da história como fantoches nesta estratégia de "dividir e conquistar" e seguem deixando-se utilizar  pelos poderes coloniais. 

Oportunistas ultra  esquerdistas ou autênticos revolucionários?

Em um artigo escrito em 2007, o analista de notícias da NPR, Daniel Schorr, afirmou que os curdos no Iraque têm uma longa história de serem usados ​​como marionetes nas lutas entre poderes na região [9]No momento, eles estão no meio de uma disputa entre os Estados Unidos e o Irã pelo domínio do Oriente Médio.
Em 1973, o presidente Richard Nixon e o secretário de Estado, Henry Kissinger, autorizaram  a CIA induzir uma rebelião no norte do Iraque contra Saddam Hussein. Os Estados Unidos retiraram-se da rebelião quando Saddam e o xá do Irã resolveram suas diferenças, abandonando os curdos a sua própria sorte. Surpreendentemente, os curdos parecem sofrer de amnésia, optando por cooperar mais uma vez com Washington, que os utilizou recorrentemente em proveito próprio , os abandonando em seguida..
Durante a Guerra do Golfo, após a conquista do Kuwait em 1990, pelo Iraque, o presidente George W. Bush autoriza  a promoção de uma nova  rebelião, os curdos e alguns grupos  xiitas do sul são chamados a se rebelarem contra Saddam.
Após a vitória, os militares dos EUA permitiram que  Saddam Hussem conservasse  seus helicópteros de combate e este os utilizou para castigar centenas de curdos e xiitas. A opinião pública dos EUA acabou forçando a administração a estabelecer zonas de exclusão aérea no norte e no sul para proteger as duas populações.
A lealdade das organizações curda aos Estados Unidos tem custado, ao povo curdo, um preço muito alto, e não sem algum pedantismo, o governo Bush se vangloriou de dizer aos curdos, supostamente autônomos, quais as relações que poderiam manter com outros países da região, incluindo o Irã, o rival dos Estados Unidos[10]Mas, na realidade, os curdos se encontram uma  vez mais no meio de uma disputa entre os Estados Unidos e o Irã, pelo domínio do Oriente Médio.
Andrew Exum, ex alto funcionário do Pentágono para a política do Oriente Médio, que serviu no Exército, disse que "... esta decisão de armar um grupo estreitamente ligado a uma organização terrorista estrangeira, que tem travado uma década de insurgência contra o Estado  turco, provavelmente terá repercussões nas relações dos EUA com a Turquia nas próximas décadas "[11]O governo turco insistiu fortemente no fato de que a milícia curda está intimamente ligada ao Partido dos Trabalhadores Curdos, um grupo separatista conhecido como PKK. Este grupo é listado pela Turquia, Estados Unidos e Europa como uma organização terrorista..
O livro de dados da CIA descreve a população curda em cerca de 14,5 milhões na Turquia, 6 milhões no Irã, 5 a 6 milhões no Iraque e menos de 2 milhões na Síria, 28 milhões de curdos no que chamam de "Curdistão" e regiões limítrofes.
No entanto, outras fontes dizem que apenas 1,2 milhão de curdos permanecem na Síria por causa da guerra -  cuidadosamente planejada e calculada - imposta pela OTAN e seus aliados do Golfo. Aproximadamente o mesmo número migrou para a Alemanha nos últimos 6 anos.
É importante diferenciar o povo curdo que está perfeitamente integrado aos seus países e descartam a ideia de fundar um "Curdistão", daqueles organizações que, com fome de poder, se permitem juntar-se com o Ocidente e Israel para ajudar a desestabilizar a região. Alguns curdos na Síria, especialmente aqueles que residem em áreas não controladas pela direção curda, como Damasco, são leais ao Estado sírio e, inclusive, não escondem ter votado em Assad, em 2014.          
Assad ganhou as eleições livres e democráticas com 88,7% do voto popular sobre os outros dois candidatos[12]No início da guerra na Síria, havia curdos lutando no exército árabe sírio, que recebiam armas e salários, assim como seus homólogos sírios. Ainda existem alguns no exército árabe sírio            
Mas no nordeste da Síria, muitos curdos desertaram para se juntar à SDF (sigla em inglês) - Forças Democrática da Síria, liderada pelos EUA, onde armas, salários e treinamento são oferecidos pelos Estados Unidos. Os sírios consideram os curdos que permaneceram leais à Síria como irmãos e irmãs sírias e a traição curda descrita neste artigo, não se aplica a eles. A coalizão "moderada", pró-EUA, dos grupos rebeldes sírios conhecidos como Forças Democráticas da Síria (SDF) é armada, treinada e apoiada pelos Estados Unidos. O grupo está atualmente envolvido nos estágios iniciais da batalha contra a fortaleza de Daesh em Raqqa, na Síria.


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A coalizão "moderada" dos grupos rebeldes sírios, incluindo facções curdas, uma coalizão conhecida como Forças Democráticas da Síria (SDF), está armada, treinada e apoiada pelos Estados Unidos.

Independência e desunião

Uma questão questão que é importante  recordar  é que o termo étnico "curdo" refere-se a falantes de várias línguas inter-relacionadas, mas distintas. As duas mais importantes são a Sorani, no Iraque e no Irã, e a Kurmanji na Síria, Turquia e regiões fronteiriças menores no Iraque e no Irã. A Sorani tende a usar o alfabeto árabe enquanto a Kurmanji utiliza o alfabeto latino, o que mostra o quanto podem ser diferentes uma da outra.
O governo regional do Curdistão iraquiano (KRG) é predominantemente formado por falantes sorianos, enquanto o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), o PYD e outros grupos nacionalistas na Síria e Turquia falam kurmanjiEsta divisão, naturalmente, mapeia as  divergentes expressões políticas no território. Não é tão simples , sobrepor as fronteiras do KRG sobre os territórios controlados pelo PYD e o PKK.
Por outro lado, a Turquia não combate as aspirações dos falantes de Sorani no mesmo grau que luta contra os falantes de Kurmanji. Incentivar a autonomia dos curdos iraquianos não deve implicar os mesmos problemas para a aliança turco-americana, que  encorajar o nacionalismo curdo sírio-turco.
A busca pela independência é intrínseca à identidade curda. No entanto, nem todos os curdos querem um Kurdistão unificado que reúna as regiões curdas de 4 países soberanos diferentes. A maioria dos movimentos e partidos políticos curdos se concentram nos problemas e na autonomia dos curdos nos seus respectivos países. Dentro de cada país, há curdos assimilados cujas aspirações podem ser limitadas a maiores liberdades culturais e reconhecimento político.
Em todo o Oriente Médio, os curdos prosseguiram vigorosamente seus objetivos através de vários grupos. Enquanto alguns curdos fundaram organizações  e partidos políticos legítimos, esforçando-se para promover os direitos e liberdades, outros optaram pela solução armada. Alguns, como o PKK turco, usaram táticas de guerrilha e já usaram ataques terroristas contra civis, mesmo contra seus cidadãos curdos.
A ampla gama de partidos e grupos políticos curdos reflete sua divisão interna, uma divisão que frequentemente segue fronteiras tribais, linguísticas e nacionais, assim como é  moldada por rivalidades políticas e desacordos políticos. As tensões entre os dois partidos políticos curdos  iraquianos dominantes, o Partido Democrático do Curdistão (KDP) e a União Patriótica do Curdistão (PUK) chegou ao ponto da guerra civil que matou mais de 2.000 curdos, em meados da década de 1990.
As diferenças  política  se estendem  para além das fronteiras, através de partidos  e organizações curdas que se ramificam no exterior, ou  que forjam alianças com países vizinhos. Hoje, os desacordos sobre as perspectiva de autonomia curda na Síria ou as relações dos curdos iraquianos com o governo turco tem gerado tensões que levaram ao  confronto  o KDP iraquiano e sua organização irmã síria, KDP-S, contra o PKK e seu ramo sírio , o PYD. Mesmo assim,  grupos adversários  curdos têm trabalhado juntos quando a situação se mostra conveniente. A ameaça representada por Daesh tem levado os Peshmergas, afiliados do KDP, a lutar ao lado das forças sírias da PYD. 

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Certos grupos curdos , em algumas ocasiões, negociam não somente com seus próprios governos, mas também com Estados vizinhos - em alguns casos à custa de suas relações com seus irmãos curdos. As relações complexas entre grupos curdos e entre curdos e governos regionais são instáveis e as alianças são  formadas e desfeitas a medida que as condições políticas mudam. A falta de unidade entre as organizações dos curdos é citada , por estudiosos da questão curda, como a principal causa de sua incapacidade de formar um estado próprio.

Demandas ilegais e injustificadas de autonomia pelos curdos

O ocidente declara que os curdos são uma das forças mais morais e dignas que lutam contra Daesh no Oriente Médio. Mas se seu objetivo é derrotar Daesh, como eles afirmam, por que  cometem genocídio contra os sírios no processo [13]? Levando  esse fato em consideração,  é difícil justificar a alegação recorrente do Ocidente de que os grupos terroristas armados curdos estão tentando ajudar a Síria. A realidade do terreno contradiz os elogios vazios que o Ocidente usa para lavar o apoio que está fornecendo as organizações terroristas. Essa falsa narrativa foi usada para armar os curdos na Síria, a fim de criar instabilidade e divisão.
 É estranho que os curdos sejam tão antagônicos aos sírios, já que o Estado da Síria tem sido amplamente acolhedor  para eles. Por exemplo, em 2012, foram feitas  reformas,  na Síria, para beneficiar os curdos. "O presidente Assad emitiu um decreto que concede a cidadania da Síria  a estrangeiros registrados na província de Hassake", de acordo com a agência de notícias SANA. A medida, que beneficiou cerca de 300 mil curdos, ocorreu uma semana depois que Assad encomendou uma comissão para "resolver o problema do censo de 1962 na província de Hassake". 
 Em janeiro de 2015, a agência de notícias SANA informou que o primeiro-ministro  Wael al-Halqi declarou que "os curdos são um componente profundamente enraizado na sociedade síria e Ain al-Arab é uma parte da Síria perto do coração de todos os sírios "[14]Al-Halqi fez sua declaração durante uma reunião com uma delegação curda que incluiu personalidades curdas. Também exortou todos a rejeitar a violência e a ampliar a amizade, reiterando que uma solução para a crise síria poderia ser alcançada "através do diálogo nacional e pela consolidação das reconciliações nacionais", afirmando que o diálogo deveria ser colocado, sem dúvida, sob o guarda-chuva nacional, longe dos ditames estrangeiros ".
Em 2014, a Associação Civil Democrática do curdos sírios afirma que a solidez da aldeia de Ain al-Arab contra os terroristas expressa o compromisso dos curdos sírios com a sua afiliação a patria siria [15]O alto conselho de secretarias do grupo disse que a solidez de Ain al-Arab era digna de admiração e que as tentativas de transgressão contra a integridade do território da Síria faziam parte de um enredo destinado a criar o caos e a divisão e a dinamitar o eixo da resistência.
Estes são apenas alguns exemplos dos esforços do governo sírio para unir todos aqueles que vivem nas fronteiras do país. Mas, mesmo com essas ações de boa fé, a SDF - Forças Democráticas da Síria - optou por se juntar aos inimigos da Síria em vez de trabalhar com o exército sírio.
Um acordo recente, iniciado e negociado pelos Estados Unidos, entre uma facção do Exército Sírio Livre (ESL) e a SDF - Força democrática da Síria-  liderada pelo Curdos, estabelece as condições pelas quais as negociações iniciadas pelos EUA permitiriam a facção do  ESL, a brigada  al-Muatasim, conquistar pacificamente  11 aldeias no norte da Síria controladas pela SDF (curdos). Os detalhes deste acordo sem precedentes foram anunciados em 10 de maio, deixando a coalizão liderada pelos Estados Unidos delegar a al-Muatasim a tarefa de assumir e gerenciar as aldeias designadas.
A brigada al-Muatasim é conhecida por ser um forte aliado  dos Estados Unidos, motivo pelo qual foi escolhido para se responsabilizar pelas cidades designadas. Isso prova de forma contundente  que  os Estados Unidos, as SDF e o ESL se mantêm trabalhando  juntos. Esta cooperação é parte de um esforço para se opor a dinâmica conquistada  pelo exército árabe sírio e seus aliados no terreno.
continuará ... aguardem a parte II )


[1] “Israel Is Challenging America to Support Kurdish Independence”, Dov Friedman & Gabriel Mitchell, New Republic, July 3, 2014
[2] “Surprising Ties between Israel and the Kurds”, Ofra Bengio, Middle East Quarterly, Summer 2014 (Middle East Forum).
[3] “U.S., allies rush heavy weapons to Kurds to fight militants in Iraq”, David S. Cloud & Brian Bennett, Los Angeles Times, August 11, 2014. “Trump to Arm Syrian Kurds, Even as Turkey Strongly Objects”, Michael R. Gordon & Eric Schmitt, The New York Times, May 9, 2017.
[4] “Trump Approves Plan to Arm Syrian Kurds”, Courtney Kube, NBC News, May 9, 2017.
[6] “The Kurdistan projects”, by Thierry Meyssan, Translation Pete Kimberley, Voltaire Network, 5 September 2016.
[7] “Syrian Kurdish PYD co-leader dismisses possibility of ‘being used as pawns’”, Kom News, April 16, 2017.
[8]“Middle-East - the Kurdish people used as a pawn by the Western powers”, Class Struggle 103, Winter 2014, (International Communist Union).
[9] “Kurds Often Used as Pawns in Power Struggles”, Daniel Schorr, NPR, January 15, 2007.
[10] “The Kurds as Charlie Brown”, Daniel Schorr, Christian Science Monitor, January 19, 2007.
[11] “Trump Moves To Defeat ISIS By Arming Syrian Kurds”, Jack Davis, Western Journalism, May 10, 2017.
[12] “The Syrian People Have Spoken”, by Thierry Meyssan, Translation Roger Lagassé, Voltaire Network, 6 June 2014.
[13] “The United States and Israël begin the colonisation of Northern Syria”, Translation Pete Kimberley, Voltaire Network, 2 November 2015. “U.S. Coalition Cleansing Raqqa Of Arabs To Expand Kurdish “Autonomous Region””, Mint Press, June 20, 2017.





Sobre a Sarah Abed
Sou jornalista independente e comentarista política que se concentra em expor as mentiras e a propaganda nas principais notícias da mídia, especialmente no que diz respeito às guerras, corrupção, violência e desastres humanitários. Eu contribuo para uma série de notícias que me permitem escrever a verdade não filtrada, não adulterada e crua. Eu também faço entrevistas de rádio, tv e podcast, e falo em fóruns universitários. 
Eu frequentemente escrevo sobre o papel destrutivo que os governos ocidentais têm desempenhado em países estrangeiros através de intervenção militar e política, invasões e como essas guerras de banqueiros são todas baseadas em mentiras. Com o estado atual das coisas, tenho me concentrado no Próximo e Médio Oriente.
https://sarahabed.com/2017/09/13/the-kurds-washingtons-weapon-of-mass-destabilization-in-the-middle-east-wintroduction-and-translations-by-voltaire-net/
http://www.voltairenet.org/article197624.html

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