por Rafiqa Salam
Palestina, dezembro de 2010
Nesta época começa um movimento na Palestina! É dezembro, mês que simboliza o nascimento de Jesus! Na Palestina há muitos palestinos cristãos e cidades de maioria cristã como Al Teba, Belém, Jerichó e Jerusalém, entre outras. Neste mês muitos gostariam de fazer a peregrinação cristã. Gostariam, mas não podem... Existem limites de circulação impostos pelo Estado de Israel aos palestinos. Existem carteiras de identificação que restringem o acesso a determinadas cidades. Nos checkpoints, nas revistas, só vejo carteiras verdes para um lado, azuis para o outro, e destinos diferentes. Acessos são permitidos por cores nada coloridas... cores que segregam acessos às áreas pós-invasão israelense em 1967 e às áreas pós-invasão israelense em 1948. Há distinção também para as placas dos carros. Automóveis com placa amarela podem trafegar em todas as áreas, já aqueles com placas brancas e verdes têm circulação restrita... Mas como limitar a fé das pessoas ao espaço territorial que Israel impõe? Jesus é palestino, nasceu na Palestina e andou por toda a Palestina, mas os palestinos fieis ao cristianismo não podem... Fico pensando... E se Jesus voltasse agora e visse que na Belém onde nasceu tem um muro? Visse que em toda a Palestina tem muros, mais de 700 km de muros serpenteando as terras nas quais Ele andava livremente? E Ele não ia nem poder pular! Os muros têm 8 metros de altura! Como Jesus se sentiria ao andar em apenas 8% do território que sobrou da Palestina? Logo Ele que andou em 100% do território livre, do Mediterrâneo ao Rio Jordão! Mar que Ele nadou, rio em que Ele se batizou! Como Jesus reagiria ao ver que um irmão seu, que mora em Jerichó, tem permissão para entrar apenas uma vez por ano no Rio Jordão? Que jamais vai poder nadar no Mar Mediterrâneo, pois este “pertence” ao Estado de Israel? Como Jesus reagiria ao ver a humilhação diária vivida pelos palestinos nos checkpoints, tendo o direito de ir e vir negado? Vendo doentes, crianças e mulheres grávidas não podendo ir aos hospitais porque os soldados israelenses simplesmente negam a passagem? Penso e imagino a dor que Jesus sentiria ao ver as crianças palestinas sofrerem violências e privações, tendo sua infância roubada pelo Estado de Israel... Jesus choraria muito. Ele sabia da pureza das crianças e certa vez disse: “O Reino dos Céus pertence aos que são semelhantes a elas” (Mt 19:14). E quando Ele visse as Oliveiras? Tanto Ele descansou embaixo de um pé de Oliveira... quase não existem mais Oliveiras...os soldados israelenses cortam, arrancam as árvores, para prejudicar o sustento dos palestinos. Jesus iria gritar! Acho que Ele gritaria mais alto quando soubesse dos 11 mil presos políticos palestinos, que vivem nos cárceres israelenses sob condições desumanas, sem direito a advogados. Reclusos em prisões arbitrárias, punições sem julgamentos, detenções criminosas de homens, adolescentes, crianças e mulheres que deram sua vida em defesa de sua terra!
Nenhum comentário:
Postar um comentário