30/11/2010 - 19:49
Em solidariedade ao Povo Palestino
Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados,
Participei ontem, na Assembleia Legislativa de São Paulo, de um ato político organizado pela Frente em Defesa do Povo Palestino. Há exatos 33 anos, era aprovada a resolução 32/40 da Organização das Nações Unidas que definiu o 29 de novembro como Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino. Neste mesmo dia, 30 anos antes – portanto, em 1947 – , a mesma Assembléia Geral da ONU aprovava a Resolução nº 181, que decidiu pela partilha do território da Palestina histórica para o estabelecimento de um Estado judeu e um árabe, sem qualquer consulta aos habitantes locais.
Assim nasceu o Estado de Israel, sem que o mesmo fosse assegurado ao povo palestino, o que levou à expulsão de mais de 700 mil pessoas de suas casas e à destruição de centenas de vilarejos. Em 1948, quase a totalidade das terras palestinas (94%) foram tomadas militarmente pelo Estado de Israel. Hoje mais de seis milhões de palestinos vivem em campos de refugiados espalhadas pelos países árabe e mundo afora. Ainda hoje, Israel controla 65% da Cisjordânia e 40% da Faixa de Gaza, com seu exército e sua força paramilitar, os colonos, implementando um regime de terror.
Seis décadas depois, a região é assim marcada pela ocupação mais longa do período contemporâneo, aprofundada sob a marca do desrespeito aos acordos e tratados internacionais. Nas últimas décadas, foram inúmeras as resoluções adotadas, com base na Carta das Nações Unidas e na Lei Internacional, incluindo a lei humanitária internacional, que até hoje não foram implementadas devido à recusa e intransigência de Israel.
Desde 2002, um muro da vergonha corta a Cisjordânia ao meio. Os checkpoints e assentamentos sionistas se multiplicam. Estradas proibidas ao trânsito de palestinos são símbolos do apartheid que se configura no território ocupado. Em Gaza, 1,5 milhão de pessoas se espremem em 360km2, vítimas de um bloqueio criminoso que tem como resultados principais a fome e a miséria da população. Este ano, o mundo presenciou indignado o covarde ataque de soldados israelenses à frota humanitária que buscava, justamente, levar remédios e medicamentos a este povo. Tamanha barbárie não foi suficiente, no entanto, para por fim ao bloqueio à Faixa de Gaza.
Por trás das ações do exército de Israel está o financiamento dos bancos sediados em Nova York e a manipulação da cobertura jornalística das grandes redes de TV. Tudo respaldado pelo apoio explícito do império dos Estados Unidos.
É por isso, senhor Presidente, que neste dia 29 e ao longo desta semana ocorrem inúmeras manifestações de solidariedade e apoio à luta do povo palestino em todo o mundo. E também aqui no Brasil. É um período para chamar a atenção do planeta de que todos os direitos inalienáveis do povo palestino têm sido desrespeitados, como à autodeterminação, à saúde, à educação, ao ir e vir.
É um momento também para cobrar uma resposta consequente da comunidade internacional para a drástica situação na Palestina, com a realização de ações concretas que de fato levem à mudança dessa realidade. Não podemos manifestar nossa solidariedade apenas nos momentos em que ocorrem as grandes tragédias. É preciso afirmar permanentemente que só haverá paz no Oriente Médio com o reconhecimento do direito ao povo palestino a um Estado livre e soberano. Um povo que há 63 anos resiste heroicamente ante todas as arbitrariedades, de humilhações a bombas e torturas legalizadas.
Afirmamos também que não é possível consagrar nenhum processo de paz ante as campanhas colonizadoras israelenses. De fato, senhoras e senhores deputados, os assentamentos sionistas são mais uma, diante de tantas outras, flagrante e agressiva manifestação da ocupação de Israel.
Por tudo isso, nesta data histórica, fazemos questão de manifestar, mais uma vez, nosso compromisso com esta luta. Viva a resistência do povo Palestino! Palestina livre!
Muito obrigado.
Ivan Valente
Deputado Federal PSOL/SP
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