da Folha Online
22/04/2009 - 11h27
Um grupo de advogados noruegueses apresentaram uma ação ao procurador geral da Noruega contra dez autoridades israelenses, incluindo o ex-premiê Ehud Olmert, por "crimes de guerra" e "violações graves aos direitos humanos" durante a recente ofensiva na faixa de Gaza, que deixou mais de 1.300 mortos.
A demanda pede a prisão e extradição de Olmert, da ex-chanceler Tzipi Livni, do ministro da Defesa, Ehud Barak, e de sete oficiais superiores do Exército israelense.
"A demanda diz respeito ao ataque israelense contra a faixa de Gaza no período de 27 de dezembro de 2008 a 25 de janeiro de 2009", afirmam o seis advogados em um comunicado.
A ofensiva foi lançada por Israel com objetivo declarado de acabar com o lançamento de foguetes contra território israelense. Grupos de direitos humanos, contudo, criticaram os métodos utilizados por Israel, que invadiu com tanques e artilharia pesada regiões centrais do território de apenas 360 km¦ e cerca de 1,5 milhão de habitantes.
A ofensiva deixou 1.434 palestinos mortos, incluindo 960 civis, 239 policiais e 235 militantes, segundo o Centro Palestino de Direitos Humanos. O Exército israelense confirma 1.370 mortes, entre elas 309 civis inocentes --dos quais 189 são crianças e jovens com menos de 15 anos.
A iniciativa tem como base os artigos do código penal norueguês sobre os crimes de guerra e outras violações graves dos direitos humanos, segundo as normas internacionais.
A acusação é de "ataque terrorista em massa contra residentes da faixa de Gaza", "homicídio de civis e atos desumanos que causaram sofrimentos graves", assim como a "destruição em massa de propriedade pública e privada com o objetivo de intimidar civis".
"Rumor"
As Forças de Defesa israelenses rebateram as críticas de crimes de guerra e encerraram recentemente uma investigação sobre os relatos publicados no jornal israelense "Haaretz" de soldados que lutaram na recente ofensiva na faixa de Gaza --no qual descrevem assassinato de civis inocentes, além de um bilhete que ordena ataques a equipes médicas e a campanha dos rabinos do Exército para transformar a operação em uma "guerra santa".
"A atmosfera em geral, não sei como descrever. As vidas de palestinos, digamos, são menos importantes que as de nossos soldados", diz um dos trechos da declaração de um chefe de pelotão que atuou em Gaza, ao justificar a morte de uma palestina e seus dois filhos, mortos por um atirador de elite israelense.
O Exército israelense afirma que as acusações foram baseadas em "rumores e não experiências vividas".
A investigação foi lançada no início do mês de março, após o jornal israelense publicar relato de soldados que lutaram na operação contra o movimento islâmico radical Hamas em Gaza. As denúncias vazaram de um encontro no último dia 13 de fevereiro entre membros das Forças Armadas, estudantes do curso preparatório de soldados de Yitzhak Rabin, que compartilharam experiências em Gaza. Alguns veteranos, formados na academia militar das Forças de Defesa de Israel, falaram sobre o assassinato de civis inocentes e de suas impressões de desprezo profundo aos palestinos dentro das forças israelenses.
O diretor da instituição, Danny Zamir, confirmou ao jornal israelense que os relatos são autênticos. O Exército, contudo, proibiu os soldados de conversarem com a imprensa.
Com agências internacionais
Nenhum comentário:
Postar um comentário