Por Ramez Philippe Maalouf
A premiação de hoje do Oscar 2013 é sem dúvida alguma o rufar dos tambores de guerra.
Três dos 9 concorrentes ao prêmio de melhor filme são propaganda de guerra: A HORA MAIS ESCURA e os péssimos LINCOLN e ARGO.
E ainda há quem acredite que os ianques não produzem filmes políticos.
ARGO desponta como o favorito. É um filme medíocre sem tensão e situações forçadas e um final digno dos filmes dos Trapalhões. Com o detalhe que os Trapalhões eram comédias assumidas. ARGO é comédia involuntária. No Irã, a exibição mereceu apenas o bocejo e o riso dos espectadores, enquanto no Brasil elogios abundam na grande imprensa.
O filme tem um começo promissor,mostrando um resumo da história do Irã e os crimes perpetrados pelos EUA e Inglaterra naquele país em nome do petróleo e da Guerra Fria. Depois resvala para a glorificação da CIA!!!! "Sim, nós cometemos crimes e erramos, mas, nós somos os EUA e temos o direito de dominar o mundo, quer gostem ou não".
A película ainda tem a pretensão de ser uma homenagem à cinematografia ianque dos anos 70, a chamada Geração "Easy Rider". Certamente, uma parte significativa daquela geração de cineastas recém saídos das universidades e que tomaram Hollywood com seus temas abordando e escancarando a fratura social, racial,política e econômica da sociedade ianque, então submergente, não concordaria com uma apologia ao principal órgão do poder ianque, não a um preço tão barato quanto paga o canastrão Ben Afleck.
Rara exceção ao mar de elogios da imprensa brasileira ao filme ARGO foi a do jornalista Artur Xexéo das Organizações Globo.
http://oglobo.globo.com/
Não, não, ARGO não é baseado em fatos reais.
Se o prêmio é para a melhor propaganda de guerra, então nada mais justo do que premiar A HORA MAIS ESCURA, um raro filme de guerra dirigido e estralado por mulheres. A trama é a obsessão de uma agente da CIA, mais uma vez os heróis, na caçada ao maior "terrorista" do mundo Osama Bin Laden. Caçada que levaria ao assassinato do líder da al-Qaeda, no Afeganistão, em 2011. O filme nada tem de excepcional, a não ser mostrar que todo o trabalho sujo vale a pena quando se trata de expandir o poder supremo dos EUA sobre o resto da humanidade.
Outra propaganda de guerra, mais imbecilizada, por sinal, é o piegas e ultra-nacionalista LINCOLN, do ultra-direitista STEVEN SPIEBLERG, este,sim, um legítimo representante da geração Easy Rider, mas que tomaria um rumo oposto aos colegas de faculdade. Ao invés de mostrar as vísceras de uma sociedade eclodida pelo Vietnã, Watergate, a luta pelos direitos civis, a estagflação e a crise de Teerã, ele preferiu justamente glorificar os valores ianques ou retorno aos valores ianques como a única saída para a crise dos anos 70 que se abateu sobre os EUA.
Em LICOLN, Spielberg tornou-se o primeiro cineasta a justificar e a legitimar a Guerra Civil (sic) dos EUA,também conhecida como Guerra de Secessão (sic), eclodida na década de 1860,quando os EUA (vulgarmente chamado de Norte), sob o comando de Abraham Lincoln, combateram e anexaram os Estados Confederados da América (vulgarmente chamado de Sul), sob o pretexto de libertar os escravos.
LINCOLN é tão inacreditavelmente solene (isto em pleno séc.XXI), que pode funcionar como anti-propaganda.
O certo é que Hollywood estão de mãos dadas com o Departamento de Defesa (sic) nos esforços para os preparativos de uma guerra a uma das civilizações mais antigas do mundo, o Irã. Segundo a cartilha de Hollywood, ainda assim, os EUA têm o direito quase divino de dominar/destruir/exterminar/
http://www.imdb.com/oscars/
Enquanto isto, a grande imprensa brasileira aplaude tais declarações de guerra.
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