Senhor Presidente. O povo sírio é doravante tomado de angústia
e de inquietação antes de cada reunião do Conselho de Segurança acerca da Síria
e isto é principalmente àquilo para que havíamos chamado a vossa atenção desde o
princípio: a sincronização suspeita entre estas sessões do Conselho e as
operações terroristas cruéis que afectaram um grande número de pessoas inocentes
entre o povo sírio assim como grande número das suas instituições, dos seus
quadros, dos seus bens públicos e privados!
Senhores: Recordam-se certamente de todas as explosões e massacres que aterrorizaram os habitantes de várias regiões sírias enquanto o Conselho de Segurança discutia a Síria. É com lamento que nós vos recordamos que ainda ontem o braço do terrorismo assassino colheu ministros e dirigentes dos órgãos de Segurança nacional reunidos em Damasco. É também com lamento que constatamos que este Conselho de forma alguma condenou este acto ... mas ... apresentamos nossos agradecimentos ao Sr. Secretário-geral e ao emissário especial Sr. Kofi Annan pelas suas respectivas condenações.
Senhor Presidente: Se um tal acto terrorista é incapaz de suscitar uma condenação severa e imediata da parte deste Conselho isso significa seguramente que tudo o que a comunidade internacional construiu para lutar contra o terrorismo não era senão letra morta. Trata-se de um fracasso que dirigirá uma mensagem de erro aos terroristas do mundo inteiro dizendo-lhes que eles para além de qualquer questionamento. Trata-se de um silêncio que significará que apoiar uma solução pacífica e afastada de toda violência na Síria não é para alguns senão um simples slogan destinado a ganhar tempo, a enganar a opinião pública síria e internacional, e a bloquear o plano do Sr. Kofi Annan; quando a Síria acolheu favoravelmente o seu plano em seis pontos, a missão dos observadores internacionais e as declarações da Conferência de Genebra de 20 de Junho de 2012 [...]
Mas infelizmente países estrangeiros imiscuíram-se imediatamente e brutalmente num assunto estritamente sírio para tocar os tambores da guerra e tornarem-se uma parte do problema fornecendo armas, dinheiro, cobertura política, cobertura mediática e apoio logístico aos gangs armados; além de incitar de à violência e à recusa do diálogo e de adoptar um pacote de sessenta sanções ilegais que perturbaram a vida quotidiana do povo sírio. Sanções que espezinham as regras de boa vizinhança assim como todas as normas e as leis internacionais que as tornam juridicamente criminosas. Isto, sem esquecer as rupturas das relações diplomáticas com a Síria para cortar definitivamente todo diálogo e todo contacto directo.
Em nome do povo sírio, dizemos a todos estes países: se quiserem impor a lei da selva a outros e que esta decisão vos pareça lógica, comecem portanto por aplicá-la a vossos países respectivos e peçam àqueles dos vossos cidadãos e residentes, que simpatizam sinceramente ou não com os bandos armados e os terroristas que devastam a Síria, para acolhe-los e oferecer-lhes a liberdade que cobiçam e particularmente aquela de semear a desordem pelas armas ... assim como a liberdade de desestabilizar e de destruir o tecido nacional e os fundamentos do Estado sírio, sob o pretexto de instaurar reformas e democracia!
Senhor Presidente: Os rumores que ultimamente invadiram os media a propósito de "armas químicas" que a Síria poderia utilizar não são senão rumores destituídos de todo fundamento... não são senão uma pesca em águas turvas... Se jamais pudessem fornecer uma qualquer prova, indicariam antes a intenção de alguns de delas se servirem contra os sírios, para acusar a seguir as autoridades sírias e voltar a opinião pública e o Conselho de Segurança contra estas mesmas autoridades.
Todos os sírios querem contribuir, na base da reconciliação e do perdão recíproco, para trabalhar em conjunto para reconstruir o que foi destruído no decorrer desta crise, para ir adiante para fazer evoluir e consolidar um Estado de direito, para trazer de volta a calma e a estabilidade no lugar e situar aqueles que desejam a adopção de uma resolução do Capítulo VII ou uma intervenção militar estrangeira, o que permitiria a certos Estados fazerem a economia da sua autocrítica e apagar da memória deste Conselho todas as catástrofes e horrores que deixaram após a sua passagem!
Em consequência, cabe a nós sírios, opositores inclusive, perceber que o número de Estados que se pretendem vivamente preocupados com a Síria e seu povo não querem uma solução pacífica que garantiria a unidade, a estabilidade e a soberania do país e que permitiria responder às aspirações do nosso povo. Muito pelo contrário, aqueles não visam senão o Estado e o povo sírios assim como o seu papel ao nível árabe, muçulmano e regional; jogando nos desacordos políticos verificados sobre o terreno durante esta crise... e pior ainda.. jogando nos elementos que pensam que aqueles que traíram os árabes pelos "Acordos de Sykes-Picot" e a "Promessa de lord Balfour"... assassinaram primeiro o ministro sírio da Defesa, o general Youssef al-Azmeh, na batalha de Mayssaloun... bombardearam o parlamento sírio em 1945... infligiram uma ferida ainda aberta na Palestina... invadiram militarmente o Afeganistão, o Iraque e a Líbia... acordaram seu apoio político, militar e diplomático a Israel para assegurar-lhe o Golan sírio, os territórios palestinos e o que resta de territórios libaneses não libertados... [não] lhes prestariam o menor dos serviços senão para garantir outra coisa que os seus próprios interesses!
Cabe a nós, os sírios, reconhecer uma única verdade, a de pensar que a única solução, que possa responder às aspirações legítimas do nosso povo, não pode ser senão uma solução política síria que depende de todos nos... e que passa pelo diálogo nacional entre nós e sob o céu da nossa pátria... entre nós todos e sob o céu da nossa pátria! Cabe a todos nos chegar a construir um Estado democrático, pluralista e equitativo onde todos são iguais perante a Lei sem discriminação em função da pertença familiar, político ou ideológica... Um estado que ofereceria a todos as mesmas oportunidades políticas e económicas e onde a competição passaria por eleições livres e transparentes, como se passa nos vossos respectivos países...
Só os sírios são capazes de proteger o seu país e manter a sua imunidade contra as ambições geopolíticas que ameaçam a sua existência e a sua dignidade... Então, tratemos das nossas feridas mútuas, não esqueçamos nossa História comum e permaneçamos todos conscientes de tudo isto que se tece contra o nosso povo, para defender uma pátria resistente face a todo inimigo.
Senhor Presidente: eu concluiria por uma citação de um filósofo sírio sufi que viveu em Damasco no século X após J.C. Trata-se de um conselho dado a seus alunos: "Meus filhos, o homem razoável não deve nunca deixar de ter discernimento quando contribui para escrever a História, e mesmo aquele que tivesse um problema com o Diabo não pode procurar a solução junto a Lúcifer"!
Obrigado, Senhores.
Senhores: Recordam-se certamente de todas as explosões e massacres que aterrorizaram os habitantes de várias regiões sírias enquanto o Conselho de Segurança discutia a Síria. É com lamento que nós vos recordamos que ainda ontem o braço do terrorismo assassino colheu ministros e dirigentes dos órgãos de Segurança nacional reunidos em Damasco. É também com lamento que constatamos que este Conselho de forma alguma condenou este acto ... mas ... apresentamos nossos agradecimentos ao Sr. Secretário-geral e ao emissário especial Sr. Kofi Annan pelas suas respectivas condenações.
Senhor Presidente: Se um tal acto terrorista é incapaz de suscitar uma condenação severa e imediata da parte deste Conselho isso significa seguramente que tudo o que a comunidade internacional construiu para lutar contra o terrorismo não era senão letra morta. Trata-se de um fracasso que dirigirá uma mensagem de erro aos terroristas do mundo inteiro dizendo-lhes que eles para além de qualquer questionamento. Trata-se de um silêncio que significará que apoiar uma solução pacífica e afastada de toda violência na Síria não é para alguns senão um simples slogan destinado a ganhar tempo, a enganar a opinião pública síria e internacional, e a bloquear o plano do Sr. Kofi Annan; quando a Síria acolheu favoravelmente o seu plano em seis pontos, a missão dos observadores internacionais e as declarações da Conferência de Genebra de 20 de Junho de 2012 [...]
Mas infelizmente países estrangeiros imiscuíram-se imediatamente e brutalmente num assunto estritamente sírio para tocar os tambores da guerra e tornarem-se uma parte do problema fornecendo armas, dinheiro, cobertura política, cobertura mediática e apoio logístico aos gangs armados; além de incitar de à violência e à recusa do diálogo e de adoptar um pacote de sessenta sanções ilegais que perturbaram a vida quotidiana do povo sírio. Sanções que espezinham as regras de boa vizinhança assim como todas as normas e as leis internacionais que as tornam juridicamente criminosas. Isto, sem esquecer as rupturas das relações diplomáticas com a Síria para cortar definitivamente todo diálogo e todo contacto directo.
Em nome do povo sírio, dizemos a todos estes países: se quiserem impor a lei da selva a outros e que esta decisão vos pareça lógica, comecem portanto por aplicá-la a vossos países respectivos e peçam àqueles dos vossos cidadãos e residentes, que simpatizam sinceramente ou não com os bandos armados e os terroristas que devastam a Síria, para acolhe-los e oferecer-lhes a liberdade que cobiçam e particularmente aquela de semear a desordem pelas armas ... assim como a liberdade de desestabilizar e de destruir o tecido nacional e os fundamentos do Estado sírio, sob o pretexto de instaurar reformas e democracia!
Senhor Presidente: Os rumores que ultimamente invadiram os media a propósito de "armas químicas" que a Síria poderia utilizar não são senão rumores destituídos de todo fundamento... não são senão uma pesca em águas turvas... Se jamais pudessem fornecer uma qualquer prova, indicariam antes a intenção de alguns de delas se servirem contra os sírios, para acusar a seguir as autoridades sírias e voltar a opinião pública e o Conselho de Segurança contra estas mesmas autoridades.
Todos os sírios querem contribuir, na base da reconciliação e do perdão recíproco, para trabalhar em conjunto para reconstruir o que foi destruído no decorrer desta crise, para ir adiante para fazer evoluir e consolidar um Estado de direito, para trazer de volta a calma e a estabilidade no lugar e situar aqueles que desejam a adopção de uma resolução do Capítulo VII ou uma intervenção militar estrangeira, o que permitiria a certos Estados fazerem a economia da sua autocrítica e apagar da memória deste Conselho todas as catástrofes e horrores que deixaram após a sua passagem!
Em consequência, cabe a nós sírios, opositores inclusive, perceber que o número de Estados que se pretendem vivamente preocupados com a Síria e seu povo não querem uma solução pacífica que garantiria a unidade, a estabilidade e a soberania do país e que permitiria responder às aspirações do nosso povo. Muito pelo contrário, aqueles não visam senão o Estado e o povo sírios assim como o seu papel ao nível árabe, muçulmano e regional; jogando nos desacordos políticos verificados sobre o terreno durante esta crise... e pior ainda.. jogando nos elementos que pensam que aqueles que traíram os árabes pelos "Acordos de Sykes-Picot" e a "Promessa de lord Balfour"... assassinaram primeiro o ministro sírio da Defesa, o general Youssef al-Azmeh, na batalha de Mayssaloun... bombardearam o parlamento sírio em 1945... infligiram uma ferida ainda aberta na Palestina... invadiram militarmente o Afeganistão, o Iraque e a Líbia... acordaram seu apoio político, militar e diplomático a Israel para assegurar-lhe o Golan sírio, os territórios palestinos e o que resta de territórios libaneses não libertados... [não] lhes prestariam o menor dos serviços senão para garantir outra coisa que os seus próprios interesses!
Cabe a nós, os sírios, reconhecer uma única verdade, a de pensar que a única solução, que possa responder às aspirações legítimas do nosso povo, não pode ser senão uma solução política síria que depende de todos nos... e que passa pelo diálogo nacional entre nós e sob o céu da nossa pátria... entre nós todos e sob o céu da nossa pátria! Cabe a todos nos chegar a construir um Estado democrático, pluralista e equitativo onde todos são iguais perante a Lei sem discriminação em função da pertença familiar, político ou ideológica... Um estado que ofereceria a todos as mesmas oportunidades políticas e económicas e onde a competição passaria por eleições livres e transparentes, como se passa nos vossos respectivos países...
Só os sírios são capazes de proteger o seu país e manter a sua imunidade contra as ambições geopolíticas que ameaçam a sua existência e a sua dignidade... Então, tratemos das nossas feridas mútuas, não esqueçamos nossa História comum e permaneçamos todos conscientes de tudo isto que se tece contra o nosso povo, para defender uma pátria resistente face a todo inimigo.
Senhor Presidente: eu concluiria por uma citação de um filósofo sírio sufi que viveu em Damasco no século X após J.C. Trata-se de um conselho dado a seus alunos: "Meus filhos, o homem razoável não deve nunca deixar de ter discernimento quando contribui para escrever a História, e mesmo aquele que tivesse um problema com o Diabo não pode procurar a solução junto a Lúcifer"!
Obrigado, Senhores.
19/Julho/2012
Fonte: www.youtube.com/watch?v=4p2tpVunSV8&feature=youtu.be
O original encontra-se em www.legrandsoir.info/syrie-a-ceux-qui-jouent-des-tambours-de-la-guerre.html
Este discurso encontra-se em http://resistir.info/ .
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