por Manlio Dinucci
Geografo e geopolítico. Últimas publicações : Geograficamente. Per la Scuola media (3 vol.), Zanichelli (2008) ; Escalation. Anatomia della guerra infinita, DeriveApprodi (2005).
Cada Estado membro do Conselho de Cooperação do Golfo é convidado a contribuir e participar na contra-revolução árabe. OsEmirados Árabes Unidos (EAU) já enviaram um contingente policial para reprimir as manifestações no Bahrein, e agora irão constituir um exército secreto. Para isso, entraram em contacto com a empresa de mercenários Xe, ou seja, o famoso Blackwater , que foi renomeado.
Rede Voltaire | Roma (Itália)
No meio do deserto, em Zayed Military City (EAU), está nascendo um campo de treinamento para formar um exército secreto que será utilizado não somente dentro do território mas também noutros países do Médio-Oriente e da África do Norte. Erick Prince é quem está a erigir a construção: um ex comando das Navy Seals que tinha fundado, já em 1997, a empresa Blackwater, a maior empresa militar privada utilizada pelo Pentágono no Iraque, Afeganistão e outras zonas de guerra. A empresa, que em 2009 fora renomeada Xe Services, (com o objectivo, entre outros, de escapar às acções jurídicas após os massacres de civis ocorridos no Iraque) dispõe nos EUA de um enorme complexo de treinamento onde formou já mais de 50 000 especialistas de guerra e repressão. Está agora a abrir outros complexos.
Vista de satélite da base de treino em construção, da Xe nos Emirados. |
O principal apoio deste projecto é o príncipe herdeiro de Abu Dhabi, Sheik Mohamed bin Zayed al-Nahyan, formado na academia militar britânica Sandhurst e homem de confiança do Pentágono, instigador de uma acção militar contra o Irão. O príncipe e o seu amigo Erick Prince são, no entanto, apenas os executores do projecto, sendo que as mentes que estão por trás encontram-se em Washington. O objectivo real é revelado pelos documentos citados no New York Times: o exército que está a ser formado nos Emirados conduzirá «missões operacionais especiais para reprimir as revoltas internas, do tipo daquelas que estão a abalar o mundo árabe durante este ano».
O exército de mercenários será então utilizado para reprimir as revoltas populares nas monarquias do Golfo, com intervenções como aquelas que foram levadas a cabo em Março pelas tropas dos Emirados, do Qatar e da Arábia Saudita no Bahrain, onde foram esmagadas as demandas populares por democracia. «Missões operacionais especiais» serão efectuadas pelo exército secreto em países como o Egipto e Tunísia, para quebrar os movimentos populares e fazer com que o poder fique em mãos de governos que garantam os interesses dos EUA e das maiores potências europeias.
Na Líbia igualmente, onde o plano USA/NATO prevê seguramente o envio de tropas europeias e árabes para a «ajuda humanitária aos civis líbios». Qualquer que seja o cenário - seja uma Líbia «balcanizada» dividida em dois territórios opostos dirigidos por Tripoli e Benghazi, seja uma situação do tipo Iraque-Afeganistão seguindo-se a uma queda do governo de Tripoli - a utilização do exército secreto de mercenários é anunciada: para proteger as implantações petrolíferas que estão de facto em mãos EUA e europeias, para eliminar adversários, para manter o país num estado de fraqueza e de divisão. São «soluções inovadoras» que a Xe Services (ex Blackwater), na sua auto-apresentação, se orgulha de oferecer ao governo EUA.
[1] « Secret Desert Force Set Up by Blackwater’s Founder », « United Arab Emirates Confirms Hiring Blackwater Founder’s Firm », Mark Mazzetti, Emily B. Hager, The New York Times, 14-15 mai 2011.
Fonte : “Emirados Árabes Unidos formam exército secreto para o Médio-Oriente e África ”, por Manlio Dinucci , Traduction David Lopes, Il Manifesto (Itália), Rede Voltaire, 26 de Maio de 2011, www.voltairenet.org/a170094
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