O
exército israelense de ocupação e os meninos, as meninas e adolescentes da
Palestina
Por Ramón Pedregal Casanova / Resumen Latinoamericano /
Rebelión / 04 de novembro de 2015 –
O
que pareceria se um exército estrangeiro invadisse seu país e roubasse suas
riquezas, invadisse cada uma de suas províncias, invadisse cada uma de suas
cidades e chegasse às altas horas da noite ante a porta de sua casa e a
golpeasse, talvez até desfazê-la ou jogá-la abaixo, e caso tivesse dado tempo
de abrir, tivesse entrado com seus fuzis e metralhadoras, em assalto, desse um
tiro em cada membro de sua família em suas camas, em seus quartos, e na
presença de todos pegasse seus filhos e filhas, cobrisse seus olhos com uma
venda, os pusesse algemas com as mãos nas costas, (para então vocês, mãe, pai,
avós protestarem vivamente, tentarem meter-se no meio. É possível que vocês
conseguissem até abraçar seus filhos, porém os bandidos os teriam tirado com
empurrões, socos, pontapés, coronhadas. Cobertos de golpes, teriam posto vocês
contra a parede e ameaçado com o cano de suas armas sofisticadas em suas
cabeças e seus peitos) e os invasores levassem seus filhos e filhas agarrados
pelo pescoço até os jipes que deixaram na porta e em marcha, e você visse na
traseira do veículo, pelo cabelo e pela roupa ou pelos braços e pernas
levantados, sendo lançados contra o chão, e depois de fechar a porta do comboio
e subirem os assaltantes, os visse desaparecer na noite? Comece a se perguntar
o que pareceria isso para você?
Pois na
Palestina isso é normal. O exército invasor israelense detém a maioria dos
meninos palestinos, nas altas horas da noite, da maneira que contei. Em um
quartel eles são interrogados sem defesa, sendo empregada a violência física e
verbal. São encarcerados em celas de isolamento e presos sem que possam ver
ninguém durante dias, durante meses, ficam isolados de tudo. Os invasores
querem que eles contem sobre o que falam em sua casa, quem protesta mais contra
os ocupantes, se sabem de alguém resistente à ocupação…
Quando um
grupo de advogados ingleses que formam uma associação de defesa das crianças
viu as meninas e os meninos tratados como descrito e protestou pedindo
responsabilização, recebeu da promotoria militar dos invasores da Palestina a
seguinte resposta: “cada criança palestina é um terrorista em potencial”.
Na
Secretaria Geral da ONU pela Questão das Crianças tem uma resposta a essa
afirmação. Foi proposto “incluir o exército sionista na lista das organizações
terroristas, como Al Qaeda, Boko Haram, EI e Talibã”.
Alguns
dados:
- · O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) informa que “mais de 370.000 crianças palestinas de Gaza têm necessidade imediata de apoio psicossocial, primeiros socorros e cuidados, como consequência da agressão israelense”.
- · 97% das crianças de Gaza sofreu violência por parte do exército israelense.
- · 70% das crianças palestinas da Cisjordânia sofreu violência por parte do exército israelense.
- · Mais de 40% das crianças palestinas perdeu algum familiar na última guerra.
- · Outros 40% das crianças palestinas teve um familiar preso durante a guerra.
- · 96% das crianças palestinas foi exposta aos gases lacrimogêneos.
- · 85% das crianças palestinas foi vítima das invasões noturnas do exército israelense.
- · 28% das crianças palestinas possui pelo menos um irmão na prisão.
- · 37% das crianças palestinas foi ferida por munição real do exército israelense.
- · 50% das crianças palestinas foi detida pelo exército israelense.
- · A isto é preciso acrescentar os castigos coletivos, como a limitação da liberdade de movimentos, o fechamento de territórios, os guetos, os campos de concentração, as humilhações diárias, os espancamentos, as demolições de casas, os assassinatos na rua, o fechamento dos colégios e universidades, a prisão de alunos e professores, o assalto aos hospitais, as detenções contínuas, os registros, os bombardeios, os incêndios de campos agrícolas e habitações, a destruição das árvores e das fontes de água…
Após a última conversa mantida
com o doutor Mahmud Shewail, pedi que me dissesse sua impressão pessoal,
humana, sem formalidades sobre a situação das meninas e meninos palestinos. Ele
me disse o seguinte:
“A
situação da população palestina, em especial a população infantil sob a
ocupação, é frustrante. Os maiores não podem proteger a si mesmos dos ataques
dos colonos, que são apoiados pelo exército israelense matando gente, queimando
casa, árvores, especialmente oliveiras, igrejas, mesquitas, etc. E se os pais
não podem se proteger, como vão oferecer proteção e segurança a suas crianças?
E estas não podem se identificar com um pai derrotado e fraco. Esse é o
conceito que têm as crianças dos pais e da sociedade.
Todos
os dias matam jovens que vão à escola ou para casa, com a desculpa de que vão
esfaquear um colono ou um soldado. Tudo mentira. Disparam na jovem ou no jovem
e depois de matá-lo, colocam uma faca próximo a ele ou a ela. E existem
testemunhos e vídeos que mostram suas mentiras. Em menos de duas semanas foram
presas quase 300 crianças.
Estes
jovens foram criados na segunda intifada e se rebelam contra a injustiça, a
humilhação e a ocupação sionista. Centenas de crianças estão em prisões
israelenses e se não são eles, são seus pais ou irmãos, amigos e parentes. Os
jovens não enxergam o futuro, não conhecem outra vida, porém sabem que o qe
existe não é vida.
Os
palestinos hoje, atualmente, estão sozinhos, e o mundo árabe está ocupado com
suas lutas e não importa o que acontece aqui. Por trás de tudo isso se
encontram os Estados Unidos e Israel. A ONU não faz nada, e Israel, que é a
única potência que leva a cabo a ocupação e colonização no mundo, tem o apoio
dos Estados Unidos e de muitos países europeus. Não é somente da Palestina a
responsabilidade pela luta por sua libertação. É de toda a humanidade”.
Dr.Mahmud Sehwail,MD, PhD
TRC President and Founder
Consultant
Psychiatrist.
Durante o mês de outubro, o
exército israelense e os colonos sionistas assassinaram 73 palestinos e
palestinas (56 na Cisjordânia e 17 na Faixa de Gaza). Além disso, feriram com
balas reais 1125 e com balas de borracha, 949.
Depois de tantos anos de
colonização da Palestina, de expulsão de milhões de seus habitantes, de
exploração impiedosa daqueles que ainda resistem, de perseguição e eliminação
sistemática da infância palestina, dos crimes contínuos do grupo terrorista que
constitui o Estado de Israel, é possível esperar algo positivo deste grupo? Faz
falta às pessoas de bem da Palestina uma unidade ante o invasor, cabe às
pessoas de bem de todo o mundo tão somente a solidariedade urgente com o povo
palestino.
Ramón Pedregal Casanova
é autor de “Gaza 51 días” [Gaza 51 dias].
Fonte:
www.resumenlatinoamericano.org/2015/11/04/el-ejercito-israeli-de-ocupacion--y-los-ninos-las-ninas-y-adolescentes-de-palestina/
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