quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Palestina: mulheres educam para a resistência

domingo 31 de outubro de 2010, por Soraya Misleh

Reagindo ao currículo imposto pela ocupação, feministas ensinam as crianças sobre sua terra e identidade e criam creches para as mães que trabalham


Foto de Hilde Stephanse: cartaz levado por mulheres durante a Marcha de Abertura do FME-Palestina

Com 21 escolas infantis em diferentes vilas palestinas, incluindo três em Gaza, o Comitê de Mulheres da Palestina procura garantir o direito a uma educação de qualidade e um outro ensino possível frente a ocupação sionista. A explicação foi dada por Nadia Tmez, membro da organização, que participa do Forum Mundial da Educacao com diversas atividades. O evento termina hoje (31).

Nadia explica que até 1994 todas as escolas na Palestina estavam ocupadas, o que significa dizer que os currículos oficiais eram ditados pelo Estado de Israel. Com isso, partes importantes da historia não eram contadas.

Apesar de atualmente a ANP (Autoridade Nacional Palestina) ser a responsável pela educação, não há autonomia de fato. Houve mudanças, mas o ensino tradicional ainda é imposto. "Algumas coisas nao podem ser colocadas em salas de aula", assevera Hitham Saafin, presidente do comitê. Mudar isso para ensinar as crianças sobre sua terra e identidade é o desafio da organização. "Queremos transformar o pensamento e, assim, a realidade." O que nao é tarefa fácil em uma terra ocupada.

O comitê foi invadido pelas forças de Israel diversas vezes e está impedido de visitar as escolas que mantém em Gaza desde 2000. Atualmente, mil meninos e meninas de zero a seis anos de idade são atendidas/os pelo programa. São 60 professoras/es.

Segundo Nadia, as famílias que podem pagam 100 dolares por ano, as outras não precisam contribuir. A organização conta com muitas voluntárias e ajuda financeira de entidades internacionais.

Além do desafio de formar crianças para enfrentar a ocupação, o comitê busca, através desse programa, garantir que as mulheres que trabalham fora tenham locais para deixarem seus filhos em segurança por período integral. "Muitas mulheres precisam trabalhar, porque os homens são presos", destaca Khitam.

O comite busca orientar as famílias para uma outra forma de pensar, sem sexismo, mas com direitos iguais. "Queremos uma Palestina independente, laica e democrática para todos", conclui a dirigente.

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