Qual é afinal o real problema, quem o instrumentaliza e com que finalidade ?
Em mais de dois terços estes migrantes são homens. Segundo as suas declarações, mais da metade de entre eles têm entre 18 e 34 anos. Em geral, não se trata portanto de famílias.
Os outros dois terços não vêem de países em guerra e são sobretudo migrantes económicos.
Por outras palavras, o fenómeno das migrações só marginalmente está ligado ás «Primaveras Árabes» e ás guerras. Os pobres deixam os seus países, e tentam a sua sorte nos países ricos, em virtude da ordem pós-colonial e da globalização. Este fenómeno, depois de ter regredido de 1992-2006, recomeçou e amplifica-se progressivamente. Representa actualmente apenas 0,12% anual da população da UE, ou seja – se fôr corretamente gerido— não apresenta nenhum perigo a curto prazo para a União.
Este discurso retoma os mesmos argumentos que os do patronato francês dos anos 70. Mais ainda hoje que as populações europeias são relativamente instruídas e qualificadas, enquanto a grande maioria dos migrantes não o são e podem facilmente realizar certos tipos de trabalho. Progressivamente a chegada de uma mão de obra não-qualificada, aceitando condições de vida inferiores ás dos Europeus, suscitou tensões no mercado de trabalho. O patronato francês pressionou, então, para o reagrupamento familiar. A lei de 1976, a sua interpretação pelo Conselho de Estado em 1977 e a jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem desestabilizaram imenso a sociedade. O mesmo fenómeno é observável na Alemanha, após a adopção das mesmas disposições com a inscrição, em 2007, do reagrupamento familiar na lei sobre a imigração.
Contráriamente a uma ideia feita, os migrantes económicos não colocam problema de identidade à Europa, fazem é falta nos seus países de origem. Mas, ao contrário, colocam um problema social na Alemanha, onde, devido à política inspirada, nomeadamente, por Ulrich Grillo, a classe operária é já vítima de uma exploração brutal.
Por todo o lado, aliás, não são os migrantes económicos, mas, sim, o subsequente reagrupamento familiar que levanta problemas.
Além disso, se no início da guerra contra a Síria o Catar imprimia e distribuía aos jiadistas da al-Qaida falsos passaportes sírios, para que eles pudessem convencer os jornalistas atlantistas que eram «rebeldes» e não mercenários, passaportes sírios falsos são agora distribuídos por certos passadores a migrantes não-sírios. Os migrantes que os aceitam pensam, muito justamente, que estes documentos falsos facilitarão o seu acolhimento na União. Com efeito, tendo os Estados membros da União fechado as suas embaixadas na Síria – salvo a República Checa e a Roménia—, não lhes é mais possível verificar a autenticidade destes passaportes.
Há seis meses atrás, eu espantava-me com a cegueira dos dirigentes da União que não viam a vontade dos Estados Unidos em enfraquecer os seus paises, e nomeadamente com uma «crise de refugiados» [2]. No mês passado, o magazine Info Direkt afirmou que, segundo os serviços de Inteligência austríacos, a passagem para a Europa de refugiados sírios era organizada pelos Estados Unidos [3]. Esta imputação ainda precisa ser verificada, mas constitui, desde logo, uma hipótese a levar a sério.
No entanto, todos estes acontecimentos, e estas manipulações, não teriam qualquer gravidade se os Estados membros da União colocassem um fim ao reagrupamento familiar. O único real problema não seria então a entrada dos migrantes, mas a sorte dos que morressem na passagem, ao atravessar o Mediterrâneo. Ou seja, a única realidade que não mobiliza nenhum dirigente europeu.
Sabendo nós, que apenas a Otan é conhecida por dispôr da capacidade de espalhar uma intoxicação de "actualidades" em todos os quotidianos dos seus Estados membros, é altamente provável que ela esteja por trás da campanha actual. Por outro lado, a assimilação de todos os migrantes à qualidade de refugiados fugindo de zonas de guerra, e a insistência sobre a suposta origem síria destes migrantes, leva a pensar que a Otan prepara uma ação pública ligada à guerra que ela secretamente conduz contra a Síria.
Os refugiados do Mediterrâneo
Desde as «Primaveras árabes», em 2011, o número de pessoas tentando atravessar o Mediterrâneo e entrar na União Europeia aumentou consideravelmente. Mais do que dobrou e elevou-se em 2014 a 626 000.- Fluxo de migrantes para a União Europeia (em centenas de milhares)
- Fonte : Eurostat
Em mais de dois terços estes migrantes são homens. Segundo as suas declarações, mais da metade de entre eles têm entre 18 e 34 anos. Em geral, não se trata portanto de famílias.
- Proporção de homens entre os migrantes entrados na União em 2014.
- Fonte : Eurostat
Os outros dois terços não vêem de países em guerra e são sobretudo migrantes económicos.
Por outras palavras, o fenómeno das migrações só marginalmente está ligado ás «Primaveras Árabes» e ás guerras. Os pobres deixam os seus países, e tentam a sua sorte nos países ricos, em virtude da ordem pós-colonial e da globalização. Este fenómeno, depois de ter regredido de 1992-2006, recomeçou e amplifica-se progressivamente. Representa actualmente apenas 0,12% anual da população da UE, ou seja – se fôr corretamente gerido— não apresenta nenhum perigo a curto prazo para a União.
- O presidente da Federação da indústria alemã, Ulrich Grillo, pretende 800. 000 trabalhadores estrangeiros suplementares na Alemanha. Uma vez que os acordos europeus o interditam, e a opinião pública é hostil a isso , ele participa na encenação da «crise dos refugiados» afim de fazer evoluir a regulamentação.
Colocam os migrantes algum problema ?
Este fluxo de migrantes inquieta as populações europeias, mas é aplaudido pelo patronato alemão. Em dezembro de 2014, o «patrão dos patrões» alemães, Ulrich Grillo, declarou à DPA, mascarando hipócritamente os seus interesses por trás de bons sentimentos: «Nós somos desde há muito um país de imigração, e devemos continuar a ser». «Enquanto país próspero, e também por amor cristão ao próximo, o nosso país deverá permitir-se acolher mais refugiados». E, ainda mais : «Eu distancio-me, muito claramente, de neo-nazis e de racistas que se reúnem em Dresden e em outros lados». Mais a sério: «Devido à nossa evolução demográfica, nós garantimos o crescimento económico e a prosperidade com a imigração» [1].Este discurso retoma os mesmos argumentos que os do patronato francês dos anos 70. Mais ainda hoje que as populações europeias são relativamente instruídas e qualificadas, enquanto a grande maioria dos migrantes não o são e podem facilmente realizar certos tipos de trabalho. Progressivamente a chegada de uma mão de obra não-qualificada, aceitando condições de vida inferiores ás dos Europeus, suscitou tensões no mercado de trabalho. O patronato francês pressionou, então, para o reagrupamento familiar. A lei de 1976, a sua interpretação pelo Conselho de Estado em 1977 e a jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem desestabilizaram imenso a sociedade. O mesmo fenómeno é observável na Alemanha, após a adopção das mesmas disposições com a inscrição, em 2007, do reagrupamento familiar na lei sobre a imigração.
Contráriamente a uma ideia feita, os migrantes económicos não colocam problema de identidade à Europa, fazem é falta nos seus países de origem. Mas, ao contrário, colocam um problema social na Alemanha, onde, devido à política inspirada, nomeadamente, por Ulrich Grillo, a classe operária é já vítima de uma exploração brutal.
Por todo o lado, aliás, não são os migrantes económicos, mas, sim, o subsequente reagrupamento familiar que levanta problemas.
Quem fabrica a actual imagem da «crise de refugiados» ?
Desde o início do ano a passagem da Turquia para a Hungria que custava 10.000 dólares baixou para 2.000 dólares, por pessoa. É claro que alguns passadores são esclavagistas, mas muitos buscam, simplesmente, fornecer um serviço a pessoas em aflição. Seja como fôr, quem paga a diferença?Além disso, se no início da guerra contra a Síria o Catar imprimia e distribuía aos jiadistas da al-Qaida falsos passaportes sírios, para que eles pudessem convencer os jornalistas atlantistas que eram «rebeldes» e não mercenários, passaportes sírios falsos são agora distribuídos por certos passadores a migrantes não-sírios. Os migrantes que os aceitam pensam, muito justamente, que estes documentos falsos facilitarão o seu acolhimento na União. Com efeito, tendo os Estados membros da União fechado as suas embaixadas na Síria – salvo a República Checa e a Roménia—, não lhes é mais possível verificar a autenticidade destes passaportes.
Há seis meses atrás, eu espantava-me com a cegueira dos dirigentes da União que não viam a vontade dos Estados Unidos em enfraquecer os seus paises, e nomeadamente com uma «crise de refugiados» [2]. No mês passado, o magazine Info Direkt afirmou que, segundo os serviços de Inteligência austríacos, a passagem para a Europa de refugiados sírios era organizada pelos Estados Unidos [3]. Esta imputação ainda precisa ser verificada, mas constitui, desde logo, uma hipótese a levar a sério.
No entanto, todos estes acontecimentos, e estas manipulações, não teriam qualquer gravidade se os Estados membros da União colocassem um fim ao reagrupamento familiar. O único real problema não seria então a entrada dos migrantes, mas a sorte dos que morressem na passagem, ao atravessar o Mediterrâneo. Ou seja, a única realidade que não mobiliza nenhum dirigente europeu.
Que prepara a Otan ?
De momento a Otan, quer dizer o braço armado internacional dos Estados Unidos, não se mexeu. Mas, segundo as suas novas missões, a Aliança Atlântica reserva-se a possibilidade de intervir militarmente logo que surjam migrações importantes.Sabendo nós, que apenas a Otan é conhecida por dispôr da capacidade de espalhar uma intoxicação de "actualidades" em todos os quotidianos dos seus Estados membros, é altamente provável que ela esteja por trás da campanha actual. Por outro lado, a assimilação de todos os migrantes à qualidade de refugiados fugindo de zonas de guerra, e a insistência sobre a suposta origem síria destes migrantes, leva a pensar que a Otan prepara uma ação pública ligada à guerra que ela secretamente conduz contra a Síria.
[1] «Allemagne : le patronat veut plus de réfugiés» («Alemanha : o patronato quer mais refugiados»- ndT), AFP, 23 décembre 2014.
[2] “A cegueira da União Europeia face à estratégia militar dos Estados Unidos”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 27 de Abril de 2015.
[3] “Insider : Die USA bezahlen die Schlepper nach Europa !”, Info Direkt, 5. August 2015. “Acusam os Estados Unidos de financiar o êxodo de refugiados para a Europa”, Tradução Alva, Rede Voltaire, 16 de Agosto de 2015.
Disponível: http://www.voltairenet.org/article188626.html
[2] “A cegueira da União Europeia face à estratégia militar dos Estados Unidos”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 27 de Abril de 2015.
[3] “Insider : Die USA bezahlen die Schlepper nach Europa !”, Info Direkt, 5. August 2015. “Acusam os Estados Unidos de financiar o êxodo de refugiados para a Europa”, Tradução Alva, Rede Voltaire, 16 de Agosto de 2015.
Disponível: http://www.voltairenet.org/article188626.html
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