quinta-feira, 11 de junho de 2015

Síria denuncia o Qatar no Conselho de Segurança da ONU

Duas cartas, de igual teor, datadas em 09/06/2015, dirigidas ao Secretário Geral das Nações Unidas e ao Presidente do Conselho de Segurança, por parte do Ministério das Relações Exteriores e Expatriados da República Árabe da Síria.


A República Árabe da Síria exige das Nações Unidas e, em especial, do Conselho de Segurança, a adoção de medidas imediatas contra o regime do Qatar, apoiador dos grupos terroristas armados na Síria, que cometeram os mais brutais e sanguinários crimes contra o Estado e o povo da Síria, e a punição dos responsáveis, de acordo com as resoluções do Conselho de Segurança sobre o combate ao terrorismo, especialmente as cinco resoluções supracitadas

Com base nas instruções do Governo da República Árabe da Síria, gostaria de transmitir, a Vossas Senhorias, a rejeição do Governo do meu país às falsas alegações citadas na carta do regime do Qatar, emitida através do documento No. S/332/2015, que vêm no contexto de suas tentativas desesperadas de melhorar a sua imagem, de suas práticas de apoio ao terrorismo, da distorção dos fatos e de dispersar as atenções dos países membros das Nações Unidas, de modo geral, e do Conselho de Segurança, de modo especial, quanto ao apoio direto dado pelo regime do Qatar aos grupos terroristas armados, para aterrorizar o povo sírio e atingir a segurança e a estabilidade do Estado sírio. A seguir, alguns dos fatos que provam o envolvimento direto do Qatar no derramamento de sangue sírio e no apoio ao terrorismo:
  1. Ironicamente, o regime do Qatar uniu-se ao refrão dos países que apresentam cartas, de igual teor, ao Conselho de Segurança e ao Secretário Geral contra a Síria, recheadas de distorções e de inversões dos fatos, especificamente quando alegam que a Síria usou armas químicas contra o seu povo, ao tempo em que a Organização para a Proibição de Armas Químicas afirmou que a Síria cumpriu com o seu compromisso, de acordo com o Tratado de Não Proliferação de Armas Químicas e em cooperação total com a Comissão Técnica da Organização. As alegações, nas quais se basearam as cartas do Qatar, não despertam senão a zombaria, porque foi a Síria quem pediu a investigação sobre uso de armas de cloro, por parte dos grupos terroristas armados, contra os civis inocentes nas cidades e vilarejos sírios. A posição das autoridades do Qatar e outros é uma defesa clara de seus aliados declarados, como a Jabhat Al Nusra e o ISIS (Daesh), além de outros grupos terroristas ligados à Al Qaeda, especialmente porque as informações disponíveis indicam que os governos do Qatar, da Arábia Saudita, da Turquia e outros estão suprindo os terroristas com estes materiais tóxicos para difamar o Governo da República Árabe da Síria e denegrir a sua imagem. 
  2. Os meios midiáticos do Qatar, em todos os níveis, promovem uma campanha de propaganda e promoção dos grupos terroristas armados ativos em território sírio e os defendem à exaustão. O Canal Al Jazeera recebeu como convidado, em 27 de maio de 2015, em seu programa ‘Sem Fronteiras’, o conhecido como ‘Abu Mohamad Al Jolani’, emir da organização Jabhat Al Nusra, (citado na lista da comissão do Conselho de Segurança sobre a Al Qaeda), com o qual realizou uma entrevista para promover o terrorismo e as organizações terroristas e para dirigir mais ameaças ao Governo e ao povo sírio. A aparição do chamado ‘Abu Mohamad Al Jolani’ num canal de mídia, nada mais é do que uma prova definitiva e reiterada sobre a relação orgânica e a cooperação estreita entre esta organização terrorista, o canal Al Jazeera e as autoridades qataris, detentoras deste canal, que fala em nome da família governante do Qatar, responsável pela definição das políticas midiáticas, promocionais e de incitação do mesmo. A realização desta entrevista é uma flagrante violação das resoluções das Nações Unidas, relativas ao combate ao terrorismo, especialmente a resolução No. 1624, relativa à incitação ao terrorismo.
  3. O Ministro de Relações Exteriores do regime do Qatar considerou, durante uma entrevista com o jornal francês Le Monde, em 11 de maio de 2015, realizada no coração de um país membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que a cooperação com a organização Jabhat Al Nusra e com os grupos terroristas ligados à ela ou ramificados dela é um fato inevitável. Citamos o seguinte trecho da entrevista: “Nós somos contra qualquer extremismo, mas todos estes grupos, com exceção do ISIS (Daesh), lutam para derrubar o regime e os moderados não podem dizer à Jabhat Al Nusra: ‘Fique em casa! Não atuaremos com vocês’…temos que olhar para a situação no terreno e sermos realistas”. Esta declaração feita pelo Ministro das Relações Exteriores do regime do Qatar é considerada um franco reconhecimento do chefe da diplomacia qatari sobre o apoio e a aceitação da cooperação com a organização terrorista Jabhat Al Nusra, o que representa uma flagrante violação das resoluções do Conselho de Segurança relativas ao combate ao terrorismo, especialmente as resoluções Nos. 1373, 2170, 2178 e 2199. 
  4. A carta do representante do regime do Qatar cita o chamado ‘esforço de mediação’ promovido pelas instituições governamentais do Qatar. Neste sentido, o Governo da Síria assinala que tais instituições governamentais diferem das demais instituições governamentais do mundo todo, ao atuar como mediadoras junto aos vários grupos terroristas, como a Al Qaeda e a Jabhat Al Nusra, para libertar os reféns e as pessoas sequestradas pelas organizações terroristas na Síria, incluindo o conhecido sequestro dos membros das forças da UNDOF e outros no mundo todo. A atitude apressada do regime do Qatar em servir de mediador e em avalizar o pagamento de resgates, avaliados em milhões de dólares, somente confirma o seu contato, a sua estreita coordenação com os grupos terroristas armados e a utilização destas situações como meio de fornecer um financiamento declarado aos grupos terroristas armados.
A República Árabe da Síria exige das Nações Unidas e, em especial, do Conselho de Segurança, a adoção de medidas imediatas contra o regime do Qatar, apoiador dos grupos terroristas armados na Síria, que cometeram os mais brutais e sanguinários crimes contra o Estado e o povo da Síria, e a punição dos responsáveis, de acordo com as resoluções do Conselho de Segurança sobre o combate ao terrorismo, especialmente as cinco resoluções supracitadas.

Tradução: Jihan Arar
Sana.sy


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