segunda-feira, 10 de abril de 2023

Assalto a Al Aqsa: o sionismo pagará por seus crimes

 


A violência desencadeada nestes primeiros meses de 2023 coincide com o primeiro quadrimestre do sexto governo do primeiro-ministro sionista Benjamin Netanyahu, e significa o assassinato de uma centena de palestinos, ataques contra a Faixa de Gaza, um aumento da violência dos colonos da Cisjordânia e declarações belicistas dos setores mais racistas, extremistas e criminosos do gabinete de Netanyahu.

Assim, nas semanas que antecedem o mês sagrado do Ramadã, o aumento da violência não interrompeu o fluxo de crimes, espancamentos e violações de locais sagrados da população palestina,  atingindo  todos os 1,6 bilhão de crentes muçulmanos no mundo. O desprezo pelo Islã e a violação da Mesquita de Al Aqsa, onde as tropas da SS – soldados sionistas – se expressaram em condutas criminosas contra homens, mulheres  dentro do complexo  onde foram brutalmente espancados enquanto rezavam. Fizeram 400 prissioneiros, escalaram as tensões e ataques contra o Líbano e a Faixa de Gaza.  Uma reiterada e criminosa política de um regime, que deve pagar por todas e cada uma das suas violações dos direitos humanos do povo palestino.

Ao perguntar-se por que eliminar o sionismo,  as imagens que vem a mente são  da soldadesca, das tropas SS ocupantes,  usando a coronha de seus rifles, paus, chutando pessoas desarmadas comove e indigna.  As imagens desses cães de guerra – como o falecido jornalista israelense Uri Avnery chamou as tropas às quais ele pertenceu – não apenas ativam ainda mais nossa solidariedade e compromisso com o povo palestino, mas também nos fazem odiar profundamente esses caes nacionalsionistas, historicamente vitimizados e hoje perversos vitimizadores. A resistência palestina respondeu de acordo com suas capacidades, atacando as posições sionistas na Palestina histórica ocupada.

A ocupação vivida pelo povo palestino desde 1948 até hoje representa não só sofrimento para a sociedade palestina, mas também um espinho na consciência dos povos do mundo, a constatação da hipocrisia e da moral dupla da Organização das Nações Unidas - ONU- e o desrespeito ao direito internacional por parte da entidade sionista. Não há sanção, não há aplicação da Carta das Nações Unidas em seu Capítulo VII. As organizações internacionais são reféns de Washington e seus parceiros incondicionais. São meros instrumentos, marionetes desse poder decadente, mas ainda perigoso, cúmplice desse regime nacional-sionista, que ocupa e coloniza a Palestina desde 1948.

Uma ocupação, que não se limita apenas aos territórios da Cisjordânia, Al Quds e o bloqueio permanente da Faixa de Gaza, mas também se refere à Palestina Histórica. A esse território cuja partilha foi recomendada numa divisão tão ilógica quanto inexplicável, baseada numa crise de consciência das potências ocidentais, que começa a ser chantageada com base nos crimes cometidos pelo Nazismo contra europeus de crença judaica e no aumento da uma narrativa de vítima, mas cujos custos estão sendo pagos pelo povo palestino. A divisão de um território que levava o nome de Palestina, conforme indica o próprio plano proposto pela ONU em 29 de novembro de 1947 através da Resolução nº 181 "Plano das Nações Unidas para a Partição da Palestina" marcando assim a equivalência territorial de uma região com homens e mulheres palestinos que ali viviam durante milhares de anos.  Foi concentido, apesar de todo o emaranhado argumentativo do sionismo, escondendo a justiça  e a própria identidade do povo palestino, o que requer nosso trabalho para impedir sua invisibilidade.

Uma Palestina, que apesar da deturpação histórica que o sionismo pretende impor, não era uma terra vazia ou sem gente, nem um deserto onde nada de produtivo se fazia, e muito menos um território de fanáticos religiosos hostis que recusavam a presença da pequena comunidades judaica, não-sionista que habitava aquela região e que representavam menos de 5% da população total no final do século XIX. Uma terra que começa a ficar tensa, justamente pela chegada dos primeiros colonos do movimento sionista, que desembarcaram em terras palestinas no final do século XIX e que acaba sendo desmembrada sob o apoio de uma Resolução injusta e imoral, que teria seu corolário sangrento com a proclamação e nascimento da entidade sionista em 14 de maio de 1948. Assim começou Al Nakba ,  o ponto de partida de um pesadelo, que para o povo palestino tem um duplo significado: centenas de cidades e vilas palestinas arrasadas e centenas de milhares de refugiados expulsos violentamente de suas casas pelas forças sionistas.

Destruição e expulsão segundo aponta o Comitê Democrático Palestino em comemoração a Al Nakba “que não é uma infeliz consequência da guerra. Tampouco os massacres contra a população palestina foram resultado de atos de grupos extremistas descontrolados. Pelo contrário, corresponde a uma estratégia planificada, no quadro da política sionista traçada desde o início do século passado. A expulsão de 78% da população da Palestina, que caiu sob o domínio de Israel em 1948, não seria possível sem a existência de um plano político-militar baseado em massacres e destruição em massa de cidades, vilas e bairros palestinos. Este plano, chamado pelos próprios israelenses de Plano Dalet, fazia parte do desejo sionista e estratégia de um objetivo maior: a transferência em massa ou expulsão em grande escala da população palestina,(1)

A Palestina, apesar das ideias e práticas da entidade sionista, não é uma abstração, é uma sociedade, um povo, uma cultura e um território que foi  despojado, ocupado e violentado pelo sionismo, que é uma realidade racista, colonialista e criminosa . Uma Palestina ocupada por colonos impregnados de uma ideologia eminentemente européia, que começou, no final do século XIX, a desenvolver um projeto de conquista com o objetivo de colonizar a Palestina e transformá-la em um Estado-nação. E para cumprir esse objetivo, negar a existência do povo palestino tornou-se a premissa fundamental do sionismo e de suas entidades de propaganda, dedicadas não apenas a esconder a Palestina histórica, mas também a trabalhar para que a memória seja invisíbilizada, que não fique rastro da presença e cultura palestina, que as novas gerações de colonos nem pensem em perguntar-se sobre o passado histórico do lugar onde estão instalados,usurpando um território que não lhes pertencem.

Israel tem mostrado que é uma entidade perversa, uma sociedade dotada de uma ideologia maldita, segundo a  definem israelenses como o jornalista Gideon Levy ou o historiador Ilan Pappé – judeus que se odeiam a si mesmos, dirão os recalcitrantes sionistas – Israel é uma entidade cruel , assassina, criminosa, racista e colonialista, que despreza e odeia a vida de quem ousa julgar sua criação na Ásia Ocidental. Gideon Levy, analista do diário israelense Haaretz, argumenta em um artigo intitulado “Pare de viver em negação, Israel é um estado perverso” que “… depois de falar sobre nacionalismo e racismo, ódio e desprezo pela vida árabe, o culto à segurança e a ampliação da ocupação, a  vitimização e o  messianismo, ainda temos que acrescentar outro elemento, sem o qual o comportamento do regime de ocupação israelense não pode ser explicado: pura maldade. O mal sádico. O mal pelo mal. Às vezes é a única explicação possível."(2)

O mal de Israel não é o de indivíduos particulares, um soldado de gatilho que assassinou uma criança ou um jovem que  obedeceu a uma ordem. Não é simplesmente o colono extremista que grita “morte aos palestinos” Ou uma mulher que não parou o carro que dirigia e foi massacrada. Não é a maldade individual de um colono argentino, chileno, russo, francês, ou americano que assassina um palestino pelo simples fato de ser palestino. Não é a atuação de Ayelet Shaked, ex-deputada israelense e ministra da Justiça que pediu o genocídio, o assassinato de mães palestinas e seus filhos que carregam no ventre porque são "pequenas cobras". (3)

O mal a que me refiro é o aludido quanto ao comportamento de um sistema como um todo, é o mal de um regime de ocupação, aquele que se exerce contra todo um povo e que nestes dias se tem manifestado no profundo ódio à religiosidade, à crença do povo palestino que não para de acreditar e resistir. É nosso dever como indivíduos, como sociedades, como povos e suas instituições políticas nacionais e internacionais, punir os crimes cometidos pela entidade sionista, fazê-la pagar por todos e cada um de seus crimes. Force uma mudança, lute contra o sionismo em todas as frentes. Este é um imperativo moral e significará que o nacional-sionismo terá que pagar por cada um de seus crimes.

1. https://www.palestinalibre.org/articulo.php?a=45167

2. https://www.haaretz.com/opinion/2016-07-31/ty-article/.premium/stop-living-in-denial-israel-is-an-evil-state/0000017f-ebf9-d3be -ad7f-fbfbf4e10000

3. https://www.huffingtonpost.es/2015/05/09/ministra-israeli-madres-palestinas_n_7248828.html

Artigo publicado na Hispantv.

 




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