segunda-feira, 18 de maio de 2020

Comunicado da Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP) por ocasião do 72º aniversário da Nakba

15 de maio de 2020
Traduzido pelo Blog omostodospalestinos



Compatriotas, irmãos de nossa nação árabe e 
todos os lutadores pela liberdade, no mundo:

Setenta e dois anos se passaram desde a Nakba, trama forjada e executada pelo colonialismo imperialista ocidental em associação com o Movimento Sionista, a partir do Tratado de Sykes-Picot, cujo objetivo era dividir os territórios árabes entre os colonizadores franceses e os ingleses: a Palestina histórica, entre outros territórios árabes, ficou na parte anglo-saxônica. Alguns anos mais tarde, em resposta às intensas lutas  dos palestinos contra a colonização inglesa, a Inglaterra assina a Declaração Balfour, que doa a Palestina dos árabes ao Movimento Sionista, sem considerar a posição do povo que historicamente lá vivia.  A partir daí, em 1948, o povo palestino passou a ser vítima dos crimes organizados pelo movimento sionista, contra a vida humana, contra os Direitos Humanos, contra suas terras, incluindo assassinatos, massacres, expulsões em massa, limpeza étnica e destruição de vilas inteiras, aldeias e cidades.
Sobre as ruínas, o sangue derramado e o confisco forçado das terras do povo palestino foi erguido a entidade sionista, que passou a constituir a base de agressão, pilhagem e dominação, não apenas contra a Palestina e seu povo, mas também contra todas as nações árabes.
Apesar de mudanças importantes ao longo dos últimos anos, na região, a Entidade Sionista prossegue  a execução de seu projeto expansionista, que visa modificar, em benefício próprio, a correlação de forças na região, de maneira a garantir a manutenção da superioridade e um maior impulso para alcançar maior poder, controle e domínio regional, e, assim, se tornar o epicentro do Oriente Médio, particularmente no mundo árabe.
Nesse contexto, o Acordo Trump-Netanyahu, chamado de "Acordo do século", constitui um elo fundamental na cadeia de episódios deste projeto destinado a liquidar a causa nacional palestina, bem como a própria existência palestina.
Na outra ponta, o projeto sionista busca penetrar  pelas entranhas do mundo árabe, induzindo a normalização, de várias maneiras, das relações com muitos regimes árabes reacionários, que se aproveitam da divisão e vulnerabilidade da atual realidade palestina e da constante  aposta da direção  hegemônica da OLP na ilusão da possibilidade de se chegar a um acordo político. Esses regimes reacionários tem sido abertamente utilizados pelo inimigo sionista a serviço de seus objetivos e projetos de ocupação e expansão.
Se há alguma luz no meio de um panorama árabe sombrio, incluindo o cenário palestino, essa seria a vontade imortal e soberana de resistência à ocupação sionistas exercida,  antes mesmo do estabelecimento da Entidade Sionista, por nosso povo em coesão com as massas de toda  nação árabe e suas forças de libertação. Resistência que se mantém e se expressa de várias formas, como em revoltas, em mobilizações, nas revoluções, nos boicotes, na firmeza, na resistência diária contra a ocupação e seus projetos, pela própria existência, enfim, pela sua história e sua terra.


Resistência contra a naturalização da ocupação; os regimes reacionários; as instituições e pessoas envolvidas em fazer parte deste projeto hostil em detrimento dos direitos; esperanças; aspirações e objetivos da nação árabe em conquistar a liberdade, emancipação, justiça, igualdade, unidade e progresso civilizado. Resistência contra planos destinados a minar os direitos, anseios, aspirações e objetivos do povo palestino de ser livre, retornar à terra onde sua família deitou raízes, alcançar sua independência e estabelecer seu próprio Estado na totalidade de sua terra natal.

        

Essa soberana resistência e todas as suas formas - violentas ou  não –,  alimentada pela natureza colonial, imperialista e racista , base da estrutura do projeto sionista,  não desaparecerá e seguirá nutrindo-se  do manancial  inesgotável de rebeldia  de nosso povo e nossa  nação árabe, renovada incessantemente  com a persistência do caminho da luta revolucionária em nível nacional e pan-árabe.
A Frente Popular de Libertação da Palestina ao tempo que presta  reverência e respeito aos mártires de nosso povo e nossa nação árabe e aos homens livres do mundo que ofereceram suas vidas pela liberdade da Palestina, de seu povo e de toda a humanidade, saúda com orgulho as prisioneiras e os prisioneiros que se encontram nos cárceres da ocupação sionista e a todos os detidos por sua luta pela liberdade em todo o mundo. A FPLP reconhece os sacrifícios e as lutas de nosso povo na pátria ocupada e na diáspora, e as lutas de todos os povos que aspiram à liberdade, emancipação e justiça; e conclama:

Primeiro: Adesão  a todos os nossos direitos históricos na Palestina e rejeição a conformidade com as implicações da Nakba, fato que exige que a Direção Palestina signatária dos Acordos de Oslo e, portanto, a que reconheceu o Estado da entidade sionista, retire esse reconhecimento, cancele  os acordos e implemente as decisões dos Conselhos Nacionais e Centrais relacionados sobre este assunto. É definitivo colocar as forças do nosso povo palestino a altura de sua responsabilidade histórica  para sair da difícil realidade em que chegamos, isso exige: a   impostergável convocação urgente de uma reunião do Comitê para a Ativação e desenvolvimento da Organização de Libertação da Palestina – OLP;   a construção coletiva da unidade nacional pluralista com base no projeto de libertação total; o estabelecimento de uma estratégia de confrontação capaz  de pôr fim a décadas de dispersão, divisão e ilusões de alcançar acordo por meio de negociação, que tanto alimentou o projeto sionista contra nosso povo e nossa nação.
A resistência unida e integral contra os planos sionistas é um tópico urgente e crucial, especialmente, porque o inimigo está trabalhando incansavelmente na implementação dos termos do acordo Trump-Netanyahu e o fará em um ritmo acelerado à luz da formação do governo de unidade sionista, que incorporou como uma de suas principais ações futuras a anexação de aproximadamente 30% dos territórios da Cisjordânia e do vale do Jordão. De modo que se reafirma, uma vez mais, que o projeto sionista e seus diversos componentes partidários e políticos coincidem na estratégia de negar nossos direitos, nossa existência e sua decisão de liquidar-nos, em proveito da expansão, do controle e da obsessão na execução criminosa de seus objetivos.

Segundo: Incorporar o  direito histórico de retorno, salvaguardá-lo e rejeitar tentativas de violá-lo, sendo um dos aspectos essenciais mais notórios do conflito e uma das provas mais importantes do maior crime organizado cometido contra nosso povo palestino, o que exige a desenvolvimento de planos para manter esse direito presente e vibrante, a salvo dos riscos do nosso povo se converter em  comunidades distanciadas , sitiadas  e com graves fragilidades devido aos planos da colonização; à liquidação dos acampamentos e da Agência da ONU para Ajuda e Emprego aos Refugiados Palestinos (UNRWA) e  à promulgação de leis racistas contra nosso povo nos territórios ocupados em 1948.
Isso, por sua vez, reafirma a responsabilidade que a OLP deve assumir na qualidade de representante único e legítimo de nosso povo, seu protetor político e jurídico, um veículo para a libertação consensual dos palestinos onde quer que estejam e encarregado de manter sua unidade, fato que impõe a necessidade de reconsiderar sua papel nacional, reconstruir democraticamente suas instituições, alcançar o pluralismo em sua direção e pôr fim às políticas de exclusividade pessoal, dominação, apropriação, exploração e recuperar sua função nacional libertadora.

Terceiro:  Preservar a  história da Palestina,  denunciar a injustiça de que nosso povo é objeto há mais de um século é  uma prioridade fundamental diante das tentativas obstinadas do inimigo, em sintonia e frequência com os  EUA, e  outros Estados de sua órbita, de falsificar a história, falsear a consciência e negar o direito dos palestinos à sua terra natal.  Uma tática de muitos meios que visa desfigurar a luta de nosso povo e caracterizá-la como terrorista, por outro lado tratando  a versão religiosa inventada como uma realidade histórica, insuflada oportunisticamente por regimes árabes reacionários, mediante a introdução à naturalização  cultural e artística, em suas diferentes formas, na consciência das massas árabes, além de seu paralelo político e econômico, entre outros.

Quarto: Reivindicar a causa palestina como causa central da nação árabe, estabelecendo pontes de comunicação e coesão com suas massas através dos partidos, sindicatos e instituições comunitárias que ainda lutam, resistem e se opõem a todos os ataques contra os direitos árabes, incluindo os palestinos. Trabalhar para conformação de estruturas nacionais e pan-árabes que apoiem a luta e os direitos do povo palestino, rejeitem à naturalização das relações com o inimigo sionista e participem da auto-reativação do movimento de libertação árabe, contribuindo todos na construção das ferramentas para o enfrentamento comum ao projeto imperialista sionista norte-americano na região.

Quinto: A Causa Palestina, cujas dimensões superam  sua natureza nacional e pan-árabe,  realiza plenamente sua natureza internacional e humana, fundamentalmente em razão da estratégia e das táticas criminosas e bárbaras coloniais ocidentais  executadas contra seu povo , nos convoca a estender pontes de relações e comunicações com forças progressistas e com os movimentos de boicote ao inimigo e de apoio e solidariedade com nosso povo palestino e sua luta nacional por liberdade, retorno, independência e autodeterminação.

Nosso povo palestino firme e determinado!


Estamos confiantes de que nossa luta nacional continuará  escrevendo a história árabe palestina em um capítulo que não pode ser apagado por nenhum projeto e tentativa de falsificação, manipulação, liquidação e apagamento, que nossa causa nacional continuará sendo um osso difícil de roer e, a resistência, em todas as suas formas, continuará sendo a maneira mais viável de alcançar nossos objetivos, desejos, esperanças e aspirações nacionais, pan-árabes e humanos.

Glória eterna aos mártires!


Recuperação para os feridos! e liberdade para os prisioneiros!

A vitória é o inevitável aliado do nosso povo!

Frente Popular de Libertação da Palestina
Departamento Central de Informações


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