quinta-feira, 20 de setembro de 2012

O poder da propaganda política sionista e a poderosa arma da acusação de anti-semitismo


Os "escolhidos por Deus impedem palestina grávida e sangrando de ir ao hospital..

LRebelião

Poucos dias atrás, navegando na internet, me deparei com um vídeo que me fez pensar. Trata-se de um vídeo gravado em algum lugar dos territórios palestinos ocupados em que se vê como vários palestinos, duas mulheres, um homem adulto e várias crianças, tentando cruzar um posto de controle israelense para chegar ao hospital mais próximo. Uma das mulheres palestinas está a ponto de dar à luz - "Ela está sangrando! Grita seu companheiro aos soldados do posto de controle israelense! Em resposta, os israelenses fecharam a passagem com veículos blindados, dizendo repetidas vezes pelo alto-falante: "Go, go go!”“. Após alguns minutos,se apresenta uma ambulância palestina disposta a embarcar a mãe e levá-la ao hospital. Os palestinos parecem nutrir esperanças que os soldados não se atreveriam a bloquear o caminho da ambulância, mas se equivocam. A partir desse momento, se enfurece as ordens dos israelenses de limpar o caminho e vários veículos blindados sionistas ameaçam atacar a ambulância, que finalmente não tem nenhuma escolha que partir em direção oposta.

O vídeo, com poucas palavras, é uma das provas mais flagrantes da brutalidade de Israel que eu já vi. É verdade que tive a oportunidade de ver algumas coisas bastante espantosas antes, mas às vezes, não é a visão do sangue, nem dos membros expostos, ou corpos crivados de balas ou queimados pelo fósforo que nos produz maior impacto. Por causa do complicado mecanismo psicológico cuja complexidade e causas ignoro, por vezes, nos impressionado mais ver um soldado israelense imberbe desencadeando uma bofetada em um velho palestino, ou uma criança vasculhar as ruínas de sua casa destruída, ou um camponês chorando no campo das oliveiras junto a um toco que uma vez foi uma oliveira.

Pois bem, o vídeo que menciono é um daqueles que possuem a qualidade de ser mais chocante que muitas das imagens que nos chega da Palestina. A razão desse poder está, penso eu, de dois fatores: a banalidade aterradora e seu racismo infinito. Basicamente, são quatro minutos de gravação em que se expressa a quinta essência da ideologia sionista: o seu desprezo radical por toda a vida humana não judia.

Pois bem, sendo como é este, um testemunho gráfico tão absolutamente aterrorizante, e ainda assim tão esclarecedor, imediatamente me veio à mente a pergunta: como é possível que nenhum grande meio de comunicação o tenha ecoado?

Uma vez que este vídeo aporta chaves fundamentais para compreender o que está acontecendo na Palestina, que essas chaves podem ser facilmente decifradas por qualquer pessoa - culta ou iletrada, jovem ou velho, sueca, peruana ou zairense - em qualquer lugar do mundo e com um mínimo custo dos neurônios e que, portanto, tem um valor informativo e pedagógico imensuráveis; por isso como é possível manter-lo escondido e silenciado? Os meios de comunicação de massa encontram tempo e espaço para levar ao grande público questões tão transcendental como as cores dos vestidos das senhoras presentes no desfile militar em 12 de outubro e não têm lugar para mostrar este vídeo? O que está acontecendo aqui?

Da "única democracia no Oriente Médio" tendemos a crer que já vimos de tudo. No entanto, devido ao divórcio radical que em todas as questões relativas ao conflito israeli-palestino se produz entre a realidade e sua representação, o fato é que o cidadão médio que vive fora das fronteiras do Estado de Israel (1) viu e vê muito pouco do que significa viver cada dia sob as botas e o tacão do regime sionista. Em um ambiente saturado de novas tecnologias de comunicação a maioria da população continua a ignorar as coisas mais básicas do conflito, por exemplo, e para citar apenas uma das principais, o que significa ser palestino numa cruel etnocracia talmúdica cujos governantes levam mais de sessenta anos empenhados em assegurar por meios violentos a purificação racial do território que controlam.

Nossa ignorância dos fatos que acontecem na Palestina não é fortuita. Os meios de comunicação majoritários se encarregam de filtrar e bloquear os atos diários de barbárie israelense, de censurar as imagens que atestam a implacável matriz de controle que a potência colonial sionista há tecido sobre a sociedade palestina para sufocá-la e forçá-la ao exílio. Somente quando a magnitude ou a brutalidade dos fatos é tão grande que não há como esconder (por exemplo, quando Israel lança ofensivas genocidas sob centros de população civil, como em Gaza, ou quando assaltam navios em águas internacionais, assassinando impunemente seus passageiros), os meios de comunicação encontram tempo para incluir em suas reportagens informações sobre o que acontece no território controlado pelo regime sionista. No entanto, mesmo nesses casos, os comentários que acompanham as imagens são muitas vezes tão tendenciosos que o espectador pode muito bem acabar convencido, entre outras coisas, de que foram os violentos passageiros do Mavi Mármara os beatos comandos da marina sionistas que abordaram o navio empunhando buquês de flores (a mortalidade subseqüente seria devido à perfídia inata dos assassinados, provocadores natos dispostos a fazer qualquer coisa para desacreditar o Estado de Israel).

E se porventura sucede, que apesar de todos os esforços da barbárie sionista a autêntica face da ocupação israelense persiste em mostrar-se nas imagens tendenciosas e em filtrar-se entre as linhas dos artigos e editoriais higienizados em favor de Israel, com o conseqüente risco de despertar do sono o leitor / espectador menos avisado, então se acende as luzes vermelhas do departamento agitprop (agitação e propaganda) Sionista, se ativa seu aparato de controle de danos e se põe em marcha seu imenso aparelho firewall (corta fogo).

Recordemos os mais óbvio:

Censura e silenciamento: as notícias e as imagens que contradizem a versão israelense, ou bem se omitem, ou bem se maquiam e distorcem, de maneira que acabe distorcida e apagada a principal linha, essencial da informação do conflito: a existência de um povo que implementa uma ocupação e outro que sofre a ocupação; a existência de um que é o opressor e outro que é o oprimido.

Acusações indiscriminado de anti-semitismo. Esta é a principal Arma de Difamação em Massa (ADM) do arsenal da propaganda sionista. Pode ser jogado sobre a cabeça de qualquer pessoa que critique as ações de Israel, independentemente de sua ideologia, sua trajetória e, sobretudo, independente da solidez dos argumentos que coloca. Graças a esta arma, qualquer pessoa, órgão ou instituição que critique Israel (seja judeu ou goy) é convertido num passe de mágica em anti-semita. Uma arma eficaz para silenciar todos os opositores, mas, felizmente, a sua utilização sistemática exagerado e extemporânea está contribuindo para desprestigiá-la.

Ativação imediata dos terminais mediáticos: operados pelos intelectuais sionistas, jornalistas, think tanks e grupos de pressão locais ao serviço de Israel. No Estado espanhol, os nomes e os rostos destes agentes locais da propaganda sionista são bem conhecidos, desde um alinhado papagaio fátuo catalão até um antigo ativista do ETA transmutado em ázimo converso editorial dos principais meios de comunicação espanhóis e, finalmente, pelas principais organizações filo sionistas vinculadas a extrema direita espanhola (PP).

Campanhas de assédio e de intoxicação através de equipes coordenadas que desenvolvem todos os tipos de atividades de assédio e propaganda sionista na Internet, desde a sabotagem de grupos de discussão e de sites de críticas a Israel até as manipulação de entradas da Wikipédia. A existência desta divisão de informática agitprop (agitação e propaganda) Sionista foi reconhecido publicamente por autoridades israelenses.

O firewall (corta-fogo) mais grosseiramente vinculado ao aparelho político sionista (o Estado) e o mais patético de todos: cartas do embaixador israelense a todos os meios de comunicação que ouse rasgar a cortina e ameace em tornar visível a face da opressão sionista. Esta insólita modalidade de agitprop (agitação e propaganda) tem uma história curiosa. Segundo conta o ativista israelense Uri Avnery (2), esta estratégia deriva diretamente das orientações emitidas pelo Ministro dos do Exterior israelita Lieberman, quem há poucos meses convocou todos os representantes diplomáticos de Israel e lhes ordenou que a partir desse momento não deixarão sem resposta nenhuma informação contrária aos interesses e imagem de Israel. Depois da reprimenda, as embaixadas de Israel em todo o mundo se transformaram em super ocupados gabinetes de imprensa, cujos funcionários dispararam febrilmente cartas e e-mails para os meios de comunicação a fim de sustentar a narrativa sionista. Esta atividade "informativa" não está confinada aos círculos diplomáticos: quando o Sr. ou a Sra. Embaixadora não consegue dar conta da tarefa, pode mantê-la recrutando agentes de segunda fila ou qualquer sionista, por salário ou por hora, capaz de escrever uma carta ou enviar um e-mail de protesto. Uma análise do arquivo celtibérico irá fornecer um vasto mostruário desse tipo de intervenção.

Tomadas uma a uma, estas armas são bastante eficaz para fazer recuar o mais ousado que se atreva, porém empregadas de forma combinada tem efeito devastador. Nos Estados Unidos há anos conseguiram amordaçar o Congresso e subjugar a totalidade do aparato político, a tal ponto que hoje a política americana se reduz a disputa entre democratas e republicanos para ver quem pronuncia a maior declaração de amor a Israel e ao sionismo. Na Europa, a ação conjunta dos meios de comunicação e de inconfessáveis alianças estratégicas entre as elites dirigentes dos diferentes Estados explicam por que Israel haja podido aceder ao status de parceiro privilegiado da União Européia, quando qualquer outro país com as suas credenciais levaria anos padecendo todo tipo de sanções. No Estado espanhol poucos meios de comunicação se atrevem a enfrentar uma máquina de manipulação e assédio tão bem azeitada, financiada e coordenada.

Esta imagem pode parecer desolador, mas há razão para ter esperança. O edifício hasbara Israel é uma fortaleza imponente, porém seus muros têm uma fenda cada vez mais profunda: Internet e mídia alternativa. No ambiente das moderna tecnologia de informação o controle dos fatos que viram notícias e seu relato são cada vez mais difícil. Por isso é fundamental para aprofundar a fenda e tratar de ampliá-la ajudar a fomentar a difusão de relatos alternativos que interrompem o discurso mentiroso e onipresente sionista. Como há muitas pessoas dedicadas a essa tarefa: franco-atiradores da contra-informarão, jornalistas críticos (incluindo os israelenses), web sites, blogs, grupos de notícias, organizações de solidariedade, grupos culturais e muitos outros agentes tecem uma rede de informação alternativa em cujo seio um vídeo em que soldados israelenses impedem uma ambulância levar ao hospital uma mulher palestina em trabalho de parto ocupará sempre um lugar mais proeminente que algumas piadas grosseiras sobre o padrão exibido por alguns figurantes em um desfile militar.

Qualquer pessoa que queira contribuir e combater o poder de hasbara Israel, o aparelho de propaganda e manipulação a serviço da empresa colonial e racista do sionismo, pode começar a fazer a partir deste momento dando publicidade ao vídeo que gerou este comentário. A rachadura do muro é irreversível. Em nossas mãos está a contribuição para aumentá-la até que todo o edifício tombe em meio a uma nuvem de povo e de vergonha.

Estamos ansiosos pela carta de protesto do embaixador israelense ou de um sionista de plantão.

NOTAS:

1.Já que menciono as fronteiras de Israel, vale a pena observar que Israel é, por efeitos práticos nos dias de hoje, de fato, um único Estado que ocupa 100% da Palestina histórica, ou seja, todo o território entre o Mediterrâneo e o rio Jordão, onde se aplica três sistemas jurídicos:
a) plenos direitos para os judeus em toda extensão desse território;
b) direitos reduzidos para a população não-judeus ainda residentes nos territórios de 48;
c) a ausência total de direitos para os habitantes não-judeus dos territórios ocupados em 67.

Conforme argumentado por Gilad Atzmon, o Estado palestino já existe, mas no momento é chamado de Israel.

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