terça-feira, 18 de maio de 2010

Os palestinos não concordam em ficar com 22% de suas terras

A mídia internacional transmite que os palestinos, através das declarações de Autoridade Palestina e seus embaixadores no mundo inteiro, concordaram com a aceitação de 22% de suas terras como um solução para o conflito na região. Sendo as demais questões fundamentais como Jerusalém, os refugiados, assentamentos, água, fronteira e o Estado palestino, tratados posteriormente, entre as partes, em negociações finais.

A declaração de reconhecimento do Estado de Israel pela OLP, em 1993, através do Yasser Arafat significou aos palestinos uma concessão desnecessária, pois foi uma política ímpar praticada dentro de OLP. A maioria dos palestinos criticaram essa política e não concordaram com os Acordos de Oslo assinado entre OLP e o Estado de Israel, por não garantir legalmente o direito do povo palestino em viver em sua terra.

Aos que condicionam a estabilidade na região com a criação de dois estados, afirmo ser essa mais uma política fadada ao fracasso. Essa política desconsidera o direito de retorno para os refugiados palestinos para suas casas e terras da onde foram expulsos em 1948. O direito de retorno é fundamental para os palestinos, esse direito tem sido negado pelos sionistas. Como negar a história? centenas de milhares de palestinos foram expulsos da Palestina em 1948 e centenas de milhares de judeus, do mundo inteiro, receberam incentivos de imigração para invadirem a Palestina .

O governo do Estado de Israel em suas ultimas medidas e resoluções tomadas, principalmente a ordem militar número 1650, revelam a falta de seriedade para uma solução justa. Esta ordem militar número 1650, considera cerca de 70 mil palestinos, que estão em Cisjordânia e Jerusalém, sem permanência como estrangeiros em “território Israelense”, e, portanto, passíveis de remoção. Na verdade os palestinos estão em suas casas e terras e essa ordem militar número 1650 significa mais catástrofe, mais expulsões. O Estado sionista de Israel é o invasor, e deveria reconhecer os direitos do povo palestino e por fim a esta ocupação.

As ações agressivas em Jerusalém por parte do governo israelense de demolição de casas, confisco dos direitos dos palestinos, confisco das casas e expulsão dos palestinos com alegação de ser propriedade judaica são obstáculos colocados contra a vida dos palestinos. Nosso povo só quer assegurar seus direitos e deveres, como qualquer cidadão. Poder ir e vir aos lugares sagrados muçulmanos e cristãos na cidade

A continuação da construção de muro do apartheid em terras palestinas e, em especial na Cisjordânia, revela o confisco de mais terras, separa cidades e palestinos de suas terras produtivas e revela as dificuldades de deslocamentos que atormentam a vida dos palestinos. Além dos 600 Check Points que obrigam os palestinos a apresentarem identificação, além das desconfortáveis revistas. O muro foi condenado mundialmente e considerado muro de apartheid. Também se condenou a brutal violência do exército de Israel sobre Gaza e o bloqueio sofrido por Gaza que já dura mais de 3 anos. E o bombardeio continua diariamente sobre a população civil, que procura sobreviver em suas terras. São atitudes sionistas como essas que alimentam mais o conflito e guerras na região.

Os palestinos desejam a paz. A paz que se traduz em justiça e direitos. Impossível construir um Estado palestino antes de por fim a ocupação sionista. Impossível construir um Estado palestino enquanto continua crescendo as colônias judaicas em terras palestinas. Urgentemente, precisamos demolir essas colônias judaicas. Impossível construir um Estado palestino que não garanta legalmente o direito aos palestinos de retornar para as suas casas e terras de onde foram expulsos, esta direito não é negociável. Temos nosso direito, se o presidente da Autoridade Palestina não quer voltar para sua cidade natal, de onde ele foi expulso em 1948, ,isso é problema dele não do povo palestino, O Direito de Retorno além de ser coletivo, é também um direito individual e não pode ser confiscado ou negado.

Para se chegar a um acordo é necessário mais que a unidade palestina. Para as partes chegarem a um acordo é necessário mudar o contexto atual na região, acabar com a exploração e com a violência e terror israelense, reconhecer os direitos do povo palestino, enfim discutir soluções justas. Dois estados não é uma solução, é apenas um termo usado pela Autoridade palestina e não representa a opinião pública palestina. São os palestinos que tem que decidir pelo seu futuro, são 3,5 milhões na Cisjordânia, 1,5 milhões em Gaza, milhões de palestinos nos campos de refugiados em vários países árabes e os palestinos da diáspora. Somos 11 milhões de palestinos, um povo que tem uma pátria, mas não tem seu território livre, porque foi usurpado. O presidente da Autoridade palestina, Mahmud Abbas, está sem poderes de nomear outro primeiro ministro palestino. Enquanto isso permanece Salam Fayyad, ele é considerado homem de confiança dos Americanos e Israelenses. Isso revela a longa distância entre o povo palestino e seus dirigentes. O governo palestino não tem autonomia sobre suas decisões. Nada acontece sem o aval sionista- imperialista.

A solução justa e duradoura é um estado palestino, democrático e laico, com o direito de retorno para os palestinos. Um estado só e não dois, um estado que acolha as pessoas como cidadãos, sejam negros, brancos, ateus, drusos, muçulmanos, cristãos ou judeus sem discriminação. Um estado em que os direitos e os deveres sejam respeitados e vivenciados por todos. Essa é uma saída para esse conflito.

Podemos salvar os povos daquela região, salvar desta política agressiva praticada pelo movimento sionista, pelo o governo americano e outros governos ocidentais. Precisamos dizer um basta ao terror que espalham sobre o Oriente Médio, em especial no Iraque, Afeganistão e ameaças diárias contra o Líbano, Irã e Síria.

Vamos fortalecer a solidariedade com o povo palestino para construirmos juntos a Palestina Livre, não sobre os 22% do território - isso são migalhas - mas sobre todo o seu Solo Pátrio histórico, sobre seus 27 mil km2, com Jerusalém como capital, com a volta dos palestinos refugiados e com a libertação dos 11 mil presos políticos dos cárceres israelenses.

Jadallah Safa

18/05/2010

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