quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Terror sionista

"O Estado sionista, «tentáculo nuclear dos EUA» no Médio Oriente, nas recentes palavras do Presidente da Assembleia Geral da ONU, sempre foi uma das principais ameaças à paz mundial. O povo palestino é a sua maior (mas não única) vítima. Sem justiça para o povo palestino haverá sempre resistência. E a resistência deste povo (heróica, dada a desproporção de meios) é seguramente um motivo de esperança e confiança. A violência militar imperialista não é capaz de vencer a determinação de um povo."
Jorge Cadima - 03.02.09


A barbárie em Gaza foi impossível de esconder, mesmo nos cada vez mais controlados meios de propaganda do imperialismo: mais de 1.300 mortos (quase um em cada mil habitantes), na sua grande maioria civis aprisionados no gigantesco campo de concentramento em que Israel e a pseudo-«comunidade internacional» transformou Gaza; bombardeamentos com fósforo branco e outras armas não convencionais em áreas densamente habitadas; ataques a centros de refugiados da ONU e a pessoal médico em serviço; o bombardeamento dos centros de recolha de ajuda da ONU (com fósforo branco); o ataque a um edifício onde as próprias tropas israelitas tinham juntado 110 civis, provocando a morte a 30; o ataque a civis em fuga das zonas bombardeadas.

Enquanto a União Europeia encobria as mentiras do governo israelita, outros não calaram a sua consciência. No Parlamento britânico, o ex-membro de governos trabalhistas Gerald Kaufman, judeu e de uma família sionista, afirmou: «Olmert, Livni e Barak são assassinos em massa, criminosos de guerra, e envergonham o povo judaico, cuja Estrela de David utilizam como bandeira em Gaza» (o discurso pode ser visto no Youtube). Há quem tenha usado a expressão «holocausto» para descrever a matança de Gaza. O primeiro a usá-la foi o vice-ministro israelita da "Defesa", Matan Vilnai, que em Fevereiro passado ameaçou: «Quanto mais o fogo dos Qassam se intensificar, e o seu alcance se alongar, maior será a shoah que irão trazer sobre si» (Guardian, 29.2.08).

Muito se falou em Hamas e em «rockets Qassam». Confundem-se as causas com os efeitos. As mesmas palavras e acusações lançadas hoje sobre o Hamas foram lançadas ontem sobre o Presidente Arafat e a OLP. O comunicado oficial do governo israelita de 11 de Setembro de 2003 afirma: «Os acontecimentos destes dias reiteraram e comprovaram que Yasser Arafat é um obstáculo total a qualquer processo de reconciliação entre Israel e os Palestinos. Israel irá trabalhar para remover este obstáculo, da forma e no momento da sua escolha». Para que não sobrassem dúvidas sobre o significado destas palavras, o então vice-chefe do governo, e actual primeiro ministro, Ehud Olmert afirmou que assassinar Arafat era «seguramente uma das opções» (The Independent, 15.9.03). Catorze meses mais tarde, Arafat estava morto. O hospital militar francês onde morreu nunca indicou as causas da sua morte.

A chacina de Gaza condensou em três semanas muitas décadas de História. Uma história infindável de massacres e de guerras, que vai de Deir Yassin a Gaza, passando por Sabra, Shatila ou Qana, e que se traduz na gradual ocupação de cada vez mais território palestino e na permanente influência imperialista na região. A maioria dos habitantes de Gaza são refugiados de anteriores guerras de ocupação. «Na tarde fria de quarta-feira, dia 10 de Março de 1948, um grupo de onze homens, veteranos dirigentes sionistas e jovens oficiais militares judaicos, puseram os retoques finais no plano de limpeza étnica da Palestina. [...] Uma vez tomada a decisão, foram precisos seis meses para completar a missão. No final, mais de metade da população nativa da Palestina, cerca de 800.000 pessoas, tinham sido desenraizadas, 531 aldeias tinham sido destruídas e onze bairros urbanos esvaziados dos seus habitantes». O autor destas palavras é o historiador (judeu e israelense) Ilan Pappe, no livro «A limpeza étnica da Palestina» (Oneworld Publications, 2006).

O Estado sionista, «tentáculo nuclear dos EUA» no Médio Oriente, nas recentes palavras do Presidente da Assembleia Geral da ONU, sempre foi uma das principais ameaças à paz mundial. O povo palestino é a sua maior (mas não única) vítima. Sem justiça para o povo palestino haverá sempre resistência. E a resistência deste povo (heróica, dada a desproporção de meios) é seguramente um motivo de esperança e confiança. A violência militar imperialista não é capaz de vencer a determinação de um povo. Este texto foi publicado no Avante nº 1.835 de 29 de Janeiro de 2009

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