segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Personalidades Árabes e Internacionais lançam "Declaração Internacional de apoio à Resistência Palestina e Rejeição da normalização"


Esta manhã, um grupo proeminentes  de personalidades políticas, sindicais e acadêmicas anunciou o lançamento de uma Declaração Internacional em apoio à Resistência Palestina por ocasião do primeiro aniversário da batalha da “Inundação de Al-Aqsa”. A declaração se coloca claramente contra os questionamentos à  luta de resistência e se opõe à cooperação com regimes aliados da ocupação israelense.

A Declaração é um compromisso dos signatários em apoiar o Projeto de Libertação Nacional Palestina e  o pleno  Direito do Povo Palestino à liberdade, independência e autodeterminação no seu território nacional. Para isso,  destaca a necessidade da Resistência,  em todas as suas formas,  contra o projeto colonial sionista e dos seus aliados ocidentais e imperialistas.

A Declaração denuncia as vozes hostis à resistência e questiona o projeto conciliador com o sionismo, cuja intenção é desestabilizar a Unidade da Frente interna. Estas forças hostis à Resistência tenta promover , em termos  provocativos e insultuosos, a idéia de  uma “resistência teatral” ou “desenho animado”, em harmonia com o que o inimigo está  apresentando nos meios de comunicação israelitas e na sua propaganda direcionada ao mundo.

CONTRA A NORMALIZAÇÃO E SEUS COLABORADORES  

Os signatários consideraram que a posição dos intelectuais e políticos que apoiam a normalização ou o reconhecimento da entidade israelita contradiz todos os conceitos nacionais construídos coletivamente até aqui, que rejeitam, categoricamente,  a ocupação e a dominação. A Declaração invoca a histórica posição coletiva do povo palestiniano, da nação árabe e islâmica contra estes normalizadores e colaboracionistas da colonização sionista, sublinhando a necessidade de os boicotar e expor as suas posições.

SIGNATÁRIOS EM TODO O MUNDO

A Declaração contou com assinaturas de personalidades proeminentes de todo o mundo, incluindo ex-presidentes de países da América Latina, como Evo Morales (ex-presidente da Bolívia) e Manuel Zelaya (ex-presidente de Honduras), além de vários ativistas árabes , sindicalistas e acadêmicos da Palestina, Líbano, Síria, Jordânia, Marrocos, Kuwait, Bahrein e Sultanato. Também foi assinado por jornalistas e intelectuais de diversos países como Japão, Brasil e Argentina.

ÊNFASE NA UNIDADE DA FRENTE DE RESISTÊNCIA

A Declaração destaca com louvor a unidade da Resistência no terreno onde se trava a luta, seja na Palestina, no Líbano, na Síria, no Iémen e no Iraque. Unidade que só faz  crescer a luta  e consciência contra o projeto sionista.  Certos e seguros  que as operações heroicas das diversas forças da Resistência expressam a posição popular de rejeição à ocupação e que contam com o total apoio de todos os povos da região.

A Declaração glorifica e enaltece   a firme  solidariedade dos povos árabes e islâmicos  e  seu apoio a Resistência Palestina e sua histórica e dura luta pela libertação.  Os ataques sionistas não irão parar, exceto através da escalada da Resistência e do fortalecimento da Unidade das Frentes através da ação conjunta  de enfrentamento contra o inimigo.

Abaixo reproduzimos a tradução da Declaração

 

DECLARAÇÃO PÚBLICA

 Nas fileiras da resistência e suas forças populares pelo Projeto de libertação nacional  contra todos os que duvidam e desabam moralmente!

O lançamento desta Declaração coincide com o aniversário de um ano da gloriosa batalha “Tempestada de Al-Aqsa”, que significou um grande salto na luta do povo palestino por sua libertação nacional contra o projeto colonial sionista-ocidental-imperialista e sua presença no coração da nossa pátria árabe e da terra palestina.

Baseada em direitos históricos, naturais, humanos e legais, o povo palestino tem o Direito de buscar  e tecer  seu projeto de libertação nacional e de desfrutar de plena liberdade, independência e autodeterminação em todo o território da sua pátria histórica.

Nesse sentido, declaramos  nosso alinhamento e apoio a este direito, bem como ao consagrado Direito à  Resistência em todas as suas formas; Desde a cultura, abordagem e método únicos para atingir seus objetivos nacionais e internacionais. 

Por outro lado, damos publicidade a firme posição contra todas as vozes que ainda lançam flechas de cepticismo, mentira e hostilidade à Resistência, as suas forças e ao seu Eixo da Resistência que tem realizado grandes sacrifícios, através dos milhares de combatentes martirizados que moldam as operações incansáveis e o  caminho da luta em todas as frentes contra o inimigo sionista e seus aliados. 

Esta posição danosa reflete a imprudência, a queda patriótica e moral a que chegaram.  A extensão desta posição na frente oposta da luta da nação árabe e do povo palestino pela libertação, descrevendo a resistência e as operações ousadas e corajosas sem paralelo dos combatentes como “uma teatro”, “vídeos fabricados” e “desenhos animados”, encoraja a unidade dos inimigos e a forma sistemática com que  suas mídias apresentam a luta anticolonial do povo palestino: Uma propaganda contra as Forças e o Eixo da Resistência, com exposição de nomes e localizações, ameaçando a segurança dos combatentes.

Esta ignóbil posição questiona a Resistência, ridicularizando-a,  de forma  hostil,  ignorando os objetivos, a luta e os grandes sacrifícios que faz.  Atingiu o seu extremo, de acordo com alguns intelectuais, escritores e militantes internacionalistas, ao responsabilizar a Resistência pelos assassinatos, genocídio e limpeza étnica na Faixa de Gaza, e, também, culpar a Resistência do Líbano, Iémen, Síria e Iraque por provocar respostas do inimigo sionista e sua aliança hostil.

O custo nacional de sua queda moral aumentou:

·        A resposta do Irã à entidade sionista aos assassinatos do líder mártir Ismail Haniyeh nas suas terras,  de Sua Eminência, o líder mártir Hassan Nasrallah e  de todos os líderes da Resistência;

·        o papel ativo do Eixo da Resistência e a unidade das suas arenas, confirmada pelos confrontos heróicos dos combatentes do Hezbollah e da resistência libanesa, ao longo da frente sul;

·        a admissão pelo próprio inimigo sionista das suas múltiplas perdas;

·        a exposição e desmascaramento das mentiras,  através de vídeos vazados e imagens de satélite de seus aeroportos destruídos;

·        a plena comunicação e harmonia com as frentes/arenas do Iêmen, Síria, Iraque, Cisjordânia e Faixa de Gaza na linha de frente,  a Resistência pelos direitos do povo palestino,

Os escritores chamados culturalistas, aqueles que estão imersos na lama dos colonatos, chafurdando com o inimigo; aqueles que estão sujeitos ao regime sionista e aos seus meios de comunicação social; aqueles que são parceiros na agressão, e os que trabalham em centros de investigação, no mínimo,  suspeitos e os que têm uma posição política anterior sobre a resistência manifestam-se contra nós. Alguns intelectuais cuja posição política apela para o reconhecimento da entidade sionista, são os que renunciam aos seus direitos, na nossa terra árabe palestina, e desafiam a posição e papel  histórico dos que lutam pela nossa terra histórica.

Nós, abaixo assinados,  apoiadores e parceiros do nosso povo e  consequentemente da sua Resistência de sangue e armas, confirmamos o seguinte:

Primeiro: Total apoio a todas as forças de Resistência na Palestina e os que lutam nas praças e Frentes oficiais e populares, na nossa região e em todo o planeta, contra o projeto sionista-imperialista e sua nefasta  presença no coração da nossa pátria árabe.

Segundo: Declaramos uma posição clara e franca unindo-nos e permanecendo firmes, lado a lado, do povo  palestino na Faixa de Gaza, contra os assassinos, a guerra de genocídio e de limpeza étnica contra povo da nossa nação e da nossa região árabe, no Líbano, no Iémen, no Iraque, na Síria e no Irã, em face aos ataques, ameaças e intimidações sionistas-ocidentais-imperialistas.

Terceiro: A determinação da Resistência na  presença do projeto sionista, seus apoiantes, aliados e parceiros, em todas as suas formas.  Esta  posição é  uma ação de princípio, uma condição básica, no caminho obstinado para o desmantelar e derrotar o projeto colonizador  no coração da nossa pátria árabe palestina e de toda região. Desta forma e somente desta forma, alcançar a liberdade e independência, preservar as riquezas naturais, alcançar a unidade e estabelecer a paz e a justiça.

Quarto: À luz do acima exposto, convocamos nosso povo palestino e a  nação árabe para que declarem uma posição franca e  clara, coletivamente ou individualmente, contra todos os que estão ao lado do inimigo sionista e sua aliança hostil: os mercenários da política e da cultura, aqueles que se desviam das obrigações exigidas pelos nossos conceitos nacionais e islâmicos, com claras hostilidades à Resistência e suas Forças aliadas, ao pleno Direito dos palestinos à sua Pátria histórica e ao Direito de rejeitar e lutar contra a ocupação, o projeto e a presença sionista-ocidental-imperialista em toda região.

Boicote-os a nível nacional e socialmente, exponha suas posições traidoras, seus alinhamentos, suas mentiras, calúnias e silêncios. A questão de se localizarem na Frente inimiga, na mesma base dos seus objetivos, não é uma questão de ponto de vista ou de crítica objetiva, mas sobretudo é uma questão de segurança, de definição política, de posição no campo de batalha, que requer a valorização da questão de segurança para os lutadores do povo.

 

*Signatários:

 

1- Evo Morales/ex-presidente da Bolívia

2- Manuel Celaya/ex-Presidente de Honduras, Coordenador Geral do Partido Livre e Presidente da Internacional Popular Anti-Imperialista

3- Jorge Reyassa, ex-Ministro das Relações Exteriores da Venezuela e Secretário Executivo da ALBA/Venezuela

4- Randre Peña/Vice-Ministro das Relações Exteriores da Venezuela/Venezuela

5- Jorge Crines, Secretário Geral do Partido Comunista Argentino/Argentina 

6- Ana Prestes/ Secretária de Relações Internacionais do Partido Comunista do Brasil/ Brasil

7- Adolfo Peres Esquivel/ Vencedor do Prêmio Nobel da Paz/ Argentina

8- José Reynaldo Carvaloa/ Presidente do Centro Brasileiro de Solidariedade à Luta dos Povos/ Brasil

 

9- Dr. Wissam Ismail Al-Faqawi / professor universitário e ex-editor-chefe da revista Al-Hadaf / Gaza – Palestina

10- Alaa Abdul Rahman Al-Sharqawi / pesquisadora e tradutora / Japão

11- Wael Omar Abu Libdeh/ criador e ativista sindical e social/ Rafah – Palestina 

12- Khaled Fares/ escritor político/ Catar

13- Sayed Al-Badri/ Professor Sênior de Programação Industrial/ Egito - Alexandria.

14- Ghassan Jassim Sarhan/ Advogado/ Bahrein

15- Zainab Ibrahim Al-Darazi / ativista feminina / Bahrein

16- Bisan Jihad Adwan / jornalista e editor-chefe do Al-Hadaf News Portal / Istambul - Türkiye.

17- Garciela Ramirez/ Coordenadora do Comitê Internacional pela Paz, Dignidade e Justiça para os Povos

18- Jorge Rivas/funcionário da CNT e ex-deputado

19- Dr. Thaer Youssef Odeh/ professor universitário e pesquisador acadêmico/ Damasco - Síria

20- Alian Muhammad Alian/ Escritor e pesquisador palestino residente na Jordânia/Amã

21- Ahmed Abdel Rahman Salama/ escritor sobre assuntos políticos e militares/Gaza - Palestina 

22- Dr. Hassan Youssef Abdel Hadi Al-Saifi / ex-subsecretário do Ministério de Doações / Gaza - Palestina 

23- Omar Muhammad Jumaa / escritor e jornalista palestino / Damasco - Síria

24- Anwar Al-Khatib/romancista e poeta/Líbano

25- Muhammad Khader Abu Sharifa / jornalista e editor-chefe da revista Al-Hadaf / Damasco – Síria

26- Nadia Fayeq Habash/ Sindicato dos Engenheiros/ Ramallah - Palestina

27- Sadiq Ahmed Al-Qudmani / prisioneiro libertado do Golã sírio ocupado / Beirute - Líbano

28- Kamel Muhammad Jbeil/ Jornalista/ Ramallah - Palestina

29- Wissam Yacoub Rafidi/ professor universitário e escritor político/ Al-Bireh - Palestina

30- Majdi Atallah Hamayel/ professor universitário/ Ramallah e Al-Bireh - Palestina 

31- Dr. Taha Jabr Al-Rifai / figura comunitária / Ramallah - Palestina 

32- Anwar Muhammad Yassin/ jornalista e prisioneiro libertado/ Líbano

33- Dr. Tanous Wadih Shalhoub/Professor Universitário/Canadá

34- Masoud Ahmed Beit Saeed / advogado e escritor político / Sultanato de Omã

35- Amer Barhoum Othman/ ativista político e comunitário/ Brasil

36- Ahmed Nabil Abu Zaltah/comerciante/Jordânia37- Dra. Maryam Mahmoud Abu Daqqa / ativista política, comunitária e feminista / Palestina

 

38- Bassam Mahmoud Alyan/ escritor social e pesquisador político/ Síria

39- Hussein Ibrahim Abu Nar/ aposentado/ Campo Nuseirat - Gaza - Palestina 

40- Tamador Saeed Odeh/ escritor/ Damasco - Síria

41- Salim Badie Al-Maghribi/ escritor/ Síria

42- Zaher bin Harith Al Mahrouqi / jornalista / Sultanato de Omã

43- Dr. Ahmed Abdel Rahman Al-Khamisi/ Jornalista/ Cairo - Egito 

44- Ricardo Mahrez/ Presidente da Federação Palestina para a América Latina e Presidente da Associação Palestina Colombo na Colômbia/Colômbia 

45- Walid Muhammad Muhammad/ escritor e jornalista palestino/ Síria

46- Hisham Alqam/Oficial Geral dos Comitês Democráticos da Palestina/Brasil

47- Khaled Hilal/ Presidente da Associação Palestina/ Brasília

48- Dr. Mufid Ali Qutaish/ professor universitário/ Líbano

49- Majid Al-Debsi Bulbul/jurista e personalidade da mídia/Madri - Espanha

50- Omar Ibrahim Ghannam/ Engenheiro Civil/ Hamburgo – Alemanha

51- Yousri Abdel Raouf Al-Ghoul / escritor e escritor / Gaza - Palestina 

52- Ahed Ali Abdel-Bari/ Professor/ Gaza - Palestina 

53- Maad Al-Jahri/ Professor Mubarraz/ Marrocos

54- Nibal Shukri Omar / jornalista / Síria

55- Nasser Subhi Abu Khudair/ professor universitário e prisioneiro libertado/ Jerusalém, Palestina

56- Imad Harzallah Abu Haitham / aposentado / Gaza - Palestina

57- Muhammad Al-Abdullah/ escritor e político palestino/ Síria

58- Al-Titi Al-Habib / Membro do Partido Democrático dos Trabalhadores / Marrocos

59- Omar Baaziz / funcionário e membro do Partido Democrático Trabalhista / cidade de Kenitra - Marrocos

60- Dr. Fawaz Rubin Abu Jahl/ Diretor do Centro Nour al-Hayat - Professor universitário em tempo parcial/ Gaza - Palestina

61- Hanan Salim Al-Zari’i/ Doutor em Análise Médica e Contador de Histórias/ Síria

62- Tahani Hayati Al-Shakhshir / aposentada e ex-presidente da União das Mulheres da Jordânia / Amã - Jordânia

63- Laila Khaled / Membro do Comitê Central da Frente Popular para a Libertação da Palestina / Amã - Jordânia

64- Rafael Mendes/ ex-parlamentar da República Dominicana

65- Stella Clooney/ jornalista e analista de assuntos internacionais/ Argentina 

66- Juan Carlos Munedero / Analista de Assuntos Internacionais / Espanha - Tlatauquitepec - México

67- Dr. Abed Al-Zarii/ Pesquisador e Diretor do Centro de Estudos da Terra da Palestina para o Desenvolvimento e Pertencimento/ Palestino residente na Tunísia

68- Ali Ismail Abu Hilal/ ativista e escritor político/ Argélia

69- Hussein Yahya Al-Ghalban/ Engenheiro Médico/ China

70- Dr. Ibrahim Naji Alloush/ escritor e pesquisador/ Jordânia

71- Mahmoud Abdel Karim Haniyeh/ Jornalista palestino, pai de mártir e marido de mártir/ Gaza - Palestina 

72- Ramez Mustafa/ Escritor político palestino/ Síria

73- Mahmoud Ali Al-Saeed/ poeta, contador de histórias e crítico visual/ Síria

74- Omar Issa Fares/ engenheiro e ativista político/ Polônia

 75- Dr. Musa Muhammad Al-Azab/ Médico/ Amã - Jordânia

76- Maher Jamil Hawass/ advogado e ativista/ Brasil

77- Hossam Salem Al-Dalki/ ativista e ativista de direitos humanos/ Alemanha

78- Nizar Muhammad Al-Qadi / professor aposentado de matemática e ativista político / Aleppo - Campo Al-Nairab - Síria

79- Ahmed Ali Hilal/ Crítico palestino e personalidade da mídia/ Damasco - Síria

80- Mahmoud Muhammad Harb/trabalhador/Acampamento Balata, Nablus - Palestina 

81- Muhammad Abdel Raouf Al-Talaa / trabalhador / campo Al-Maghazi. Gaza - Palestina 

82- Ahmed Abu Khalil/ jornalista/ Egito

83- Abd al-Rahman Abu Hawass/ Membro do Conselho Nacional Palestino/ Brasil

84- Dauli Jamil Al-Bajaa / Ativista / Brasil

85- Nader Saleh Al-Bajaa/advogado e ativista/Brasil

86- Centro Cultural Árabe Palestino/Matogroso do Sul - Brasil

87- Centro Cultural Árabe Palestino/ Porto Alegre - Brasil

88- Centro Cultural Árabe Palestino/ São Paulo/ Brasil 

89- Khader Othman/ Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino/ Brasil

90- Comitê de Solidariedade à Luta do  Povo Palestino/ Rio de Janeiro/ Brasil

91- Comitê de Solidariedade ao Povo Palestino/Crisiúma/Brasil

 92- Comitê Braiano de Solidariedade ao Povo Palestino/Brasil

93- A Associação Árabe Palestina no Brasil/Brasil

94- Associação Árabe Palestina em Santa Maria/Brasil

95- A Associação Árabe Palestina em Corimba/Brasil

96- Maristela Santos Pinheiro, Internacionalista, Historiadora e Cientista Social, membro do Comitê da Palestina do RJ.

97- Hatem Istanbouli/ escritor político/ Jerusalém - Palestina

98- Dr. Muhammad Abdel Qader/ especialista acadêmico e educacional/ Amã - Jordânia

99- Salwa Muhammad Jaber/aposentado/Bahrein

100- Fakhri Musa Al Amla/Advogado/Jordânia

101- Iyad Amin Maraashli/advogado/Síria

102- Wadih Abu Hani/jornalista palestino/Europa

103- Dr. Issam Muhammad Al-Saadi/ Historiador e poeta - Reitor do Instituto Levant de Estudos Geopolíticos / Irbid - Jordânia 

104- Dr. Radi Al-Shuaibi/União de Comunidades, Atividades e Instituições Independentes na Diáspora - União de Legitimidade, Resiliência e Resistência

105- Dr. Nabil Abu Kharouf/ professor universitário/ Síria

106- Hani Mendes/Coordenador Geral da Conferência Contra a Invasão Racista Sionista/Líbano

107- Mohsen Al-Amin/Advogado/Líbano

108- Muhammad Abdel Salam Boubacar/Advogado/ Tânger - Marrocos

109- Muhammad Ahmed Yassin/combatente palestino/Líbano

110- Dr. Nabil Naeem Al-Batal/ professor universitário/ Síria

111- Ali Ibrahim Nasser/ ativista político e tradutor

112- Nader Amin Al-Sayed/ empresário/ Amã - Jordânia

113- Dr. Ghassan Younis Al-Sahli/ Médico/ Campo Yarmouk - Síria

114- Ismail Makhalalati/ cidadão árabe/ sem o mapa Sykes-Picot

115- Mahmoud Al-Haris/ex-professor da Universidade Yarmouk/Jordânia

116- Khaled Muhammad Al-Saadi / Presidente da Associação da Diáspora Palestina na Suécia e do Encontro Aidoun / Gotemburgo - Suécia

117- Dr. Abdel Malik Sukkarieh/ Presidente da Sociedade Nacional de Resistência à Normalização/Líbano

118- Tareq Nasser/ Ativista, escritor e jornalista palestino/ Praga – República Tcheca

119- Carlos Bega Peres/ Secretário de Relações Organizacionais e Internacionais do Movimento de Independência Nacional/ Eustianiano

120- Maria Fernanda/ Membro do Movimento Liderança Nacional da Nossa Pátria – Advogada e Secretária da Sociedade Civil de Combate à Violência Institucional

121- Hassan Ramadan Al-Tahrawi/ jornalista palestino/ Türkiye

122- Ahmed Mahmoud Al-Tanani/, pesquisador em assuntos políticos/Gaza – Palestina

123- Jalal Kamel Farhat Arafat / sindicalista e poeta / Cidade de Gaza - Distrito de Al-Zaytoun - Palestina 

124- Ali Amer Hamdallah / pesquisador e escritor / Nablus - Palestina

125- Abdullah Ali Sabri / diplomata / Iêmen - Sanaa

126- Walid Muhammad Ali/ Ex-Diretor Geral do Centro Baheer de Estudos Palestinos e Estratégicos (2000_2016)/ Beirute - Líbano

127- Dr. Rabab Ibrahim Abdel Hadi/ Diretor Fundador do Programa Acadêmico para Estudos das Comunidades da Diáspora Árabe e Muçulmana, Universidade Estadual de São Francisco/ Estados Unidos

128- Muhammad Hussein/ jornalista, escritor e contador de histórias/ Damasco - Síria

129- Youssef Abu Dayyeh/Estados Unidos

130- Muhammad Hassan Makkawi/ Membro do Comitê Central da Frente Popular para a Libertação da Palestina/ Khan Yunis - Palestina 

131- Salah Muhammad Salah/ Membro do Conselho Nacional Palestino/ Líbano

132- Hatem Abdel Rahim Abu Shamala/ativista político de massa pela Palestina/Noruega 

133- Muhammad Walid Qarin/ escritor e tradutor/ Argélia

134- Mohamed Hossam Reda/ engenheiro agrônomo aposentado/ Egito

135- Etemad Abdel Aziz Al-Tarshawi/ Diretor Geral do Ministério do Trabalho/ Gaza - Palestina

136- Hisham Abdel-Hay Al-Nadim (Abu Jalal)/ ativista político/ Damasco - Síria

137- Semaan Ibrahim Khoury/Associação Palestina Salvadorenha em El Salvador/América Central

138- Mishaan Badr Al-Buraq/ Membro do Birô Político do Movimento Progressista do Kuwait/ Kuwait

139- Ahmed Ali Al-Din / Membro do Birô Político do Movimento Progressista do Kuwait / Kuwait

140- Osama Al-Abd Al-Rahim/ Editor-chefe da plataforma “Taqaddam”/ Kuwait

141- Youssef Samir Kadik / cidadão argelino / Moscou - Federação Russa 

142- Ishaq Abu Al-Walid / ativista e escritor político / Venezuela 

143- Sami Shaheen/Gerente Financeiro/Kuwait

144- Hanan Muhammad Badran/ escritor, crítico e poeta/ Jordânia

145- Ahmed Adnan Al Ramahi/ diretor e ativista político/ Jordânia

146- Adel Abdel Turjman/ Presidente da Associação Palestina Guatemala/Guatemala

147- Munther Safa/ Presidente da Sociedade Árabe Palestina/ Corumbá

148- Shahla Khader Othman / ativista / Brasil

149- Marcos Riquelme e Manuel Rodriguez / pelo Movimento Nacional Colombiano

150- Nabil Maadi / pela Sociedade Cultural Colombiano-Palestina

151- Associação Cultural Árabe Colombiana em Cartagena/Colômbia

152- Siegfrido Reyes/ político e analista de assuntos internacionais/ El Salvador 

153- Fernando Buen Ibad/ Filósofo da Comunicação/ México

154- Ablo de Bega/defensor de direitos humanos/Equador

155- Tania Manderino/ Membro da Associação de Advogados e Advogadas pela Democracia 

156- Oscar Balan / Advogado peronista / Argentina 

157- Rafael Kleicher/ Representante do Movimento pela Dignidade/ Argentina 

158- Jihad Youssef, vice-presidente da União Palestina na América Latina e membro do Comitê Central da Frente Democrática para a Libertação da Palestina

159- Thelma Luzani/ escritora/ Argentina 

160- Julia Argentina Peri, Chefe de Relações Exteriores da Associação Victoria (Nasr)

161- Hind Andari/ Coordenador da Coalizão Global pela Solidariedade com a Causa Palestina 

 162- Luis Pierce Lira/ Secretário Executivo da Internacional Popular Anti-Imperialista

 163- Raul Torres/ Deputado à Assembleia Nacional do Poder Popular - Cuba 

 164- Abril Brito/ America House Association/ Cuba 

 165- Attilio Buon/Catedra Análises Internacionais/Argentina 

 166- Carlos Aznares/ Diretor da Al Mojaz Media/América Latina – Argentina 

 167- Porfirio Gonzalez/Rede de Resistência e Rebelião/México 

 168- Martinez Warmando/Rede de Resistência e Rebelião/México 

 169- Soto Pais/Rede de Resistência e Rebelião/México.

170 – Dr. Saif Daana/ Acadêmico/ Palestina – Estados Unidos

 



terça-feira, 1 de outubro de 2024

Por que os EUA ainda controlam cada centavo das receitas do petróleo iraquiano?

 Washington mantém o controle sobre as receitas do petróleo do Iraque desde sua invasão ilegal em 2003 – uma subjugação financeira e econômica que mina a soberania iraquiana e nega o acesso ao seu próprio tesouro nacional.

Por Hussein Askary


Em julho, o Banco Central Iraquiano interrompeu todas as transações estrangeiras em Yuan Chinês, sucumbindo à intensa  pressão  do Federal Reserve dos EUA para fazê-lo. O fechamento ocorreu após um breve período em que Bagdá permitiu que  comerciantes  negociassem em Yuan, uma iniciativa destinada a mitigar as restrições excessivas dos EUA ao acesso do Iraque a dólares americanos.

Embora esse comércio baseado em Yuan excluísse as exportações de petróleo do Iraque, que permaneciam em dólares americanos, Washington o via como uma ameaça ao seu domínio financeiro sobre o estado do Golfo Pérsico. Mas como os EUA conseguiram exercer tal controle total sobre as políticas financeiras iraquianas?

A resposta está em 2003, com mecanismos estabelecidos após a invasão ilegal do Iraque liderada pelos EUA.

Um legado da 'Operação Liberdade Iraquiana'

Desde a assinatura da Ordem Executiva 13303 ( EO13303 ) pelo presidente George W. Bush em 22 de maio de 2003,  todas as receitas das vendas de petróleo do Iraque  foram canalizadas diretamente para uma conta no Federal Reserve Bank de Nova York.

A EO13303, intitulada “Proteção do Fundo de Desenvolvimento do Iraque e Outras Propriedades nas Quais o Iraque Tem Interesse”, foi renovada anualmente por todos os presidentes dos EUA, incluindo  Joe Biden  em 2024. Esta ordem executiva essencialmente coloca o controle sobre as receitas do petróleo do Iraque sob a discrição do presidente dos EUA, deixando Bagdá com controle limitado sobre seus recursos e ganhos.

As raízes da dependência financeira do Iraque em relação aos EUA remontam à década de 1990. Após a invasão do Kuwait pelo Iraque em 1990,  a Resolução 661 do Conselho de Segurança da ONU  impôs severas sanções econômicas para isolar o Iraque do comércio internacional. Essas sanções, exacerbadas pela recusa do ex-presidente Saddam Hussein em cumprir com as exigências de retirada, prejudicaram a economia iraquiana.

Controle sobre as finanças do Iraque

A Resolução 687 do Conselho de Segurança da ONU, aprovada em 1991 após a Guerra do Golfo Pérsico, estendeu essas sanções ao introduzir o controverso programa “ Petróleo por Alimentos ”. Embora tenha permitido que o Iraque vendesse petróleo em troca de bens humanitários como alimentos e remédios, as sanções resultaram em imenso sofrimento humano, com mais de um milhão de iraquianos, metade deles crianças, morrendo durante esse período. A então secretária de estado dos EUA, Madeleine Albright, defendeu infamemente as sanções em uma entrevista de 1996,  afirmando  que as mortes “valeram o preço”.

Após a invasão do Iraque, a ocupação do país pelos EUA se tornou uma realidade após o colapso do governo de Saddam. Diante de um fato consumado, o Conselho de Segurança da ONU teve que aceitar o novo status quo.

De acordo com o Direito Internacional Humanitário, as forças de ocupação – neste caso, os EUA e o Reino Unido – tornam-se responsáveis ​​pelo bem-estar das populações que ocupam. Então,  a Resolução 1483 do Conselho de Segurança da ONU  foi emitida em 22 de maio de 2003 para estabelecer a Autoridade Provisória da Coalizão (CPA) liderada pelos EUA como administradora do Iraque e criar o Fundo de Desenvolvimento para o Iraque (DFI) para gerenciar as receitas do petróleo iraquiano.

Note que a Resolução 1483 não mencionou o Federal Reserve dos EUA como depositário dos fundos iraquianos, nem atribuiu um local para a sede ou conta do DFI. Na verdade, a resolução declara especificamente que o DFI deve “ser mantido pelo Banco Central do Iraque”. Foi o CPA, liderado por Paul Bremer, que decidiu unilateralmente abrigar a conta no Federal Reserve Bank de Nova York.

Essa decisão permitiu que o governo dos EUA mantivesse um controle rígido sobre as receitas do petróleo do Iraque. Daquele ponto até hoje, o Ministério das Finanças do Iraque teve que enviar solicitações de fundos ao Tesouro dos EUA, que então aprova ou nega essas solicitações com base em seus próprios critérios.

Essa  transferência mensal de dólares americanos — que são literalmente enviados de avião para Bagdá em paletes de dinheiro vivo — determina a capacidade do Iraque e de sua população de 40 milhões de pessoas de pagar por necessidades básicas como salários, alimentos e remédios.

Chantageando o Iraque

Sempre que Washington sentir que o Iraque não está em conformidade com as metas regionais dos EUA, essas transferências de fundos podem ser adiadas ou reduzidas. Em janeiro de 2020, por exemplo, depois que o Parlamento iraquiano votou pela expulsão das tropas dos EUA após o assassinato do general iraniano da Força Quds, Qasem Soleimani, e do vice-comandante das Unidades de Mobilização Popular (PMU) do Iraque, Abu Mahdi al-Muhandis, o governo Trump  ameaçou  congelar o acesso do Iraque às suas receitas de petróleo.

Hoje, a situação financeira do Iraque continua terrível. Apesar de ter receitas de petróleo se acumulando no Federal Reserve Bank de Nova York – estimadas hoje em cerca de US$ 120 bilhões – o Iraque está sobrecarregado com uma dívida crescente que corresponde a esse valor.

A incapacidade do país de controlar seus próprios fundos impediu a reconstrução e o desenvolvimento de longo prazo, forçando-o a depender de empréstimos internacionais. Ironicamente, o Iraque também se tornou um dos maiores detentores de títulos do Tesouro dos EUA, com investimentos totalizando  US$ 41 bilhões  em 2023.

Além dos desafios econômicos, o Iraque foi atraído para o crescente conflito regional em meio à guerra em Gaza e à intensificação da  agressão de Israel contra o Líbano . As forças de resistência iraquianas participaram ativamente de  ataques militares  contra alvos israelenses em solidariedade às facções palestinas e ao Hezbollah.

O envolvimento do Iraque neste conflito não é isolado. Facções iraquianas têm rotineiramente alvejado bases militares dos EUA no Iraque e na Síria – vistas como forças estrangeiras ilegais subjugando a soberania do Iraque – contribuindo para uma escalada mais ampla que atraiu atores de toda a Ásia Ocidental.

Essas tropas prometeram continuar sua campanha contra alvos americanos e israelenses, alinhando suas ações com o Eixo de Resistência da região.

A ONU encerra o DFI, mas os EUA se recusam a cumprir

O Iraque deixou de estar sob ocupação, pelo menos formalmente, quando assinou o acordo “Quadro de Cooperação Estratégica” com os EUA em 2008, que diz que as forças americanas estão presentes no Iraque apenas a pedido do governo iraquiano.

Tentativas da ONU de restaurar o controle do Iraque sobre suas finanças falharam amplamente. Em 2010,  a Resolução 1956 do Conselho de Segurança da ONU  exigiu o fechamento do DFI até 30 de junho de 2011 e a transferência de todos os rendimentos para o governo iraquiano.

Apesar dessas diretrizes legais claras, a conta DFI continua sob controle dos EUA no Federal Reserve Bank de Nova York, desafiando a resolução do Conselho de Segurança da ONU. Pior ainda, o domínio duradouro dos EUA sobre os recursos financeiros do Iraque exacerbou profundamente a  corrupção  e a disfunção que assolam o país.

Acabar com o trabalho do Conselho Consultivo e de Monitoramento Internacional da ONU sobre o DFI foi uma forma de ocultar a corrupção em massa e o roubo de recursos por parte de atores americanos e iraquianos.

A corrupção sem precedentes que se espalhou por todo o Iraque e suas instituições pode ser atribuída a essa política. As quantias gigantescas de dinheiro vivo que são enviadas para o país mensalmente, as somas astronômicas não contabilizadas que desaparecem de vários ministérios e as casas de câmbio de dólares (bancos) criadas por grupos políticos que prosperaram junto com as forças de ocupação dos EUA transformaram o Iraque em um dos países mais corruptos do mundo.

A dependência do Iraque dos EUA para acesso às suas próprias receitas de petróleo, combinada com sua dívida crescente, tem impactos significativos em sua soberania, enquanto seu envolvimento na guerra regional também terá implicações em suas relações com os EUA.

Embora o Iraque possa não estar mais sob ocupação formal, os mecanismos de controle financeiro estabelecidos após a invasão de 2003 persistem. Esses controles não apenas limitam o desenvolvimento econômico do Iraque, mas também o envolvem em lutas geopolíticas mais amplas.

Hoje, tanto o governo americano de Joe Biden quanto o governo iraquiano liderado por Mohammad Shia al-Sudani – que não tomou medidas para liberar os fundos soberanos do Iraque – podem ser considerados violadores da Resolução 1956 das Nações Unidas, emitida em 2010.

https://thecradle.co/articles/why-does-the-us-still-control-every-penny-of-iraqi-oil-revenues

Depois de Nasrallah: 'Comando e Controle' em rápida recuperação

 Desde a guerra de 2006, Israel está determinado a destruir o sistema de comando e controle do Hezbollah. O que significa que, por 18 anos, a resistência libanesa planejou meticulosamente para garantir que nuncahaverá um vácuo de liderança, e que a batalha continuará, ininterrupta.

Por Khalil Nasrallah

Em seu discurso final em 19 de setembro, o martirizado Secretário-Geral do Hezbollah,  Hassan Nasrallah , falou com uma visão de resiliência e determinação, oferecendo garantias sobre o estado do movimento de resistência libanês após o  ataque terrorista mortal  envolvendo pagers e walkie-talkies explosivos realizado pelo estado de ocupação:

Nossa estrutura é grande, forte e coesa, e nossos preparativos são altos... Deixe o inimigo saber que o que aconteceu não afetará nossa vontade ou presença nas linhas de frente, mas, de fato, fortalecerá nossa determinação.

Reconhecendo o ato como uma “declaração de guerra”, o falecido líder da resistência prometeu que “a luta na frente libanesa não vai parar antes que a guerra em Gaza termine”, concluindo que “Esperamos que eles entrem em terras libanesas… porque na frente, eles estão em posições fortificadas… consideramos isso uma oportunidade histórica, nós desejamos isso.”

Esta mensagem é essencial em um momento em que tanto apoiadores quanto inimigos estão analisando o futuro da resistência, especialmente após o assassinato de Nasrallah e das figuras mais importantes da hierarquia de comando militar do Hezbollah.

Uma preocupação central agora é a estrutura, o comando, as capacidades e o gerenciamento de batalha da resistência após essas perdas significativas, enquanto o estado de ocupação busca  comprometer forças terrestres  para uma invasão do sul.

Já se passaram quatro dias desde que a resistência sofreu golpes no subúrbio ao sul de Beirute, após uma série de  ataques israelenses devastadores  que tiveram como alvo a área residencial para assassinar líderes em vários níveis.

A questão agora é: como a resistência responderá a essa agressão, que ameaça não apenas a resistência, mas todo o Líbano? Igualmente urgente é a gestão da batalha em andamento, especialmente porque a mídia e as campanhas de política externa visam enfraquecer o moral do povo, retratando o martírio de Nasrallah como um “golpe fatal” para o Hezbollah. Mas como isso se alinha com os fatos reais?

Embora o assassinato de Nasrallah e de seus principais líderes seja de fato uma perda significativa, esses indivíduos fazem parte de uma geração que está na vanguarda da resistência desde seu início na Guerra Civil Libanesa, em meio à  segunda invasão israelense  do sul.

Eles possuem um entendimento íntimo das estratégias israelenses, suas tendências à agressão e seus métodos de intimidação. Por décadas, Israel tem  sistematicamente alvejado  líderes da resistência – não apenas dentro do Hezbollah, mas em várias facções, incluindo a  resistência palestina .

Apesar desses esforços, a resistência não só sobreviveu, mas se fortaleceu. O próprio carismático Nasrallah foi um sucessor do assassinado Secretário-Geral  Abbas al-Musawi , liderando o movimento a maiores alturas e sucessos estratégicos contra guerras subsequentes com o estado de ocupação,  supervisionando notavelmente  a retirada do sul e a vitória de 2006.

No entanto, o momento atual representa uma das fases mais críticas e sensíveis na história do conflito entre a resistência e Israel. O contexto regional e internacional mais amplo, especialmente após uma década de guerra na Síria, aumentou os riscos. Israel, que  reorientou seu aparato de inteligência  por duas décadas, agora enfrenta um confronto direto com o Eixo da Resistência da região.

A guerra de 33 dias de 2006 foi um ponto de virada para Tel Aviv, que percebeu que o robusto sistema de comando e controle do Hezbollah era um fator-chave em sua incapacidade de atingir seus objetivos. O  relatório da Comissão Winograd  sobre a guerra colocou grande parte da culpa na inteligência israelense por seu fracasso.

Desde então, Israel mudou seu foco, reconhecendo que o sistema de comando e controle da resistência, mais do que suas capacidades militares, representa a maior ameaça no norte. Qualquer sobrevivência desse sistema pode levar a outra derrota para Israel em um conflito futuro.

Após quase um ano de guerra focada em Gaza, o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu voltou sua atenção para o norte, realizando uma série de ataques contra a liderança e a infraestrutura de comando do Hezbollah.

Isso começou com o assassinato de  Fuad Shukr , seguido por  ataques a sistemas de comunicação , e culminou no assassinato de Nasrallah e vários comandantes-chave. O objetivo de Israel é claro: criar uma interrupção significativa no sistema de comando e controle do Hezbollah, que ele vê como essencial para evitar outra derrota militar.

O estado de ocupação espera que isso leve ao enfraquecimento da frente de apoio libanesa em meio à guerra em andamento em Gaza e na Cisjordânia, forçando o Hezbollah a se render, o que garantiria o domínio israelense no Levante.

Mas a resistência previu tal cenário?

O Hezbollah há muito tempo entendeu a estratégia de Israel, aprendendo lições valiosas tanto da guerra de 2006 quanto do relatório Winograd. Em resposta, ele fortaleceu seu sistema de comando e controle, garantindo que, mesmo em caso de perdas de liderança, nenhum vácuo surgiria.

Essa abordagem foi demonstrada após os assassinatos de figuras proeminentes como  Imad Mughniyeh  em 2008 e  Hassan Lakkis  em 2012. A organização adaptou continuamente sua estrutura para evitar grandes interrupções, mantendo a estabilidade em sua liderança política, militar e de segurança.

As greves recentes sem dúvida criaram uma ruptura dentro da resistência, mas isso não é um sinal de fraqueza. Em vez disso, reflete a necessidade da liderança de se reestruturar rapidamente e preencher quaisquer lacunas deixadas pela perda de figuras-chave.

Este período de reorganização foi rápido, com  a liderança do Hezbollah  emitindo declarações reafirmando seu comprometimento com a luta em andamento. Em seu discurso principal, o vice-líder Sheikh Naim Qassem incluiu frases-chave enfatizando que a resistência continuará a apoiar Gaza e defender o Líbano, sinalizando que o sistema de comando permanece operacional e intacto.

“Nós enfrentaremos qualquer possibilidade, e estamos prontos se os israelenses decidirem entrar por terra. As forças de resistência estão preparadas para um engajamento terrestre,” afirmou o clérigo desafiador.

Esta declaração desafia diretamente o objetivo de Netanyahu de alterar o status quo estratégico da Ásia Ocidental, reafirmando que a visão da resistência se estende além das fronteiras nacionais.

Dada a cena dentro do Líbano durante os últimos dias extenuantes – as mortes de líderes da resistência, o deslocamento de um milhão de civis e o massacre diário de homens, mulheres e crianças em implacáveis ​​campanhas de bombardeios aéreos israelenses, está claro que o atraso da resistência não foi por fraqueza ou recuo, mas sim para absorver os ataques e organizar sua casa rapidamente.

Este foi um prelúdio para ações no campo de batalha. O equilíbrio de poder foi reajustado, em si um golpe para o plano israelense-americano de destruir a resistência, desmantelar a  Unidade das Frentes e entregar a região a uma era de “normalização” comandada por Israel.

Com o martírio de seu secretário-geral, o Hezbollah está mais motivado do que nunca para frustrar os objetivos de guerra de Israel e garantir a liberdade do povo da Ásia Ocidental.

https://thecradle.co/articles/after-nasrallah-command-and-control-in-rapid-recovery